A NOVA POSTURA…

Comecemos pelos números:

 

KENTUCKY     67   x   59     KANSAS

23/56                      2                22/62

6/14                        3                 5/11

15/21                     LL              10/15

43                           R                  35

11                            E                    9

Números que deixam a grande maioria de nossos técnicos, comentaristas e jornalistas de cabelos em pé. Onde já se viu um time ser campeão arremessando somente 14 bolinhas de três? Inadmissível. E pior ainda, Kansas arremessando 11 bolinhas? Mereceu perder…

Aliás, um dos comentaristas passou o jogo inteiro “pedindo”as ditas cujas, como numa prece. Somente não viram, acredito que sequer notaram, que ambas as equipes jogaram no 2 em 2, seguros, pensados e acima de tudo preciso jogo de aproximação, onde os erros diminuem substancialmente se comparados às famigeradas “bolinhas”, não tão livres assim pela intensa defesa exterior, por todo o tempo necessário, mesmo que no limite dos 35seg. permitidos pelo basquete de formação americano, fator que eleva em alta escala o aprendizado defensivo, marca registrada de um basquete compromissado pela defesa, sendo inclusive, permanentemente cobrado pelas torcidas de ambas as equipes.

Foram 118 tentativas de dois pontos, com 45 acertos (38,1%), contra 11/25 (44%) nas de três pontos, tentativas estas somente concretizadas pelos especialistas das duas equipes, e somente eles, sem arroubos ou aventuras fúteis, concentrando todos os esforços no jogo interior, onde os grandes e talentosos jogadores de ambas as equipes estabeleceram um duelo de alta categoria, onde a velocidade, agilidade e flexibilidade das ações, em tudo e por tudo contrastavam com o basquete jogado até bem pouco tempo pelos cincões vitaminados, natural ou artificialmente, tendência que os americanos começaram a abandonar desde a ascendência do Coach K nas seleções nacionais de seu país.

Mas que tipo de jogo interior desenvolveu Kentucky, senão aquele baseado em três homens bem altos e velozes, alas pivôs autênticos, deslocando-se ininterruptamente próximos à cesta, e alimentados por dois armadores de qualidade, numa avalanche de jogadas muitas vezes concluídas praticamente dentro do aro da cesta, e cujo poder defensivo, exatamente fundamentado na destreza atlética e de alta velocidade, complementavam um sistema de jogo audacioso e inovador, a tal ponto, que num determinado momento do jogo um dos comentaristas sugeria que o Anthony Davis precisaria “perder uns quilinhos” para emplacar na NBA, numa afirmação totalmente antagônica a seu posicionamento anterior, quando defendia os cincões pesadoe e intimidadores, hoje figuras anacrônicas quando em confronto com a velocidade e a destreza desses jovens gigantes.

Kansas jogou com um pivozão também rápido, mas sozinho contra a trinca do Kentucky, num confronto desigual e estafante. Mesmo assim, sua equipe lutou com bravura, mas não conseguiu equilibrar a desvantagem posicional, praticamente durante todo o jogo.

Mas Paulo, 38,1% de acerto nos arremessos de dois pontos não é uma marca das melhores, não acha?  Num basquete como o nosso, onde a liberdade nos arremessos chega a ser redundante, concordo, mas ante sistemas defensivos de tal intensidade empregados por ambas as equipes, torna-se um número compreensível, afinal, ninguém ali “pagava para ver”…

Que jogos como este, pertencente a uma das maiores ligas do planeta, onde um público fiel participa de todas as etapas que a fazem responsável pela permanente renovação do seu basquete, sirva de inspiração a todos aqueles que ainda, teimosa e corajosamente, lutam pelo soerguimento do grande jogo em nosso enorme, injusto e desigual país.

Amém.

 

Algumas oportunas notas/fotos:

Foto 1- Foi um tsunami de novas posturas técnico táticas que varreram o Astrodome em New Orleans.

Fotos 2 e 3 – Claro posicionamento dos homens altos de Kentucky dentro do perímetro,

Foto 4 – O técnico John Calipari, que ao dirigir a seleção da República Dominicana no Pré Olímpico de Mar del Plata, declarou que seu aprendizado no mundo FIBA não tinha preço, e que muitos princípios de ataque e de defesa lá observados, seriam de grande importância para o seu futuro como técnico de basquetebol, o que provou agora na direção de Kentucky.

Clique nas fotos para ampliá-las.

Fotos – Divulgação NCAA.

MAIS UMA SEMANA…

E mais uma semana recheada de basquete limítrofe, acima e abaixo do que deve ser esperado do grande jogo.

Acima, o previsto Final Four com aquelas equipes magistralmente postadas dentro do perímetro em seus ataques, e com defesas sólidas e incansáveis ante 35seg. de posse de bola de cada ataque sofrido em todo o transcurso dos jogos, numa lição que, obrigatoriamente, deveríamos implantar em nossas divisões formativas, onde o posicionamento defensivo, árduo e insistente, prepara os jogadores para os embates adultos quando os 24seg. fizerem parte de suas realidades.

Nesta segunda feira teremos o privilégio de assistir a grande final, entre Kentucky e Kansas, com alguns dos pré draftados para a NBA, dois sistemas voltados ao interior do perímetro, arremessos comedidos dos três pontos, realizados por quem realmente os dominam, e uma aula de defesa, seja de que tipo optarem, pois todas elas se referendam nos sólidos e exaustivos fundamentos  que fizeram, fazem, e sempre farão parte do dia a dia de suas existências como jogadores de elite que são.

Na média, já que sedimentada na mesmice endêmica do sistema único, que ao final da classificação aos playoffs, propicia pela enfática repetição o “equilíbrio” apregoado pela imprensa especializada, nosso NBB alcança aquele estágio, onde um mínimo de engenharia reversa propiciaria,  através aqueles mais atentos e inteligentes defensores, as retomadas antecipativas de bolas, exatamente por conhecerem com sobras os trajetos que as mesmas tomarão, que são os mesmos que se utilizam quando atacantes, numa forma padronizada e formatada pelos estrategistas que os orientam nesse previsível sistema de jogo, já que comum a todas as equipes intervenientes no campeonato.

No jogo entre São José e Paulistano, essa tendência ao “equilíbrio” ficou patente, exatamente quando a equipe sanjoanense adaptou seu modo de defender e pressionar a bola nos dois quartos finais, antecipando-se às jogadas óbvias de seu opositor, cujo técnico aos brados de “antecipa, antecipa”, tentava equilibrar as ações, e obrigando-o a um jogo externo inócuo e escandalosamente previsível, fator este que a levou a vitoria inquestionável.

Mais e maiores exemplos advindos desse “equilíbrio” festeiramente divulgado pelos analistas, se farão presentes nos playoffs, pois mudar a forma de jogar em absoluto passa pela cabeça daqueles que, se pudessem, se soubessem, e se quisessem, mudariam de uma vez por todas a mesmice endêmica que nos esmaga e minimiza, principalmente quando em embates internacionais, e os argentinos sabem muito bem do que falamos.

Abaixo, a constatação em Cancun do que vem a ser jogar dentro do rígido padrão do 1 ao 5, onde narradores, comentaristas, técnicos e jogadores se irmanam na jornada do “todos por um pensamento”, onde enterradas e hemorragias de três alcançam o patamar de uma autofagia suicida e acima de tudo indesculpável a um basquete que se pretende nivelar ao âmbito internacional.

E mais abaixo ainda, a triste constatação de equipes que alcançam duas ou uma única vitória numa competição profissional de 28 jogos, numa demonstração tácita de ausência do  mais absoluto preparo técnico tático mínimo, para um campeonato do nível que ambiciona soerguer o grande jogo em nosso país

Foi uma semana de intensas contradições, principalmente pelo fato inquestionável do quanto teimamos em não produzir algo de diferente, inusitado, corajoso, inovador.

Amém.

Fotos, Divulgação LNB, NCAA, Globo com. Clique nas mesmas para ampliá-las.

INTERLIGANDO…

A 5:30min. do final do jogo, com o placar em 72 x 54 para os argentinos, num tempo pedido, o técnico do Pinheiros, ajoelhado de frente para seus jogadores, assim falou: “Vocês estão jogando como no rachão pela manhã…”, tendo atrás de si um assistente contraído pela vontade (in)contida de falar algo, mas não o fez…

Melhor retrato do que esse, impossível, pois, coerentemente a equipe estava atuando em conformidade com o ocorrido pela manhã, ou seja, exercia um treinado rachão, onde defender o perímetro externo era deixado de lado, pois a cada tentativa de três do adversário era respondida com outra bolinha de três (foram 8/20 para cada equipe), onde até nos lances livres a produtividade empatava (7/13 para os argentinos, 9/15 para os paulistas), equilibravam razoavelmente nos rebotes (32 portenhos, 28 paulistanos) e nos erros (11 e 9 respectivamente), até que a gritante diferença se fez presente naquele tipo de ação onde rachão nenhum resolve, e sim exaustivos meia quadra, o jogo interno, o de 2 em 2 pontos  que o mesmo técnico sugeriu timidamente num outro tempo pedido, e que os argentinos impuseram num 18/26 contra os 9/29 de uma equipe incapaz de coletivamente concretizar.

Sem dúvida alguma, e mesmo que ambas as equipes, assim como todas as outras que participaram do Interligas, se utilizassem desbragadamente do sistema único, a maior qualidade das equipes argentinas nos fundamentos do jogo, ofensivamente primorosos dentro das limitações do sistema, e razoáveis defensivamente, talvez pela precariedade brasileira nos mesmos, mais uma vez se fez presente no resultado justo e coerente da competição.

Mas algo de repetitiva e entediante constatação foi o fato primário de ausência de marcação dos pivôs pela frente pelas equipes brasileiras, que se exercida com presteza e dedicação, anularia as freqüentes entradas e conseqüentes saídas de bola no perímetro interno, fator alimentador dos arremessos livres e equilibrados de três pontos, exercidos pela maioria das equipes intervenientes, numa prova cabal de contundente omissão nesse pormenor da maior importância na arte de defender, ou, quem sabe, desconhecimento constrangedor desse básico e nunca utilizado, sequer sugerido, item defensivo.

No mais, fica pairando no ar umas questões nunca respondidas – Por que “pagam tanto para ver” se as bolinhas caem, ou não? Por que motivos omitem e negam a capacidade de jogo de nossos pivôs? Por que razões ainda professamos o “vamos lá, galera!”…

Amém.

Fotos-Divulgação LNB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

MAIS UMA…

Mais uma semana de basquetebol com grandes jogos, muita emoção e ponderáveis equivocos.

Na NCAA, como estava mais do que previsto, somente aquelas equipes que privilegiaram o jogo interno, após um tsunami de arremessos de três jamais visto num torneio daquela magnitude, onde o equilíbrio entre ações dentro e fora do perímetro delineou os reais e mais lógicos finalistas, Lousville, Ohio State, Kentucky e Kansas, determinando novos rumos preconizados pelo Coach K, que infelizmente não conseguiu ir em frente com a sua Duke, mas que pode aquilatar o quanto de respeito às suas idéias, postas a prova no último Mundial, obtiveram respaldo em algumas das grandes equipes participantes, entre as quais as quatro finalistas. Vimos tornar-se realidade o fim da era dos mastodontes, dando lugar a pivôs muito rápidos, ágeis, inclusive nos dribles e nas fintas, e participantes ativos dos sistemas de jogo próximos às cestas, assim como armadores (sempre em duplas) já começarem a romper a barreira dos 2m de altura, e onde alas e pivôs trabalham em conjunto, como se fossem iguais em suas funções, amparados e lastreados em sólidos conhecimentos dos fundamentos do jogo.

Enquanto isso, em plagas argentinas, nossos representantes continuaram a teimar nas bolinhas (o Paulistano contra o Obras Sanitárias arremessou 7/28 de três pontos com 25%, e o Obras 10/15 com 67%), como que afirmando “ser assim que se joga o grande jogo”, e não é… E o Bauru, deixa de treinar, para receber uma aula teórica do técnico do Peñarol, Sérgio Hernandez, pois segundo seu técnico “Uma reunião dessa representa uma dinâmica diferente para a nossa equipe. Um técnico olímpico como o Sérgio (Hernandez) falando para nossos jogadores ajuda muito nessa idéia nossa de agregar mais valores e experiência para todos. Uma dinâmica dessa vale muito mais do que ir para quadra arremessar”. Sei não, deixar de treinar dentro de um torneio de tal importância, para ouvir o técnico adversário, ainda mais com uma equipe seriamente desfalcada, teria sido a melhor medida?

No planalto central, com direito a um público de 14000 espectadores, a equipe do Flamengo sem o Marcelo machucado, perdeu para o Brasília por 93 x 74, num jogo em que mesmo sem o seu especialista de três, arremessou um estonteante 7/27 … de três, em vez de explorar seus bons pivôs, Caio, Kammerichs e Átila, numa clara opção pelo jogo externo com Duda (3/9), Jackson (1/6), Helio (1/6), Fred (1/3) e Hayes (1/3), bombando de fora, e o pior, não defendendo os 10/26 de três dos candangos. Enfim, uma orgia de 53 bolinhas para 17 acertos! Realmente um absurdo, e à margem de um Olimpíada daqui a 3 meses.

Finalmente, assistimos uma verdadeira epopéia patrocinada pelas organizações O Globo no lançamento definitivo do MMA no país que pretende ser olímpico, numa prova inconteste de que a máxima do Anderson Silva que sonha em ser o referencial dos jovens brasileiros vai a cada dia se tornando realidade…

Pobre e infeliz país com lideranças desse quilate. Mais adiante escreverei mais a respeito, pois me sinto enojado agora só em pensar no assunto.

Mas quem sabe, dias melhores virão…

Amém.

Fotos – Divulgação NCAA, LNB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

QUE SEMANA…

Foi uma semana desgastante, com uma tonelagem de jogos, na maioria das vezes decepcionantes. Mas antes de falar um pouco dos mesmos, algo tem de ser dito sobre a nossa irrefreável tendência (?) de transformarmos noviços em cardeais da noite para o dia, colocando-os na restrita faixa da genialidade, senão vejamos essa declaração:

(…)“Para mim isso é um motivo de muito orgulho e muita responsabilidade. Apesar da minha idade, me considero um técnico preparado para assumir o cargo porque só trabalhei com bons técnicos no Paulistano e nas seleções que estive. O Paulistano me deu todas as condições de fazer cursos, clínicas e me preparar para esse momento. Isso tudo é fruto de um trabalho”, disse o técnico ao site da CBB(…)

Como vemos, sua escolha ao cargo máximo que um técnico pode almejar, não foi o resultado de anos e anos de prática e reconhecimento majoritário nas mais diversas divisões, e sim pelos argumentos que ele próprio menciona na declaração acima, e o mais emblemático, indicado pelo técnico Magnano e pelo diretor técnico Vanderlei, onde um, estrangeiro contratado para dirigir a seleção olímpica, e outro, recente ex-jogador, numa função que revelou estar lá para aprender (declaração feita em sua posse no cargo), definem e decidem o quem é quem no basquete brasileiro, ante a passividade e silêncio dos demais técnicos , enclausurados em suas zonas de conforto e descompromissados do associativismo básico e fundamental para o soerguimento do grande jogo no país, posicionamento chave, se assumido, e bem ao contrário dos técnicos do país que nos tomou a dianteira  e primazia na America do Sul, onde, em hipótese alguma, um técnico brasileiro poderia agir como o campeão olímpico o faz em terras tupiniquins.

Somente espero que a tendência convergente da equipe que dirige no NBB4( no recente jogo contra Bauru, entre outros tantos, o Paulistano cometeu um 17/26 nos arremessos de dois pontos, e 13/33 nos de três…), não seja transposta à seleção, no que seria mais um capítulo da tragicomédia em que vem sendo transformado o basquete nacional.

E para deixar muitos de nossos técnicos de água na boca, alguns inclusive se sentindo redimidos de seus “conceitos” de jogo, assistimos incrédulos o maior (já que compresso num mata-mata devastador) desfile de bolinhas de três visto e assistido em cadeias nacionais dos irmãos do norte, pela maioria esmagadora das 64 equipes intervenientes no célebre March Madnesss da NCAA. No entanto, classificaram-se para as quartas de finais, o Sweet Sixteen, aquelas equipes que jogaram preferencialmente dentro do perímetro interno, com um, dois e até três homens transitando velozmente junto às cestas, provando de forma definitiva que bolinhas de três, midiáticas, empolgantes e endeusadas, não levam as verdadeiras equipes às finais, pois ainda veremos no Final Four aquelas que salomonicamente transitarão entre o jogo externo e interno, e que de uma forma geral, se aplicarão defensivamente, fora do perímetro. À partir de quinta feira aferiremos a veracidade desse posicionamento.

Finalmente, num jogo que nos foi privado após alguns minutos de iniciado, entre as equipes de Uberlândia e Flamengo, por um de tênis, onde dois estrangeiros se pulverizavam a golpes de tacape, bem a gosto de quem não ama jogos coletivos, mas adora a “gemeção orgástica” de alguns e muitas jogadoras, num desrespeito acintoso e desleal a muitos e muitos pagantes de um canal a cabo, que de forma alguma poderia agir como agiu pelo fato de ter chovido em Indian Wells, e somente retomando o basquete nos minutos finais de uma prorrogação, na qual, e por mais uma vez, ante uma diferença contra de dois pontos, preferiu o jogador Collun de Uberlândia afetuar dois dos três arremessos sucessivos e finais dos três pontos, quando havia tempo suficiente para uma escolha junto à cesta, através uma penetração sua, ou um passe a seus pivôs, levando o jogo para uma segunda prorrogação. Mas não, a “filosofia” implantada que contradiz a conceituação científica e matemática de que arremessos de dois são mais precisos que os de três, tem de ser prioritária junto a um basquete aventureiro e descompromissado com a precisão e a técnica.

Nada pude ver sobre a Liga América porque não tenho a Fox Sports, assim como a Liga Feminina, que desisti por enquanto para não me estressar de raiva.

Mas lá no fundo, ainda guardo uns rasgos de esperanças em dias melhores para o grande jogo, não só entre eles, mas entre elas também…

Amém.

Fotos-Sites UOL, NCAA, CBB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

DE NOVO?…

Era para ter sido uma competição de habilidades técnicas (drible, fintas, passes e arremessos), mas que se transformou, pelo segundo ano seguido, em uma competição de habilidades oportunistas…

Se nas etapas de arremessos e passes os alvos delimitavam acertos e erros dentro de uma margem controlável e sem maiores dificuldades, eram nos dribles e fintas que os fatores “oportunistas” poderiam se manifestar de forma discutível, já que alguns artifícios às regras do jogo poderiam ser manipulados em busca de um decréscimo nos tempos de execução, definindo ai os mais rápidos naquelas etapas. Apesar da primeira etapa de dribles e fintas oferecer menos oportunidades de ações ilegais, pois as trocas de mãos pelas costas e entre as pernas desfavoreciam conduções de bola, na segunda etapa, de cortes longitudinais com trocas frontais de mãos, os pequenos, porém eficientes artifícios fora das regras se destacaram nas conquistas dos menores tempos de execução que classificaram os dois finalistas, o Fúlvio e o Pena.

Observem que à exceção daqueles dois participantes, os demais primaram na etapa dos dribles longitudinais, pela correta manipulação da bola no ato de driblar, quando nunca a dominavam abaixo de seu hemisfério superior  (vide fotos do Larry, Gegê, Matheus e Diego), determinando dessa forma que suas trajetórias descendentes e ascendentes a cada drible, não sofressem qualquer tipo de interrupção,( como determinam as regras do jogo), ao contrário das ações dos dois outros, que ao interromperem claramente as trajetórias da bola, paralisando-a em suas mãos (vide fotos), e por conseguinte, permitindo que seus corpos fossem impelidos à frente em velocidade ao cometerem a violação de andar com a bola, já que não limitados pelo drible, retomando-o mais à frente, e por isso sendo beneficiados por importantes décimos de segundos, suficientes para vencerem a competição, não esquecendo que foram somente 0.4seg que separaram o Diego (o verdadeiro vencedor) do Pena na fase classificatória.

O interessante, e esclarecedor aspecto, é que na fase final, quando o Fúlvio perdeu um enorme tempo ao errar todas as cinco tentativas nos arremessos, o Pena fechou a competição sem cometer erros, principalmente aquele que o beneficiou neste e no ano passado, o de andar com a bola, já que a mesma paralisada em sua mão, permitia a quebra do binômio ritmo-passada, que caracteriza o movimento correto do drible, afinal, o macete não se justificaria àquela altura de uma  competição já ganha, fator este que atesta a intencionalidade da ação.

Porém, o mais inquisidor e injustificável detalhe presente na competição de habilidades, foi a presença arbitral de “qualidade olímpica”, que com sua omissão (deveriam obrigar a repetição correta da etapa, ou desqualificação), prejudicou aqueles jogadores que cumpriram os ditames das regras dos fundamentos bem executados e do jogo, beneficiando aqueles outros que as transgrediram, propositalmente, ou não, desqualificando uma competição que poderia ter sido exemplar, e pautadora para os futuros jovens praticantes.

Mas Paulo, aquilo tudo foi uma festa, onde casmurros e “sérios” juízes cirandaram pela quadra, arremessaram de três,  na “capital do basquete” do país, e que segundo um dos narradores alguns “princípios” do basquete americano, como o de permitir o afrouxamento das regras nos minutos finais dos jogos (meus deuses, onde ele teria lido tal absurdo), a fim de que os mesmos fossem “decididos”pelos jogadores, deveriam ser adotados por aqui, num desconhecimento atroz do que vem a ser o grande jogo, mas não para eles.

Então, se as regras eram essas, onde a seriedade de uma competição tem de ceder espaço à galhofa, que se deifique o bi campeão.

Amém.

NOTA- Para maiores detalhes da competição de habilidades, o blog Lance Livre, do jornalista Byra Bello, veiculou todos os vídeos sobre a competição, nos quais, e com muita atenção, os detalhes de execução mencionados neste artigo, são magnificamente mostrados.

 

FOTOS- Reproduções da Internet. Clique nas mesmas pra ampliá-las.

O REINADO DAS “BOLINHAS”III…

Aleluia, convergiram de novo, um repeteco do Brasília, uma relusente entrada do Paulistano.

E sem maiores delongas, vamos aos instigantes números:

Brasília – 19/31 nos arremessos de dois pontos.

15/30 nos de três pontos.

 

Paulistano – 9/26 nos de dois.

9/31 nos de três.

 

Para um placar de 97 x 63 para Brasília, depreende-se que para um total de 57 arremessos de dois e 62 de três, a magnanimidade das defesas somente encontraram resposta por parte de Brasília, já que para um total de 57 tentativas, independendo se de dois ou três pontos, a pontaria e precisão do Paulistano só vingou em 18 ocasiões, que convenhamos, é constrangedor ante tanta permissividade defensiva candanga.

É preocupante? Se é, e muito, pois destas duas equipes ponteiras da Liga, com certeza sairão muitos dos convocados para Londres, principalmente quando se esmeram na antítese do que propôs o Magnano em Mar del Plata, uma defesa sólida e confiável.

Brincadeirinha, ou um claro recado de como se vêem atuando pela seleção olímpica, nos braços das “bolinhas” milagrosas?

Temo que mais venha por aí, superando a perigosa convergência, transformando o jogo num infantil e despreocupado Pinball, onde cada lançamento independerá de como será contestado, não só pela passividade defensiva, como a total ausência de vontade em exercê-la, pois se as “bolinhas” estão caindo aqui, talvez não caiam acolá, numa estúpida gangorra, movida pela “sorte” e pela irresponsabilidade, que não é adolescente.

Se os títulos argentinos foram o produto de uma concepção de entrega ofensiva e defensiva desde as divisões de base, da qual o Magnano estruturou a grande seleção, não acredito que o consiga aqui, desprovido que está, e cada vez mais afastado daquela concepção vencedora, e frente a essa maldita realidade do chutar e deixar chutar, a do absurdo reinado das bolinhas.

Podemos reverter tal situação? Se técnicos e jogadores quiserem, talvez um pouco, se não, chance nenhuma, a não ser que o vírus que aqui grassa seja inoculado nos nossos adversários. No entanto, devemos ter sempre em mente que a história do grande jogo entre eles os tornaram vacinados ao mesmo, logo…

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.o reino das

DEFININDO UMA AÇÃO…

Henrique Lima
Enviado hoje

Professor Paulo, queria saber sua opinião sobre o tão falado lance em que LeBron James marcado por dois, passou a bola para um companheiro completamente desmarcado, em melhor posição e de frente para a cesta, para realizar o arremesso decisivo da partida.

Rapidamente, eu vou sempre ser a favor do passe. É o básico do jogo e por isso ele é jogado com cinco de cada lado. É um esporte coletivo, mas acho que muitos avaliam como se fosse um esporte individual.

Um abraço !

Recebi esse comentário  do leitor Henrique Lima, pedindo uma opinião a respeito, e que a principio se restringiria a simplesmente concordar com o ponto de vista do missivista, não fosse um assunto com algumas outras implicações, a começar sobre a verdadeira indústria de mídia opinativa que destaca conclusivamente aqueles que devem decidir os jogos, as estrelas das franquias, pois são contratados por milhões de dólares exatamente para isso, decidir os jogos, noves fora os demais componentes das equipes.

Bem, essa é a posição dos “formuladores de opinião”, verdadeiros “fazedores de cabeças”,  que narram e comentam as transmissões televisivas,  porta vozes que são de uma inverdade colossal, que acredito não passar pelo crivo primário de qualquer técnico, seja de que categoria for, das Junior Hight Schools às milionárias franquias da NBA, pois ficou patente na ação do James, que a possibilidade do passe, frente a uma forte dobra sobre ele ( na imagem fica bem clara esta ação, e inclusive o quadrilátero já armado pelos defensores à espera da decisão do grande jogador),  prevista pelo técnico no pedido de tempo antecedente à jogada final, dando a seu mais visado jogador a possibilidade de escolha, de acordo com seu discernimento frente à prevista situação. Foi o que ele preferiu fazer ao ver seu companheiro com a visão da cesta totalmente desobstruída, situação privilegiada para um arremesso de media distância, equilibrado e sem necessidade de grande impulsão. Infelizmente errou e perderam a partida.

Mas não, “como é possível que um jogador que ganha milhões não seja aquele que decide o jogo, como?” Afinou, amarelou, deu de novo para trás, repetiu o playoff da temporada passada, se omitiu, etc,etc e tal.

Não, simplesmente ele optou por uma outra jogada, já que pertencente a uma equipe de jogo coletivo, e que naquela circunstância viu um companheiro melhor colocado, simples assim.

-“Espera ai cara, e os milhões? Tem de fazer valer o investimento, tem de decidir, tem de decidir”…E falam com uma convicção tão candente, que me faz imaginar pensarem eles serem os donos dos milhões, e por conseguinte extravasarem o que fariam naquelas circunstâncias de decisão, e de gloria.

Só que não têm os milhões (sonhar não faz mal algum…) e nem jogo para pertencer àquele nível (presente ou passado…), e que suas reais e mais do que importantes funções é a de relatar os fatos que presenciam, e não quimeras e projeções pessoais, se não bastassem os extensos e cansativos informes sociais e efemérides.

Acredito que estes jogadores sejam contratados recebendo vultosos valores por suas qualidades técnicas ao nível do sentido humano, e não por serem deuses infalíveis.

Amém.

Foto-Reprodução da TV. Clique para ampliá-la.

O REINADO DAS “BOLINHAS” II…

Eis um mistério insondável, o de que uma defesa por zona só pode ser rompida por arremessos de fora, e para isso, “tome bolinha, bolinha e mais bolinha”…

Não sei em que vetusto alfarrábio, ou mesmo no mais recente livro técnico de basquete que afirme tal absurdo, a não ser aquelas “filosofias de jogo” que abundam à granel no basquete tupiniquim.

Assistir o líder do campeonato atacar nos quartos finais uma zona chinfrim, trocando passes em câmera lenta, encerando a bola em rompantes de “bravura indômita” com seus pivôs longe da cesta, eles mesmos tentando longos arremessos, foi risível, pois o jogo se transformou num “pimba a bolinha, rebote defensivo…e contra ataque”. Fim de jogo.

Por que não testar a defesa zonal em seu âmago, bem lá dentro, arremessando de dois em dois pontos nos espaços entre as linhas de  2 e 3 da defesa (suprema desmoralização se conseguido), indo ao fundo pelas laterais, criando uma supremacia territorial de 2 x 1, e também de dois em dois pontos otimizar cada ataque, em vez de desperdiçá-los num 8/26 de três pontos? Afinal, jogaram fora 18 ataques de três, quando se vingassem a metade dos erros com 9 arremessos de dois, poderiam até ter vencido um jogo que perderam por 11 pontos! Simples conta aritmética, sem Parsons ou desvios padrões.

Por que não fazem, por que situam os arremessos de três como a meta a ser atingida? Ora Paulo, as defesas “pagam para ver”, e os trouxas ainda caem nessa burla centenária ( o basquete vem do século dezenove…), e o pior, NÃO APRENDEM…

Do lado candango, fora os devastadores e consentidos contra ataques, um 10/27 de bolinhas também foi perpetrado, ou não? Bem, segundo um de seus jogadores “as bolas estavam caindo, logo”…

Lamentável, porém inquestionável raciocínio, pois quem sabe, nos playoffs os “deuses das bolinhas” sorrirão para o outro lado? O chato e preocupante nessa pândega toda, é que teremos uma Olimpíada em junho, e pelo andar da carruagem, as “bolinhas” manterão seu domínio…Com a palavra o bom argentino.

No tempo – No Bala na Cesta sobre os 100 pontos do Wilt Chamberlain, que hoje comemoram os 50 anos, entrevistando o autor do livro biográfico do grande jogador, Gary Pomerantz, o jornalista Fabio Balassiano fez a ele a seguinte pergunta:

(…)BNC: Entre Wilt, Russell, Abdul-Jabbar e Shaquille O`Neal, quem você escolheria para o seu time? Uma vez, Oscar Robertson disse que Wilt era o maior de todos os tempos…
GP: Meu time? Eu contrataria Kareem, Wilt e Shaq, e colocaria Michael Jordan e Magic Johnson na armação. Shaq no centro do garrafão, Kareem e Wilt dos lados e nenhuma equipe conseguiria um rebote sequer. Imagine um time com Jordan e Magic ao mesmo tempo… Até Eddie Gottlieb pagaria para ver este time.(…)

Engraçado, dois armadores e três pivôs, sendo dois deles extremamente ágeis…

Sei não, mas creio que tenho alguma razão.

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

O REINADO DAS “BOLINHAS”…

Já são dez dias de apreensão e muito desconforto, provocado por um calculo renal que resolveu brincar carnaval no meu rim esquerdo, o que posso garantir anular qualquer tentativa de escrever algo sobre…qualquer coisa, muito menos sobre o basquete que assisti nesse período.

E o que assisti, mesmo que estivesse pleno de saúde, me preocupou sobremaneira, pois algo que publiquei meses atrás sobre convergência ofensiva, mais do que nunca ressurge em pleno no NBB, como um vírus, ou um calculo doloroso às vésperas de nossa tão esperada participação olímpica, no âmago de importantes equipes, como num contraponto à mensagem coletivista e seletiva do Magnano em sua excelente direção no pré olímpico.

Num jogo entre Uberlândia e Liga Sorocabana, algo inédito aconteceu, pois ambos convergiram de forma absoluta, numa participação tão absurda, que mesmo perante somente os números, um alerta soou, ante algo muito longe de ser considerado um jogo de uma liga superior. Uberlândia arremessou 13/31 (22%) de dois pontos, e 11/31 (35%) de três, enquanto A Liga Sorocabana arremessou 7/22 (32%) de dois e 11/32 (34%) de três, bem acima de uma convergência, perpetrando ambas as equipes um jogo de 63 arremessos de três e 53 de dois, determinando a falência, ou mesmo, o consentimento explícito pela inexistência defensiva, ou seja, que vença quem faturar a última…

Mais adiante, Limeira e Brasília repetiram o feito. Vejamos: Limeira arremessou 13/25 de dois pontos e 11/26 de três, ao passo que Brasília arremessou 18/28 e 9/30 respectivamente.

O Tijuca em seu jogo contra  Joinville arremessou 20/32 de dois e 10/29 de três, dando continuidade à nova tendência convergente. Finalmente, São José vence o Flamengo com 15/27 de dois e 11/27 de três.

A grande questão se restringe a um inegável aspecto, o da solene negação à defesa fora do perímetro, como num acordo inter pares, originando, pelas enormes facilidades espaciais, a orgia hemorrágica dos arremessos de três, as inefáveis “bolinhas”, tendência esta que vem se robustecendo a longos anos, e o pior, desde as divisões de base.

Muito do trabalho do Magnano foi calcado num sistema defensivo forte e enérgico, tanto dentro como fora do perímetro, aspecto este que embasou seu sistema de ataque, vide o sucesso pela classificação para Londres.

No entanto, com a ampliação tendenciosa dos longos, imprecisos, aventureiros, e muitas vezes, irresponsáveis arremessos de três, frutos da generalizada inércia defensiva, principalmente nas equipes de ponta da Liga, muito do trabalho do argentino estará comprometido, pois da mesma é que emergirão os jogadores que, juntos aos que atuam fora do país, constituirão a seleção olímpica, ainda mais se forem confirmadas as usuais e mais do que conhecidas deserções, além  das eventuais contusões motivadas pelas exaustivas competições a que são submetidos todos aqueles jogadores.

Sem dúvida alguma, o exemplo dado e emanado da seleção em Mar del Plata deveria ter encontrado eco em nossos técnicos, basicamente no aspecto defensivo, fator este, que se levado à sério, limitaria em muito a feérica farra de “bolinhas”que estamos assistindo progressivamente a cada rodada do NBB4, numa convergência galopante e absurda.

Trata-se de algo determinante, pois a seleção deveria refletir em todo seu potencial ofensivo e defensivo, os resultados alcançados pelas equipes da Liga, fatores estes que solidificariam os sistemas de jogo propostos pelo Magnano, ao invés de fazê-lo recomeçar de onde parou após a classificação, numa patética e constrangedora prova de pouco, ou nenhum apreço ao que incutiu na seleção naquele detalhe fundamental de uma grande equipe, a vontade de defender, a vontade de contestar arremessos, das distâncias que forem, não só na seleção, mas, e principalmente, em suas equipes, acenando aos jovens o como defender, base sustentável dos sistemas ofensivos.

E uma pergunta permanece – Até quando o reinado impune das “bolinhas” permanecerá? Até quando meus deuses?

Amém.

Nota- Jogo LSB x Uberlândia- Foto de Fabiano Rodrigues(Globoesporte.com)