ENCRUZILHADA E OPÇÕES…

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Tenho me divertido muito nos últimos dias com a leitura de alguns blogs sobre o futuro técnico e tático do nosso basquetebol, muito mesmo.

Como que num estertor terminal de um conceito que todos professam, profundamente lastreado no sistema único de jogo com suas posições estratificadas de 1 a 5, cujas nomenclaturas bailam de armador puro a finalizador, escoltas de varias matizes, alas de força ou de finalização, pivôs light ou heavy, toda uma setorização que beira ao ridículo, mas que se sustenta através o pragmatismo funcional de uma forma de jogar com domicílio no hemisfério norte e canhestramente copiado por estas colonizadas plagas, vide a quase absoluta migração da mídia especializada para os lados dolarizados da NBA, cujos tentáculos se voltam para o nosso país em busca de um mercado deslumbrado e ávido em consumir tecnologias de ocasião, seja lá as que forem…

Nunca li tanto conhecimento, vasto e aprofundado (?), sobre o grande jogo, mas o de lá, não o daqui, divulgado em todas as mídias, muito bem patrocinadas e financiadas, numa ascendente influência e dominação que deveria preocupar seriamente nossas lideranças desportivas, e mesmo as educacionais.

Então, a tendência analítica do que aqui se pratica técnica e taticamente, presa que está aos cânones mais do que solidificados do tal e absurdo sistema único (e tem gente que jura com os dedos em chifre, que está mudando, evoluindo…), é de simplesmente avaliar e comentar o que vêem sob a ótica do que sabem, ou pensam saber sobre o mesmo, unicamente o mesmo.

Temos então, no caso da seleção masculina adulta, opiniões que se concentram, não na condição do conhecimento e domínio técnico dos jogadores selecionados sobre os fundamentos, os diversos sistemas, a leitura de jogo, e sim do que são capazes de produzir em suas posições de 1 a 5 (acho que bem mais do que 5…), como peças estanques de uma engrenagem a serviço de um esquema formatado e padronizado (ai está a ENTB para confirmar…), e não um corolário de conhecimentos que os tornariam aptos a novos experimentos táticos, e por que não, estratégicos.

Neste ponto sugiro a releitura do artigo aqui publicado e muito bem comentado Papeando com o Walter 2…(Artigo 600), no qual muito do que deveríamos saber e dominar sobre a dupla armação se torna básico pela tendência, mais do que evidente, de que seja essa uma das opções do técnico Magnano em seu profícuo trabalho na seleção, assim como, forçado pela desistência dos grandes pivôs de choque convocados, e que optaram pela NBA, volta seus olhos para aquele outro tipo de pivô, da nossa sempre lembrada e vitoriosa tradição, os de velocidade, flexibilidade, e acima de tudo, multifacetados.

Sem dúvida alguma teremos de ir de encontro a esse novo (?) tipo de pivô, melhor, ala pivô, e para meu gosto, pivô móvel, rápido dentro do perímetro, ágil na recepção dos passes, flexível no drible, nas fintas e nos arremessos de curta e media distancia, assim como na defesa antecipativa, veloz e inteligente, e que ao se deslocar permanentemente ganha em impulso extra para os rebotes, que muito além do impacto físico, prioriza a colocação rápida e espacial nos mesmos, vencendo em muito a lentidão e peso dos tão amados “cincões”, e o mais importante de tudo, jogando de frente para a cesta.

No amalgamento dos armadores com esses novos arrietes, se destina a nossa retomada, o soerguimento de uma tradição vencedora que muitos teimam em omitir, pois pagariam o preço de tornarem a conhecer a nossa história, e não a dos outros, com a finalidade de nos impingi-la goela abaixo, como a verdade a ser seguida, digerida, sacramentada.

Sugiro também a releitura do artigo O que todo pivô deveria saber, que muito elucidaria a correta forma de atuar e jogar de um jogador de tal importância inserido num correto sistema de jogo, aberto e democrático.

Mas Paulo, e as bolinhas de três, nossa “grande arma”, como é que ficam?

Numa equipe jogando da forma acima citada, bolas de três suplementarão o sistema, e não o tornarão escravo das mesmas, numa inversão de prioridades, e sim na busca da precisão, que é o objetivo maior a ser alcançado, além de eliminar de vez aquele tipo de jogador pseudamente “especializado” que é facilmente encontrado em determinadas e repetidas zonas da quadra, parado e acenando em busca de um passe que o torne imprescindível… Importante é saber para quem…

Enfim, acredito estarmos no limiar de uma grande escolha, ou a manutenção da mesmice endêmica que nos tornou escravos de um sistema absurdo e anacrônico, até mesmo para seus inventores lá de cima, ou a busca e encontro de algo não tão novo assim, mas que nos tornariam proprietários de um modo de jogar o grande jogo absolutamente único, e quem sabe, vencedor…

E não perdendo o bonde da história, me pergunto curioso e instigante onde andarão o Cipolini, o Gruber e o Murilo nessa convocação, já que os mais ágeis, rápidos e flexíveis pivôs móveis que possuímos e à disposição? Onde?

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

TRÊS MOMENTOS…

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Num primeiro momento anexo os números das três primeiras rodadas da etapa da LDB em São José dos Campos com os das duas etapas iniciais do torneio, e o que temos?

 

– Arremessos de 2 pontos – 1152/2506 (45.9%)

 

– Arremessos de 3 pontos –    362/1269 (28.5%)

 

– Lances Livres                 –    762/1204 (63.2%)

 

– Rebotes                           –  2376 (79.2 pj)

 

– Erros de Fundamentos    –    785 (26.1 pj)

 

 

 

Ou seja, mantêm a turma dos 17 aos 22 anos índices de arremessos muito abaixo do desejável nessa altura de suas carreiras, assim como insistem na enxurrada de bolinhas, ocasionando uma media brutal de rebotes pelo acumulo de desperdício nas mesmas, e com equipes apresentando convergências inacreditáveis, como no jogo São José (13/28 nos 2 pontos e 12/28 nos 3), contra o Grêmio União (12/32 e 10/31 respectivamente), numa partida que me despertou a curiosidade de tê-la assistido, exatamente para acreditar no que veria, assim como constatar in loco ser verídica a inacreditável marca de 26 erros de fundamentos em media, numa prova cabal de que a persistir tão gritante falha, não iremos a lugar algum no universo do grande jogo. Mas na etapa aqui do Rio pretendo assistir pelo menos uma rodada, para me cientificar se tais distorções realmente existem, ao vivo e à cores, ou se não passam de falhas estatísticas…

 

Claro que boas equipes disputam o torneio, mas infelizmente serem aquelas que contam com jogadores que disputam o NBB, numa clara menção de que o título e a vitrine midiática superam em muito o discurso de que essa competição visa dar cancha aos mais novos em sua ascendente transição, esquecendo de que tal experiência deveria ser ofertada para todos aqueles jogadores que pretendem e sonham ingressar na liga maior, e não para aqueles que lá já se encontram, treinando e jogando com os melhores e mais experientes, garantindo títulos midiáticos e indevidos numa liga de desenvolvimento.

 

Por outro lado, lamentamos a presença de equipes completamente despreparadas, mal formadas e treinadas, num flagrante desperdício de verbas públicas que alimentam suas participações, e que deveriam ser direcionadas ao desenvolvimento regional, de onde sairiam aquelas vencedoras, para ai sim, num encontro nacional medirem forças por um acréscimo qualitativo, objetivando seu desenvolvimento real, e não feérico como está ocorrendo.

 

Num segundo momento, consigo sintonizar a transmissão de um jogo via internet da seleção brasileira no sul americano adulto feminino, jogando contra a equipe venezuelana, onde consegue a façanha de perder o primeiro tempo de um jogo assustador pela fragilidade nos fundamentos, todos eles, frente a uma equipe de uma fraqueza absurda, o que me fez desistir do restante da partida, pois em se tratando de uma seleção principal, renovada e com vistas para 2016, deixou-me assustado e absolutamente convicto de que muito poucas chances teremos naquela magna competição, em nossa casa, pela precária e inadmissível situação técnico tática em que se encontra, noves fora os ausentes fundamentos do jogo. Realmente lamentável.

 

O terceiro momento me foi dado pela estréia da seleção masculina no torneio quadrangular em Salta na Argentina, onde uma equipe bem renovada expôs o quanto de penoso caminho ainda terá de trilhar para alcançar um patamar qualificativo a maiores vôos, principalmente na urgente substituição de alguns super veteranos, que simplesmente não mais alcançam as exigentes valências necessárias ao embate internacional, tanto física como tecnicamente.

 

No entanto, novos e promissores valores ascendem a equipe, que claramente vai incorporando a dupla armação, às vezes tripla, pelos bons e jovens valores que se apresentam nesses novos tempos, e que se bem orientados, principalmente na interação com os também jovens e promissores alas pivôs, de uma geração que fatalmente sepultará uma tendência aos “cincões”, gerada por uma plêiade de técnicos, analistas, agentes e dirigentes, estreitamente comprometida com o sistema único, ou por desconhecimento real com o conceito NBA, que nos levaram ladeira abaixo no contexto internacional, poderemos evoluir de encontro a novas formas de jogar o grande jogo, com ritmo e cadencia pensante na armação de situações táticas, e muita velocidade na conclusão das mesmas, atitude somente possível através jogadores ágeis, flexíveis, rápidos e argutos leitores de jogo, que é uma qualidade adquirida pelo intenso e duro trabalho, capacitando a todos, de que posição forem, inclusive, na real possibilidade de enfrentamento a equipes pesadas, atlética e artificialmente super dimensionadas.

 

E nesse ponto cabe um esclarecimento, sério e preocupado, dirigido àqueles responsáveis pelo aprimoramento físico, técnico e tático desses futurosos jovens, basicamente aqueles que se destacam na firmeza e precisão nos arremessos médios e longos, focando no aspecto da sintonia fina na execução dos fundamentos, dos arremessos em particular, que será prejudicada, e muitas vezes anulada, quando frente a um preparo físico inadequado e dirigido a aquisição de massa muscular, na maioria das vezes de fundo puramente estético e antinatural. É um crime confundir força com inchaço puro e simples, ocasionando travamentos e perda de sensibilidade dos finos e apurados gestuais técnicos, assim como comprometendo articulações e tendões despropositada e irresponsavelmente.

 

Fato é que o técnico Magnano se encontra à frente de uma concepção de jogo que nunca foi de sua predileção, mas frente à realidade que se apresenta tende a uma mudança conceitual, que poderá desencadear uma verdadeira revolução em nossa maneira de ver, sentir e jogar o grande jogo, ao ultrapassar a fronteira da dupla armação e os alas pivôs, interagindo entre si dentro do perímetro interno, zona conflagrada das grandes defesas de grandes equipes, que vêem naquele setor o solo sagrado a ser defendido ao preço que for, e que poderão ser derrotadas se falharem e caírem ali mesmo, na ante sala de suas cestas.

 

Mas para tanto, precisamos aprender e dominar a arte de jogar “lá dentro”, arte esta somente possível priorizando a velocidade, a flexibilidade, a ousadia de fazê-lo, assim como canalizando essa novel energia exercendo uma outra arte, a de defender, com as mesmas valências, velocidade, flexibilidade, ousadia, acrescentando mais uma e fundamental, a percepção antecipativa.

 

Enfim, acredito firmemente que ousaremos mais, evoluindo a partir daí para um novo tempo, uma nova concepção de jogar.

 

Assim espero, e humildemente sugiro ao competente Magnano que ouse sempre, pois esses jovens merecem serem proprietários de uma nova forma de jogar o grande jogo, e que poderá inspirar outros jovens como eles, e por que não, os técnicos também…

Amém

Fotos – Divulgações FIBA, LNB e reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

REBUILDING…

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Em maio de 2011 publiquei um artigo (aqui) sobre esse bom prospecto de jogador, que recomendaria que lessem antes de prosseguirem adiante, e mais, atentando para os preciosos comentários no mesmo, quando um posicionamento contrario ao futuro desse jovem é enfocado e discutido como muita propriedade.

E por que volto ao assunto, quando interesses ligados à NBA pouco me sensibilizam, por se tratar de um outro jogo, de uma outra realidade, onde o fator econômico em muito supera e submete o fator desportivo, substituído pela destinação política auferida ao mesmo pela grande nação do norte, por sua poderosa influência junto aos jovens do mundo?

Volto pelo inconformismo por tal influência, que de tão poderosa, evita em seu âmago as mesmas sindicâncias antidopagens  realizadas pela senadoria do congresso americano, que vem intervindo forte e drasticamente nas mais diversas ligas desportivas, cassando medalhas olímpicas e títulos mundiais de muitos de seus atletas de ponta, e que regateia sua intervenção junto a NBA, por ser aquele desporto que mais promove e divulga a marca USA junto aos jovens de praticamente todo o mundo, cuja influência poderia sofrer um enorme baque e desastroso desgaste político econômico se tal investigação comprovasse o que muitos já sabem.

Mas, e o Bebê, o que tem a ver com tudo isso? Bem, lendo a entrevista do jogador ao jornalista Fabio Balassiano no blog Bala na Cesta, um fragmento da mesma elucida o atual posicionamento do jogador, principalmente se comparada com a outra reportagem mencionada acima, quando comenta, em oposição ao seu desejo de ser um ala pivô desde sempre – (…) embora Lucas mesmo reconheça que neste primeiro momento o fundamental para ele seja ganhar massa muscular pra enfrentar gigantes como Dwight Howard, Joakim Noah, Andrew Bynum etc.(…)

Então, o que veremos daqui para diante será uma metamorfose acintosa deste jovem ai retratado (compare essa foto com qualquer outra dele daqui a alguns meses), quando uma grande massa muscular lhe será implantada (não esquecer que seus tendões e articulações continuarão os mesmos, mas circundados pela tal da massa pretendida…), o que fatalmente acarretará num breve espaço de tempo os possíveis rompimentos de praxe, como os que ocorrem na maioria dos “inchados de plantão”, mas nada que não seja compensado pelos milhões amealhados e sofregadamente divididos pelos seus mentores, administradores e dependentes, numa bem azeitada indústria do faturamento às custas da incultura e inexperiência de muitos jovens, como ele…

Triste assistir a um ala pivô,  por desejo e sonhos próprios, talentoso, rápido e atlético, cedendo espaço a mais um fabricado brutamontes, a fim de distribuir tocos, enterradas e muitas cotoveladas (fico imaginando como seria um atleta dessa altura e envergadura, bem treinado e orientado, atuando de fora para dentro do perímetro, inclusive na NBA, pleno de habilidades no drible, nas fintas, nos passes, nas conclusões em velocidade…), para gáudio de uma minoria que bem lá no fundo odeia o grande jogo bem jogado, e que em hipótese alguma abre mão de vultosos lucros, ao preço que for.

Quanto à seleção, seu coração “doerá” a cada recusa em servi-la, como prescreve o bom e já bem conhecido discurso da maioria  daqueles que lá chegaram…

Que os deuses o ajudem e preservem, se puderem.

Amém.

Foto – Bala na Cesta. Clique na mesma para ampliá-la.

AH, OS FUNDAMENTOS…

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Se um jogador corre em alta velocidade driblando uma bola, olhando para ela (e não a vendo em visão angular), sem alternar ritmos e pequenas negaças, ou mesmo mudando de direção com troca de mãos, sem a cabeça erguida e olhos visionados perifericamente quando em estreita presença adversária, semi pressionado, perdendo ou mesmo tropeçando na mesma, poderemos dizer com propriedade, que ele não domina o drible, o mesmo ocorrendo quando executa passes paralelos à linha final, ou o faz sem uma finta antecedente, que não conhece bem as técnicas do passe, ou quando troca de mãos num corte sob pressão, sem concomitantemente executar um passo atrás,  estabelecendo a distância mínima necessária para ultrapassar a marcação, sua inabilidade nas fintas, ou que, num rebote, ofensivo ou defensivo, visa prioritariamente a bola, em vez do posicionamento antagônico, e mais, quando em posicionamento e deslocamento defensivo frente a um habilidoso atacante, permite situar seu centro de gravidade na borda, ou fora da área ocupada e delimitada por seus pés na quadra, concluiremos enfaticamente que, de fundamentos ele pouco sabe, ou mesmo entende, pois pouco ou nunca foi ensinado a dominá-los com alguma propriedade.

Podemos ir um pouco mais longe quanto aos arremessos, onde empunhaduras, controles direcionais, domínio do eixo diametral, e pleno conhecimento dos ângulos de incidência e reflexão em impactos nas tabelas, cedem o mais absoluto espaço à estética, à beleza gestual, ao “estilo”, às majestosas enterradas, ou à volúpia descabida dos longos, temerosos e altamente imprecisos arremessos de três, quando, na contramão de toda essa maquiagem, desequilíbrios e variações limites do centro de gravidade podem ser altamente compensados pelo pleno conhecimento da arte de arremessar uma bola à cesta, bastando para tal o mais pleno ainda conhecimento das técnicas inerentes ao mesmo, e as maneiras mais efetivas e eficientes de ensiná-los, tanto quanto os demais fundamentos do grande jogo.

Somemos a todo este conhecimento dos fundamentos individuais, às variáveis inerentes aos fundamentos coletivos, onde a verdadeira base de uma equipe é forjada por igual, quanto ao domínio técnico do ferramental de todos os seus componentes, os fundamentos, é que poderemos aquilatar o potencial da mesma para desenvolver e dominar sistemas de jogo, ofensivos e defensivos, que sem aqueles não funcionarão, sequer no mais rasteiro nível primário, quanto mais nas megalomaníacas “estratégias de prancheta”, foco inatingível e fantasioso de técnicos que teimam aprender a dominar os caminhos do grande jogo por osmose.

Então, frente à realidade dos números estatísticos que têm sido apresentados nos recentes embates na LDB, e nos campeonatos internacionais sub’s 17, 18, 19, e não sei mais quantos outros, masculinos e femininos, poderemos concluir, e mesmo projetar uma realidade nada encorajadora para um futuro logo ali na esquina, 2016, onde deveriam ser alcançados os resultados de um bem planejado e desenvolvido projeto de soerguimento do basquetebol nacional, em vez da reafirmação de uma política de favorecimentos e corporativismo voltados ao interesse de uns poucos, rudemente dissociados dos muitos que poderiam estar inseridos no grande e ansiado projeto da formação de base, sem a qual iremos, inexoravelmente, de encontro ao fiasco e ao fracasso, com a mais absoluta certeza.

Complementando, dois exemplos práticos, começando com nossa, e ainda na luta classificatória, seleção feminina sub 19, que amanhã cedo joga suas esperanças contra a forte equipe francesa, num jogo que, mesmo de longe e sem qualquer registro visual, tem apresentado uma razoável proposta ofensiva, minimizando os arremessos de fora do perímetro, e priorizando o jogo interno, conseguindo bons resultados, mas que conta contra si uma media absurda de mais de 20 erros de fundamentos por jogo, prostrando ao solo seus esforços de tentar ir mais além, num equivocado carrossel de repetidos erros e óbices na preparação de nossos equipe de base, mas que poderá,  no caso de uma difícil, mas não impossível correção de técnicas individuais ( muito difícil de acontecer por se tratar de hábitos pouco efetivados, e somente enraizados através um longo aprendizado), assim como uma drástica mudança na forma de jogar “dentro” da defesa francesa, sem dúvida alguma, o grande obstáculo.

O outro exemplo fica bem claro nos números apresentados na segunda fase da LDB, se comparados com os da primeira fase, aqui descritos:

 

– Arremessos de 2 pontos – 1519/3257 (46.6%)

– Arremessos de 3 pontos –   497/1685  (29.4%)

– Lances Livres                 –  1053/1631 (64.5%)

– Erros de Fundamentos    –  1031 (23.9 por jogo)

Nota – Números de 88 jogos, pois dois deles não foram publicados pela liga (Goiânia x Limeira e Ginástico x Vitoria-ES)

 

Se somarmos e tabularmos com os jogos da primeira fase, teremos:

 

– Arremessos de 2 pontos – 3136/6986 (44.8%)

– Arremessos de 3 pontos –    968/3388 (28.5%)

– Lances Livres                 –   2220/3352(66.2%)

– Erros de Fundamentos    – 2327 (26.4 por jogo)

 

Logo, o retrato não é nada animador, ainda mais se tratando de uma divisão sub 22, mas que aceita jovens desde a sub 17, e que inclusive tem como participante uma equipe, Limeira, que apresenta os seguintes números em 8 jogos, numa convergência espantosa:

 

-Arremessos de 2 pontos – 67/157 (42.6%)

– Arremessos de 3 pontos – 50/187 (26.7%)

– Erros de Fundamentos   –  78 (15.6 pj)

 

E também uma equipe que não venceu um único jogo, Vitoria-ES, perdendo-os com placares muitas vezes acima dos 30 pontos. Por conta de tão eloquentes exemplos, fico pensando quão equivocada foi a determinação da LDB obrigando a permanência por duas temporadas dos jogadores nas equipes participantes, num critério punitivo para muitos deles, pela mais do que deficiente fraqueza de algumas franquias em seus projetos técnicos na preparação dos mesmos.

Enfim, todo o panorama acima descrito e enumerado, tem como denominador comum um único fator, a ausência quase geral de um domínio aceitável dos fundamentos do jogo, sem os quais estaremos sendo levados para cada vez mais fundo na mesmice endêmica que nos tem esmagado, neles e nos sistemas, aliás, pelo único sistema que professamos contrita e colonizadamente falando. Não à toa a NBA acaba de selecionar um bom numero de nossos mais talentosos prospectos para moldá-los à sua imagem e semelhança num formidável Camp em São Paulo, e já providencia a “musculação” de um ingênuo Bebê, para trilhar o caminho dos lesionados Nenê, Varejão, e outros mais que arriscam sua integridade em troca de alguns milhões de dólares, que devem valer o sacrifício para os mesmos, e principalmente para os que os empresariam, sem ter de levantar uma única grama de ferro, noves fora os eternos enamorados da liga americana, bailando e embalados em seus sonhos de fictícias e infantis quimeras projetadas na carreira dos mesmos, bem, muito bem ao largo do que aqui existe de real e factível, além da flagrante constatação de que para a grande maioria daqueles jogadores pertencentes à liga matriz, a seleção nacional jamais será uma prioridade, talvez uma midiática concessão…

Temo que cada vez mais nos afastemos do que deveria estar sendo desenvolvido junto aos nossos jovens, a verdadeira e transcendental estratégia visando o soerguimento do grande jogo em nosso país, mas quem sabe para, 2020…

Até lá, que os bondosos e ainda pacientes deuses nos ajudem.

Amém.

Foto – Divulgação FIBA. Clique na mesma para ampliá-la.

DE 2 EM 2 = 96 PONTOS…

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Constatar que num campeonato mundial, uma seleção brasileira, ainda mais feminina, arremesse numa partida inteira, e contra uma seleção tradicional como a Coreia, somente duas bolas de três pontos (0/2), e mesmo assim atinge, de 2 em 2 e de 1 em 1 os 96 pontos (o resultado foi de 96×81), é uma alvissareira notícia, empolgante mesmo, pois confirma o que venho defendendo a anos aqui nesse humilde blog, e provei na quadra de jogo no NBB2, que a hierarquia dos arremessos se inicia do mais perto, para o mais distante, não só pelo fator precisão, muito mais pela participação coletiva de toda uma equipe, que para exequibilizar uma cesta de curta distância necessita do trabalho dedicado de todos, e não da exibição extemporânea de “falsos especialistas” da mais complexa arte do basquete, os arremessos de longa distância, campo restrito a muito poucos “realmente” especialistas.

E mais, que a estratégica necessidade de se valorizar cada sacrificado e trabalhoso ataque com pontos mais precisos e de frequência elevada, ao contrário da quase sempre baixa produtividade dos longos arremessos, deveria obrigatoriamente priorizá-los, numa escalada mais profícua e eficiente, e acima de tudo lastreada pelo bom senso tático, e por que não técnico também.

Mas apesar da manutenção de um elevado e incrível número de erros de fundamentos (23 para cada equipe), propiciando inclusive inacreditáveis 27 roubadas de bola (15/12), o simples e objetivo fato da conquista de tão elevado placar sem a conversão de uma única bolinha (as coreanas tentaram e conseguiram um 2/17), por si só demonstra uma clara evolução na perfeita leitura de uma inquestionável verdade, a de que deve toda qualificada e bem treinada equipe procurar sempre a otimização de cada ataque realizado, façanha esta somente atingida através conclusões as mais precisas possíveis, campo irrestrito dos arremessos de médias e curtas distâncias, reservando-se os de longa distância àqueles poucos versados jogadores nos mesmos, e mesmo assim em situações construídas para que sejam realizados nas mais perfeitas situações de liberdade e equilíbrio, sendo dessa forma corretamente definidos como ações complementares, talvez suplementares, jamais prioritárias para quaisquer equipes, de divisões que forem, principalmente em seleções.

Torço para que tão ansiada e esperada conquista não se torne um fator simplesmente pontual, e que se transforme realmente num patamar construído, pensado e praticado em direção ao domínio da eficiência e da elevação na arte de jogar o grande jogo, como deve ser jogado.

Amém.

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E ELAS CAIRAM…

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Venceram, as meninas venceram, formidável, começaram bem, classificando podem aspirar o pódio, é uma bela geração…

Tudo bem, legal, mas, como afirmar excelências sem que vejamos os jogos, sem podermos avaliar ações, atitudes, posicionamentos, produtividade, como?

Sobram as estatísticas, frias, cortantes, subjetivas no plano técnico, mas profundamente objetivas quanto à realidade do que realmente ocorre numa partida, apontando acertos e erros, apontando o caminho futuro face aos mesmos, para o bem, e infelizmente também para o mal.

E os erros, esquecidos pela mídia lá estão, enumerados, frios, cortantes, num jogo amarrado em pontos, mas eivado de muitos erros de fundamentos, para ambas as equipes, somando incríveis 48 (23 para nós, 25 para as russas), com 25 roubadas de bola (13 e 12 respectivamente), demonstrando que dribles e interceptações de bola compuseram o cardápio azedo de um jogo medíocre, mas desequilibrado nos rebotes, onde as russas mais altas faturaram 47 contra 34 das nossas, porém equilibrado nas percentagens de arremessos (15/45 nos de 2 para nós e 17/43 para elas, e 9/17 contra 14/21 nos lances livres respectivamente), onde o diferencial foi estabelecido nos arremessos de 3, quando as bolinhas verde e amarelas caíram (9/16) e as das russas em menor numero (5/15), determinando o resultado do jogo, 66×63…

Fica então, bailando no ar a pergunta que não cala, mas consente o continuísmo de uma realidade que tão bem conhecemos, e iludidamente pensamos dominar – E se nos próximos jogos elas não caírem? Pois se dependermos dos fundamentos, base e alicerce de qualquer sistema de jogo que se escolha, ofensivo e mesmo defensivo, pouco avançaremos, agora, e para mais adiante, quem sabe, 2016, mas as bolinhas, essas, quem sabe…

Amém.

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ROMÊNIA TAMBÉM?…

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Enfim, conseguimos perder para a Romênia, que sempre foi um país unificado, logo, a desculpa de que a Iugoslávia e a Rússia geraram nações fortes no basquetebol, justificando nossas freqüentes derrotas para os mesmos, não se aplica nesse caso, inaugurando mais um ciclo de equívocos que vem caracterizando nossa desdita sempre focada nos “detalhes”, ainda mais quando se trata da badalada seleção de novos, dirigida e orientada pela cúpula técnica da seleção principal, sendo todos os jogadores universitários de carteirinha, que, a exemplo da matriz americana, estudam para valer num período, e treinam num outro, como deve (?) ser, a fim de disputarem uma Universiade, que é uma competição séria e tradicional no universo acadêmico a que pertencem aquelas nações comprometidas para valer com a educação de seus cidadãos.

Mas como dizia, perdemos o 5º lugar para os romenos, e disputaremos o 7º  hoje com os estonianos, numa participação medíocre em se tratando de uma seleção composta por jogadores com boa experiência em competições de alto nível, como o NBB…

Neste ponto, convido o leitor a dar uma boa olhada na tabela acima, com os dados contabilizados nos sete jogos até aqui realizados, quando enfrentamos, chineses, finlandeses, lituanos, canadenses, prestando atenção em alguns “detalhes” para lá de interessantes, como o fato de obtermos 60% de eficiência nos arremessos de 2 pontos (166/276), contra 43% (117/272) de nossos oponentes, e 32% nos de 3 pontos (52/164), contra 28% (43/156), numa clara evidência de um melhor e mais confiável jogo interior, que se continuado fosse teríamos ido mais longe na competição. Basta olharmos o excesso de alguns jogadores nos arremessos de 3, com marcas de 11/32, 9/29, 8/20, 2/14, 5/18, 2/13, 1/9, para atestarmos o alto grau de aventuras nas bolinhas cometidas e consentidas por uma seleção nacional, que em nenhum momento sofreu um basta por parte de seus técnicos, permitindo que uma equipe que atinge a marca de 302 pontos dentro do garrafão, contra 186 dos adversários nos cinco primeiros jogos, opte por arremessos de três da forma mais dispersiva e irresponsável possível, em vez de concentrar maciçamente  seus pontos no jogo interior, onde sua eficiência era mais marcante e decisiva, para de 2 em 2 vencer partidas. Mas seu técnico, campeão nacional, afirmava numa outra ocasião em uma entrevista, que contava com os arremessos de fora por parte de seus especialistas, pois o que valia era a qualidade e não a quantidade das bolinhas. Pelo visto falharam ambas, para menos e para mais na seleção, o que é de lamentar.

Ah, e em tempo, acabamos de perder para a Estônia (quando detonamos 7/30 nos 3…), leram bem? ESTÔNIA!!!!

Estamos roubados, e mal pagos, mas merecemos, e como…

Amém.

Fotos – Divulgação Universiade. Clique nas mesmas para ampliá-las.

UMA SIMPLES QUESTÃO DE TREINO E LIDERANÇA, DA BASE À ELITE…

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Pois é, basqueteiros de plantão, o que prevíamos aconteceu, a seleção Sub 19 masculina não se classificou no Mundial de Praga ao perder para a Rússia, somente vencendo uma partida das cinco disputadas, restando agora disputar do 9º ao 12º lugar na magna competição.

Se olharmos com alguma atenção os números deste jogo, fica evidenciado de cara um fator indiscutível, nossos jogadores mal sabem arremessar em cesta, e pasmem, dos dois pontos, já que dos três, era sabido de muito que nem desconfiam como executá-los com um mínimo de eficiência, mas dos dois? Nesse jogo contra os russos, arremessamos 24/58 de dois, 5/15 de três e 15/22 de lances livres, e os russos, 21/36 de dois, 10/25 de três e 10/17 de lances livres, ou seja, tivemos 22 arremessos de dois a mais e 10 de três a menos do que eles, que desta forma conseguiram 30 pontos de três, contra 15 dos nossos, e que muito poderiam ter sido compensados se convertêssemos pelo menos a metade dos 34 erros nos dois, e até vencido se soubéssemos defender um mínimo fora do perímetro de onde os russos chutaram 10/25 de três, já que ambos erraram sete lances livres.

Somemos a essa lamentável deficiência os 16 erros de fundamentos (e olhem que os russos erraram 21…), para vermos com clareza tudo aquilo que comento de longa data, o fato de não exercermos o pleno domínio dos fundamentos, numa preparação que prioriza a formatação e padronização de sistemas de jogo, em detrimento da ferramenta básica, que quando lembrada é para ser entregue a estrangeiros, aqui e lá fora, num tipo de planejamento voltado ao gasto interesseiro de verbas, que deveriam ser empregues na melhoria e treinamento de nossos jovens técnicos, através um bem planejado programa de formação, e não cursos expositivos de 4 dias de arquibancada, sem as exigências de estágios práticos por um bom tempo, com acompanhamento qualificado em seus locais de trabalho, única maneira de bem formá-los.

Mas não, se em muitos casos, nossas seleções de base são entregues a jogadores a pouco retirados das quadras e travestidos de técnicos, sem um mínimo de preparo e experiência didático pedagógica no campo das técnicas de ensino e aprendizagem, como se exigir que jogadores por eles orientados se caracterizem pela excelência na pratica dos fundamentos, que é a coluna mestra da pratica do grande jogo?

E por essa estrada poeirenta ainda transitaremos por longo tempo, talvez tempo demais para nos defrontarmos com a realidade olímpica daqui a poucos anos, onde, desgraçadamente veremos coroada a suprema ignomínia de sermos vencidos ante erros que teimamos em não corrigir, em nome do clientelismo, do apadrinhamento, da sedimentação de um corporativismo mafioso e absolutamente irresponsável, mas que gera continuísmos e vultosos lucros.

Mas temos obrigatoriamente de admitir que somente transporemos tantas e históricas deficiências, se pararmos um pouco que seja, perante a exigência maior de um movimento associativo dos técnicos, liderados por aqueles que realmente representam a classe, por sua tradição e reconhecido trabalho, e que sempre se negaram a erguer as bandeiras do oportunismo e do imediatismo midiático e enganador, daqueles que realmente conhecem, estudam, respeitam e amam o grande jogo, de verdade. É o que nos resta.

Amém.

Foto – Divulgação FIBA. Clique nas mesma para ampliá-la.

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O QUE NINGUEM QUER (OU PODE) ENXERGAR…

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São apenas números, a única informação acerca de um torneio quase secreto no interior de Minas Gerais, sem imagens e de difícil acesso, incensado pela turma que lá está e responsável por sua realização, todos envolvidos e compromissados com o modelo que aí está solidamente implantado na CBB e sua executora e expansora, a ENTB, e o mais inquisidor, com a chancela da LNB, responsável pelo aporte financeiro advindo do Ministério do Esporte, numa parceria que incomoda e põe em risco o seu bom trabalho realizado nos NBB’s até o momento, pois invade uma seara de responsabilidade da CBB, o desenvolvimento da formação de base, quando deveria investir na divisão de acesso ao NBB, onde um percentual de jovens talentos reforçados por um pequeno numero de jogadores mais experientes, sanaria o grande hiato que separa aqueles que saem das divisões formativas, do caminho profissional da divisão maior.

Os números? São assustadores, pois expõem a maior de todas as nossas deficiências, a desastrosa preparação e qualificação de nossos técnicos direcionados a formação de base, e mesmo para dirigir nossas jovens seleções nacionais, numa inversão de valores muito bem representada pelos números a seguir, e pelos lamentáveis resultados nas competições internacionais, que no final das contas, são pontos concomitantes em sua tragédia comum.

Vamos a eles, os números:

Após 5 rodadas da LDB  com 10 equipes participantes:

– Arremessos de 2 pontos – 965/2096 (46%)

– Arremessos de 3 pontos – 257/943   (27,2%)

– Lances livres                  – 683/1001  (68,2%)

– Erros de fundamentos    -748 (media de 29,9 por jogo)

Conclusão não muito longe da verdade?

Nossos jovens, na beira de acessarem as equipes da LNB e de nossas seleções de 18 anos em diante, simplesmente não sabem arremessar razoavelmente, e pecam lamentavelmente nos fundamentos, e que não me venham argumentar que tantas falhas ocorrem pelo emprego de fortes defesas, o que é um engodo para encobrir tanta ineficiência e tapeação, vide a seleção no mundial Sub19 permitindo, após dois meses de treinamentos e torneios internacionais, 16/38 de 2 pontos e 11/24 de 3  por parte da seleção australiana, que de longa data sempre se distinguiu pela precisão nos arremessos, contra 15/58 de 2 e 3/17 de 3 dos nossos, ou seja, 20 tentativas a mais dentro do perímetro de nossos algozes sem a eficiência dos mesmos, e uma repetida falha, ou ausência de postura defensiva no perímetro externo desde o primeiro jogo contra a Servia, que nos impuseram 19/32 de 2 e 5/17 de 3, enquanto amassávamos o aro deles com absurdos 6/30 nas bolinhas. Falar em defesa, um dos fundamentos básicos do grande jogo a essa altura, e em seleções, chega a ser ridículo e comprometedor, pois é resultado direto do que vem ocorrendo na LDB.

Fico imaginando a quanto chegarão os números nas demais rodadas desse primeiro grupo, e do segundo da LDB, onde residem equipes de menor tradição, assim como o que ocorrerá com a Sub19 ao enfrentar os Estados Unidos e a Rússia para a semana, na tentativa classificatória as quartas de final, simplesmente me assusta, de verdade.

Aliás, outro dia, na Copa America Sub15 feminina, a equipe americana somente permitiu que a nossa seleção conquistasse o absurdo numero de 20 pontos no jogo inteiro, o que realmente dá no que pensar…

Promover jovens técnicos, muitos ex jogadores, em cursos de aquibancada, para a direção de equipes acima dos 18 anos, sem que os mesmos dediquem, pelo menos, umas duas décadas na formação de base, é erro estratégico e irresponsável, e mais ainda quando os qualificam para as seleções maiores, numa ação entre amigos ou de QI político, no que vem se tornando no maior óbice ao desenvolvimento do grande jogo entre nós, muito além do que certa mídia e dirigentes próximos as verbas oficiais, proclamam como renovação e evolução técnico tática, necessárias ao nosso desenvolvimento, numa perda de precioso tempo e verbas que escoam pelos ralos da incompetência.

E o pior de tudo é sabermos o que nos espera em 2016, a continuarmos agindo dessa forma corporativista e decididamente anacrônica.

Que todos os deuses disponíveis nos ajudem, pelo menos a enxergarmos melhor.

Amém.

Fotos – Divulgação LNB e FIBA. Clique nas mesmas para ampliá-las.

FUNDAMENTOS?…

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Parece brincadeira, pode parecer brincadeira, mas é sério, muito sério o que está acontecendo com os nossos jovens, cada vez mais “especializados” em armadores puros, armadores definidores, alas-armadores, armadores escoltas, alas-pivôs, pivôs de choque, e não sei quantas denominações caberiam a mais dentro do sistema único, aquele que é seqüenciado de 1 a 5 dentro dos padrões formatados e padronizados pelo tal sistema, e cada vez mais entronizado no triste dia a dia da garotada que ainda teima em gostar de um jogo, cujo domínio se encontra, não dentro da quadra, mas fora dela, tendo como veiculo de ligação prosaicas e ridículas pranchetas, voltadas às coreografias de passos pretensamente marcados coercitivamente impostos pelos “estrategistas” em permanente plantão no nosso combalido grande jogo.

 

Trata-se de uma trágica brincadeira, cujas consequências ai estão escancaradas nas estatísticas de um velado e escondido torneio da LNB, denominado de Liga de Desenvolvimento do Basquetebol, patrocinado por verbas do Ministério dos Esportes, e indevidamente organizado pela Liga, quando deveria sê-lo pela CBB, pois cabe a ela a formação de base no território nacional, tendo a ENTB para respaldá-la.

 

Mas a Liga partiu para uma LDB Sub-22, com equipes que congregam jovens a partir dos 17 anos, tendo como mote a possibilidade de revelar valores para a Liga principal, e inclusive permitindo que muitos deles que já militam na elite participem do mesmo, num erro estratégico considerável a tal ponto que, em vista dos catastróficos números estatísticos apresentados nas três primeiras rodadas, resolve dar clínicas aos participantes, jogadores e técnicos, clínicas de fundamentos…

 

Mas espera aí, os vinte técnicos dessas equipes não foram recentemente graduados pela ENTB em seu nível II, assim como participaram de uma clínica patrocinada pela Liga com a presença do técnico Magnano? E que tal grau os qualificavam (com registro e carteira) para orientar, ensinar e dirigir jovens nos fundamentos e sistemas de jogo? Então o que justifica agora tão urgente ingerência numa função especifica da ENTB? Creio que respostas deveriam ser bem analisadas, principalmente à luz de algumas estatísticas da LDB (único vínculo do secreto torneio com os interessados nas jovens promessas tupiniquins), tais como:

 

Após as três rodadas iniciais, nossos futurosos jogadores aprontaram-

 

– 553/1214 (45.5%) em arremessos de 2 pontos.

 

– 155/585   (26.4%) em arremessos de 3 pontos.

 

– 463/650   (71.2%) em lances livres.

 

– 440 erros fundamentos (media de 29.3 por jogo)

 

E lá na Republica Checa, nossos jovens Sub-19 conseguiram perpetrar  um 6/30 nos arremessos de 3, 11/25 nos de 2 e 10/15 nos lances livres, cometendo ainda 15 erros de fundamentos, quando os sérvios nos derrotaram arremessando 5/17 nos 3, 19/37 nos 2 e 12/18 nos lances livres, errando muito também nos fundamentos, 16 vezes., deixando transparecer que a hemorragia dos três ainda flui em nosso basquetebol, com a crescente condescendência dos técnicos, incapazes de num longo treinamento (dois meses no caso da seleção) fazerem suas equipes jogarem no perímetro interno, preferindo apostar nas bolinhas, que no caso da seleção, não caíram…

 

Mas cairão nas próximas rodadas, afinal de contas é bem mais fácil (?) chutar lá de fora, sem maiores preocupações com fintas, dribles e passes, já que somos os tais nesse “fundamento”, além do outro incensado pela mídia, as enterradas…Só fico na expectativa de saber se os adversários vão deixar, mas isso é o de somenos importância, afinal de contas não existem problemas que uma boa prancheta não resolva.

 

Então, a seleção de nossos melhores Sub-19, ao lado de nossos melhores e mais representativos jovens na faixa dos 17 aos 22 anos presentes a essa LDB, representam o que temos de melhor, exceto naqueles detalhezinhos sem importância, já que aprendê-los e dominá-los toma muito do tempo reservado às jogadas, às estratégias, ao sistema único, pelos que pretensamente os ensinam, e para os que deveriam aprender a essência do jogo, os fundamentos, “sabiamente” substituídos pelas bolinhas de três, que se caírem, não tem para ninguém…

 

Amém.

 

Fotos – Divulgação LNB e FIBA.Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

Fotos –  Com um pouco de atenção observem alguns detalhes (sei que insignificantes…)sobre falhas nos fundamentos, como condução da bola, pegas espalmadas nos arremessos, pronação  inversa…

 

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