O CONGRESSO…


Este foi o texto que enviei à LNB, com um relato conciso sobre o 1º Congresso de Técnicos de Alto Nível, realizado em São Paulo.
Prezado Claudio Mortari Jr., atendendo a sua solicitação para uma análise do Congresso de Técnicos, encaminho sucintas observações sobre o mesmo, de forma prática e objetiva.
Inicialmente devo me congratular com a LNB por tão importante evento, que espero seja oportunizado mais vezes, pois os resultados positivos em muito superariam as dificuldades em organizá-los. O Basquetebol estará no caminho de seu soerguimento com ações deste calibre, na medida em que:
– Sejam estes encontros liberados a um publico de técnicos como assistentes, sem intervenções, onde terão a oportunidade de aprender com os mais experientes, com aqueles que dirigem as equipes mais representativas, com aqueles que servirão de balizamento para sua evolução no vasto campo da técnica desportiva.
– Que os resultados destes encontros, na forma de relatórios ou depoimentos sejam viabilizados aos técnicos de todo o país, como fonte de estudo e pesquisa.
– E que estes encontros percorram os estados representados pelas equipes da Liga, como um fator de divulgação e popularização da mesma.
Foi um encontro bastante positivo, onde opiniões divergentes puderam ser discutidas de forma direta e profundamente honesta. Problemas estruturais das equipes, e mesmo da nossa realidade desportiva, foram analisados com muita precisão por todos os presentes, através bem escolhidos temas, numa amplitude elogiável e que deixou uma certeza de que ainda poderia ter ido mais além, não fossem as duas palestras sobre psicologia e preparação física ( nitidamente fora do contexto do congresso, em que pese suas excelentes apresentações), com suas 4 horas de duração, tempo esse que possibilitaria a extensão das discussões técnicas, motivação básica do encontro.
Apontar uma ou outra intervenção não seria justo, já que todos participaram de forma objetiva e altamente profissional, fator realçado nas intervenções quando da palestra do técnico Ruben Magnano, enriquecendo o debate e suas ótimas conclusões.
Sem dúvida alguma, a premência de tempo encurtou assuntos relevantes e de importância vital para a modalidade, numa perda de conteúdo que não deverá ser repetida em próximos encontros, assim espero.
Todos os participantes, sem exceções, foram brilhantes em suas apresentações e intervenções, cunhando um ambiente altamente sadio, onde uma ou outra incompatibilidade pessoal ou funcional, se desvaneceu pela ambiência pacífica, amistosa, e profundamente voltada ao progresso do basquetebol.
Por todos estes ingredientes de alto nível, parabenizo a todos, técnicos, assessores e dirigentes da LNB pelo grande passo dado ao encontro de sua maioridade técnica e funcional.
Paulo Murilo Alves Iracema – Técnico do Saldanha da Gama.

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PREOCUPAÇÕES…

Preocupa-me a herança do NBB2, principalmente na forma de jogar das equipes intervenientes, da limitação e alto grau de previsibilidade técnico tática das mesmas pelo uso indiscriminado e absoluto do sistema único de jogo, onde a maioria de suas ações são voltadas ao preparo e a consequente execução dos arremessos de 3 pontos.
Preocupa-me o elevadíssimo número de erros de fundamentos, acusados sistematicamente na maioria das partidas do campeonato, sendo que nos playoffs finais atingiram cifras alarmantes.
Preocupa-me a fragilidade defensiva da maioria das equipes, principalmente na anteposição aos arremessos de 3 pontos, e à marcação dos pivôs, sempre por trás, jamais à frente, como deveria ser.
Preocupa-me o fato de uma defesa centenária por zona, a 2-3, ainda se constituir um terror para equipes de alta competição, numa desoladora perspectiva do quanto ainda temos de evoluir em termos de fundamentos de drible, fintas e passes, ou seja, o bê a bá do grande jogo.
Preocupa-me a tendência cada vez mais presente de uma homogeneização e padronização deste sistema único nas divisões de base do país, limitando perigosamente a criatividade e espontaneidade de nossos jovens.
Preocupa-me o avanço maciço de alguns profissionais, e outros nem tanto, de outras áreas, na formação destes jovens, com um conhecimento canhestro do jogo, e apresentando propostas incompatíveis à evolução natural dos mesmos, tanto no aspecto bio psíquico, como no social e cultural.
Preocupa-me a não organização das associações de técnicos, fundamentais ao desenvolvimento da modalidade em todos os sentidos, principalmente no político, social e profissional, bases de uma profissão reconhecida e respeitada.
Preocupa-me que pela ausência das associações, outras categorias envolvidas no esporte se apossem de núcleos técnicos específicos, para coordenarem e implantarem cursos e escolas para os quais não têm competência e formação, se situando única e exclusivamente pelo poder político vigente.
Preocupa-me a passividade e aceitação de técnicos a essa situação ambígua e constrangedora, tornando-se possíveis cúmplices de uma anomalia inadmissível.
Preocupa-me a seleção, ou seleções, entregues a estrangeiros que convocam jogadores que se negaram a defender o país dentro de competições internacionais, claro, por não se tratar dos países deles, e que se verão ante jogadores que lideram grupos fechados, e que em muitos casos, não costumam seguir instruções que não forem de seu agrado, como temos assistido no campeonato nacional.
Preocupa-me a divulgação do basquete voltada aos jovens, com sua maioria quase absoluta impossibilitada ante a TV aberta, pois somente canais a cabo o divulgam, assim como a precariedade na popularização do mesmo nos núcleos escolares, e mesmo clubísticos, a muito abandonados à própria sorte.
Preocupa-me que o poder de novas idéias, de novos rumos técnico táticos, fundamentados na pratica maciça dos fundamentos e da plena utilização da criatividade e do livre pensar, seja minimizado pela ausência de divulgação quase unânime, pela mesmice e pela mediocridade de um sistema único e avassalador, implantado no âmago de nossa juventude, ávida de conhecimentos e sonhos, por interesses que não os nossos, brasileiros, e outrora campeões mundiais e medalhistas olímpicos.
Enfim, preocupa-me a impossibilidade ao êxito e a um futuro inspirador, tolhido que estamos pela mais absoluta ausência de bom senso, responsabilidade cívica e amor ao grande jogo, naquele ponto que o torna imbatível no concerto das demais modalidades, sua concepção instigante e de permanente evolução.
E com estas preocupações me dirijo amanhã ao Congresso dos Técnicos da LNB em São Paulo, para o qual fui convidado como técnico do Saldanha da Gama, onde no calor dos debates, dos temas, das apresentações e das bem vindas discussões possamos manter vivas as esperanças de encontrarmos o caminho perdido nas trilhas dos últimos 20 anos, de desmandos e de imperdoáveis omissões. E honestamente espero que assim seja.
Amém.

JOHN WOODEN…


Hoje dou primazia a um texto enviado pelo Gil Guadron sobre o grande mestre John Wooden ontem falecido aos 99 anos de gloriosa vida.

John Wooden, murio ayer.
Considerado el mejor entrenador que jamas haya existido, el ex-entrenador de la Universidad de Los Angeles ( UCLA ) murio ayer.
Coach Wooden fue un extraordinario filosofo, un educador , y por supuesto un extraordinario entrenador de basquetbol,gano 10 campeonatos Universitarios en NCAA .
Alguna vez le preguntaron si estaba orgulloso de que un gran numero de jugadores de la UCLA, estuvieran pre-seleccionados al equipo olimpico de USA y el respondio : ” que de lo que realmente estaba orgulloso era de la cantidad de profesores, abogados,doctores y otro tipo de profesionales en que la inmensa mayoria de sus ex-jugadores se habian convertido, pues a UCLA se llegaba a estudiar. Que el basquetbol deberia de ser una escuela para la vida, mas alla del deporte”.
Tuve la oportunidad de aprender de el, alla temprano en los 70’s, cuando aun yo vivia en El Salvador.Posteriormente viviendo ya en USA asistiendo a sus Clinicas en mi ciudad adoptiva, Chicago.
A los jovenes entrenadores les recomiendo leer del Coach Wooden :
– Practical Modern Basketball –, originalmente publicado en 1966, con ediciones posteriores. Es un libro clasico que deberia ser obligatorio en la biblioteca de todo entrenador, tan valido ayer como tan valido hoy.
– John Wooden’s UCLA OFFENSE , este libro incluye un DVD –, publicado el 2006.
Ambas obras estan escritas en Ingles.
– La Piramide del Exito — en Idiona Español. Editorial Peniel, Buenos Aires, Argentina. Posee un concepto filosofico tipico del gran maestro que fue.
Les dejo con estos pensamientos del Coach Wooden:
“Este mas preocupado con su caracter, con su personalidad que con su reputacion, porque es su caracter quien usted realmente es , mientras que su reputacion es apenas lo que otros piensan de usted”.
” Usted no a tenido el dia perfecto sino no a hecho algo por alguien, que lo mas seguro es que jamas se lo agradecera”.
” Todo lo que le pido es que ponga el maximo de su esfuerzo, y eso solo usted lo sabra , de tal manera que al finalizar el partido, y al margen del resultado, usted debe tener su frente en alto “.
Rezo una plegaria por Coach Wooden, de quien aprendi no solo basquetbol, a enriquecerme como ser humano , a ser mejor entrenador de basquetbol.
Descanse en paz , maestro.
Gil Guadron.

Faço das palavras do Gil as minhas também.
Amém.

ME DEI UM TEMPO…

Me dei um tempo, precisava muito, não por cansaço físico, mas porque necessitava me situar com rigor ante a reviravolta que dei assumindo a direção de uma equipe da LNB, e numa situação de alto risco técnico, já que última classificada e muito depreciada.
Substituir o blog pela equipe não seria algo que desejava, já que profundamente arraigado aos princípios que nortearam a criação do mesmo, a luta pelo soerguimento do basquete em nossa terra, sob todos os aspectos, do político ao técnico tático, e sempre primando pelo respeito e a ética.
Foi então que resolvi postar o dia a dia do preparo da equipe, num trabalho que encontrou respostas positivas no seio dos jovens técnicos, e de todos aqueles que amam o grande jogo.
No entanto, nossa participação se encerrou, após 49 dias de muito sacrifício, perdas, derrotas e vitórias inquestionáveis e redentoras, mas não suficientes para nos afastar da última colocação na Liga.
Mas algumas conquistas foram determinantes, principalmente a utilização de sistemas ofensivos e defensivos diferenciados dos restantes membros participantes do NBB2, e que comprovaram serem eficientes, apesar do pouco tempo de treinamento. Muitos desejaram ver jogos da equipe em vídeos, aficionados e mesmo jornalistas, aos quais ofereci dois exemplos no blog( e que me custaram imensas preocupações e trabalho), aceitos e elogiados pelos primeiros, e decididamente omitidos pela maioria dos segundos, os mesmos que ansiavam assisti-los.
E o mutismo dessa imprensa altamente especializada tem uma explicação que prima pela simplicidade, não tinha, a grande maioria, a menor idéia do que assistiram ( se é que o fizeram…), já que profunda e irremediavelmente engessada e compromissada com o sistema único e divino de jogo utilizado em nosso país, calcado e colonizado pelo éden sagrado e desejado por todos, o World Championship basketball da NBA, pelo qual muitos são pagos e patrocinados ( o DraftBrasil foi o único site interessado no assunto).
E como o Eurobasket, aos poucos vem perdendo sua independência técnico tática por força do trator financeiro da matriz americana, haja vista a última final vencida pelo Barcelona, com um basquete cópia fidedigna do sistema único, inclusive nas interpretações arbitrais, antecipamos o que ocorrerá no próximo Mundial onde o reino dos jogadores 1, 2, 3, 4 e 5 ainda fluirá majestoso por um longo tempo, imutável.
Não atoa os argentinos subverteram a ordem olímpica e mundial a bem pouco tempo, mas aos poucos foram sendo engolfados pelo sistema único, fruto da mais bem urdida campanha publicitária de que se tem notícia na história do esporte, cujo peso político econômico não tem paralelo nos tempos modernos, juntamente com a religião mundial do futebol.
Estamos vivendo a decisão do NBB2, com jogos que raiam ao inconcebível, onde somente nos três últimos do play off final 201 arremessos de três foram tentados, ou 603 pontos possíveis, numa impossibilidade técnica de vê-los convertidos, numa média de 67 por jogo, furtando do mesmo o mais primário sistema coletivo, o principio de equipe, o principio do jogo. E todos, assim como as demais equipes da Liga, utilizando o sistema único.
Ainda conceituamos jogos de baixíssima qualidade, como exemplos de técnica apurada, numa proposital confusão onde se misturam emoção e agressividade, mas tudo em nome da preservação do status quo, onde jogadores, técnicos e muitos jornalistas se aliam para o bem comum, o monopólio do mercado de trabalho, no qual um sistema único, padronizado e de conhecimento de todos, garante as trocas de equipes e de regiões, viabilizando curtos espaços para treinamentos e pré temporadas, pela similitude de ações, e mesmo de sinalizações de jogadas, numa cumplicidade que raia ao absurdo.
E o público ignaro, aceitando e difundindo tais princípios, promove seus preferidos dentro das posições de 1 a 5, estratificadas pela rigidez do sistema, onde o 1 é o armador, o 2 é o armador arremessador, o 3 é o ala, o 4 é o ala-pivô, e o 5 é o pivô ( última classificação dos narradores da sportv), variando na votação para os melhores do anos da LNB que classifica os jogadores em 1 o armador, 2 o ala-armador, 3 o ala, 4 o ala-pivô e 5 o pivô.
E quando a LNB me contatou para que eu designasse os melhores da minha equipe, a fim de que os mesmos pudessem ser votados pelos demais técnicos para os melhores do ano, designei-os como 2 armadores e 3 pivôs móveis, ou se quisessem, 3 alas-pivôs, o que deixou meu interlocutor embaraçado, já que fora do padrão, do sistema único, no qual, tenho a certeza, ele encaixou os jogadores que designei.
E veio a convocação para o Mundial, onde a discussão inicial e monocórdia é de que o Huertas é o 1, e seu reserva o Valter, e que o Alex e o Marcelo são 2, e que o Guilherme é o 3, o Spliter 4 e o Nenê 5. E o Varejão? Ah, esse será um ótimo 6, seguindo o bonde do “padrão mundial”.
Mas se o exemplo fugaz do meu humilde Saldanha merecesse um mínimo de estudo e consideração por parte dos “entendidos”, assim poderia jogar a base da seleção, com Huertas e Valter de armadores puros, e Spliter, Varejão e Nenê de pivôs móveis, não fosse o Nenê em sua origem pré-engorda um ala poderoso e atlético (Aliás, essa era uma das intenções do Moncho, em entrevista na TV logo em sua chegada). Vejam e analisem os vídeos que postei e tentem visualizar o óbvio, uma forma sugerida de jogo diferenciado, e que adaptado, ou na forma apresentada, tumultuaria profundamente as equipes adversárias, também engessadas e viciadas num sistema altamente previsível, por ser único.
Mas Paulo, e aqueles que só sabem( ou pensam saber…)arremessar de três, como ficariam? No banco, ou em casa, vendo que é perfeitamente possível vencer jogos e campeonatos de 2 em 2, com a maior precisão dos arremessos de curta e media distâncias, onde os de três se constituiriam num recurso pontual, e não a base de uma equipe, como se transformou o basquete brasileiro, e agora o internacional também.
E muito mais grave do que os acontecimentos extra jogo no Nilson Nelson de Brasília, onde a não permissão de qualquer público dentro da quadra em momento algum, antes ou depois dos jogos, evitaria o espetáculo hediondo a que todos assistimos ( onde não absolvo alguns jogadores do Flamengo em agressões gratuitas, pois deveriam estar nos vestiários, ato contínuo ao término de uma partida nervosa e agressiva, numa ação de comando, inexistente na equipe, mas que poderá beneficiá-la numa bem provável inversão de mando de campo, no caso de uma quinta partida…), é o fato inquestionável de que transformamos o grande jogo, numa competição absurda e irracional de arremessos de três, demonstrando e exemplificando aos jovens ser esse o caminho a ser seguido, onde os fundamentos deixam de ter importância na medida em que de 10 tentativas de 3, se converta uma ou duas bolas, pois se assim todos se comportam, a começar pelas estrelas(?), por que então não tentar?
Mas lá no Saldanha, se obtiver os patrocínios prometidos, garanto que nada disso ocorrerá, mesmo que sozinhos neste grande e imensurável deserto de idéias e coragem para enfrentar novos caminhos e concepções, rompendo as ditaduras de um sistema único e dos arremessos de três.
Amém.

VENCENDO AS LIMITAÇÕES NUM GRANDE JOGO…

Este é um vídeo muito especial, pois enfrentamos uma equipe presumivelmente muito superior a nossa, desde os armadores aos pivôs, com um rebote dos mais importantes e impactantes da Liga, e um dos arremessos de três pontos mais presentes e devastadores dentre todas as equipes, e todas estas qualidades somadas ao fator casa, um belo e imponente ginásio, tomado por uma torcida vibrante e participativa, e finalmente, sendo a quinta colocada no campeonato.

Na véspera, como é de praxe em todas as quadras por que passamos, inclusive a nossa quando visitada, um treino mais extenso deveria ter sido viabilizado, e nem mesmo uma explicação ao final do jogo, dada por um dos integrantes da comissão técnica dos donos da casa, de que tal facilidade não era obrigatória por parte da Liga, amenizou o impacto de véspera, quando não pudemos treinar, e mais tarde no hotel, não pudemos utilizar uma das várias salas de reunião para uma simples projeção de um vídeo técnico para os jogadores, com a desculpa de que todas elas estavam reservadas para um congresso no dia seguinte, obrigando-nos a uma reunião nos sofás do saguão para combinarmos as estratégias para o jogo da tarde seguinte.

Somemos a todos esses óbices o fato de ocuparmos a última colocação da competição, que nem mesmo os dois recentes resultados, altamente favoráveis ( Brasilia e CETAF),  nos afastou da mesma, para compreendermos toda a dimensão do embate que enfrentaríamos dali a algumas horas.

E fomos para o jogo, e lutamos com denodo e cabeça fria, metódica, compensando os erros com paciente desenvoltura, atingindo os pontos fracos do adversário, cirurgicamente, defendendo fortemente os arremessos de três, trocando-os pelos de dois, e lá na frente, de dois em dois e alguns poucos de três, indo de encontro a um placar favorável, com ritmo e pouca pressa, valorizando a posse de bola, e acima de tudo, jogando em equipe, nos erros e acertos, sem cobranças e vedetismos, simplesmente jogando o grande jogo.

E quando a reação se fez presente, enérgica e vibrante, ao coro de mais de 3000 torcedores, buscamos do fundo de nossas economizadas resistências o toque precioso da calma, não a aparente, mas aquela forjada no treinamento rude e pesado, no trabalho coletivo e aceito por todos, integralmente, num comprometimento singelo e profundamente honesto. E foram recompensados com uma vitória linda e merecida, preâmbulo de dias melhores que hão de vir, inquestionavelmente.

Amém.
OBS-Quando estiver vendo o video em tela cheia e este congelar, tecle ESC que o mesmo dará seguimento , podendo voltar à tela cheia sem problemas.

Saldanha da Gama x Joinville – 02.04.2010 – Primeiro quarto

Saldanha da Gama x Joinville – 02.04.2010 – Segundo quarto

Saldanha da Gama x Joinville – 02.04.2010 – Terceiro quarto

Saldanha da Gama x Joinville – 02.04.2010 – Quarto quarto

ADENDO À PALESTRA DE LISBOA…

Na palestra que proferi em Lisboa na abertura do 3º Congresso Mundial de Treinadores da Língua Portuguesa, faço menção a um organograma sobre análise de sistemas que não fica bem visível na imagem, dificultando sua plena compreensão. Publico agora uma imagem mais nítida do mesmo, que poderá ser impressa para um acompanhamento mais preciso da palestra.

OBS- Clicar na imagem para ampliá-la.

O PLENO DIÁLOGO…

No espaço dedicado aos comentários do último artigo aqui publicado “ Um Congresso em Lisboa” , tive o privilégio de estabelecer um diálogo com um técnico do interior de Minas Gerais, o Henrique Lima, contando suas dificuldades, incertezas e questionamentos sobre a difícil missão de dirigir equipes de formação, pedindo sugestões e análises sobre treinamentos, sistemas e ações pedagógicas no ensino dos fundamentos e sistemas de jogo. Selecionei alguns trechos, deixando à curiosidade dos leitores o completo teor do mesmo.

  • Henrique Lima 26.04.2010 (4 dias atrás)

Professor te questiono pelo sistema Flex pelo seguinte:

É um sistema válido de passar para atletas que encaminham para o juvenil na próxima temporada?

Quais os pontos positivos de ensinar um sistema como este?

O senhor acredita que os atletas tem que sabe tais sistemas (este e o que senhor mencionou), ao menos o básico de cada um?

Eu fico sempre na dúvida disso em relação a estes sistemas e a melhor utilização dos mesmos, uma vez que os atletas podem e tendem a ficarem presos em uma maneira de jogar somente.

Enfim, as dúvidas não cessam Professor Paulo, apenas aumentam e parecem cada vez mais complexas e com soluções ainda mais escondidas! rs

Obrigado, um grande abraço e boa segunda feira!

  • Basquete Brasil 26.04.2010 (4 dias atrás)

Guarde bem para você prezado Henrique, jogadores só ficam presos a sistemas se os técnicos assim determinarem, pois os grilhões atados aos mesmos são imposições vindas de fora para dentro das quadras, ou por insegurança, ou por inflados egos. Jogadores autônomos e criativos, dentro de qualquer sistema, somente serão possíveis se dominarem a essência do grande jogo, seus fundamentos. O atual sistema proposto por mim é algo inusitado, pois preconiza a total liberdade criativa dos jogadores envolvidos com o mesmo. Mas para tanto, a necessidade básica se lastreia nos fundamentos muito bem treinados e estabelecidos, sem os quais o sistema morre no nascedouro. E assim para os demais sistemas, sejam eles quais forem.
É uma escolha difícil de pensar e raciocinar, mas comece pela base de tudo, o pleno conhecimento das habilidades pessoais e técnicas de seus jogadores, suas ambições, seus sonhos, e dai em diante estabeleça um sistema que potencialize estas questões. Esse é o caminho a ser percorrido pelos bons e autênticos técnicos, agindo antes de tudo como convincentes e preparados professores.
Um abraço, Paulo Murilo.

  • Henrique Lima 27.04.2010 (3 dias atrás)

Obrigado Professor Paulo!

Ontem tive a estréia como treinador da categoria Sub-17 (por que trocaram os nomes para estes siglas horrorosas?).

Foi um jogo que achei melhor do que o relato para mim das atuações anteriores. Temos um longo caminho para trilhar e muito que melhorar.

Porém, é possível e isso é o mais importante. A situação em que vivo aqui é de certa forma muito semelhante à situação que o senhor pegou em Vitória quando ali chegou. Relendo os textos do senhor do começo da trajetória, existem pontos em comum e serei eternamente grato por ter colocado à disposição todo seu trabalho nos artigos que escreveu naquele momento, fora os mais antigos que ando relendo também!

Agora estou mais tranquilo realmente após assistir à primeira partida! E é começar a treinar com base em tudo que estudei!

Um grande abraço Professor Paulo, espero não somente novos textos como sempre mais discussões! Leia mais »

UM CONGRESSO EM LISBOA…

IMG_7997Dedico o artigo de hoje à apresentação da palestra de abertura que  proferi em Lisboa na abertura do 3º Congresso Mundial de Treinadores da  Língua Portuguesa em 17 de julho de 2009, quando tive a honra de ser  convidado a desenvolver o tema – O que vem a ser um técnico de sucesso.

O TÉCNICO DE SUCESSO- Não propriamente o maior vencedor de torneios e campeonatos, grandes ou de menor expressão, e sim alguém visceralmente comprometido com a tarefa de educar através do desporto, preparando bons cidadãos, ótimos atletas, e equipes competitivas, todos dentro dos mais altos padrões sociais, éticos e desportivos, no seio da sociedade em que vive e atua, sempre com presteza, conhecimento e profissionalismo.

O mundo em que vivemos,  repleto de injustiças e insensibilidade, anseia por mudanças, principalmente aquelas nações relegadas ao estigma terceiromundista, que no limiar de um novo século ainda não encontraram soluções que reduzam tantas e profundas diferenças com as demais nações desenvolvidas.

A Educação é um dos caminhos redentores, base e sustentáculo de uma sociedade mais justa e igualitária, e o desporto um dos elementos voltados a estes objetivos, com sua proposta aglutinadora e profundamente democrática.

O professor / técnico desportivo foi, é e continuará sendo o agente propulsor de alguns destes importantes objetivos, e para tanto deverá ser preparado e instruído com afinco, atualizado e reciclado permanentemente à luz dos conhecimentos científicos, didático pedagógicos e incondicional acesso à informação virtual.

O professor / técnico desportivo assim preparado, experiente, estudioso e participativo, sempre trilhará o caminho do possível e alcançável progresso de seu povo, através seus alunos, seus atletas, suas comunidades e equipes. E quando um destes segmentos atingir objetivos e metas planejadas, poderá ser considerado professor e técnico de sucesso, se bem que tal projeção não seja tão importante e crucial como se propala, pois o sucesso deve ser definido como um bem realizado trabalho, nada mais do que um bom e recompensador trabalho. Notoriedade e fama ficarão por conta de outras, e quase sempre descartáveis circunstâncias.

Espero ter representado com honra e dignidade professores e técnicos deste esperançoso país.

Amém.

PS – No caso do último segmento não rodar, reinicie o artigo e clique no mesmo que rodará. PM.

3º Congresso Mundial de Treinadores da Língua Portuguesa – Parte 1

3º Congresso Mundial de Treinadores da Língua Portuguesa – Parte 2

3º Congresso Mundial de Treinadores da Língua Portuguesa – Parte 3

PENSANDO O FUTURO – O GRANDE JOGO…

Caros e prezados basqueteiros de meu  país, principalmente vocês, os jovens técnicos que se iniciam nessa extraordinariamente difícil arte, a de dirigir consciente e tecnicamente equipes de basquetebol, de que divisão for, de qualquer faixa etária, masculinas e femininas, em escolas ou clubes, em seleções municipais e estaduais, e mesmo para aqueles que exercem o privilégio de orientarem seleções nacionais, enfim, a todos que amam o grande jogo,  tenho agora a oportunidade de divulgar um trabalho, humilde e honesto trabalho de muitos e muitos anos, sempre na contra mão de um sistema perverso que nos foi imposto cerca de vinte anos atrás, e que nos levou ladeira abaixo do desprestigio nacional e internacional.  Tem sido o mesmo empregue  desde sempre em divisões de formação,  de importância e referência sempre minimizada e até excludente pela maioria técnico dirigente, mas que vem, agora numa divisão de elite,  provar seu valor e mérito, não como uma panacéia das muitas impostas a todos nós como conquistas de alto valor, mas sim como uma experiência calcada no estudo incansável junto aos jovens, junto aos que sonham um basquete de melhor qualidade, ou seja, a minoria absoluta daqueles que realmente propugnam algo de muito sério, novos caminhos para o grande jogo entre nós, e não o engessamento colonizado de uma modalidade ora atrelada a interesses que não nos dizem respeito, o basquete globalizado e asfixiante, um tipo de basquete que nos esmaga e humilha.

Para todos aqueles curiosos sobre o que vem a ser jogar com dois armadores puros e três pivôs móveis, e a utilização da defesa linha da bola com flutuação lateralizada, posso agora, através de alguns vídeos de jogos da equipe que ora dirijo, o Saldanha da Gama, dar continuidade demonstrativa iniciada com a veiculação de um outro video de 1996, da equipe do Barra da Tijuca no campeonato Infanto Juvenil daquele ano, onde estes sistemas ensaivam seus primeiros passos, o que pode aqui ser testemunhado.

Inicio a série com o jogo contra a equipe do Universo de Brasilia, com a formação egressa do afastamento de três de seus principais jogadores, mas que mesmo assim, através um intenso e sacrificado treinamento se manteve coesa e competitiva, demonstrando que os sistemas ofensivo e defensivo adotados e aceitos por todos os seus integrantes dão mostras incontestáveis de que podem e devem se tornar uma alternativa válida, dentre as muitas que poderão advir dessas propostas postas em prática no campo de jogo.

Vejam, analisem, discutam os vídeos, e depois o critiquem à luz do bom senso, aceitando ou não suas propostas, para enfim concluírem sua validade ou não, ou pelo menos permitindo que se abram novos caminhos e meios de fazermos basquetebol em nosso país, premiando e valorizando a diversidade, a liberdade de ações e pensamento, deixando enfim, fluir a criatividade, nossa esquecida e formidável arma tupiniquim.

Amem,

PS – Na última jogada do quarto final, o cameramen empolgado com o jogo deixou de focar a cesta do jogador Guilherme da equipe de Brasilia, mas focou a cesta final do jogador Roberto da equipe do Saldanha da Gama. PM.

Quando estiver vendo o video em tela cheia e este congelar, tecle ESC que o mesmo dará seguimento , podendo voltar à tela cheia sem problemas.

Saldanha da Gama x Brasilia – 21.03.2010 – Primeiro quarto

Saldanha da Gama x Brasilia – 21.03.2010 – Segundo quarto

Saldanha da Gama x Brasilia – 21.03.2010 – Terceiro quarto

Saldanha da Gama x Brasilia – 21.03.2010 – Quarto quarto

AS SUB’S E OS FUNDAMENTOS…

Terminada a temporada para nós, dois aspectos me vêm à mente como os mais importantes que enfrentamos. Primeiro, o grande desafio de encontrar uma equipe desmotivada e entregue às suas limitações técnico táticas, frutos de uma preparação equivocada, já que centrada num sistema único empregado por todas as equipes, como um padrão a ser seguido obrigatoriamente, mas sem contar com jogadores mais qualificados que as demais, naquelas posições chaves do tal sistema, conhecidas e estratificadamente determinadas como posições 1, 2, 3, 4 e 5, que num raciocínio lógico nos leva a conclusão de que jogadores mais especializados naquelas posições, comporão aquelas equipes mais categorizadas, setorizadas, como numa linha de montagem, onde cada peça específica faça funcionar as engrenagens daquele sistema único. Melhores peças, melhores equipes, numa gradação qualitativa que decresce na medida do poder econômico de cada um dos participantes, no mercado padronizado de jogadores.

Como resultado dessa realidade, encontramos, como encontrei, jogadores pretensamente especializados naquela lastimável cronologia de 1 a 5, ignorantemente implantada de vinte anos para cá, onde os fundamentos do jogo foram “setorizados” por posições, como se cada um daqueles jogadores professassem e empregassem aquelas habilidades especificas exigidas pelo abominável e restritivo sistema único.

O outro e decorrente aspecto, foi o alto grau de convencimento a que foram instados todos estes jogadores, de que aquele pequeno arsenal de conhecimentos fundamentais eram suficientes, se bem repetidos, para a manutenção de suas estratificadas posições, aquelas de 1 a 5, numa limitação, ai sim, criminosa, pois era a garantia do sistema e sua coercitividade nas mãos e pranchetas de muitos, talvez a maioria, dos técnicos nacionais, que infelizmente abrangiam todas as categorias, da base à elite.

Frente a tais e indesmentíveis fatos, baseei todo o treinamento da equipe em  70% de fundamentos, e os restantes 30% em um novo e diferenciado sistema de jogo, onde todos os jogadores teriam participação igualitária na aplicação de suas habilidades, assim como em seus posicionamentos, tanto dentro, como fora dos perímetros, aqueles limitados pela linha dos três pontos.

E então, quando vejo as nossas seleções sub’s (15, 16, 17, etc ), aquelas que serão as abastecedoras de novos e promissores talentos para as seleções adultas, se manterem dentro de critérios que beneficiam o sistema, e não o maciço preparo nos fundamentos, cada vez mais voltadas às especializações de 1 a 5, como num terrível e castrador moto contínuo de mediocridade e desconhecimento do grande jogo, me pergunto do fundo do meu ainda parco conhecimento, do muito ainda que tenho de aprender, me pergunto- Até quando, meus deuses? Até quando?

Sistemas têm de seguir uma indiscutível imposição, a de que jamais funcionarão sem um alicerce poderoso e bem plantado, o pleno, absoluto e decisivo apoio dos fundamentos do jogo, a ferramenta prima de todos eles, exceto um, o que empregamos, onde cada uma das cinco posições ao se especializar em dois ou três fundamentos, quando deveriam dominar todos, garante para a maioria dos técnicos  a arma coercitiva que os mantêm num comando de fora para dentro das quadras, improdutivo para a modalidade, mas altamente vantajoso na manutenção de seus princípios, e por que não, empregos, e não só em nosso país, como muitos outros do chamado primeiro mundo. As exceções compõem os países que lideram o basquetebol do nosso tempo, e dos passados também, onde fomos importantes um dia.

Temos de repensar urgentemente nossas seleções sub’s, colocando-as nas mãos de técnicos experientes, estudiosos e com muita estrada rodada, e não nas mãos púberes de candidatos ao nada, pois as experiências válidas são aquelas intensamente vividas, jamais as sonhadas, e muito, muito menos as políticas e apadrinhadas.

Quando em nossas andanças nos últimos dois meses pelas quadras da LNB, espalhava cadeiras por onde evoluíam jogadores treinando fundamentos, não só dava seguimento a um hábito aceito pela equipe, como induzia todos aqueles jovens que nos assistiam a pratica sistemática e diária dos mesmos, como base e sedimento do nosso diferenciado sistema, e dos outros também.

Melhoramos? Sem dúvida alguma, os resultados comprovam. E como melhoraríamos todos se nos habituássemos a pratica dos fundamentos, indistintos a todos os jogadores, altos e baixos, armadores, alas ou pivôs, do mini ao adulto, numa cruzada que nos redimiria de anos e anos escravizados a sistemas anacrônicos, pranchetas e muito papo furado, aquele de quem pouco sabe e entende do grande, grandíssimo jogo.

Amém.

FOTOS – Treinos em Vitória, Joinville, Londrina e Baurú, respectivamente. Clicar para ampliar.