MAIS DO MESMO II…

Tive de optar, ou um jogo entre uma equipe vip brasileira contra um arranjo chileno, ou outro entre duas equipes candidatas a vips tupiniquins. Optei pelo jogo paulista, afinal era o quinto embate decisivo do playoff classificatório às finais.

Ao final da tremenda pelada, o tal quadradinho estatístico da FPB fixou-se em minha retina, custando muito a desaparecer, como uma punição à perda de tempo e paciência consumida naquela hora e meia de provação, não só técnica, como estética também.

Estética, caro Paulo, estética? E por que não? Enterradas magistrais e bolinhas de três, não foram, e continuam a ser mantidas pela “critica abalizada” como o máximo na estética do grande jogo, onde erros grotescos de fundamentos, de defesa, de rebotes, ausência de jogo interior competente, sistemas de jogo alternativos, se mantêm ao nível mais rasteiro possível, em contrapartida à grandiosidade autofágica do restrito jogo dos gatilhaços?

Perguntas pairam no ar, sendo que a mais emblemática se refere a herança sobre os princípios coletivistas propostos, treinados e executados sob a liderança do olímpico argentino, que parecem estar sendo solenemente esnobados  pelos técnicos nacionais, ao se cumpliciarem com jogadores nessa hemorragia dos três, fato concreto pela passividade com que assistem a torrencial enxurrada dos mesmos, ora cruzando os braços, ou pavoneando ao lado da quadra, tanto no gestual, como no discurso inflamado como uma cortina ao que realmente ocorre lá dentro.

Tornou-se corriqueiro os mais de 50 arremessos de três por partida, numa contundente prova de que o agora estabelecido continuará a ser praticado, não importando muito os erros, que estão crescendo em proporção direta às tentativas de três, o que é algo preocupante, pois nas oportunidades que restam para jogadas criativas a incidência dos mesmos está atingindo níveis inadmissíveis numa divisão superior.

E em homenagem a novel estética que parece irá também se firmar no NBB (equipes vêm contratando jogadores enfocando essa pretensa “habilidade”…), publico fotos com essa incompreensível (para mim) escolha técnico tática, chamando a atenção para o deserto de atacantes no perímetro interno quando das tentativas, numa prova inconteste de que, assim como tem os que arremessam, estão presentes os que não marcam, e como ambas as equipes assim professam e praticam o jogo, vence que encaçapar a última…

Ah, também o quadradinho emblemático, e revelador…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

MAIS DO MESMO…

Ligo a TV e aguardo o inicio do jogo, curioso em presenciar algo de novo, afinal, os investimentos foram altos, o técnico faz parte da comissão da seleção, o treinamento obedeceu a um razoável prazo de trabalho, jogos internacionais e regionais foram travados, enfim, a equipe estaria perto de adquirir um bom conjunto, e melhor ainda, um consistente padrão de jogo.

O ginásio platense estava às moscas, com espaços sobrando para as brincadeiras infantis em suas bancadas, mas o clima de algo inovador pairava na mente aqui do velho observador, esperançoso de testemunhar novos e arejados ventos a favor do nosso combalido basquetebol.

Mas foi começar o embate, para rapidamente se esfumaçar esperanças e anseios, pois o que se viu dali em diante foi a milionésima versão do mesmo, do mais do mesmo…

Marcelo de armador (e o americano ou congolês, sei lá, o Gegê, não armam mais?), Benite de 2 (?), Marcos de 3, Alexandre de 4, e o Caio de 5, todos vivenciando os personagens usuais, monocórdios, e usando uma terminologia bem mais concreta, manjados…

Antigamente conhecíamos a ação do “arma que eu chuto”, utilizada por alguns dos gatilhos da época, mas o “armo para chutar” é inédito, e o Marcelo, criativo como poucos, adotou a novidade com ardor, criando para si toda uma movimentação para um específico e prioritário fim, sua tradicional bolinha, infelizmente atingindo um 3/8 nada eficiente, somente sobrepujado por um 0/7 de seu irmão, num cenário de 7/25 bolas de três.

Mesmo assim, e frente a uma medíocre equipe uruguaia, onde os pivôs brasileiros, Átila e Ricardo davam mostras de como correr ineficientemente de um lado a outro e saltar atrás das bolas falhadas de seus companheiros, sem participarem do jogo em si, a equipe carioca conseguiu se impor com alguma folga ao final dos quartos iniciais.

Os dois quartos finais foram trágicos, pois os rubros negros se perdiam dentro de um sistema que conhecem de sobra, mas pouco empenhados em exequibilizá-lo, cedendo terreno para a reação, mesmo desordenada, dos uruguaios, que concentrando seu jogo no perímetro interno, levou todos seus jogadores altos a ficarem pendurados em faltas, mas que não beneficiaram seus oponentes, que num jogo de tal importância contabilizaram um 19/34 nos lances livres, numa derrota por 8 pontos.

Concluindo, foi um jogo muito ruim, com a equipe do Flamengo cultuando o mesmo sistema único desde sempre, e que nem a tentativa de terminar o jogo com três armadores em quadra conseguiu desfazer a imagem de déjà vu pairando no ar rarefeito de criatividade e ousadia técnico tática, pois o mais do mesmo ainda dita as cartas, e continuará ditando por um longo, longuíssimo tempo…

Amém.

 

Fotos – Prancheta rubro negra em ação, mas sem respostas convincentes, e uma tentativa de três do Duda contestada muito de perto por um gigantesco pivô, quando bastaria uma…deixa para lá.

Prancheta uruguaia, que infelizmente não cobra lances livres…

 

Fotos reproduzidas da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

NÚMEROS PARA NÃO SEREM ESQUECIDOS…

Publico hoje, na íntegra e observando o design original da FPB, as estatísticas do jogo final de playoff classificatório às semifinais do campeonato paulista, entre as equipes de São José e Franca, vencida pela primeira por 82 x 81.

E o faço para comprovar com a maior fidedignidade possível um jogo que não vi, pois não foi transmitido (lastimável omissão…), e que não deveria opinar em qualquer aspecto, pois a realidade de um jogo difere profundamente dos números do mesmo, onde causalidades ditam normas comportamentais e técnicas, fatores que confrontam na maioria dos casos a frieza objetiva deles, os números…

Mas algo de fundamental pode e deve ser mencionado, algo tão inusitado e aterrador que não pode ser omitido, mesmo perante a ausência das imagens do jogo, pois transcende o admissível, ferindo o bom senso de um jogo oriundo e sedimentado no coletivismo, e acima de tudo, na inteligência.

Leiam com atenção as tabelas, linha por linha, número por número, e se perguntem ao final se algo do que leram os elevam a um razoável grau de entendimento frente a valores tão anacrônicos em uma liga maior do nosso basquetebol?

Como uma equipe pode arremessar 12/38 bolas de três (saldo positivo de 36 pontos), mesmo número de tentativas de dois de seu adversário (22/38, com saldo positivo de 44 pontos), tendo arremessado 14/28 de dois pontos, ultrapassando uma convergência em 10 tentativas? Como, senão pelo fato de uma opção defensiva de seu adversário negando contestações às mesmas? Mas com que objetivo final, ainda mais atuando ofensivamente dentro do perímetro onde seus homens altos, Teichmman, Lucas e Léo converteram 54 pontos dos 81 conquistados? Inacreditável que uma equipe com tal poder ofensivo dentro, no âmago defensivo de São José, permita concomitantemente 38 arremessos de três de seu oponente, e o mais trágico, perder o jogo e a classificação?

Creio que hoje atingimos o ápice da negação do grande jogo, apequenando-o da forma mais absurda e primária possível, e não venham conclamando emoções transcendentais, luta e heroísmo, pois quando num jogo de liga maior, decisivo num playoff classificatório, disputado no pretenso campeonato mais forte e representativo do país, 54 arremessos de três são perpetrados, onde só uma das equipes dispara 38 bolinhas, que se contestadas fossem não ultrapassariam das 15-20 tentativas, numa projeção razoável, contabilizando dez a mais do que suas próprias tentativas de dois pontos, algo de profundamente errado e abominável está sendo estabelecido como norma a ser seguida por nossos jovens, que perante tais exemplos paulatinamente se desligarão de maiores preocupações com dribles, fintas, passes e defesa, frente a fria realidade de uma não estancada hemorragia de longos arremessos, que nos levará a uma fatal anemia técnico tática, a um já fragilizado basquete desde à sua formação de base.

Seria de fundamental importância que esse jogo fosse veiculado pela emissora, ou por um link da liga, para que servisse de exemplo, de caminho a não ser percorrido da forma mais absoluta possível, pois em caso contrario estaremos estabelecendo a antítese do jogo como deve ser jogado, que é muito, mas muito distante mesmo desses “conceitos modernos de basquete” que tanto apregoam, sem sequer saber do que se tratam, levando para dentro das quadras espetáculos “vencedores” como este, que deve ser dissociado da emotividade das torcidas, e visto perante a frieza de sua mórbida realidade técnica, e porque não, tática também. Lamentável e constrangedor.

Amém.

 

Gráficos – Federação Paulista de Basquetebol.

 

Equipe: A.E. SÃO JOSÉ/UNIMED/VINAC
PONTOS
3 PONTOS
2 PONTOS
L. LIVRE
REB.
JOGADOR
TEMPO
PT
PP
C/T
%
C/T
%
C/T
%
RA
RD
TRB
AS
BR
TO
BP
FA
EF
04
Laws 39:27 14 30 1 / 4 25 4 / 7 57 3 / 4 75 2 1 3 4 0 0 1 2 13
05
Gabriel 00:04 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
06
Chandler 00:04 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
07
Chico 11:02 1 8 0 / 2 0 0 / 0 0 1 / 2 50 0 1 1 0 0 0 0 2 -1
09
Luis Felipe 19:03 0 17 0 / 3 0 0 / 4 0 0 / 0 0 0 3 3 0 1 1 0 0 -2
10
Jefferson 23:26 5 17 1 / 5 20 1 / 1 100 0 / 0 0 0 4 4 3 1 1 1 3 9
11
Fúlvio 28:45 11 32 2 / 8 25 1 / 2 50 3 / 4 75 1 1 2 10 2 0 1 4 16
12
Érick 09:25 1 5 0 / 1 0 0 / 0 0 1 / 2 50 0 0 0 0 0 0 0 1 -1
15
Deivisson 05:49 0 2 0 / 0 0 0 / 1 0 0 / 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0
19
Álvaro 32:18 27 55 7 / 14 50 1 / 4 25 4 / 5 80 2 5 7 0 0 0 3 4 20
20
Ícaro 00:23 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
21
Murilo 30:14 23 28 1 / 1 100 7 / 9 78 6 / 7 86 3 4 7 1 0 0 2 3 26
TOTAL
82 194 12/38 32 14/28 50 18/24 75 8 20 28 18 4 2 8 21 81
Técnico: Régis Marreli Reservas: 2 pt (2%) Desqualificados:
VIVO/FRANCA BASQUETE
PONTOS
3 PONTOS
2 PONTOS
L. LIVRE
REB.
JOGADOR
TEMPO
PT
PP
C/T
%
C/T
%
C/T
%
RA
RD
TRB
AS
BR
TO
BP
FA
EF
04
Cauê 12:12 0 2 0 / 0 0 0 / 1 0 0 / 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2 0
05
Zezão 00:00 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
07
Jhonatan 40:00 6 19 0 / 3 0 2 / 4 50 2 / 2 100 1 4 5 7 0 0 2 4 11
08
Figueroa 29:46 12 15 2 / 3 67 2 / 2 100 2 / 2 100 0 3 3 3 0 2 1 3 18
09
Socas 26:26 9 16 1 / 2 50 3 / 5 60 0 / 0 0 0 7 7 3 1 0 2 2 15
13
Teichmann 36:30 22 30 2 / 3 67 7 / 9 78 2 / 3 67 0 5 5 4 0 1 6 3 22
14
Dudu 00:00 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
17
Lucas 27:02 18 32 0 / 0 0 6 / 12 50 6 / 8 75 0 2 2 3 0 0 2 4 13
23
Léo 18:42 14 27 2 / 4 50 2 / 5 40 4 / 5 80 1 3 4 1 0 1 1 2 13
28
Ivanovic 05:52 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 2
32
Zanini 00:00 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
55
Antonio 03:30 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
TOTAL
81 141 7/15 47 22/38 58 16/20 80 2 26 28 22 1 4 14 21 96
Técnico: Aluísio Ferreira – Lula
Reservas: 23 pt (28%)
Desqualificados:

OS MILAGROSOS AMERICANOS…

Até aquele momento vinha sendo um festival de arremessos de três inenarrável (18/49), onde ambas as equipes disputavam o direito de errar mais, mesmo quando o placar esteve igual em 72 pontos, e que bastariam um ou dois arremessos de dois para decidirem a partida, mas não, ela tinha de ser decidida numa “bolinha”, não importando de que lado caísse.

Os sufocantes 26 erros de fundamentos pesavam demais, mas não tanto quanto o do decisivo erro, aquele que sacramentou o jogo, numa “jogada” pranchetada que o experiente comentarista da ESPN definiu com indiscutível argumento – “Se é uma jogada treinada, faltando 7 segundos já é de difícil concretização, mas se está sendo desenhada agora certamente não dará certo”.

E não deu outra, a começar pela discussão entre técnico e assistente, tendo um jogador participante, de “como” montar uma saída lateral de bola visando um jogador para decidir num único lance (vejam a sequência fotográfica publicada), e que teve no americano, talvez o maior investimento da equipe, a tarefa decisiva, não fosse o mesmo, como todos os seus conterrâneos que aqui aportam, os depositários da arte dos dribles, das fintas e dos arremessos fatais, argumentos agenciados por vivos empresários por sobre jogadores de vigésima opção no mercado das ligas em todo o mundo, quais sobras com salários “ajustados” à nossa triste realidade de passivos e deslumbrados colonizados.

E aconteceu o erro, grotesco e definitivo, pois o irmão do norte tentou o drible com mudança de mão, lançou a bola no próprio pé, teve de voltar para recuperá-la, e dali mesmo disparou um “tijolo” que nem aro pegou, e que seria de? Isso,,,de três!

Bastaria um deslocamento simples ou duplo de pivôs dentro do garrafão para ser tentado um singelo arremesso de dois, e quem sabe um ou dois lances livres, de pertinho, pois se de dois ou três pontos possíveis somente um fosse concretizado, pelo menos uma prorrogação estaria garantida, e através uma jogada treinada muitas vezes, e não elaborada numa prancheta qualquer rodeada de estrategistas, que aqui para nós, têm muita estrada ainda para aprender, muita mesmo, com ou sem americanos…

E eles estão vindo aos magotes, se constituindo, inclusive e pretensamente pelas equipes, como os bastiões de um basquete superior, decisivo, final, mas que falam outra língua e que estão acostumados a rodear pranchetas sem se importarem muito com quem as empunham, afinal, são americanos, mas não os de primeira qualidade,  longe, bem longe disso…

Enquanto nossas equipes forem formadas por dirigentes, para depois escolherem seus técnicos, distorções como essas se repetirão, para gáudio e festa de agentes que não estão nem ai para o basquete brasileiro.

No final, mais um quadradinho estatístico (?) constrangedor e primário.

Amém.

 

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O REINADO DAS “BOLINHAS” VIII…

Todos louvam a valentia, a coragem e o brilhantismo da classificação do Pinheiros para a próxima etapa do Sul Americano, conquistada no Equador com uma cesta de três pontos no segundo final da partida contra a equipe venezuelana do Centauros, cesta essa convertida pelo cestinha do jogo com 34 pontos, Paulo Boracin.

 

Se proposital ou não, como num consenso corporativo visando o interesse comum, liga, analistas e blogs constituem uma unanimidade em torno da conquista, não importando como foi alcançada, se com técnica apurada ou sem ela, bastando o fato único de ter vencido, ponto.

 

Mas algo preocupa enormemente, algo que aos poucos vai se estabelecendo no âmago do grande jogo em nossa liga maior, e sequer mencionando a ditadura do sistema único, e sim a legitimação do reinado das bolinhas, com as quais pretendem muitas, ou a maioria, de nossas equipes de elite estabelecer o padrão técnico comportamental a ser seguido, imitado e divulgado desde sempre, como a nossa concepção básica  de jogar.

 

Inacreditável o que está sendo perpetrado em nossas quadras, com a sedimentação de uma orgia de arremessos de três, onde a nova geração de jogadores se esmera na cópia da mais canhestra das ações ofensivas, a do arremesso de fora, aquele que o isenta de dribles, fintas e penetrações arriscadas, por serem exigentes em sua técnica aprimorada, principalmente pelos mais altos, destinando aos armadores, mais técnicos pelas ações e habilidades que possuem, funções de pontuadores maiores de suas equipes, numa inversão quase absoluta de papéis exercidos dentro da lógica do grande jogo, onde a proximidade da cesta confere aos arremessos maior precisão e confiabilidade.

 

Tal tendência, que vem se estabelecendo em velocidade galopante, originou a temível convergência, onde arremessos de três tendem a se aproximar em numero de tentativas aos de dois pontos, o que tem ocorrido em inúmeras oportunidades, e até a ultrapassá-los.

 

Foi o que ocorreu neste jogo decisivo, com a equipe do Pinheiros estabelecendo 10/35 nos arremessos de três, contra 19/31 nos de dois pontos, enquanto pelo lado venezuelano os índices foram 5/14 e 21/48 respectivamente, tendo essa mesma equipe atingido o péssimo aproveitamento nos lances livres, com um contundente 24/40, errando propositalmente um segundo lance livre nos segundos finais do jogo, quando poderia ter estabelecido uma diferença no placar que a favoreceria, fato incompreensível a todos os presentes no jogo.

 

Mas Paulo, a vitoria era o que interessava naquela altura da competição, não importando como ela viria, ou não? Concordo que vencer era, e sempre será o objetivo a ser alcançado, e bastaria a equipe paulista ter trocado a metade das bolinhas perdidas (no caso 12 delas) por tentativas de dois pontos, principalmente visando seus bons pivôs, para terem vencido por uma margem confortável, a uma equipe medíocre e falha como a do Centauros, atitude negada aos mesmos, que como opção de participar ofensivamente arremessaram um 2/6 de três, agindo ao inverso de suas reais funções dentro do perímetro interno.

 

Mesmo seus dois maiores pontuadores pecaram gravemente nas tais bolinhas, com o Boracin e o Smith efetuando um 3/8 para cada um. Alas como o experiente Marcio (1/6) e o jovem Lucas (1/4), também colaboraram para que a equipe paulista alcançasse o absurdo número de 35 tentativas de três, contra 31 de dois pontos, um índice que demonstra claramente o desprezo pelo trabalho de seus pivôs como peças importantes dentro do perímetro, substituindo-os pelos armadores como finalizadores básicos, opções estas bem mais fáceis de serem defendidas por equipes bem treinadas e de qualidade, do que um forte jogo interior.

 

Os minutos finais do jogo bem demonstraram que a opção do jogo externo para os longos arremessos, e as esporádicas penetrações, teriam como solistas os armadores, sobrando para os alas e pivôs as funções de rebotes e defesa, opção esta que retirou da equipe, pelo menos para esse jogo, seu forte jogo interior, provocando um falso equilíbrio ante a mediocridade da equipe venezuelana, ela mesmo que forçou bem mais o jogo interno (24/40 nos lances livres, bastando ter convertido a metade dos perdidos para ter vencido) e menos o externo (5/14 nos de três pontos).

 

Falta a equipe paulista o que sobra no outro classificado da chave, o Obras Sanitárias da Argentina, o saber qual momento de arremessar, e qual tipo de arremesso, principalmente os mais seguros e confiáveis, os de dois pontos, além, é claro, de contestarem os arremessos contrários, fator defensivo que decide partidas, e que é tão excludente nas equipes brasileiras. Mas isso é outra história.

 

Enfim, e apesar das falhas e carências gritantes, se classificaram, mas terão de aprimorar o jogo coletivo, se quiserem chegar ao titulo continental.

 

Amém.

 

 

 

Fotos – Observem que nos minutos e segundos finais, bastariam cestas de dois pontos para fecharem a partida com segurança, mas mesmo assim a hemorragia dos três sequer foi estancada, com a plena condescendência da direção da equipe, num equivoco salvo por uma perda proposital e incompreensível de lance livre por parte da equipe venezuelana (foto final), e uma bola jogada para o alto no segundo final do jogo pelo Boracin… de três!

 

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O PONTO DE ENCONTRO…

Acompanho basquete a longos anos, estudando, pesquisando, trabalhando e ensinando-o da melhor forma que me foi possível, da formação às divisões adultas, no masculino e no feminino também, quando tive o privilégio de ver, e por que não, dirigir e liderar grandes equipes, excelentes jogadores (as), conviver com bons e maus dirigentes, e dialogar com professores e técnicos de qualidade, aqui e lá fora, visando sempre o progresso e o desenvolvimento do grande jogo.

Mas nem sempre me deparei com o “tudo de bom”, encontrando muitas vezes o lado ruim da coisa…

Ontem foi um desses encontros, quando me deparei com uma das equipes mais primárias que tive o desprazer de assistir jogando algo muito distante do que venha a ser um jogo de basquetebol. Duas coisas eram feitas, e somente duas pela equipe equatoriana do  Mavort, arremessos de um armador americano muito além da linha de três pontos, e uma ou outra investida de costas do pivô dominicano que compõem com fraquíssimos jogadores uma equipe simplesmente anacrônica.

E foi contra tal disparate em forma de time, que a equipe do Pinheiros suou a não mais poder para vencer um jogo simplesmente ridículo. E mais, repetindo a mesma estratégia do adversário, arremessando de três a metro (8/24), e aplicando vez ou outra o jogo interior que deveria ter sido usado à exaustão, e que por conta de sua exclusão provocou um festival de tentativas de três de seus dois pivôs, o Mineiro e o paraguaio.

Quando vejo uma equipe como a equatoriana, me vem a imagem de seus integrantes serem apresentados às vésperas de um torneio, e que mantêm um ponto de encontro em torno de uma prancheta repleta de obviedades e lugares comuns, manuseada por um técnico, mais para agente, ou sindico, do que alguém que despendeu algum tempo no preparo da mesma, por menor que fosse. E tal exemplo vai se tornando algo comum em nosso basquetebol, com pontos de encontro universalizados em torno do ícone maior, as pranchetas.

Acredito firmemente que um pouco de criatividade não faria mal nenhum ao nosso combalido (ex?) grande jogo, mas duvido que encarem o desafio…

Amém.

 

Foto – O ponto de encontro equatoriano.

Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

“VIVA A VIDA!!!”…

Hoje me empolguei pelo que assisti desde o Equador pelo sul americano de clubes, quando tive a certeza de que daqui para diante o nosso basquete irá trilhar outros caminhos técnico táticos, enterrando o sistema único definitivamente.

Incrível, mas a equipe líder do maior campeonato estadual do país perdeu para o Obras da Argentina arremessando somente 5/28 bolinhas de três, realmente um tremendo progresso, afinal de contas ter o atual melhor pivô do paulista não é lá essas coisas quando a artilharia está em forma…

Do outro lado, uma equipe argentina bem tradicional, jogando “erroneamente” dentro do garrafão, provocando um inexpressivo 36/37 nos lances livres e um 6/18 nos três, um absurdo frente a seu adversário professando o conceito moderno de basquete, que nem a derrota pode deslustrar…

Mas o melhor ficou para o fim, quando uma técnica do banco paulista custou 5 pontos no placar, para um pouco mais adiante uma jogada rabiscada na prancheta pelo assistente técnico esboçava exatamente um ataque que reduzisse a diferença final para os mesmos 5 pontos provocados pelo coach, atenuando uma pontuação que poderia influir mais adiante num caso de tríplice empate na chave, e que obviamente não funcionou…

Foi um jogo com insignificantes 28 erros, ou seja, de uma ruindade colossal, mas de um primor tático que me levou à empolgação inicial, pois jogadas novíssimas como as chifres, cabeça, camisa, 23, emplacaram um novo tempo de basquete, aquele dos conceitos modernos…

Depois de assistir um terrível Flamengo e Brasília na semana que passou, testemunhar esse Pinheiros e Obras,trouxe a mim a certeza de que teremos um NBB5 repleto de inovações táticas, que determinarão o futuro do grande jogo, encaminhando-o a algo brand new, como assistimos em primeira mão hoje, no Equador.

E digitando as últimas palavras desse artigo sou lançado ao Éden, quando no programa do Jô um brado do técnico-comentarista (ou comentarista –técnico…) fez trepidar a caneca de café junto ao PC, -VIVA A VIDA!!!

Bem sei que merecemos, bem sei…

Amém.

 

Fotos – Arremesso de três + Falta técnica + Arremesso de três, a perfeita alquimia…

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OS “CONCEITOS MODERNOS DE BASQUETE”…

Hoje, enfim, consegui sair para resolver pendências bancárias, odontológicas, e mesmo familiares, caminhando muito e muito, e sem sentir dores ciáticas, que tanto me fizeram sofrer nos últimos seis meses. Foram horas e horas de exercícios reparadores, numa fisioterapia que me lembraram como nunca, ser um professor de educação física, dos bons, e não um profissional crefiano, dos ruins…

Claro que a auto estima foi nas nuvens, me fez recobrar uma condição física sempre tratada com carinho, me fez feliz e bem humorado, mas não o suficiente para escrever algo sobre basquete depois de uma semana dedicada à leitura do que pude acessar sobre o grande jogo, aqui, e somente aqui em terrae brasilis.

E o que constatei, mais uma vez, pela enésima vez, como num carrossel girando num mesmo lugar, a começar pela já constrangedora e trágica omissão do COB nas explicações sobre a vergonhosa ação de subtração de informações sigilosas pertencentes ao comitê olímpico inglês, por parte de funcionários brasileiros para lá enviados como observadores e estagiários, numa repetição ao ocorrido no Pan do Rio, de triste memória.

Também, o enorme avanço da NBA por sobre a imensa maioria dos blogs nacionais, numa comprovação de que muitos dólares estão sendo gastos para a fixação da marca em nosso país, em detrimento de um basquete cada vez mais depreciado e esquecido pelas mídias tradicionais e a grande rede. Hoje, muito poucos mantêm suas preferências às nossas necessidades, se rendendo a uma cobertura absolutamente absurda sobre uma atividade em um país que sempre nos manteve a distância de suas fronteiras, em todos os sentidos.

Como resultante desse imoral avanço, hordas de jogadores americanos de quarta categoria deságuam em nossas equipes, para o júbilo de estrategistas que sequer balbuciam um remendo de sua língua nativa, o que, convenhamos, pouco importa, já que dentro do sistema único eles se ajeitam sem muitos esforços e treinamento, afinal, são americanos, uai…

Do velho continente, assim como do eldorado lá de cima do equador, lemos diariamente que nossos desbravadores poucas chances estão tendo como pilares de suas equipes, sejam as mesmas de primeira ou quarta divisões, provando de uma vez por todas que se aqui estivessem, pelo menos, jogariam, e consequentemente treinariam mais, fugindo de bancos obscuros e desestimulantes a maiores vôos. Os dólares jogados inconsequentemente fora em jogadores medíocres e empurrados por vivíssimos agentes, bem poderiam pagar muitos de nossos compatriotas relegados a coristas nas ligas européias e americanas, mas claro, aqui treinados e preparados com competência por técnicos de verdade (sim, ainda os temos…), e não estrategistas com cursos de quatro dias, devidamente provisionados e  pranchetados.

E rebatendo, somos obrigados a testemunhar jogos de primeira divisão no país onde uma diferença de placar chega a 100 pontos de uma equipe do NBB sobre um campeão estadual, numa definitiva prova de que ainda estamos anos luz distantes do que entendemos sobre o grande jogo e sua estratégica formação de base, sem a qual distorções desse teor tende a se repetir indefinidamente.

Finalmente, somos obrigados a acompanhar campeonatos estaduais antecedentes ao NBB, onde o grande número de erros de fundamentos e arremessos desenfreados de três ainda ocupam a preferência das equipes intervenientes, dando curso à mesmice endêmica que nos assombra e humilha, acompanhados de promessas repetidas à exaustão de que estamos vivenciando um tempo onde “conceitos modernos de basquete” estão sendo agregados ao nosso cotidiano, o que ainda não vimos, ou pouco compreendemos o que querem subtender como conceitos modernos…

Aliás, logo mais no Tijuca os tais conceitos se anunciam como algo a ser visto e comemorado. Flamengo e Brasilia se defrontam num jogo de preparação ao NBB, e quem sabe, para lá caminharei (sem as dores, enfim…) na esperança (?) de me defrontar com os tais benditos conceitos, inclusive através de dois de seus maiores defensores e propagandistas…

Quem sabe me surpreendo? Aqui para nós, duvido…

Amém.

Foto – A musa dos conceitos modernos de basquete…

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LÍDERES NOS ÊRROS…

Caramba, era um jogo com o líder do campeonato paulista, o mais poderoso do país, o mais prestigiado, a nata da elite, e transmitido ao vivo e à cores.

Primeiro quarto preenchido por um duelo ensandecido de arremessos de três, de lado a lado é o que se fez em quadra, sistemática e mediocremente, num espetáculo da mais absoluta falta de imaginação, de criação, de técnica, de tática.

De repente é desencadeada uma defesa pressão insistente, permanente, pela equipe da casa, e o mais incrível, seguidamente retomando a bola da equipe líder, sem contestações, sem reações, infringindo um dos mais primários fundamentos coletivos do grande jogo, o de sair de uma pressão pelo meio da quadra, tendo o apoio de um pivô exatamente nesse ponto, o meio da quadra, desértica, ignorada, abandonada…

Dá-se o distanciamento no marcador, como um sinal  para o inicio de uma sucessão de erros de fundamentos espantosa pelo número, 28 (13/15), cifra inadmissível em equipes da suposta e propalada elite do mais prestigioso campeonato do país.

Ao final, estampa-se na tela da TV um quadrinho estatístico aterrador, como para nos lembrar que para serem lideres de verdade, algo deve ser mudado nos futuros quadrinhos, como por exemplo, treinarem mais fundamentos, pois afinal de contas, um campeonato super valorizado como esse deveria ser visto como exemplo para as novas gerações, função maior daqueles que se arvoram como tal, mesmo com as  desculpas de inicio de temporada, quando erros táticos ainda seriam admissíveis, técnicos e individuais, jamais…

Amém.

Fotos – 1 – Arremesso de três de um lado…

2 – E do outro…

3- Saida equivocada e falha da pressão…

4 – O quadrinho…

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O (IMPERDOÁVEL) DESPERDÍCIO…

Eventualmente tenho noticias dos jogadores que dirigi no Saldanha da Gama no NBB2, uns diretamente pelo MSN, outros pelo acompanhamento de suas atuações nas diversas competições de que fazem parte pelo país afora, como num preito de amizade que foi estabelecida naqueles dois meses e meio que convivemos intensamente nos duros treinamentos e nos jogos disputados sob a égide do compromisso e do comprometimento em torno de algo inovador, corajosa e ousadamente tentado no campo de luta, onde as verdades foram duramente ditas e comprovadas.

Amiel, Roberto, Rafael, Muñoz, André, João Gabriel, De Jesus, Casé, Matheus, formavam o núcleo daquela equipe, hoje fragmentada e espalhada em diversas equipes do país, sem que tivéssemos a oportunidade de dar seguimento àquele trabalho, que certamente teria ajudado o grande jogo a sair da mesmice endêmica que o vem sufocando à décadas.

Ontem, assisti pela TV ao jogo Pinheiros e Metodista, muito mais pela presença do Muñoz e do André do que o previsível jogo em si, totalmente jogado no sistema único por ambas as equipes, num enfadonho replay do dia a dia do nosso basquete. Me fez mal ver aqueles dois bons jogadores entregues a uma mediocridade tática de dar medo, mais do que preocupante, terminal.

Mesmo assim gostei de revê-los, jogando muito aquém de suas reais possibilidades, muito ao contrario do que jogaram naqueles inesquecíveis meses de 2010, mas sobrevivendo através seus honestos trabalhos e suas atitudes de bons desportistas que são.

Mas algo me chocou profundamente lá pelo meio da segunda etapa do jogo, quando num dos tempos pedidos pelo técnico da Metodista, este aos gritos dirigidos ao Muñoz acusava-o de ser o culpado de uma falha defensiva, das muitas que ocorriam naquela equipe equivocada defensivamente, desencadeando uma inesperada reação do excelente armador panamenho, que tomando a prancheta de suas mãos fez ver ao vociferante técnico que, se erro ocorreu não foi por sua culpa, e sim pela disposição defensiva da equipe frente aos corta luzes do adversário, provocando um recuo do mesmo, num lamentável espetáculo de desencontro entre comandante e comandados em torno de exigências pontuais  não previstas no plano tático.

A cena em si, profundamente comprometedora, me fez lembrar o quanto de entendimento tínhamos dentro da realidade daquela equipe de Vitoria, coesa em sua simplicidade, cúmplice que era de sistemas proprietários somente praticados por ela em toda a liga, e quanto os mesmos representavam para a coesão de todos em torno da mais simples das realidades, o crédito e a confiança que emanava e irmanava a todos, comandante e comandados, sem indisciplinas, cobranças, ameaças e coerções, onde todos remavam numa mesma direção, e onde os erros eram reconhecidos não por um, e sim por todos, assim como os acertos, as derrotas e as vitorias, fatores que a solidificavam como uma verdadeira equipe, e não um bando, dos muitos que vemos hoje em dia.

O Muñoz é muito mais do que vem apresentando nessa equipe paulista, já que armador brilhante, e pontuador dos mais competentes que conheci (vejam aqui uma de suas brilhantes apresentações), além de ser um tático criativo e altamente competitivo, muito além do que um passador de bola e corredor de maratona em que transformaram nossos armadores desde que implantaram o trágico sistema único entre nós.

E no frigir dos ovos, fico imaginando o que teria acontecido se aquele núcleo de jogadores tivesse permanecido junto, unido aos sistemas que desenvolveram, ou mesmo, se alguém de bom senso nesse país, que no comando administrativo de uma equipe da liga tornasse a reuní-los, dando continuidade àquele trabalho iniciado e interrompido no Saldanha, o quanto de impulso provocaria no seio da liga pela continuidade do mesmo, assim como outra concepção proposta pelo Marcel, a dos triângulos que ele tanto defende e entende, provocando os contraditórios, que são os fatores mais importantes e estratégicos para o pleno desenvolvimento de um segmento, seja de vida, político, cultural, educacional, desportivo. Mas para tanto, algo teria de ser plenamente contornado, o forte e até agora inexpugnável corporativismo técnico que cerceia e esmaga o progresso do grande jogo em nosso imenso e desigual país.

Assim vejo o nosso basquete de elite, urgentemente necessitado de novas concepções de jogo, que inspirem novos sistemas, novos adeptos, novas gerações, e que sejam lastreados pela pratica indistinta e maciça dos  fundamentos do jogo, como devem ser desenvolvidos e praticados desde a formação de base.

Acredito que possamos evoluir com segurança à partir do momento em que ousemos novas formas de jogar, que adotemos outras concepções no processo evolutivo do grande jogo, além do único que percorremos nos últimos 25 anos de dolorosa e espinhosa caminhada.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Foto 1 – O batalhador pivô André.

Foto 2 – Muñoz em sua solitaria armação no sistema único.

Foto 3 – Muñoz é ademoestado por suposto erro defensivo…

Foto 4 – … e demonstra na prancheta o erro da injusta admoestação.