O IMPASSE TÉCNICO, TEM SOLUÇÃO?…

Tenho publicado insistentemente artigos sobre a extrema pobreza técnico tática que impera altaneira e irremovível em todas as equipes da elite nacional, espelhando e modelando as divisões de base, e desaguando nas seleções nacionais que nos têm representado por três décadas sem nenhuma perspectiva racional que projete qualquer alteração, por menor que seja, num cenário de mesmice endêmica, onde as minguadas tentativas de mudança, pouco ou nada puderam fazer para conter essa avalanche de mediocridade e absoluta tendência a uma autofagia terminal que aí está, escancarada e cruel para com o grande jogo, onde nem as coberturas midiáticas festivas conseguem mascarar espetáculos com média de 27 erros de fundamentos, e onde 2/3  dos jogos se enquadram numa alucinante convergência entre os arremessos de 2 e 3 pontos, com estes se impondo gradativa e irresponsavelmente cada vez mais, desnudando a mais absoluta aversão defensiva no perímetro externo, num confesso desconhecimento técnico de princípios defensivos individuais e coletivos, por parte de téc…digo, estrategistas, e jogadores que não são ensinados e preparados na primária e básica ação do jogo centenário, defender sua cesta, para depois atacar, e não aplicarem diligente e sistematicamente a cultura da “falta tática”, aval de sua incompetência defensiva…

Sim, a grande maioria desconhece os mais rudimentares princípios defensivos, e isso fica bem claro durante as apresentações festivas, coloridas e absurdas nos rabiscos desconexos apostos em pranchetas midiáticas, nas quais somente garranchos ilustrando ofensivas são designados, num delírio de via única, onde fatores e ações defensivas dos adversários são solenemente descartadas, como se na quadra existisse somente cinco atacantes, que deverão se deslocar para frente, para trás, para os lados, em curva, em retas, em ziguezagues, bloqueando, cortando, mudando de direção, sem que nada e ninguém os impeçam, senhores absolutos que emergem de uma mente embevecida pelo vasto cabedal de conhecimentos que imagina possuir, ali demonstrados e elaborados por estrategistas que sequer opõem um pontinho, um x, um zerinho que seja, ilustrando defensores, que na opinião de todos eles, seriam impotentes para  conter tanta genialidade tática ali desenhada, sabedores de antemão que nada daquela encenação dará certo, pois ações de jogo são irrepetíveis, fugidias, pelo motivo mais primário inerente aos jogos coletivos de contato, a de que movimentos agônicos e antagônicos se contrapõem inversamente, fluindo em direções somente reveladas no momento da ação, daí sua imprevisibilidade, conotando a beleza das ações advindas, tanto das iniciativas ofensivas, como também das defensivas, se antecipativas ao ataque efetuado. Logo, e por definição, ações ofensivas somente serão estabelecidas com razoável precisão se, ao contrário de serem planejadas para utopicamente darem certo, como sonham os estrategistas, devessem ser desenvolvidas para desencadear no adversário comportamentos defensivos que, quanto mais previsíveis forem, maiores serão os benefícios advindos da escolha ofensiva, e isso em hipótese nenhuma emanará de uma prancheta ensandecida, e sim do treino, duro, extensivo, detalhado, esmiuçado e acima de tudo, discutido, aceito e compreendido, tanto por quem ensina,orienta e dirige, como pelos que aprendem, treinam e executam o que consideram ser o correto a realizar, com precisão, dedicação, e total entrega…

No entanto, conceituou-se que a prancheta define a estratégia do jogo, claramente aplicada em jogadas inventadas nos momentos críticos, e não “exaustivamente” treinadas, como afiançam comentaristas, onde o detalhe (os célebres detalhes…) definirão vencedores e perdedores, quando a sapiência do estrategista de plantão se fará presente, brilhante e salvadora, que na realidade dos fatos, somente serve como vitrine de pseudos e parcos conhecimentos, e eficiente biombo separando sutilmente comandante de comandados, ambos cônscios de que nada daquilo funcionará, mas que apregoa e exibe ao mundo midiático e ignorante das realidades do grande jogo, os mais recônditos detalhes  ali inseridos com a arte de um Dali, como passaporte de uma omitida grandeza, na mais crua realidade, que somente se manifesta integralmente no treino, e somente lá, árduo terreno que não perdoa os medíocres, os incompetentes, os arrivistas e aventureiros, mas que premia os professores e técnicos de verdade, que conhecem, estudam, pesquisam para ensinar o que aprenderam, orientar o que experimentaram e dirigir os que, como ele, penaram a dureza do treino, e não o vislumbre colorido do nada, absolutamente nada, exposto nas reluzentes testemunhas do vazio, do absoluto e triste vazio, de uma infame e descerebrada prancheta…

Uma dura realidade se materializou nestes terríveis anos de obscurantismo técnico e tático, a de que hoje praticamos um basquetebol padronizado, formatado, individualizado e engessado por um sistema único de aprender, treinar e jogar campeonatos municipais, estaduais, nacionais e internacionais, desde a formação até a elite, totalmente copiado (e muito mal…) das equipes profissionais americanas, que mesmo apresentando hoje algumas poucas divergências, consumou e cristalizou uma forma de jogar, onde os embates 1 x 1 são priorizados, contando com regras que os potencializam à margem das utilizadas universalmente pela FIBA (e aqui ressalto uma tremenda incoerência da mesma, que se sente competente em intervir na CBB, suspendendo-a das competições por problemas econômicos, administrativos e dívidas com ela, mas jamais teve força e coragem, mesmo sendo absoluta no mundo do basquetebol, de intervir nos Estados Unidos que se mantêm ao largo de todas as diretrizes competitivas e de regras em seu território, permitindo, no entanto, que participem de mundiais e olimpíadas, quando concordam como exceção, jogar com as regras que regem o basquete internacional), numa atitude de subserviência lamentável e altamente comprometedora…

Este é o tremendo impasse com que nos deparamos no caminho do soerguimento do grande jogo entre nós, o equívoco brutal que defronta o que fomos, o que fazíamos, e como atuávamos, chegando no século passado a ser considerado o quarto país mais desenvolvido na modalidade, somente atrás dos Estados Unidos, União Soviética e Iugoslávia, com a atual situação de penúria no preparo técnico e tático de suas equipes e divisões competitivas, pelo fato suicida de tentarmos emular um modo de jogar para o qual não temos estrutura formativa e econômica para mantê-lo minimamente competitivo para os padrões internacionais…

Como ultrapassar tantos obstáculos, que numa época não tão distante assim, vencíamos pela força de uma formação de base altamente competente, gerando jogadores de alta qualidade, que enriqueciam tecnicamente os campeonatos de todas as categorias, e que por força de uma geração equivocada de dirigentes, técnicos e analistas, deslumbrados por uma forma de jogar baseada no espetáculo e na força descomunal de seu poder econômico,  levou-nos pelos caminhos da imitação e divulgação de valores incompatíveis com nossa realidade antítese da deles, corrompendo nossos valores e liquidando nosso posicionamento, arduamente conquistado, no cenário altamente competitivo internacional. Como reverter tal situação, como? Somente vislumbro uma tênue brecha de luz nessa realidade, voltar nossas vistas e parcos recursos para a base formativa, com todas as armas que ainda possuímos, nas figuras de nossos melhores professores e técnicos, que ainda batalham heroicamente por este país à fora, convocando-os para a elaboração de princípios e estruturas didático pedagógicas que nos liberte de tanta mediocridade institucionalizada, de uma mesmice endêmica sufocante, e que liderem as divisões de base e seleções nacionais, apontando para os verdadeiros valores da liderança consciente e competente, fundamentada na larga experiência adquirida ao trilharem o longo e penoso caminho das pedras, onde o mérito supera largamente todo o processo absurdo do QI, do protecionismo, do escambo politiqueiro, e acima de tudo, do engodo midiático, como o que ilustro neste artigo, que de forma alguma pode definir o grande jogo, principalmente o que jogávamos, nos brindando com três campeonatos mundiais, um vice e três terceiras colocações olímpicas, quando pranchetas eram somente utilizadas para relacionar presença de jogadores nos treinos, e nada mais…

Sei que poderemos nos reencontrar com nosso destino vencedor, bastando nos abstermos de incorrer nos erros a que nos impuseram de trinta anos para cá, dispensando aqueles que tiveram todas as oportunidades e as traíram, reconvocando aqueles afastados pela intolerância corporativista e verdadeiramente retrógrada, daqueles que abominam e temem o novo, o ousado, e tudo mais que os obriguem a sair da zona de conforto injustamente contemplados…

Amém.

Vídeo – Reprodução da TV.

NÃO CAIU? BATE PRA DENTRO, PÔ…

20160624_92903_2406_Apresentacao_gde-661

P1000629-001Ambiente agitado no mundinho do basquete nacional, principalmente no âmbito do corporativismo técnico, onde as estrelas das pranchetas vão sutil, ou na malandragem, se insinuando para cima da conquista suprema, aquela que, inclusive, pode gerar um salário de Magnano, que ao ser multiplicado por seis anos determinou a independência econômica do hermano, a ex gloriosa seleção brasileira, meta dos apaniguados, protegidos e amiguinhos de três das maiores aberrações administrativas que levou o grande jogo a situação falimentar em que se encontra, e o pior, muito mais pelo fator técnico, do que econômico e gerencial, pois equipes representativas foram padronizadas e formatadas desde a base formativa, num sistema perverso, lacrado e fechado a inovações, a fim de garantir o escasso mercado profissional(?), avidamente defendido pela turma osmótica e xipófaga em torno de uma única e padronizada forma de jogar, garantidora da mesmice endêmica, técnica, tática, e por que não, estratégica também, que nos tem esmagado e humilhado por toda a duração das administrações nesses últimos vinte e cinco anos de incúria e pusilanimidade institucionalizada, onde as raríssimas exceções pouco puderam fazer, ante a massiva maioria de falsos e pseudos estrategistas que continuam a imperar absolutos, assim como jogadores em sua esmagadora maioria também, todos marqueteados, endeusados e largamente promovidos por dirigentes, empresários, agentes e uma mídia, em grande parte desprovida dos mais primários conhecimentos do que venha a ser o grande jogo, totalmente voltada a um outro, que nem as regras da FIBA segue, no qual a mola propulsora é a grana, muita grana, a que nos falta oficial e privadamente, logo, implausível para nosso desenvolvimento neste modelo, pela mais absoluta ausência de uma sólida e competente política sócio educativa nacional, onde a educação através as atividades desportivas fossem levadas a sério dentro das escolas e dos clubes neste imenso e injusto país,  com sua negligenciada juventude, futuro de qualquer nação que se considera séria e responsável…

Mas Paulo, você não está exagerando um pouco? Como exagerando, cara, ontem mesmo assisti um “clássico e empolgante” Bauru e Mogi, quando foram arremessadas 12/64 bolinhas de três (foram 43/70 de dois…), aplaudidas desde os bancos, que quando atestam que “punhos, chifres, camisas, picks fajutos e bloqueios primários” falham sistematicamente pela pobreza nos fundamentos da maioria dos jogadores patrícios, incapacitando-os de realizá-los, originando a hemorragia dos três, na óbvia escapatória de quem não os dominam, vide os 34 erros de ações básicas do jogo cometidas, fator este menos presente na enxurrada de americanos nas equipes deste NBB, dando aos estrategistas, após rabiscos desconexos e constrangedores em suas midiáticas pranchetas, a saída gloriosa para as terríveis falhas – Não caiu? Bate pra dentro pô….

É duro você assistir jogos no NBB onde cinco, seis dos jogadores em quadra são americanos, e um ou outro latino, vendo os brasileiros servindo de garçons, de escadas para eles, passando ou recobrando rebotes para recomeçarem tudo de novo, batendo para dentro, espelhados por um Westbrook, que lá em cima, na matriz, corre para quebrar recordes de triplo-duplos, mesmo que sua equipe saia derrotada, como ontem, ao fazer mais um, e ser bloqueado na bola decisiva, permitindo que seu adversário, os Spurs, vencessem uma partida praticamente perdida. A moda a ser seguida então, é quebrar recordes pessoais, como se o grande jogo fosse um desporto individual, o que não é por essência, histórica e técnica, guardada por um punhado de técnicos de verdade, nas escolas primárias e secundárias, universidades e pouquíssimas franquias da grande e poderosa liga, como no mesmo Spurs, com seu quase septuagenário técnico, agora nomeado para a seleção nacional de seu país, e junto ao qual a mídia pena horrores para tentar extrair dele “comentários” a questionamentos óbvios e imbecis, contrastando aqueles que priorizam mais a imagem, do que seu mister básico de ensinar e orientar, e não fazer média com ninguém, ninguém mesmo…

Mas por aqui, em gloriosas terras tupiniquins, preza-se contumazmente a “ nova geração”, que quanto mais teatral for melhor para ser endeusada, promovida e bajulada, não importando quantos palavrões e agressividade expelem pelos microfones televisivos, quanto de coerção exerçam contra as arbitragens, quanto de teatralização desenvolvam ao lado das quadras, afinal, segundo os doutos analistas, agir dessa forma faz parte de suas personalidades, como se fosse normal e corriqueiro tratar jogadores, alunos que são e sempre serão, com tanto despreparo didático e pedagógico, que pensam compensar rabiscando freneticamente suas infelizes pranchetas ( quando aprenderão, meus deuses, que a percepção visual é o mais lento dos sentidos humanos, quando?…), que as utilizam como testemunho e vitrine de seus “monumentais” conhecimentos táticos, que segundo a mídia, são “exaustivamente treinados” entre uma pelada e outra para adquirir “ritmo de jogo”, o que duvido fervorosamente, pois se assim fosse, prancheta nenhuma os substituiriam, pois sua maior serventia é servir de biombo entre eles, estrategistas e jogadores, numa divisão não compreendida e aceita, e que aos poucos, porém inexoravelmente, vem sendo violada cada vez mais por alguns jogadores mais esclarecidos, ou potencialmente interessados em ocupar espaços técnicos ao término de suas carreiras, quem sabe, ocupando o espaço do atual interlocutor, sendo que já tivemos por aqui, exemplos bem práticos dessa anomalia…

Em breve saberemos através a nova administração o quem é quem nas seleções nacionais, da base a elite, e que os deuses a inspire no sentido de quebrar de uma vez por todas essa maldita mesmice endêmica (que vai lutar com tudo para se manter…) e que só nos jogou poço abaixo, o tal que ainda não encontrou seu fundo, mas que somente poderá ser transposto por algo realmente inovador, audacioso, que negue o que aí está com veemência e todas as forças do poder criativo, algo que é tão natural ao  nosso sofrido povo, porém convenientemente esquecido, e que rechace de uma vez por todas a teimosia suicida de querer emular o que vem, e de como vem lá de cima, fator que somente aprendendo, ou reaprendendo a administrar nossos parcos limites materiais, porém repleto de conhecimento e sofisticada técnica, que nos fez campeões mundiais e medalhistas olímpicos, abrindo campo estratégico a novas concepções de jogo, algo que nos dê condições de enfrentar o sistema único implantado em quase todo mundo do grande jogo, e que mesmo na meca já se avolumam mudanças de vulto, principalmente em suas seleções (que jogam sob as regras da FIBA), através visionários como o coach K e agora o Gregg Popovich dos Spurs, a fim de dar continuidade ao seu poder hegemônico, principalmente sob o novo governo que ora se inicia…

Que nossos noviços candidatos se conscientizem de que conhecer e pensar dominar um punhado de jogadas chifres, punhos, polegar, hangs, picks, especiais, etc, gesticular agressivamente, proferir coercitivos palavrões, empunhar soberbamente pranchetas guardadas e dispostas por serviçais assistentes, transmitir instruções em inteligível inglês a americanos que não estão nem aí para o que dizem, afinal são “americanos”, para no fim das contas determinar o famigerado “bate pra dentro”, é muito pouco, muito pouco mesmo, para postular cargos fundamentais, ainda mais quando sequer dominam as defesas adiantadas na linha da bola lateralizada, condição mínima para enfrentar o jogo externo dos três, assim como jogadores anunciarem que não mais servirão as seleções, bem antes de qualquer movimentação convocatória, acostumados que sempre estiveram como proprietários de capitanias hereditárias históricas e de triste memória. Finalmente, que os deuses também nos livrem de estrangeiros nos dirigindo, pois ainda temos aqui entre nós pessoas competentes, estudiosas e prontas para ensinar, ensinar de verdade, orientar e dirigir nossos jogadores (as|) nos grandes campeonatos, e não os tutelarem como marionetes descerebrados, situando-se bem à margem da mesmice que aí está, alguns septuagenários, outros na meia idade, produtivos, atuantes e capazes de voos mais altos e consistentes do que querer demonstrar sapiência e conhecimento através suspeitos e constrangedores hieróglifos, mais parecendo um polígrafo repetidor de interjeições, interrogações e perplexidade perante um vazio brutal que se estende no exíguo espaço entre comandantes(?) e comandados. Não à toa, de uns tempos para cá a maioria deles se levanta bem antes do penúltimo rabisco ser aposto na prancheta medieval, que a essa altura muito explica e desnuda uma situação que precisa, com a máxima urgência ser definitivamente defenestrada para o bem do grande jogo entre nós.

Se assim for, podemos ansiar ter chances nos próximos dois ciclos olímpicos, pois em caso contrário, ao ser mantido o status quo vigente, nem todos os deuses reunidos poderão nos ajudar, quiçá salvar, mesmo sob a égide das melhores intenções gestoras e diretivas, para a gloria do corporativismo vicioso que aí está, escancarado, alerta e profundamente ligado…

Amém.

Fotos – Divulgação CBB e reprodução da TV. Clique nas mesmas duplamente para ampliá-las.

EXPLICAR O QUE?…

P1030908-001

Sento em frente a uma boa TV, neste sábado calorento, para assistir em rede aberta a um dos jogos de maior rivalidade no NBB, Franca e Bauru, ainda mais valendo a quarta colocação. Parodiando a mídia especializada e ufanista, jogo quente, brigado, emocionante, porém com  pobre e sofrível técnica (28 erros de fundamentos), taticamente absurdo e inconcebível por parte de Baurú, e quase lá por parte de Franca, não fosse sua opção acertada em alguns momentos pelo forte jogo interno, suficientemente efetivo (22/48 nos 2 pontos, contra 11/27 de seu oponente), mas que quase foi comprometido pelo excesso de bolas de 3 (8/25), que foi a perdição de Bauru com seus inconcebíveis 10/42  arremessos insanos de fora, numa clara opção de seus jogadores, acompanhada pelo seu estrategista ao determinar o famigerado “jogo com os quatro abertos”, atitude corriqueira na maioria das equipes, quando se sentem impotentes no desenvolvimento do jogo interno, fruto do mais absoluto desconhecimento tático e técnico de como desenvolver, treinar e aplicar tal tipo de ação ofensiva, que é totalmente dependente do pleno domínio dos fundamentos individuais, principalmente os do drible, das fintas e dos passes utilizados em pequenos espaços, daí a opção pela “abertura territorial”, compensando(assim pensam…) pela velocidade, a notória deficiência da grande maioria de nossos jogadores no manejo de seu instrumento básico de trabalho, a bola, que para muitos atrapalha suas decantadas e midiáticas performances…

No próximo fim de semana das estrelas, quando da competição de habilidades, agora no formato de duplas, onde a velocidade será predominante, poderemos atestar o quanto de “arranjos” serão aplicados pelos duelantes a fim de vencer as etapas, quando contornar as sutis exigências dos fundamentos do jogo auferirá ganhos em tempo e distância, principalmente no drible, fintas e mudanças de direção com a bola sob domínio. Se no formato individual que regeu as competições anteriores, muitas foram as irregularidades não coibidas pelos árbitros fiscalizadores, imaginem agora quando a disputa será em duplas com confronto direto? Será a prova contundente do que vemos nos jogos oficiais, onde a má execução, e mesmo desconhecimento das técnicas básicas dos fundamentos será escancarada a todos, e cuja punição será relevada para não comprometer o aspecto festivo do encontro, e quem lá estiver ou acompanhar pela TV testemunhará com um largo sorriso de satisfação em oposição ao que aqui afirmo, sem o menor temor de errar, por saber e conhecer um pouco mais do grande jogo, do que muitos dos que se aventuram no mesmo, mas nada que não possa ser regiamente compensado com um show do Jota Quest, afinal é necessário fidelizar um público específico, que necessariamente não precisa entender de fundamentos, técnicas, táticas, e insignificâncias afins…

Voltando ao jogo, como admitir, aceitar que uma equipe que ponteia a competição, estando entre as quatro primeiras colocações, se permita convergir absurdamente para menos seus arremessos (repetindo, 11/27 de 2 e 10/42 de 3) abdicando do confronto interior defensivo com seu adversário, aceitando a armadilha do “deixa chutar”, onde seu maior arremessador, Jefferson, perpetrou um constrangedor 3/13 nos 3? E como seu estrategista permite tal descalabro, ainda mais sendo um dos pretendentes a seleção nacional, como alguns outros que vem professando tão absurdo sistema de jogar o grande jogo? Como ser isto possível, para onde querem nos levar nesse inqualificável modismo, que bem mais depressa como brotou, se esvairá rapidamente, a começar pelas artilharias ao norte do hemisfério, que começam a perder seu poder do fogo através as cada vez mais presentes contestações fora do perímetro, fator este que, mesmo por cópia pura e simples, como é comum aqui nas terras tupiniquins, ainda demorará um bom tempo para aqui aportar, pois afinal de contas, o estrago ainda não atingiu as metas propostas por todos aqueles que, por não entender a essência do grande jogo, ousam tentar se apoderar de sua grandeza, sendo punidos magistralmente com a negativa ao seu pleno conhecimento, restando os pretensiosos e arrogantes garranchos em midiáticas pranchetas, como testemunho inconteste do nada, do absolutamente…nada, e que rapidamente começam a ser contestados por seus próprios jogadores, quem sabe, na busca de algo que os orientem e ensinem para valer…

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique duplamente na mesma para ampliá-la e acessar a legenda.

ENFIM, CONSEGUIRAM…

 

7_-_img_1948Custaram, perseveraram, se esmeraram ao máximo, insistiram, batalharam, e por fim…venceram (?), deram o grito primal, urraram de satisfação e orgasmo mental, e mudaram a estética, o modus faciendi de jogar o ex grande jogo (para quase todos eles…), mas que continua grande, grandíssimo para mim, apesar de derrotado frente ao novo tempo, ao Novo Basquete Brasil da convergência definitiva, do reinado absolutista das bolinhas, do abandono defensivo do perímetro, numa aceitação inter pares de uma competição de tiros irresponsáveis, estilosos, desqualificados, aceito por todos dentro de um sistema padronizado e formatado pelo estúpido e boçal corporativismo implantado coercivamente em todas as categorias, num sentido de jogo descerebrado dentro das quadras, e mais descerebrado ainda ao lado das mesmas, nos esgares, caras e bocas, gesticulação circense, coações explícitas, auto presença impositiva nos tempos e nos garranchos pranchetados, sem os quais, no discurso padrão da comunidade de comando, nada aconteceria de importante e decisivo na quadra, numa triste constatação de um falseado poder decisório, somente alcançado única e exclusivamente na arte do treino, quando o mais saber, o preparo, a vivência e a insubstituível experiência sempre dará as cartas nesse jogo específico para quem o domina, não para aquele que julga e pensa dominar, fruto do marketing, da arrogância, da troca, do escambo, jamais pelo mérito, jamais…

Caminhamos celeremente para a convergência dos arremessos de 2 e 3 pontos, não mais por parte de uma das equipes, e sim por ambas a cada jogo disputado, demonstrando a aceitação do que ousam implantar, já implantando nesse estágio inicial da lamentável mudança que se avizinha, solerte, capciosa, impositiva, como nos recentes Ceará x Mogi e Vitória x Mogi, quando no primeiro perpetraram 21/70 arremessos de 3 e 33/66 de 2, e no segundo, 18/65 e 25/60 respectivamente, e mais, a brilhante marca de 30 e 24 erros de fundamentos, mantendo a média da competição que é de 26 erros por jogo, um número realmente lastimável. A cada rodada, a cada partida, com umas poucas exceções, o que assistimos contritos é um desfile pré agônico de uma modalidade outrora brilhante, técnica, tática e sedimentada em bons fundamentos, preparada, orientada e dirigida por técnicos de verdade, e não o que aí está, escancarado, através cada vez mais falsos especialistas de três, arrivistas e oportunistas de ocasião, o mais abertos possíveis no ataque a fim de obterem espaços compensatórios às suas gritantes deficiências nos fundamentos de drible, fintas e passes, a maioria em busca do brilhareco midiático, frutos de exemplos recentes de jogadores individualistas se locupletando de um jogo coletivo, onde os duplos e triplos duplos é a meta pretendida, mesmo a custa dos esforços da equipe, sendo a vitória muitas vezes descartada na medida do brilho individual das  estrelas, para a satisfação máxima dos que as empregam e agenciam…

O fruto dessa irracional busca pela glorificação individual, é manifesta pela explosão no cerne das equipes do desejo da maioria de seus componentes alcançarem o estrelato também, daí a chutação desenfreada de quase todos que as compõem, dolorosamente chancelados pelos permissivos estrategistas que as dirigem, ou pensam dirigir, bem mais torcedores do que aqueles que se encontram nas bancadas, quando uma atuação técnica, racional, estratégica se faria urgente e necessária, pois resultante da observação arguta e precisa, fruto de sua vasta experiência, onde o binômio diagnose/retificação (*) se impõe soberano, ação essa anulada ou minimizada pela cega militância praticada, na pretensa busca da vitória a qualquer preço…

Mas conseguiram o que tanto perseguiam, emular o exemplo da  matriz que, se observarmos bem, chutam de três menos do que aqui, e mesmo assim somente através seus poucos especialistas de verdade, exceto por duas ou três equipes no seu vasto e rico universo de trinta, isso nos profissionais. Mas o que realmente importa por aqui é a busca pela genialidade, principalmente ao lado da quadra, e nesse pormenor somos realmente imbatíveis, ao conseguirmos formar técnicos de “altíssima qualidade” com dois ou três anos de experiência na liga maior, a que incentiva a convergência, a que ignora a defesa exterior, a que se lixa para os fundamentos, porém a que exalta as pranchetas em vez do treino, do treino de verdade, da longa e laboriosa vivência, da larga experiência adquirida nas derrotas e vitórias, da necessária participação na base formadora, das longas estradas de pedras percorridas, base estrutural do mérito, do grande jogo. Mas como todos jogam da mesma forma sistêmica, vence aquele que chuta a última e apaga a luz…

Parabéns a todos, afinal conseguiram implantar o novo conceito convergente de jogar, onde a relação custo/benefício…ora o que isso importa, quando o que passa a valer é a bola de três, a enterrada monstro e o toco fenomenal, ou não?…

Que os deuses nos ajudem, pelo menos, se uma nova administração reabrir a ENTB, reestruturando-a como deve ser uma escola de verdade, numa iniciativa que poderá vir a ser válida na corajosa tentativa de reverter tão triste quadro…

Amém.

(*) – Diagnose/Retificação – A capacidade didática de diagnosticar falhas, erros e omissões técnicas em ações individuais e coletivas e suas decorrentes correções, onde o espaço temporal entre ambas define a maior  ou a menor qualificação do professor/técnico, conceito não muito difundido entre estrategistas, principalmente os menos experientes…

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma duplamente para ampliá-la.

A ANSIADA VOLTA DO BOM SENSO…

P1140569Estamos em plena efervescência pós olímpica, curtindo ao máximo o gigantesco legado a que fizemos jús na contrapartida dos bilhões que nos foram surrupiados por uma máfia desportiva (?) que numa época próxima ou distante terá de se haver com a lei, bandidos que são…

Desde o Pan, passando pelo Mundial de Futebol, e desaguando nos Jogos Olímpicos, muitas são as ruínas que outrora foram estádios, pistas, piscinas,velódromos, arenas, centros de controle disso e daquilo, monumentais, ciclópicas, que fizeram a riqueza de muitos “abnegados desportistas”, e que daqui a bem pouco farão outras fortunas para os especialistas em desmontes e sucatas, onde até as medalhas desbotam e desmancham, tal a precariedade de sua fabricação, claro, a peso de ouro, não o olímpico, mas o dos tolos que acreditaram  e avalizaram o butim histórico, muitos dos quais ainda não viram a devolução dos valores dos ingressos revendidos, se é que verão…

P1140528-001

 

P1140526E quando o maior dos legados foi a nossa transformação em nação olímpica, praticante em massa dos desportos, nas escolas, clubes e universidades, segundo as afirmativas da bandidagem que perpetrou todo esse desperdício, tripudiando das reais necessidades de um povo ignorante e semi alfabetizado, utente das mais variadas bolsas, que não são Vuitton, mas que adora uma novidade tutelada, vemos agora sendo implantada uma nova realidade importada da matriz, que aos poucos vai nos conquistando, comendo pelas beiradinhas, sem pressa, através do idioma dito “universal”, de sua forma de entender a dimensão política do desporto, da música, das artes, da cultura, exportando-os, porém mantendo e defendendo essa mesma dimensão em suas fronteiras, tendo o apoio pago, e muito bem pago da mídia tupiniquim, vide essas duas páginas inteiras sobre o caviar desportivo deles, o absurdo e medieval football jogado com as mãos, onde a regra é a conquista de espaços em jardas (?), o que sempre fizeram, fazem e farão mundo afora até o fim dos tempos, restando-nos uma pergunta – Afinal, quem é Tom Brady?…

 

NBA, NFL, e outras ligas bilionárias lá de cima, ditando hábitos e caminhos que devemos trilhar, afinal de contas o velocíno de ouro está aqui, na forma da água, do petróleo, dos minérios raros e da floresta, ou não?…

P1140570

Aqui entre nós, iniciamos o combate a corrupção, que se os deuses quiserem chegará a educação, aos desportos, já atingindo a saúde, as infraestruturas, aos políticos, aos entreguistas e traidores, as nossas dilapidadas riquezas, e quem sabe, poderemos vislumbrar a salvação de futuras gerações de jovens, abandonados e desorientados nesse mar de crueldade e indiferença…

Mas até que esse dia chegue, continuaremos a lutar pelo que nos toca, aprendendo a administrar nossa injusta pobreza, tentando melhorar o que temos, como o basquetebol, que aí está se debatendo num mar de incertezas, de incúria, afogado pelo corporativismo, pela pétrea mediocridade, pela negação do mérito, mas enlevado pelos oportunistas, sempre prontos aos voos personalistas do “se colar, colou…”, dos “EUs” totalitários, onde conceitos didáticos e pedagógicos inexistem desde sempre:

(…)- Eu acho o seguinte: eu realmente me encontrei como técnico. Isso é fundamental. O prazer que eu tive de ser jogador e o prazer de ser técnico são coisas surreais. E com isso vem o entusiasmo. Quando eu falo hiperativo, eu sou um cara que é entusiasmo puro. E eu gosto do que estou fazendo, principalmente ali. Aquilo ali me mantém no jogo. Tem muita gente que me olha de fora e pensa que é um desespero, mas estou totalmente ciente do que o time precisa fazer. Mas, principalmente no fim do jogo, eu sou o inverso, sou mais cauteloso, mais calmo porque sei que precisa de tranquilidade para fechar o jogo nos minutos finais – explicou Dedé sobre seu jeito peculiar no banco do Vasco da Gama.(…)

( Trecho de uma matéria publicada pelo globoesporte em 7/2/17).

Vendo os vídeos dos pedidos de tempo finais de um jogo “de alto nível  técnico”, onde o primeiro estabelece uma relação impessoal com os jogadores utilizando uma linguagem cifrada e impessoal, e outro, perdendo por um ponto, a nove segundos do final, inventa uma jogada, bastando uma cesta de dois pontos para vencer a partida, concluída brilhante e disciplinadamente pela equipe, se entende bem o porquê de estarmos no fundo de um poço sem fim…

 

Indo mais um pouco além, constatamos a continuidade da mesmice endêmica técnico tática que nos tem sufocado, sem qualquer esperança de uma retomada qualitativa que nos redima, vendo a cada rodada da liga maior nacional crescer o número de erros de fundamentos, hoje na média de 26 por partida, com picos absurdos como os 38 de Brasília x Vitória, e os 36 de Minas x Ceará e Vasco x Macaé, sem contar as convergências entre arremessos de 2 e 3 pontos, cada vez mais presentes no campeonato transformando-o numa competição de tiros de fora e de egos inflados dentro e ao lado das quadras, emulando para bem pior o exemplo da matriz, fartamente veiculada por aqui, com seus Curry’s pontuais, que muito em breve estarão superados pela natural evolução defensiva que já se faz notar no hemisfério lá de cima…

Brevemente, em 10 de março próximo, uma nova (ou não) direção assumirá a CBB, falida e desmoralizada, que exigirá um trabalho hercúleo para soergue-la,  financeira e administrativamente, mas que terá algo maior a realizar, o soerguimento técnico, razão básica  de sua existência confederativa, que precisa ser radical, pontual, cirúrgica em todos os sentidos na sua atual liderança e agregados recursos humanos, sem contemplações, a mínima que seja, pois tiveram mais de vinte anos de “projetos e eficiência” que nos levaram ladeira abaixo, porém abrindo as portas à discussão democrática e plural, na busca de novos caminhos, novas idéias, novos rostos, respeitando o regionalismo deste gigante país continente, buscando líderes pelo mérito de seus sacrificados estudos e trabalhos na educação através do desporto, do grande jogo, afastando de vez o protecionismo, o escambo, o maléfico corporativismo que aí está refestelado na impunidade e no mais dos abjetos descasos junto a nossos jovens, e porque não, na elite também…

Torço, como sempre torci pela volta do bom senso, o que já seria uma grande plataforma de relançamento do verdadeiro basquetebol brasileiro, e não esse pastiche que aí está, e que mesmo assim já se posta na mira dos ladinos e chacais travestidos de basqueteiros, o que nunca sequer pensaram em ser, pedindo aos deuses que nos protejam de todos eles…

Amém.

Fotos – Reproduções de jornais. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

O QUE COMENTAVAM EM 2010…

454_27.27.2013_37977_ef_20130612-660x400

Nosso basquete está em alta, dizem os especialistas, subindo em audiência e presença (claro que na Arena da Barra não conta…), com transmissões nas TVs aberta e fechada, na WEB, em blogs (proporção de 20 -1 para a NBA), e até em alguns artigos na mídia impressa, ensaiando aqui e acolá um movimento de reconquista pelo segundo lugar na preferência popular, ainda precoce, mas que impressiona bastante…

Um destes veículos informativos, exatamente aquele incluído no painel da LNB, o  Territõrio NBB, que discutia e reportava os aspectos técnicos e táticos das equipes, com suas seleções da rodada, entrevistas e editoriais, deixou de circular, sendo substituído por uma página denominada Chuá, graciosa e popularesca, mas que soma muito pouco, ou nada, para o desenvolvimento técnico do grande jogo, num momento pós olímpico decisivo para o crescimento da modalidade no ciclo que se inicia para 2020…

Tenho postado teimosa e seguidamente aqui nesse humilde blog, artigos técnicos, dos fundamentos às táticas, aos sistemas defensivos e ofensivos de jogo, sempre preconizando pelo novo, pelo inusitado, pelo criativo, pelo corajoso, levantando uma premissa, uma bandeira, defendendo a tese de que somente voltaremos ao cenário internacional no momento em que passemos a jogar de forma diferenciada do basquete globalizado e pasteurizado que aí está, largamente difundido pelas redes comprometidas com o modelo NBA, como se fosse o mesmo o supra sumo do jogo, quando o é pelo fator comercial e financeiro, poderoso e hegemônico, tornando-o inalcançável sob esses padrões…

Mas muito além das postagens aqui publicadas, um outro fator as enriqueciam, o fator prático em quadra sucedendo teorias estudadas e pesquisadas por muitos e muitos anos, em equipes de base e adultas, sempre divulgando e ensinando suas aplicações práticas, divulgando-as na medida do possível, pois tecnologias custam caro, estando além dos limitados recursos de um professor. Por isso, a página técnica da LNB faz tanta falta, pois de gracinhas bastam as transmissões e comentários da grande maioria da turma que pensa estar transmitindo um jogo, quando na realidade o tem transformado em um “alegre” momento de descontração, bem típico do pouco que entende e domina os meandros do grande jogo…

E foi numa das páginas daquele espaço perdido, que reencontrei uma matéria, sobre o até hoje, sete anos depois, único sistema de jogo que ousou quebrar a mesmice endêmica que já se instalava no NBB2, que é mantida, e agora, profundamente sedimentada, com pouquíssimas exceções, em nosso indigitado basquetebol, vítima indefesa dos estrategistas com suas infames pranchetas, da praga autofágica dos arremessos de três, da busca desenfreada pelas enterradas “monstros”, do corporativismo que elimina toda a possibilidade de quebra do que aí está implantado, mas que tenta copiar, ou adaptar, ou mesmo inventar soluções canhestras do que foi experimentado naquele NBB2. Estamos no NBB9, e pouco ou nada foi mudado de verdade, a não ser o olho gordo na vaga do hermano que se foi, para, enfim, gloriosamente inaugurar a era  Curry entre nós, especializados que pensamos ser na fina arte do arremesso de fora, aquele que nivela talentos com medíocres, aqueles que transformam o grande jogo num concurso de tiro aos pombos, pela incapacidade de dominar os fundamentos, o drible, os passes, as fintas, os rebotes, a defesa, as corridas e paradas pluridirecionais, os bloqueios, o coletivismo, o conceito de equipe, e não do estrelismo a que estão levando o basquetebol, através daqueles que ainda teimam transformar um jogo coletivo em individual, era inaugurada no pós pan americano de Indianápolis, e hoje venerando sua continuidade “via Curry”. Por que preocupações com “detalhezinhos” como os tais fundamentos, se lá de fora tudo pode ser resolvido, ou não? Claro, claríssimo que se a grande maioria das equipes pensa dessa forma, a relação erro/acerto se torna bem distribuída, gerando esses monstrengos apelidados de “emocionantes e sensacionais” jogos, onde a técnica, noves fora…

Enfim, se esse é o caminho que a confraria corporativada destina para o nosso infeliz basquetebol, jamais o foi, e jamais será o meu, fato que um dia remoto de 2010 o Território NBB reconheceu ao publicar esse artigo lapidar…

E inserido no texto duas outras matérias são mencionadas e publicadas, que valem a pena recordar, junto a uma outra do Bala na Cesta , e essa outra que publiquei desafiando a turma a mudar nossa maneira de jogar, no que fui solenemente esnobado, mas “lembrado” com a adoção da dupla armação e os alas pivôs móveis, adaptados ao sistema único, bastante diferente à fluidez original que testei naquele NBB2. e que infelizmente não me foi permitido dar continuidade a um trabalho realmente inovador, que teria ajudado bastante no desenvolvimento tático do grande jogo em nosso pais, antecipando em cinco anos o que aplaudem hoje nas performances do Warriors no  quesito fluidez ofensiva, porém sem a orgia dos três, que avidamente herdamos. Duvidam?   Eu não, jamais, e o provei…

Amém.

Foto – Divulgação CBB, Clique na mesma duas vezes para ampliá-la.

 

 

O INDEVASSÁVEL LIMBO…

P1140503

Nos últimos 60 anos assisti e participei de inúmeros jogos entre Vasco e Flamengo, em todas as divisões, da base a elite, em ginásios acanhados e grandes arenas, sempre bem disputados, quentes, aguerridos, mas jogados dentro das regras do jogo, dentro e fora das quadras, com torcidas participantes, mas nunca agressivas, como as de hoje, produtos diretos do futebol, com sua delinquência marcante e perigosa, acoitadas e apoiadas por dirigentes interessados politicamente nas mesmas, coercitivas e voltadas aos interesses continuístas daqueles que as patrocinam desde sempre. Invadiram os ginásios, com sua insânia despropositada, porém voltadas aos resultados positivos a qualquer preço, incentivadas a pressões sobre as arbitragens e aos adversários por técnicos comprometidos com a vitória, e somente a vitória, ao preço que for…

Então, assistimos com transmissão televisiva aberta e fechada (um luxo…), numa arena para 16 mil pagantes, a duas das mais representativas equipes “de camisa” do país, se defrontarem no maior campeonato nacional para…ninguém, absolutamente ninguém em suas suntuosas bancadas, por obra de um grupo criminoso incluso profundamente nas “torcidas organizadas”, afastando jovens e famílias do convívio desportivo, numa apropriação miliciana de um direito democrático a que todo amante e apreciador do esporte sempre teve o direito de participar…

Solução? Sim, somente uma, a responsabilização e afastamento deste câncer das quadras, juntamente com os que os patrocinam, conhecidos que são, de longa data, punindo determinados técnicos e dirigentes que os insuflam durante os jogos, com a desculpa de que mobilizam o “sexto jogador” em quadra, recurso manjado e perigoso para aqueles que não enxergam nada além do que a vitória nem sempre justa e merecida…

Houve um tempo, de que participei, em que faltas técnicas eram endereçadas a torcidas beligerantes, e que quase sempre freavam seus ímpetos agressivos, que poderiam causar a perda do jogo para sua equipe, hoje restritas a objetos lançados a quadra, se reconhecida sua origem…

Recentemente, nas olimpíadas aqui no Rio, assisti a um jogo explosivo entre Brasil e Argentina, numa arena completamente tomada por ardentes torcedores de ambos os países, creio, inclusive, com mais argentinos que brasileiros, e que transcorreu dentro dos padrões da mais alta competição, não havendo sequer uma agressão entre os torcedores, num belo exemplo de civilidade e educação desportiva. Dias atrás, numa arena vizinha, ocorreu exatamente o inverso, já que vazia e triste, para um espetáculo mais vazio e triste ainda, protagonizado pelas equipes alcunhadas pela marca do “clássico das multidões”, irônico, não?…

Nosso infausto basquetebol pena para valer seu limbo indevassável, agregando cada vez mais seu monocórdio destino, atrelado firmemente a mesmice endêmica técnica e tática, onde a média de erros de fundamentos  já ultrapassa os 27 por partida, e a avalanche incontrolável dos arremessos de três raia ao inconcebível, como no recente Paulistano x Mogi, com os seguintes números – 12/24 arremessos de 2, e 12/37 de 3 para o Paulistano, contra 16/24 e 11/35 respectivamente para o Mogi, vencedor da pelada por 78 a 77. Por que pelada? Exatamente pelos 30/52 arremessos de 2 e os inacreditáveis 23/72 de 3, numa prova cabal de absoluta falta de comando, estratégia e tática primária de jogo numa liga maior, onde o primado básico da defesa inexiste, assim como a capacitação técnica arremessadora mais ainda, lamentável…

Finalmente, e mais ainda comprometedor ocorrerá no próximo dia 2 de fevereiro na sede da FIBA na Suiça, onde dirigentes atuais e futuros da CBB serão arguidos sobre o amanhã do grande jogo em nosso enorme e injusto país, que infelizmente vê seu comando contestado pela federação maior, atestando toda sua incúria e capacidade diretiva eivada de equívocos e comprometedoras gestões, beirando a desonestidade, compadrio e corporativismo até certo ponto criminoso. Quem sabe, sob nova direção possamos alçar novos voos, se observarem uma regra primária de administração, o envolvimento e comprometimento com o realmente novo, dirigentes, ações, gerências, sistemas e estratégias, não dando guarida aos vícios, aos viciosos e oportunistas, todos aqueles que se escondiam e ainda se escondem sob o manto do anonimato político, do apoio interesseiro, falsas eminências pardas prontas para o bote ao butim, e sim prestigiando aqueles que sempre propugnaram pelo novo, pelo corajoso, pelo audacioso, embasados pelo estudo, pela pesquisa séria, pelo trabalho inovador, pelo conhecimento teórico e prático, pela honestidade, de cara lavada, sempre, e acima de tudo, pelo mais autêntico e inabalável amor e respeito pelo grande, grandíssimo jogo.

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma duplamente para ampliá-la, na dimensão exata de sua contundente realidade e crueza.

COINCIDÊNCIA, OU NÃO? QUEM SABE…

p1140136

No artigo anterior, entre vários fatores discutidos, um em particular sobressaiu quando do jogo de ontem entre Mogi e Flamengo, a defesa exercida pela equipe carioca, que foi capaz de contestar a contumaz artilharia mogiana, fazendo com que somente 4/31 fosse alcançada, sem deixar muitos pontos frágeis dentro do perímetro, exercendo duas ações bem definidas, a recuperação do homem batido nas tentativas de bloqueio de seu adversário, fazendo-o na recuperação defensor frontal do pivô postado ao lado da cesta, obrigando a armação mudar o possível passe de lado, pois a anteposição frontal não o permitia com segurança, quebrando sua proposta tático ofensiva, e mantendo os atacantes chutadores sob permanente pressão, obrigando-os a tentativas desequilibradas e fora do seu contexto. Duas ações bem próximas do que venho defendendo há muito tempo, pois definem em parte o que venha a se constituir uma defesa linha da bola com flutuação lateralizada, e não perpendicular a cesta, em oposição ao posicionamento da bola…

Nesta situação defensiva, não importa muito a disparidade de estatura entre um defensor em recuperação após ser ultrapassado, indo cobrir frontalmente um dos pivôs envolvidos no ataque, pois seu posicionamento frontal em constante movimentação desencoraja passes ao mesmo, até os por cobertura, que por serem elípticos, são lentos e passíveis de pronta cobertura linear, propiciando o equilíbrio defensivo, mesmo após ser rompido fora do perímetro (maiores detalhes aqui)…

Postei seis anos atrás vídeos da equipe que dirigi no NBB2, um deles, onde a perfeita síntese dessa forma de defender, comprovava a eficiência da linha da bola com flutuação lateralizada (nesse jogo o adversário não conseguiu uma assistência sequer), ação próxima utilizada pelo Flamengo no jogo de ontem, que não foi mais efetiva por ter alguns jogadores refratários ao deslocamento defensivo lateral, exatamente o aspecto técnico fundamental para o pleno sucesso da mesma. Por isso, justificou-se o relativo sucesso dos jovens jogadores colocados em ação, pois seu elã e ardor defensivo contribuiu em muito na eficiência da equipe…

Por outro lado, a equipe paulista pecou mais uma vez ao optar declaradamente pelos longos arremessos, naquelas situações básicas em que uma definição pelos dois pontos equilibraria a farra inconsequente dos três, uma marca inerente a equipe, que por isso mesmo se coloca como refém permanente de uma forma de jogar beseada no “ se cairem” vencemos, senão…

Não caíram por terem sido contestados, não equilibraram por não defenderem, e teimaram no individualismo de seus três americanos em quadra, um dos quais já ensaia seu eterno confronto com os técnicos que tentam convencê-lo a jogar em, e para a equipe, duvidando que consigam…

Coincidentemente, ou não, mais um fator técnico defendido, estudado e aplicado por mim nas quadras, a defesa linha da bola lateralizada, parece que ensaia se estabelecer por aqui, assim como as já reconhecidas e aceitas duplas armações, e alas pivôs ágeis e atléticos interagindo no perímetro interno em constantes deslocamentos, exequibilizando sistemas de jogo dinâmicos, fluidos e criativos, abrindo um enorme campo para a improvisação consciente, porém ainda limitados a influências exógenas que entravam seu desenvolvimento, tais como a ainda primária e precária didática no preparo técnico tático de equipes, e de seus fundamentos básicos de jogo, plenamente retratada pela presença limitadora e midiática de pranchetas que nada acrescentam, a não ser uma patética demonstração de “fórmulas mágicas” que não funcionam, jamais funcionarão, a não ser como autopromoção pseudamente “profissional”…

Amém.

Foto – O de sempre. Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

ERAM OUTROS TEMPOS (?)…

sailors_242013-002

Tenho me divertido bastante lendo comentários, e até artigos, de leitores em alguns blogs especializados de basquetebol, que de uns tempos para cá deixaram de lado simples análises e opiniões técnico táticas empregues em nosso território, para enveredarem no espinhoso e tendencioso caminho das verdades a serem adotadas aqui, e pasmem, lá fora também, para o desenvolvimento do grande jogo, é claro, sob suas altamente especializadas experiências no campo prático, visando mudar sua estrutura e modo de ser praticado daqui para frente, numa audaciosa e pretensiosa interpretação do que avidamente absorvem de uma imprensa estrangeira, que se sabe muito bem formada, e mais ainda,  informada pelo que existe de melhor na grande rede, não poupando laudas nos osmóticos “esclarecimentos” que garimpam pura e simplesmente, sem sequer se aterem para o fator primário que incide em qualquer aspecto evolutivo, a experimentação, a ida ao campo da prática, fundamentando estudos e pesquisas sérias, e não o palpite puro e simples, como os incensados por todos eles, os desvarios de três, ou as enterradas de quem não sabe, nem domina a arte do arremesso, fundamento maior do grande jogo…

Vejam esse trecho de um artigo publicado:

(…) O segundo ponto é um fato: o chute médio está em declínio — provavelmente consequência dos outros dois fatores. Apesar de ainda haver uns poucos especialistas de média distância, como (…), a opinião dominante hoje é que esse arremesso é ineficiente. A lógica é simples: chutar de média distância é arriscado (marcadores chegam a tempo, exige habilidade, etc.) e a recompensa são só 2 pontos. Assim, é melhor uma jogada na cesta (bandeja/enterrada), que tem mais chance de sucesso.(…)

Os dois fatores mencionados pelo leitor comentarista são o espaçamento ofensivo e o arremesso de três, ambos produtos largamente beneficiados pelas regras defensivas que diferenciam as leis de jogo da NBA e da FIBA, tornando os americanos os únicos no mundo a praticarem um basquetebol diferente dos demais, e o que é pior, tentando torná-lo único, o que dificilmente conseguirão, pois sua existência somente se torna possível dentro da realidade socioeconômica em que vivem, além de outros fatores sociológicos e de gênero (modismo atual…) bem particulares na conflagrada sociedade inter racial que não se entende por lá, desde sempre…

Afirmar e induzir os novos praticantes de que o chute médio está em declínio por ser ineficiente, raia ao grotesco, a ignorância, não só pela afirmativa, como ao fato, este sim, real e indiscutível, de que seja o mesmo o único a sobreviver, quando da evolução defensiva eficiente nos dois perímetros, com a adoção das flutuações lateralizadas à cesta em defesas linha da bola (sugiro que estudem com afinco esse pormenor…) vier a acontecer muito em breve, pois sucedendo a uma evolução ofensiva, segue-se obrigatoriamente uma defensiva, tornando o jogo um carrossel em permanente e dinâmica evolução, e não a implantação da mesmice endêmica em que nos encontramos,exatamente por não evoluirmos em ambos os componentes desta equação, ataque e defesa, estratificando-os aos interesses corporativistas daqueles que nada sabem, e nada querem saber do grande jogo, fator genérico de quem somente se interessa em manter o feudo econômico em que se estabeleceram, todos, estrategistas, jogadores, dirigentes, mídia, e porque não, leitores entusiastas também…

Afirmar que- “A lógica é simples: chutar de média distância é arriscado (marcadores chegam a tempo, exige habilidade, etc.) e a recompensa são só 2 pontos. Assim, é melhor uma jogada na cesta (bandeja/enterrada), que tem mais chance de sucesso”, é propugnar que para o chute de três as contestações se tornam impossíveis, e que para esse tipo de arremesso não é exigida grande habilidade, etc. numa clara demonstração de total desconhecimento do que venham a ser habilidades, domínio e controle corporal e óculo manual necessários aos arremessos de média e longa distâncias, aumentando exponencialmente suas dificuldades a cada centímetro acrescidos para sua execução. Sugiro neste ponto, caso se interessem de verdade em aprender, o que duvido, que leiam os artigos agora sugeridos, a fim de uma vez por todas entenderem o que venha a ser arremessar uma bola de basquete, para aí sim, situar os arremessos dentro da complexa estrutura de um jogo de basquete, muito além dos palpites gratuitos que divulgam pela grande rede…

O arremesso de longa distância é uma arte para poucos, e se contentar com 40% de acerto somente é possível pelo fato de ambos os contendores aceitarem o repto, vencendo aquele que meter a última, apagar a luz e ir embora. Se o espaçamento defensivo ante o de seu adversário contestar tais arremessos, e se fragilizar para as penetrações para bandejas e enterradas, conseguidas de forma mais fácil (e mesmo assim muitos erram), fatalmente evoluirão para defesas mais articuladas nos perímetros, que é uma ação coletiva de alta complexidade, mas necessária, e que fará com que os arremessos de média e curta distâncias ressurjam com força, pois resultantes dos embates 2 x 2, e até 3 x 3, hoje rarefeitos e restritos ao 1 x 1, principalmente na liga maior, como resultante de regras que impedem determinadas coberturas aos que penetram em direção à cesta…

O jogo interior precisa ser redescoberto por nossas equipes e seus estrategistas pranchetados, e acredito que alguns poucos já começam a desconfiar que exista de verdade, e vou dar uma pequena e bem recente pista, acontecida ontem mesmo em Brasília, quando a equipe do CEUB venceu o Flamengo com os seguintes números – 34/47 de bolas de dois, 8/25 de três, 68 pontos dentro do perímetro interno, 24 de fora e 3 lances livres, e o Flamengo 26/46, 6/22 e 13/16 respectivamente, com 46 pontos internamente, cuja diferença  praticamente marcou o resultado do jogo, demonstrando que de 2 em 2 pode-se vencer jogos alcançando elevadas contagens, derrubando a premissa de que o custo benefício dos arremessos de três superam os de dois, o que até admito quando todo um estruturado NBB aceita a  mesmice endêmica que foi implantada e aceita por todas as equipes que o compõe (houve uma exceção…), seguindo a conceituação técnico tática estabelecida pela CBB em suas seleções de elite e de base, em mais de 25 anos, espelhando de cima para baixo o padrão que anulou todo um trabalho de longos e longos anos estabelecido pelos magníficos técnicos que nos lideraram naquela espetacular fase que trilhamos a nível mundial, sendo eleito o quarto país mais desenvolvido no grande jogo no século XX…

Sinto muito se me mantenho não muito simpático aos poucos leitores que me honram com sua audiência, mas em hipótese alguma posso me omitir a essa campanha que tenta nos levar para as hostes de um outro jogo, irreal e inalcançável para nossa realidade de país carente do básico, a educação de seus jovens, cada vez mais massacrados em seus direitos constitucionais, vítimas perenes de políticas equivocadas, criminosas e entreguistas, onde até o grande jogo vem se inserindo com ganância e a pusilanimidade de muitos…

Amém.

Foto –  Hank Luizetti, o jogador que em 1936 revolucionou o jogo com seu jump shot, eterna e decisiva influência no grande jogo.

O ESCATOLÓGICO ACHISMO…

165058_b_ball_Naismith355x325-001

Eis-me de volta para mais um ano de presença ante o grande jogo, para satisfação de uns poucos, e muita raiva e desprezo da maioria, principalmente daqueles que consideram a data de seus nascimentos coincidentes com o do basquetebol, negando o pequeno espaço de tempo que os separam de um certo James Naismith que o inventou um pouquinho antes, em 1893…

Pois é, já fazem treze anos que aqui estou nesse humilde espaço, teimando em pesquisar, estudar e reverenciar os que me antecederam na estrada de pedras, depois de a percorrer por mais de 50 anos, aprendendo muito mais do que ensinando, perdendo mais do que ganhando, trabalhando muito além do exigido, como todo professor e técnico que se preze, ainda mais quando natural de um país que não o valoriza, relegando-o às sobras de verbas gastas em suntuosidades megalópicas, onde o roubar se tornou endêmico, onde a ignorância é imposta como projeto político, onde os valores culturais e a ética se tornaram dispensáveis…

Então, creio ter justificado alguma ausência no espaço, não pela idade que alcancei, mas pela mais absoluta falta do que mais prezo, e sempre propugnei, apliquei e desenvolvi fora e dentro das quadras, a permanente e incansável busca pelo novo, pelo inusitado, pelo desafio, única forma de manter a mente e o espírito alertas, desde sempre, não só em mim, mas principalmente, nos alunos e atletas, que os tive a perder de conta, porém lembrados e cultuados, cada um deles, dos quais tenho imensas saudades…

Vamos então a alguns fatos, mesmo aqueles que me desagradam, que ferem o bom senso, que magoam os sentidos, que ofendem o grande jogo:

– Comecemos com o NBB, onde a insânia dos três pontos nunca esteve tão presente, fruto da inexistência defensiva fora do perímetro, preocupados que estão estrategistas e jogadores com a evolução dos atuais homens altos dentro do mesmo, quando defendê-los pela frente, numa verdadeira e lateralizada linha da bola, criaria o equilíbrio de forças necessário à contestação dos longos arremessos, fator técnico de difícil e complexo aprendizado, sendo por isso mesmo o grande prêmio a ser alcançado pelos verdadeiros praticantes do grande jogo, tanto os que aprendem, como os que ensinam. Alguns números emprestam a relevância a esse princípio, como os acontecidos em jogos recentes, onde num Ceará x Bauru, 23/68 foram os arremessos de dois pontos, contra 28/70 de três, ou num Mogi x Ceará, com 29/60 de dois e 31/78 (isso mesmo, 78 arremessos de três!!!!!), e muitos jogos com mais de 50 tentativas de fora, numa autofagia indescritível de ruindade basquetebolistica, tudo somado a média absurda de 25 erros de fundamentos por jogo, salvo muito poucas exceções. Duvidam? Façam as contas, por favor…Ah, um exemplo derradeiro? Paulistano x Vasco, 29/63 de dois, 20/55 de três e 25 erros de fundamentos. Definitivamente tem algo de errado com nosso basquetebol…

– Em dois meses acontecerá a eleição na CBB, onde duas chapas já declaradas e oficializadas se defrontarão dentro de regras estatutárias, retrógradas e viciadas, porém com um fator novo, o de uma delas ser composta por pessoas fora do contexto da casa, que garantiu anos e anos de um continuísmo destruidor de tudo aquilo que garimpamos duramente por anos e anos de trabalho, formada por pessoas ligadas a modalidade, mas não pertencente a situação, que se vencedora for, quem sabe, impulsionará o grande jogo a tempos melhores e mais sadios, se além de se ater ao implemento de modernas técnicas gerenciais e de desenvolvimento massivo, se dedicar ao verdadeiro óbice que nos estrangula a quase três décadas, o fator técnico, que no frigir dos ovos, é a verdadeira função confederativa, dolosamente esquecida e vilipendiada pela política do escambo, do apadrinhamento e do corporativismo de uma minoria lá encastelada, onde os interesses pessoais e econômicos se sobrepõem ao jogo em si, ao grande jogo…

Finalmente, não posso nem devo deixar passar uma preocupante tendência, a da elevação de um outro jogo, com regras próprias, com interesses hegemônicos, não só esportivos, como comerciais, políticos até, de outro país, junto a nossos jovens, com promessas de transmissões em rede aberta, eivado de comentaristas amparados e escorados por toneladas de computadorizadas informações, nas TVs e na internet, onde comentam “a fundo” o que absolutamente não conhecem no sentido prático, num escatológico achismo que fere de morte o nosso ainda cambaleante NBB, este sim, tão necessitado de discussões opinativas visando seu desenvolvimento técnico e tático, e que pertence a uma realidade antítese daquela que tentam nos empurrar a fórceps, bem sabendo que é um produto de outra espécie de sociedade, resultante de políticas educacionais e culturais inexistentes aqui, numa forçação de barra profundamente irresponsável e até certo ponto, perigosa…

Conheço a NBA desde os anos sessenta, quando lá estive estudando, e desde aquela época concordava não ser aquele o caminho que deveríamos trilhar, pois totalmente fora da nossa realidade esportiva, educacional, econômica, cultural e política, não fosse àquela época, em plena convulsão racial, ser nomeada embaixadora americana para os países do mundo a equipe dos Harlem Globetrotters, na tentativa governamental de atenuar os graves efeitos da integração no plano socioeconômico fora de suas fronteiras, pois somente o basquetebol tinha penetração mundial, e não os restritos football (o deles), baseball, ice hockey. Hoje os interesses são outros, todos de bases mercadológicas, sem dúvida alguma…

Bem, fico por aqui, prometendo ser mais presente aqui no blog, já que grandes eventos nos aguardam, mas que não sejam jogadas monstros, tocos, e hemorragias dos três. O grande jogo merece coisa melhor, bem melhor…

Em tempo – Agora mesmo assisti a partida Mogi x Bauru, descrita como da mais alta técnica, incensada e comentada como o verdadeiro basquete brasileiro, mas que apresentou ao seu final estes inacreditáveis, comprometedores e constrangedores números – 36/52 arremessos de 2 pontos e, acreditem, 19/72 de três, com a equipe perdedora do Bauru perpetrando 13/19 de 2 e absurdos 10/42 de 3, sendo que num dos pedidos de tempo o técnico da equipe pediu jogo mais no interior do perímetro, sendo demovido pelos jogadores que optaram pela artilharia insana de fora, tudo isso emoldurado por 24 erros de fundamentos. Inacreditável…

Amém.

Foto – Foto captada na internet. Clique na mesma para ampliá-la.