OS HERMANOS E SEU SCOLA MAGISTRAL…

E os hermanos chegaram às semifinais, derrotando a favorita ao título e atual campeã, a Sérvia, por 97 x 87, numa partida memorável, onde um Scola, aos 39 anos, liderou a equipe com maestria, competência, talento,  e acima de tudo, amor a camisa de seu país, onde a negação a ela é algo inimaginável, absolutamente impossível de acontecer, sequer pensar, ao contrário de jogadores que a macularam em nosso imenso, tosco e culturalmente fragilizado país, num comportamento aceito e tolerado por quem abomina a tradição, a mística e a representatividade de um símbolo que em hipótese alguma pode ser desrespeitado. abjurado, negado, ao preço que for…

O grande jogo é cultuado e respeitado na Argentina, desde a formação de base, ensinada, preparada e treinada por professores bem formados nessa complexa modalidade, e cujos frutos vem amadurecendo de vinte anos para cá, pujantes e vencedores. Torna-se emocionante e inspirador termos o privilégio de testemunhar o brilhantismo das grandes equipes argentinas, atuando com uma dupla armação magistral, e alas pivôs, jovens e veteranos primando pela velocidade, agilidade, flexibilidade e profunda prontidão aos detalhes do jogo, numa leitura somente atingida com uma excelente e detalhada formação, espelhada pelos magníficos exemplos de consagrados jogadores, como o Scola nessa equipe que disputa o Mundial…

Talvez não cheguem a grande final, mas o que alcançaram os definem, não como um milagre, ou um produto de um chaveamento menos exigente, mas sim como uma prova cabal na arte de formar jogadores técnicos, fortes fisicamente, e melhor ainda, mentalmente. Se arremessarem um pouco menos da linha dos três, reforçando o jogo interior, será muito difícil de serem batidos, sem a menor dúvida…

Amém.

Foto – Reprodução da TV.

AS DOLOROSAS CONTRADIÇÕES…

Assisti os dois jogos desta manhã, e no primeiro constatamos uma equipe fria em seu determinismo de se classificar às quartas de final, ganhando ou perdendo dentro da margem dos 12 pontos necessários a classificação de uma equipe grega alucinada pela busca do resultado salvador, e por isso mesmo suscetível ao erro em maior proporção do que a equipe checa, metódica, paciente, fria, e acima de tudo eminentemente técnica, na quadra e no banco, num equilíbrio exemplar, de um grupo coeso em torno de um objetivo, mesmo que feneça nas próximas etapas, num trabalho bem planejado e melhor ainda executado, numa flagrante anteposição ao que vimos na segunda partida…

Quando se deu a apocalíptica contradição, de uma equipe que lutava por uma classificação, ante um adversário já classificado, por um resultado simples, sem handicaps a descontar. E porque apocalíptica? Pelo fato maior que colocou a seleção brasileira entre a cruz e a calderinha, perante o incompleto discurso de seu líder fora da quadra, o bom  técnico Petrovic, que midiaticamente propalou saber como vencer os americanos, como já havia falado o mesmo sobre os gregos, mas ante o domínio técnico da equipe tida como a C da NBA, porém dirigida pelo seu melhor técnico, Popovich, principalmente na avassaladora prática dos fundamentos básicos defensivos, ofensivos e individuais, constratando com a nossa maior dificuldade nos confrontos contra escolas que priorizam tais pontos, e não somente os táticos e as preparações “atlético científicas”, tão ao gosto de fisiologistas pseudo fabricantes de melhores corredores, melhores saltadores e melhores trombadores, como o ápice de uma equipe competitiva, viu-se o croata perante a crua realidade de uma equipe que sabe perfeitamente bem como manobrar uma bola, e outra, a dele, que briga com ela o tempo todo no drible, nos passes e principalmente nos arremessos, inclusive naqueles de melhores aproveitamentos, os curtos e médios, onde a turma do norte simplesmente não falha. Façamos umas continhas – Os americanos arremessaram 28/44 de dois pontos, contra nossos 23/46, ou seja, 10 efetivos pontos a mais. Nos 3, 8/25 contra 5/19 nossos, mais 9 pontos de sobra, somente aí nos 16 pontos de diferença. Nos Lances livres ambas as equipes erraram 2 arremessos ( 9/11 e 12/14), Pegaram 37 e 34 rebotes respectivamente, porém, foram nos erros de fundamentos que mais se diferenciaram, 10 para a turma do norte e 15 para nós, números fatais num jogo desse porte e importância…

Mesmo perante tantos obstáculos, via-se uma seleção brasileira claudicante no jogo coletivo de ataque, no 5 x 5, exatamente pela dificuldade nos fundamentos, área de pleno domínio americano, dando início a chutação apelativa de fora, com 26,3% de aproveitamento, contra os 32% de um adversário que apostava firmemente no jogo interior, com as 5 bolas a mais mencionadas anteriormente. Muito bem, existem fatores e fatores, detalhes e detalhes, mas um tem importância vital, não só no momento chave de um jogo decisivo, e sim por todo um jogo decisivo, a presença sugestiva e corretiva de um atento e sagaz técnico ao lado da quadra, cônscio de ter dotado a equipe de bons sistemas, na medida da capacitação individual e coletiva do grupo que dirige, basicamente nos treinos, reservando seu saber e experiência para os jogos, onde as verdades verdadeiras acontecem, sendo ele o ponto de equilíbrio das mesmas, intransferível e de solitárias decisões, onde jamais poderá deixar de agir com a moderação e a sabedoria que envolve seu cargo de comando, E exatamente nesta situação de decisão extrema ele falha, se exaspera, perde o controle e o equilíbrio, sendo expulso da contenda, a meio tempo do segundo quarto, ou seja, joga a espada, o capacete e o escudo ao solo, se envolve na capa e abandona o campo da luta, como que afirmando aos bons e perspicazes entendedores do grande jogo – Não dá, simplesmente não dá !!…

Se foi um acidente de percurso, um inconformismo, ou um fato pensado, não importa, importando sim a indesculpável falta que faria e fez para a equipe, muito mais ainda sendo um técnico calejado, experiente e muito bem pago, deixando a equipe nas mãos de assistentes que em tudo e por tudo defendem e praticam um basquete “chega e chuta” em suas equipes no NBB, antítese do que pretendeu desenvolver na equipe, e que, numa contradição indesculpável, esquecem no banco o único jogador pontuador (inclusive nos 3 pontos) no quarto final, o Benite, cestinha da partida, perdida, mas que poderia ter alcançado um resultado um pouco melhor, ou talvez não, ante um adversário, que mesmo sendo considerado de classe C, deu uma senhora aula de competência nos fundamentos do grande jogo, dando seguimento e carradas razões ao seu histórico de formadores de jogadores, dos mais jovens a elite, quando ensiná-los, praticá-los e aplicá-los se tornam ferramentas de trabalho, onde enterradas cinematográficas e arremessos estratosféricos fazem parte natural do jogo, e não a essência do jogo como nos acostumamos a definí-lo…

Comando e comandados, irmanados e sempre presentes nos maus e bons momentos, jamais poderão prescindir da ausência de um deles. Imperdoável momento que vivemos, e que sirva de lição, mais uma das muitas que teremos a obrigação de abraçar daqui para diante, senão…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV.


2-3 OFENSIVO, UM SISTEMA A SER CONSIDERADO SERIAMENTE…

Peguei o jogo com quase 6 min corridos, o despertador me pregou uma peça, e a primeira informação captada foi do comentarista Marcelo dizendo que até aquele momento a equipe brasileira havia arremessado 0/6 bolas de três, estando atrás 5 pontos, e que havia necessidade de incrementar o jogo interno que manteve a equipe invicta até aquele momento, depoimento esse inusitado vindo de um convicto arremessador nos muitos anos de seleção por ele vivido, e que agora fora das quadras começa a perceber o jogo de outra maneira, o que é muito bom e promissor…

E foi o que permaneceu acontecendo no transcorrer da partida, com a volta da chutação de fora com 8/27, enquanto os checos arriscaram 8/20, com 12 ataques improdutivos contra 19, somente em bolinhas de 3, ou seja, conseguiram contestar os arremessos com mais consistência do que nós, otimizando física e tecnicamente 7 posses de bola, além de nos ferir lá dentro da cozinha com uma elevada 28/44 conclusões, contra 19/40, vencendo a partida mesmo perdendo 5 lances livres contra 2 dos nossos, e até errando 13 fundamentos contra 11, porém dominando os rebotes com 39 captados, contra 28…

No entanto, as diferenças entre erros e acertos nos arremessos, mesmo expondo a crueza dos números, não explica o outro e determinante fator, o técnico tático, senão vejamos – Nos jogos anteriores, nossa dupla armação funcionou no muito bem realizado rodízio entre o Huertas, o Luz e o Benite, com presenças pontuais do Alex e do Leandro, sem que o Yago participasse do mesmo por sua jovem inexperiência, o que radicalmente mudou pela presença de armadores muito altos e técnicos dos checos, não só na contestação dos longos arremessos, como no duro enfrentamento nas fases dribladoras e fintadoras dos mesmos, deixando-os sem muitas opções ao jogo interno com os alas pivôs, o que aparentemente obrigou o técnico tentar algo inusitado, arriscado, porém diferenciado, lançando o Yago, que frente a uma barreira monstruosa de armadores e pivôs descomunais, rápidos e combativos, de saída cometeu um 0/4 nas bolas de 3, no momento em que os checos alargavam o placar, e inclusive se utilizando da arma tática brasileira da marcação zonal, da qual não soubemos sair, sendo inoculada com o mesmo veneno utilizado contra os gregos. E nesse ponto acontecia a maior das diferenças técnicas e táticas dentro da quadra, pois ambas as equipes se utilizavam da dupla armação, e de três homens altos transitando dentro do perímetro interno, a começar pela qualificação biotipológica dos checos, muito mais altos que nossos armadores, e tão rápidos e lépidos quanto os mesmos, porém com uma diferença determinante, possuidores de uma base sólida nos fundamentos e na leitura de jogo, assim como seus altíssimos e velozes alas pivôs, transitando numa média acima dos 2,10m, superando em alguns palmos nossos homens mais altos…

Interessante mesmo foi a constatação de que ambas as equipes, ao contrário das demais nesse Mundial (ainda não tive a oportunidade de ver os americanos), utentes do sistema único e universalizado de jogo, propunham o especialíssimo sistema de dupla armação e uma trinca de alas armadores interiorizados no perímetro, a brasileira através uma recentíssima guinada de seu técnico, a checa através uma longa convivência com a mesma (em breve conto uma boa e instigante história sobre essa opção checa aqui no blog), fator determinante na longa experiência somada a qualificação desde muito jovens nos fundamentos do grande jogo (fui testemunha dessa qualificação quando em 1997 disputei com a equipe infanto juvenil do Barra da Tijuca o torneio da Amadora em Portugal, onde a pré seleção checa da categoria jogou conosco vencendo de 8 pontos, num jogo memorável para a gurizada tupiniquim…). No ano seguinte essa seleção, cuja geração antecedeu a esta que disputa o Mundial, foi vice campeã cadete europeia perdendo para a Itália dirigida pelo Piero Gamba. que por conta desse título dirigiu a seleção do mundo de jovens no Torneio Goodwill contra os americanos no palco das finais da NCAA em San Antonio, e em cuja equipe despontaram o Scola e o Dirk Novinsky, e sabe com que sistema o Gamba venceu os americanos? Isso mesmo, com a dupla armação e três alas pivôs rápidos, atléticos e flexíveis ( penso em veicular ambos os vídeos, o da Amadora e o do Goodwill, aqui no blog, e claro, de co mo o sistema foi parar nas mãos inteligentes do Gamba)…

E nesse ponto sobressai uma questão – Como e porque o sistema ofensivo 2-3 foi desenvolvido prioritariamente na República Checa, tornando-a hoje adversária temível na Europa e agora no Mundial, fugindo radicalmente do sistema único adotado pela maioria esmagadora das demais equipes? Ouso afiançar, que a adoção de tal sistema, (do qual fui o introdutor aqui no país 40 anos atrás), como desencadeador de uma visão mais ampla e criativa do grande jogo, foi adotado pelo inconteste fato de que iguala o ensino e a aprendizagem dos fundamentos individuais e coletivos por todas as faixas etárias, por todas as posições em quadra, onde baixos e altos, franzinos e corpulentos tem a oportunidade de se exercitar por igual, nivelando habilidades, lendo melhor as situações de jogo, cooperando coletivamente e acima de tudo, raciocinando em função do outro, e não em causa própria, que é o que vemos e constatamos no mundo do basquetebol moderno, visto hoje, e mais do que nunca, como um business a ser alcançado ao preço que for…

Perdemos um jogo decisivo exatamente por termos, corretamente concordo, executado um sistema de jogo promissor em toda sua extensão pedagógica visando um futuro de amplas oportunidades, frente a uma equipe que o adotou duas décadas atrás, e que hoje colhe os bons frutos de sua ousada e corajosa escolha. ìnsisto ser de enorme importância mantermos o mesmo frente aos americanos logo mais decidindo a classificação às quartas de finais, isto porque, desde o advento do Coach K que eles mesmos, donos absolutos do sistema único, subverteram a ordem estabelecida e se bandearam para o atleticismo e velocidade de seus alas pivôs, abandonando as massas estratosféricas de seus pivosões, assim como, adotaram a artilharia de três a partir das universidades, mas que hoje, frente a retomada defensiva, contestando cada vez mais aquela tendência, retornam ao jogo interior, porém todos afeitos e acostumados às regras da NBA, encontrando sérias dificuldades sob às da FIBA, principalmente na defesa interior do garrafão, aspecto que podemos explorar com algum sucesso pelos bons pivôs e alas pivôs que temos, e pena, muita pena mesmo que outros mais bem dotados para essa briga não tenham sido convocados, ainda mais quando um Augusto sequer entra em quadra…

Temos que atuar com nossos melhores armadores no maior tempo de quadra possível, revezando-os ao mínimo, pois com a possibilidade de classificação, cansaço nenhum será justificativa em se tratando de profissionais tarimbados e experientes, o mesmo para os alas pivôs, todos juntos para o “bola ou búrica” de suas vidas…

No caso de uma vitória da Grécia sobre a República Checa, mais ainda terá de ser o esforço para o enfrentamento com os americanos, quando a vitória simples nos classificará. Vencendo os checos, difícil mas não impossível chegarmos lá. Torçamos então e quem sabe…

Amém. 

Fotos – Reproduções da TV.

A CORAJOSA OPÇÃO SISTÊMICA DO PETROVIC, MANTERÁ?…

No primeiro jogo da fase classificatória contra a Nova Zelândia arremessamos 17/44 bolas de 2 e 14/38 de 3, contra 18/37 e 12/26, numa competição artilheira de dar arrepios, haja vista o placar final de 102 x 98, ao final da partida

No segundo, contra a Grécia foram 25/52 de 2 e 5/12 de 3, contra 18/37 e 12/26 helênicos. Vencemos por 79 x 78 um jogo chave para a classificação…

No de hoje, o terceiro, contra Montenegro, arremessamos 26/46 de 2 e 7/18 de 3, contra 17/30 e 11/32, garantindo o primeiro lugar na chave por 84 x 73…

Assistindo os jogos e analisando os números, algo de absolutamente inédito em seleções brasileiras salta aos olhos, e tão somente quanto aos arremessos de quadra, números que estão aí acima, realmente inovadores, senão vejamos – Ao contrário da histeria dos 3 do primeiro jogo, o tal que por pouco nos livramos de um resultado nada alentador, quando arremessamos 38 bolinhas, fruto de um vício de formação arraigado de longa data em nossos jogadores, do segundo em diante não ultrapassamos as 20 tentativas (foram 12 e 18), quando priorizamos o fortíssimo jogo interior que possuímos, mudando radicalmente a forma de jogar, concluindo de fora quando realmente as condições de equilíbrio, desmarcação e velocidade, propiciou pontos importantes, otimizando o esforço físico a cada ataque com conclusões mais seguras e com alto grau de precisão, principalmente dentro do garrafão …

 Enfatizo esta providencial mudança, pelo inconteste fato do Petrovic parecer ter conseguido convencer a equipe de ser esta a melhor maneira de vencer jogos sérios e decisivos, de 2 em 2 e 1 em 1, com muita paciência, firmeza e alta percepção de leitura de jogo, principalmente jogando em espaços menores e bem defendidos, visando o desmonte defensivo, fator estratégico que ganha dimensões gigantescas daqui para o final da competição, e por um inusitado e não calculado comportamento de uma seleção que vem forçando essa forma de jogar do “chega e chuta”, de três décadas para cá, com inclusive a falsa afirmativa de que fomos nós a inaugurar a falácia tendenciosa de que  “mudamos o jogo”, mas que não nos fez vencer competições realmente importantes desde então…

Se essa mudança se concretizar com seriedade, compromisso e envolvimento por parte da equipe em seu todo, sem dúvida alguma seus mais ferrenhos adversários se preocuparão seriamente, pois terão de medir forças seguida, e não esporadicamente pelos 40 min da cada partida dentro de sua área defensiva, com desgastes em faltas e enfrentando arremessos mais precisos pela proximidade da cesta, através alas pivôs rápidos, ágeis e atléticos, alimentados por armadores agindo como tal, e não pontuadores de longa distância, assim como, com formações dinâmicas em constante movimentação, dinamizando sistemas defensivos combativos, antecipativos e inteligentes nas leituras conjunturais do jogo…

Os primeiros passos foram dados com a adoção permanente da dupla armação, e a escalação de uma trinca de alas pivôs de grande mobilidade ofensiva e defensiva, sem os exagerados arroubos das bolinhas salvadoras e midiáticas. E nesse ponto fica bem clara a falha convocatória, onde alguns nomões ocupam vagas de jogadores mais bem equipados tecnicamente que aqui ficaram, para exercer essas novas perspectivas com muito mais talento do que alguns que lá estão, inclusive visivelmente imaturos para uma competição desse calibre, pois renovação é algo muito sério, e que deve ficar ao largo de influências midiáticas e ufanistas…

Na continuidade somente um problema preocupa de verdade, a diminuição na rotatividade da equipe, onde fica bem patente o grande fosso que divide experiência e imaturidade, tornando um pouco mais difícil a transição do como jogávamos, para o que ensaiamos mudar, num salto desafiador que custamos tanto tempo para enfrentar…

Muito bem Paulo, o que fica faltando então? Alguns pontos importantes, como defender os monstruosos pivosões pela frente, radicalmente pela frente, cortando os passes diretos aos mesmos, obrigando a lateralização, com substancial perda de preciosos segundos de ataque. Mais trocas e cruzamentos (até aleatórios) dos alas pivôs dentro do perímetro interno, deslocando permanentemente os altos defensores, que é o fator mais importante na construção de espaços naquela zona chave para as defesas. Hierarquizar os posicionamentos nos rebotes defensivos, onde uns bloqueiam os atacantes e outros capturam a bola, e nos de ataque, tendo sempre um mínimo de dois na disputa aérea, sempre. Como vemos, pouco falta para realmente mudarmos, para bem melhor, nossa forma de jogar o grande jogo, como deve ser jogado na busca da maior precisão possível, antítese da chutação anárquica e desenfreada, onde o fator contraditório é exatamente a imprecisão…

Torço pela afirmação das mudanças, que se aceitas por todos (inclusive os assistentes técnicos que lá estão, adeptos ferrenhos da farra dos 3…) constituirá o grande passo que teimamos a décadas, em não dar, e talvez calarei meus rogos pela adoção, ou adaptação do mesmo, defendido, estudado e aplicado por mim em todas as equipes que orientei, da base a elite por mais de 50 anos, porém afastado pelo corporativismo defensor da mesmice endêmica que aí está, mas jamais calado nos técnicos e indignados artigos publicados nesse humilde blog, atuando ininterruptamente a 15 anos, o Basquete Brasil…

Quem sabe um croata consiga romper essa muralha, espero que sim…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV.

DE 2 EM 2 E DE 1 EM 1, PORQUE NÃO?…

Fico na torcida para que o bom senso prevaleça, numa atitude enérgica defensiva, e numa ofensiva paciente, interior, com seletividade mais aprimorada nos chutes de fora, e acima de tudo, na luta sem tréguas pelos rebotes lá e aqui, indistintamente, e que de 2 em 2 e 1 em 1, torne o jogo mais inteligente e produtivo”…

Foi esse o último parágrafo do artigo publicado ontem neste humilde blog, e pelo que pude testemunhar ao vivo, a cores, e ululante transmissão (bons comentários do Marcelo e do Rodrigo, justiça seja feita), o bom senso imperou pelo lado tupiniquim, liderado por um técnico que, enfim, fez valer sua experiência e poder de persuasão quanto a inestancada hemorragia que nos esvai a décadas, de uma cultura autofágica retratada em toda sua extensão nos inenarráveis e muitas vezes irresponsáveis festins de 3 pontos, midiáticos, deificados e registrados como nossa marca pessoal de jogar o grande jogo, num anti coletivismo visando transformá-lo numa modalidade individual, como bem representam alguns de nossos líderes de antanho, glorificados e bajulados com a representação de uma forma personalista de atuar, que gerou levas e levas de “especialistas” que nos fizeram despencar ladeira abaixo no cenário internacional…

O jogo foi ganho de 2 em 2 e 1 em 1 pontos, trabalhados pacientemente, por uma dupla, às vezes tripla armação gerindo e servindo alas e pivôs com maestria, ferindo o adversário lá dentro de sua pretensamente inexpugnável cozinha, desmontando sua supremacia nos rebotes, onde um certeiro Varejão liderou sua equipe num jogo interno poderoso e acima de tudo, lúcido, pois jamais os gregos poderiam imaginar uma seleção adepta fervorosa das bolinhas, enfrentá-los onde se consideram fortes, lá, bem lá dentro. Some-se a isso o fato de ser este campeonato jogado pelas regras da FIBA, fator talvez esquecido pela turma grega (e muito torcedor também…), quando atestou o fato de que o MVP da liga maior simplesmente não pode desfilar sua coleção de talentos ao se deter ante uma defesa que pode exercer tantas e quantas coberturas quiser, tornando o 1 x 1 bem mais complicado de enfrentar. E foi uma defesa briguenta e antecipativa a que não só ele, mas toda sua equipe teve de enfrentar, perdendo a partida…

A turma brasileira arremessou 5/12 de 3 (palmas uníssonas para ela), e 25/52 de 2 pontos, concluindo dentro do garrafão 46 pontos dos 79 alcançados, enquanto a turma grega lançou 9/26 e 15/34 respectivamente, totalizando 28 pontos no garrafão, sendo que nos Lances livres as duas equipes converteram 14/19 e 21/23, números que permitiram a seleção nacional vencer por 1 ponto (79 x 78), mas venceram uma partida chave para a classificação numa posição vantajosa quanto aos enfrentamentos futuros, e mais ainda se vencer Montenegro na quinta que vem. Tiveram 10 erros de fundamentos (foram 8 na primeira partida), contra 16 dos gregos, outro número bem favorável, e que ao ser diminuído aumentará em muito a eficiência da equipe…

No entanto, alguns fatores importantes foram bem difíceis de enfrentar, como na rotação da dupla armação, onde seria arriscado lançar o Yago de encontro aos mais do que experientes tanques gregos, assim como um Benite que sem dúvida alguma teria seus longos arremessos severamente contestados, fator um tanto amainado no caso do Marcos, com sua elevada posição de arremesso muito além de seus 2,07m de estatura, situação que seria enfrentada pelo Leandro e o Alex se optassem pelos longos arremessos, inteligentemente trocados pelas furiosas penetrações que realizaram enquanto estiveram em quadra…

Como a briga nos rebotes, em muitas fases do jogo, teria relevância capital, Varejão, Bruno e Felício se saíram muito bem, sendo que a equipe teria produzido melhor se  constasse em seu elenco de alguns jogadores não selecionados, assunto que também mencionei no artigo anterior, numa perda de qualidade a ser bem pensada para as futuras competições, pois uma seleção nacional representa a forma de jogar seus campeonatos, e não só servir de vitrine da liga maior, com sua forma diferenciada de jogar o grande jogo…

Aguardemos o prosseguimento da competição, onde as exigências técnico táticas crescerão exponencialmente a cada etapa a ser cumprida, tendo a seleção a grande responsabilidade, daqui para diante, de manter esse novo posicionamento tão diligentemente alcançado no dia de hoje, e que seja, definitivamente, um marco divisório entre o ontem, o hoje, e quiçá o futuro de jogar o grande, grandíssimo jogo, da forma lúcida e competente apresentada nesse 3/9/2019…

Torço para que continue atuando com dois armadores criativos, improvisadores, corajosos, e três alas pivôs rápidos, ágeis, flexíveis e acima de tudo, inteligentes, pois bem sei de longa, longuíssima data,  como é jogar dessa forma, acreditando que venha a ser aceita e compreendida daqui em diante, afinal de contas é um croata que aposta nela, ou não?…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV.

A MENSAGEM DA HAKA…

Quando a Haka ecoou no ginásio, de estalo pressenti que uma imparável tempestade de arremessos de fora estava prestes a marcar indelevelmente a partida, no momento em que a seleção brasileira aceitasse o repto maori, onde velocidade extremada, acompanhada de uma desenfreada chutação de fora, marca registrada das equipes “all black”, chamava a turma tupiniquim para um temeroso festim, que poderia nos ser desfavorável, e quase o foi, não fosse a providencial entrada no terceiro quarto de um jogador, o Alex, que, com sua experiência defensiva e liderança inconteste, arrumou e orientou a contestação fora do perímetro, assim como organizou um rebote defensivo disperso nos dois quartos iniciais, fatores que “premiaram” a seleção com 50 pontos da turma do Pacífico, número comprometedor para qualquer defesa que se preze, apesar de também auferir outros 50 com seu ataque mais interior do que as bolinhas de praxe, ou seja, até aquele momento havia aceito o repto…

No terceiro, corrigida  e estabelecida a contestação mais rígida das bolas de fora, assim como compactando o rebote defensivo, pode a seleção abrir um pouco no placar, já que a recíproca não era a mesma por parte dos valentes maoris. Mas nada que recomendasse bem a nossa produção frente a números preocupantes, tais como – 35/81 arremessos de 2 (17/44 e 18/37), 26/74 de 3 (14/38 e 12/36), e 48/59 de LL (26/30 e 22/29), num equilíbrio acentuado, somente quebrado de leve nas duas bolas de 3 a mais, para uma contagem final de 102 x 98, num jogo em que a NZ teve 18 erros nos fundamentos contra 8 nossos, um bom número que deverá ser melhorado se quisermos avançar na competição, assim como um substancial abrandamento na volúpia das bolinhas (chutar 38 numa competição deste nível raia ao grotesco), energizando muito mais o jogo interior, veloz e de movimentação constante, já que enfrentaremos defesas poderosas que marcam técnica e fisicamente, sem hakas desafiadoras…

No mais, ficou bem clara a inadequação num nível mais elevado, de um jovem armador, o Yago, assim como um errático Didi, bom, porém inexperiente jogador (bem clara a atitude de sua franquia da NBA, mandando-o para a Austrália para ganhar experiência e mais adequados fundamentos), assim como o Caboclo, jogador mais glorificado estética do que tecnicamente, fazendo valer a opinião do técnico que o treinou no Toronto junto ao Bêbe, de que não entendia jovens tão atléticos não serem ensinados, preparados e treinados nos fundamentos básicos do jogo, que para o primeiro, empunhar a bola com uma das mãos ao pivotear pode parecer domínio superior, não fosse mais do que um dispensável exibicionismo. Na armação internacional anos de cancha é fator transcendental, aspecto que deve ser prioritário numa convocação para um mundial, assim como a escolha de alas experientes, jovens também, onde a rotulação quase que obrigatória da liga maior, se constitua em passaporte , um selo de qualidade discutível, se visto e analisado de forma mais objetiva e isenta de fatores econômicos e políticos…

Sob tais aspectos, não se entende a não convocação e aproveitamento de jogadores como o Meidl, o Lucas Dias, o JP Batista, os armadores Derik e  Cauê Borges, fortes e com boa estatura, em idade próxima a ideal para a posição, e como muitos adoram, pontuadores também, além de bons e sólidos defensores…

Amanhã nos defrontaremos com a Grécia, muitos pontos acima da Nova Zelândia, principalmente no aspecto defensivo, quando poderemos avaliar com mais precisão os acertos ofensivos e defensivos tão propalados na seleção, quando gostaria muito de não presenciar um jogador tomar ( ou sendo mais condescendente, pedir emprestado…) a prancheta do técnico, para didaticamente expor uma ação tática, que claro, não foi sequer esboçada, num jogo, onde o tão decantado e deificado piquenrol não foi executado uma vez sequer, e não precisava ante a barragem de chutes de três deflagrada a não mais poder…

Fico na torcida para que o bom senso prevaleça, numa atitude enérgica defensiva, e numa ofensiva paciente, interior, com seletividade mais aprimorada nos chutes de fora, e acima de tudo, na luta sem tréguas pelos rebotes lá e aqui, indistintamente, e que de 2 em 2 e 1 em 1, torne o jogo mais inteligente e produtivo…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV.

O MUNDIAL…

O Prof. Israel Washington de Freitas, técnico e basqueteiro dos bons, divulgou em seu face em 29/8/2014, esse artigo em que abordo o Mundial daquele ano, e que aqui reproduzo deixando no ar uma inquietante questão – O que mudou de lá para cá no nosso basquetebol?  Substituindo alguns jogadores mencionados no artigo por outros mais jovens, além de um novo treinador, reitero a questão – O que mudou de verdade? Leiam e tirem suas conclusões.

Israel Washington de Freitas

29 de agosto de 2014 · 

Prof. Dr. Paulo Murilo 

Vai começa a briga, e das boas, já que se trata de um Mundial, de um Mundial, e não de um NBB administrativamente em positiva evolução, porém técnica e taticamente estratificado e profundamente equivocado…

Nossa seleção, falando franca e honestamente, é deficiente em muitos aspectos de técnica individual, e equivocada em concepção de equipe, apesar do ufanismo torcedor que posta, anonimamente em sua maioria, comentários na mídia especializada, corroborando, ou não, matérias publicadas por seus editores, muitas vezes raiando o limite de conhecimentos do grande jogo, aspecto este, que mesmo sendo professor e técnico a mais de cinco décadas, não ouso, sequer penso, ultrapassar…

Mas outra é a nossa realidade, ainda mais com a cornucópia ilimitada de informações, pareceres, estudos e análises soltas, até em nuvens, pela galáctica rede, à disposição de todos, cultos ou neófitos, esplanarem e divulgarem opiniões e relatos da mais alta complexidade técnica e tática, porém ao largo de uma realidade, a do âmago das quadras, da formação a elite, na travessia de anos e anos dedicados a arte de ensinar, educar e ajudar no desenvolvimento humano no contar das horas, dias, meses anos décadas necessárias para atingir objetivos, muitas vezes inatingíveis, pela precariedade de uma realidade longe, muito longe, de se dedicar social, política e humanamente pela educação de nossos jovens, e que é o fator primal de todo o processo, onde pitonismos e achismos se tornam anacrônicos em si mesmos…

Nossa seleção tem graves problemas, deficiências crônicas que em tempo algum foram corrigidas, fora ou dentro de seleções, seguindo um princípio quase dogmático, de que jogadores adultos nada mais devem acrescentar ao que conhecem de técnicas individuais e coletivas, a não ser levá-las ao grau de excelência dentro da realidade tática que lhes é exigida, que sendo padronizada os formatam, ou mesmo modelam, adequando-os às filosofias dos estrategistas que os dirigirão…

Por tudo isso, poucos são aqueles que dominam o epicentro de seus corpos, defendendo em equilíbrio estável e instável; atacando em desequilíbrio controlável, única forma de aliar velocidade e alternância direcional; correr e parar com controle similar; saltar sem se projetar lateralmente; girar espacialmente após rebotes; pivotear e mudar de direção alternando velocidades; bloquear antecipadamente e não no momento da ação; coordenar saltos e deslocamentos com as visões verticais e periféricas, fundamentais para o domínio temporal e espacial; arremessar sob controle preciso do eixo diametral da bola, base crítica para seu correto direcionamento, e que independe do posicionamento estético ou não de seu corpo; domínio ambidestro da bola no drible e suas vertentes direcionais e rítmicas, fatores inerentes às fintas e mudanças de direção, quanto ao conhecimento e pleno domínio dos fundamentos do jogo…

Portanto, sem esses conhecimentos, sistema tático nenhum, por mais simples e primário que seja, obterá sucesso, já que as exigências necessárias para sua execução não serão atendidas pela fragilidade no domínio e controle dos fundamentos, tornando-o estéril e equivocado…

Nosso pretenso poder defensivo, frente a equipes de maior peso, correrá o risco de rompimentos decisivos, pois o Marcos, Marcelo, Huertas, Raul, Leandro e Guilherme, são inconstantes e frágeis no trabalho de pés e controle posicional defensivo, acarretando uma grande carga de cobertura interna dos grandes pivôs, que correm o sério risco de se pendurarem de faltas por isso, gerando também um acúmulo externo por parte do Alex e do Larry, notoriamente melhores defensores do que aqueles…

Ofensivamente, frente a um cenário compensatório, ou não, relacionado às nossas opções defensivas, um outro fator se revela preocupante, a localização posicional dos homens dentro do perímetro interno, nitidamente atuando de costas para a cesta, em posições altas e baixas, e vindo sistematicamente fora do perímetro para bloqueios, sem trocarem de posições entre si, e muito menos tendo um outro alto ala participando dessas trocas internas, quando muito em pontuais deslocamentos paralelos a linha final, ou mesmo bem fora do mesmo, que é o que parece virá a ser tentado pelo Rafael para os longos arremessos, quando ele seria primordial no diálogo direto com os dois pivôs, todos próximos a cesta, para de 2 em 2 pontuarem com mais segurança e precisão, e inclusive e fundamental, estarem no foco dos rebotes, e em vantagem numérica, fator que desencadearia muito trabalho e preocupação com as faltas para nossos adversários, principalmente os europeus…

Também ofensivamente, a falta de um diálogo eficaz e tático entre armadores e pivôs em movimento (se assim se mantivessem todo o tempo de jogo…) torna nosso ataque, na maioria das ações, altamente previsível e marcado com relativa facilidade, onde as dobras se tornam decorrentes pela obviedade de atitudes destituídas de criação coletiva, voltadas que são, teimosamente, de caráter individualista, principalmente através o Leandro, Larry e Raul, sem contar com o mais do que provável aperto por que passarão na vinda da defesa ao ataque em armação única, prato apetitoso para as fortes defesas europeias e americana com que nos defrontaremos…

Logo, podemos concluir com duas ponderações, a de que neste complexo jogo, pitonismos perdem sua fantasiosa relevância, pelo simples fato de não conterem qualquer embasamento técnico e tático, frente a nossa proverbial fragilidade na formação de base, e ante escolas que privilegiam desde sempre esse fator, propositalmente escamoteado, já que formatado, padronizado e implantado por uma geração de estrategistas de produtos prontos, estejam deficientes ou não na fundamentação do jogo, onde o tempo a ser “perdido” em correções não compensa nem enriquece currículos forjados pelo corporativismo que os unem em grande maioria…

Outra, a de que a insidiosa e escorregadia indústria do achismo técnico e tático, fruto de uma patética ignorância do que venha a ser o profundo e verdadeiro conhecimento do grande jogo, sequer se interesse pelo longo e sofrido caminho das pedras do estudar, pesquisar, ensinar e desenvolver, com seu acidentado e inóspito cenário de certezas e incertezas, avanços e retrocessos, pequenas vitórias e grandes derrotas, apêgo e desapêgo a idéias e sonhos, mas decisivo em seu percurso para o progresso e sedimentação de um processo de vida, onde o mérito é a chave para um corajoso e alentador trajeto.

Enfim, teremos nossa auto convidada seleção em mais um Mundial, fruto de uma realidade da qual não podemos fugir e omitir suas carências, e bem representar o que atualmente somos, mas que infelizmente não representa o que deveríamos ser, de verdade…

Amém.

Foto – Divulgação CBB.

RESPONDENDO AO PEDRO…

Me reporto hoje aos comentários feitos pelo Prof. Pedro Rodrigues de Souza e minha consequente resposta no artigo OPORTUNAS QUESTÕES de 12/8/19 sobre o basquetebol feminino brasileiro, que valeria uma boa e oportuna reflexão a respeito.

  • PEDRO RODRIGUES DE SOUZA
  • 14.08.2019 (2 semanas atrás))
  • Paulo Murilo, Passados as alegrias e as comemorações da fantástica vitória do PAN com certeza a equipe seguirá a sua preparação para novos embates.
    Deverá existir um planejamento já esboçado a espera do início do trabalho.
    Tomo a liberdade de anexar ao comentário um roteiro útil a ser seguido.
    Abaixo um arrazoado de caminhos a seguir.
    O nosso saudoso e amigo Camilo Calazans dizia faz tempo: ” no Brasil existem bons planejadores, o problema não é só planejar, é preciso de bons fazedores”.
    Para se fazer alguma coisa, jamais esquecer das inovações.
    DE ONDE VEM AS GRANDES IDÉIAS
    INOVAÇÃO
    Ser criativo é pensar sobre o seu modo de pensar.
    Ser inovador é agir com base em suas idéias.
    São necessários SETE níveis que exigem ação:
    Nível 01: EFICÁCIA fazer as coisas certas

    Nível 02: EFICIÊNCIA fazer as coisas de maneira certa.

    Nível 03: MELHORAR:fazer melhor as coisas certas.

    Nível 04: ENXUGAR: livrar-se das coisas supérfluas.

    Nível 05: COPIAR:.fazer as coisas boas que outras pessoas estão fazendo.

    Nível 06: SER DIFERENTE: fazer coisas que mais ninguém está fazendo.

    Nível 07: BUSCAR O IMPOSSÍVEL: fazer coisas que não podem ser feitas.
    Frequentemente a formulação de um problema é mais essencial do que a sua solução.
    Pedro Rodrigues de Souza
  •  
  • Basquete Brasil
  • 20.08.2019 (5 dias atrás))
  • Prezado Pedro, começo pelo Camilo Calazans, tio do excelente professor e técnico de basquetebol Heleno Lima, que o inspirou, sendo o presidente do BB na época, a promover o primeiro patrocínio de um banco oficial nacional a uma modalidade desportiva, no caso do basquetebol, com sucesso imediato em nossas seleções, patrocínio esse que um pouco mais adiante foi nos bastidores, politicamente surrupiado pela turma do vôlei, junto ao regime militar vigente, e sem o qual jamais atingiria os resultados internacionais que conquistaram, já que de posse e domínio da maior verba pública existente, e inclusive, responsável por um centro exclusivo de treinamento, mantido até hoje. No caso, o “fazemento” foi magistral, por parte da turma liderada pelo Nuzman, o grande planejador e executor das maiores verbas públicas voltadas ao desporto, com os resultados que ainda aguardam sindicâncias sobre suas corretas e honestas aplicações no Pan, no Mundial e na Olimpíada. Dia virá em que tudo será clarificado e julgado, tenho a mais absoluta certeza…
    Quanto ao planejamento no basquetebol feminino, tenho lá sérias dúvidas sobre a Eficiência, Eficácia, Melhoria, Enxugamento, Busca pelo Impossível, sequer o Copiar que fazem tão mal da matriz. Restaria o Ser Diferente, mas como Pedro, se professam em massa a coerência da mesmice endêmica em que vivem, trabalham e afirmam fazer acontecer o grande jogo entre nós, como Pedro, como?
    Inovar, antes de tudo é agir, estudar, pesquisar e difundir aspectos diferenciados de uma ação social, política, vivencial, desportiva, constituindo todo um processo democrático, onde a existência do contraditório tem obrigatoriamente de ser preservado, estudado, incentivado, e posto a prova, gerando resultados e discussões comparativas e fundamentadas no bom senso, objetivando o bem comum. Por tudo isso é que não acredito na existência de um planejamento minimamente plausível dentro do cenário corporativista de uma única via existente, infeliz e lamentavelmente…
    Um abraço, Pedro. Paulo Murilo.

Fotos – Reproduções da TV.

UM ALENTADOR (E INTELIGENTE) CAMINHO…

Em um dos comentários feitos durante o jogo da seleção contra a França, o ex jogador Marcelo mencionou o fato do Benite está se reencontrando com a armação, atuando na posição 2, complementando seu poder pontuador de fora, além da habilidade com a bola, como sempre se caracterizou antes de ser considerado um ala, posição que nunca ocupou de fato, como sempre me manifestei desde sua presença no NBB e no exterior, quando tal indefinição postural o prejudicou bastante em sua carreira profissional, deixando-o a meio caminho de uma definição entre ser um armador competente e criativo, ou um ala vinculado a um arremesso poderoso de três.  Com a correta opção do Petrovic em atuar com dupla armação, convocando três especialistas de ofício, o Huertas, o Yago e o Rafael, viu na ligeira contusão deste último, a oportunidade de relançar o Benite em sua posição de origem, com bons resultados, dinamizando a armação brasileira através a grande oportunidade rotativa e de variadas composições propiciadas por duas duplas de armadores, em n combinações de possibilidades rítmicas infinitas, num campeonato de tiro curto como esse Mundial. Também definiu, como vimos neste torneio de jogos amistosos, um sistema de jogo alguns degraus acima do inefável sistema único, optando pelo intenso jogo interior com alas e pivôs de grande mobilidade como o Varejão, o Augusto e o Felicio, (quando somente o Hettsheimeir destoava pela teimosa, midiática e incensada fuga do garrafão para seus tiros de três) em conjunção a alas tão ou mais velozes nas penetrações e nas conclusões curtas (aquelas que vencem jogos de 2 em 2 e 1 em 1), com o Alex, o Leandro, o Caboclo, o Didi e o Marcos, tornando a equipe mais fluida e brigadora nos rebotes ofensivos, tão ou mais intensos como nos defensivos, chave maior para os contra ataques, além de dotar o grupo de uma atitude defensiva mais dinâmica e presente nos dois perímetros, mesmo sem as técnicas básicas da mesma pouco ou nada valorizadas em suas formações de base…

Acredito que o corte do Hettsheimeir tenha sido pelas causas acima mencionadas, com a prioridade voltada ao jogo envolvente, veloz, e contundente através ações interiores, onde os altos jogadores visem sistematicamente a posse dos rebotes, postergando a chutação de fora àquelas oportunidades de passes de dentro para fora do perímetro, na direção dos verdadeiros especialistas, como mandam as corretas ações de uma equipe bem liderada por armadores com boa leitura de jogo, e alas e pivôs atuando na cozinha adversária, obrigando defensores a se deslocarem permanentemente, originando os espaços necessários a passes mais precisos, forçando-os a cometer mais faltas do que as usuais. Além do mais, uma equipe mais dinâmica melhora em muito seu sistema defensivo, onde a velocidade de anteposição e antecipação aos passes adversários se tornam mais viáveis e resolutos, exigindo discernimento nas interceptações, ocasionadas quando todos defendem a linha da bola sobre um sistema universal de jogo largamente conhecido por todos (afinal o praticam desde a formação de base), no que sempre considerei como o “sistema único” adotado por quase todos os países a imagem e semelhança da NBA…

Espero estar prestes a assistir uma mudança radical em nossa forma de atuar, de jogar o grande jogo, onde uma competente e criativa dupla armação abasteça em grande os três homens altos ” dentro”, no “âmago” das defesas adversárias, individuais ou mesmo zonais, pois o excesso de passes em torno e ao longo do perímetro externo somente atrasa e expõe os mesmos ao corte defensivo, assim como adiciona preciosos segundos aos muitos perdidos em jogadas pré estabelecidas, pranchetadas, repletas de retóricos bloqueios, demasiados dribles, fintas desnecessárias,  e atalhos emanados de fora para dentro da quadra por cabeças muitas vezes equivocadas de seus estrategistas, quando a realidade do jogo transcorre dentro da mesma, onde as verdades verdadeiras acontecem, jamais repetidas igualmente, e deverão ser equacionadas em frações de segundos através uma leitura posicional de jogo, onde a improvisação e a criatividade se impõe decisivamente, como fruto de um preciso e minucioso treinamento dentro da equipe, com duros embates em meia quadra, onde a defesa tenta anular o próprio e proprietário sistema de jogo da equipe, da forma que for preciso, inclusive faltosa, a fim de dotar a todos seus componentes do fator mais importante a ser alcançado, ou seja – um bom sistema de jogo não é aquele que dá certo a cada ofensiva, e sim aquele que desencadeia comportamentos técnicos e táticos nos adversários, que quanto mais previsíveis forem, maior será a eficiência do sistema adotado -…

Este fator é que sempre me levou a não conotar importância aos tão amados e cobrados jogos e torneios amistosos que precedem as grandes competições, e também as ansiadas pré temporadas, principalmente pelos analistas, jornalistas e comentaristas abalizados da modalidade, completamente neófitos sobre as etapas e fatores realmente importantes na montagem de uma equipe, de seleções, onde seus componentes compõe a elite da modalidade, logo municiados dos fundamentos mais exigidos pelo grande jogo, capacitando-os ao embate inter pares, cujo conhecimento dos sistemas e táticas os tornam ideais para o confronto onde o fator mais importante é a anulação dos mesmos, pois essa sempre será a mais temida prioridade dos adversários que enfrentarão…

Sempre em minha vida profissional de técnico de basquetebol, foi dessa maneira que preparei as equipes que ensinei, treinei e dirigi, da base ao adulto, a elite, estimulando a prática sistemática dos fundamentos individuais e coletivos (ferramentas que exequibilizarão os sistemas propostos), os embates permanentes meia quadra entre atacantes e defensores, a permanente leitura de jogo, e acima de tudo, a seletividade consciente e responsável nos arremessos curtos, médios e distantes, dentro e fora dos perímetros, onde técnicas avançadas de pesquisa individualizada, direcionamento e precisão, em muito ultrapassa a corriqueira e usual idéia de que os mesmos atingem sua eficiência máxima através “milhares” de repetições, contestada por mim desde sempre, como comprovada cientificamente em minha tese de doutorado – Estudo sobre um efetivo controle de direção do arremesso com uma das mãos no basquetebol – defendida na FMH/UTL em Lisboa em 1992…

Se alguma dúvida ainda pairar na conceituação de como ensinar, treinar e dirigir uma equipe com dupla armação e três alas pivôs, interagindo coletiva e solidariamente, sugiro que revisem um jogo ímpar em sua importância técnico tática, aquele em que equipe do Saldanha da Gama, treinada e dirigida por mim, venceu a equipe do Brasília que se sagrou campeã naquele NBB2, estando na ocasião na última colocação daquela competição, e com somente 49 dias de preparo ( descrevi todos os 49 dias em artigos diários nesse humilde blog, sendo o primeiro publicado em      6/2/2010), e também o primeiro blog da internet brasileira a veicular jogos integrais, hoje corriqueiros na grande rede…

Nove anos depois este vídeo mantém algo que nenhuma equipe da LNB, e mesmo das seleções nacionais conseguiu emular, sequer copiar, a não ser fatores pontuais, como a dupla armação e pivôs mais ágeis e velozes, nunca porém a maneira de jogar que somente de quatro anos para cá algumas franquias da NBA começaram a inovar. Quem sabe agora o Petrovic consiga romper essa mesmice endêmica técnico tática, e da autofágica enxurrada de arremessos de três,  que nos fez perder muitos anos e gerações de bons e talentosos jogadores, órfãos e reféns do terrível corporativismo que nos tem esmagado e humilhado no cenário internacional de peso, e não aquele de competições menores onde os realmente grandes não põe seus pés, e suas mãos também…

Assistam o JOGO e tirem suas conclusões.

Amém.

Foto – Divulgação CBB.

Vídeo – Arquivo pessoal.

OPORTUNAS QUESTÕES…

Fim de jogo em Lima, Brasil campeão feminino, e ato contínuo toca o telefone já passando da meia noite, com o Pedro lá de Brasília dizendo – ” Paulo, você tanto insistiu que acabaram de vencer com duas armadoras permanentemente em quadra, o que acha?” – Duas não Pedro, três!!! Com o jogo interno comprometido com as faltas da Clarisse, a pouca experiência da Stephanie (a única jogadora da mesma idade das americanas, que inclusive atua no basquete universitário de lá), e a clara lentidão da Erika , compondo uma seleção mais do que veterana, enfrentando colegiais universitárias com idade máxima de 23 anos, ficou a seleção capenga e nada competitiva no jogo interior e nos rebotes nas duas tabelas, optando o treinador pelo jogo veloz e de profundas penetrações das armadoras, e eventuais arremessos de fora, nem sempre eficientes, atitude esta que coincidentemente beneficiou a defesa pressionada através as três rápidas jogadoras atuando juntas, tendo ainda a Lays na rotação…

Ora Pedro, não é de hoje que defendo a dupla armação, inclusive a utilizei em todas as equipes que dirigi em 50 anos de quadra, desenvolvendo- a a níveis bastante elevados, quando a associei a três alas pivôs transitando aleatoriamente pelo perímetro interno, como um carrocel aparentemente errático, porém lúcido e coerente em sua movimentação permanente e pluridirecional, longa e profundamente treinada, analisada e discutida nos mínimos detalhes, gerando e aflorando a criatividade e a improvisação responsável. Foi mais ou menos o que realizou a seleção ao vencer a bem fundamentada, porém inexperiente seleção universitária americana, só que por uma necessidade pontual motivada pela situação fragilizada das pivôs, nunca como um sistema previamente elaborado e treinado (haja vista as incontáveis e longas intervenções na prancheta para algo inusitado, e não treinado a priori), numa improvisação inteligente, que claro, mais do que claro, jamais se reportará a absolutamente nada que porventura se origine a uma longa experiência minha, divulgada a exaustão neste humilde blog, certamente lido e digerido pela comunidade corporativada, por mais que neguem, e sim pelo “poder inventivo, criativo e midiaticamente revolucionário” do treinador em função…

Sem dúvida alguma as armadoras Tainá, Patty, Débora e Lays, que mesmo sem os fundamentos das jovens americanas, se impuseram pela experiência conquistadas em longos anos de quadra, ajudando decisivamente a seleção em seu todo a vencer a competição, fazendo merecedoras do título tão desejado e importante no momento crítico por que passa o basquete feminino no país. No entanto, faz-se de suma importância levarmos em conta o depoimento da Paula, quando com a máxima clareza e lucidez situa o basquetebol feminino num patamar que merece ser estudado com seu importante e básico depoimento

O qual apoio totalmente, acrescentando o fator, não mencionado pela grande jogadora, mas que para mim é o de maior importância, não só para a modalidade feminina, como a masculina também, pois envolve a formação de base de ambas, necessitada de um profundo projeto (não um processo…) de âmbito nacional, regionalizando prioridades, formando, coordenando e avaliando professores e treinadores, cuja maior finalidade é a de ensinar o grande jogo, aprimorar os talentos, e não só visar e ganhar títulos, engordar currículos, “peneirando” o trabalho alheio, galgando os níveis profissionais pela formação de melhores jogadores e cidadãos, e não pelas taças, títulos e medalhas conquistadas, não que não sejam importantes, porém não prioritárias…

Temos de dar atenção e premiar o mérito do trabalho bem feito, pois algo de muito grave, e que nunca foi devidamente exposto a uma análise profunda e esclarecedora, é o fato inconteste de que nunca em nosso país, técnicos de seleções adultas tenham se dedicado ao desenvolvimento da formação de base, utilizando seu prestígio de selecionador nacional, apoiando e até dirigindo projetos voltadas a mesma, profundamente focados que sempre estiveram na manutenção do status sócio, político e econômico, que alcançaram, fossem quais fossem os meios para conseguí-los, logo vulneráveis ao ímpeto de concorrentes ao seu lugar. considerado de direito. Se não superarmos esse óbice constrangedor, porém existente, nada acontecerá de novo, a não ser que um ” novo processo” seja estabelecido a sombra de títulos conquistados, onde posar entre troféus não seja o objetivo a ser alcançado…

Enfim amigo Pedro, que me considera um ser coerente (vide seu comentário no artigo anterior), Mesmo parabenizando a equipe pelo sucesso pan americano, ouso colocar para você a seguinte questão – Face ao exposto ao ocorrido, a vitória, como se comportará a seleção perante adversárias tão ou mais experientes do que ela no cenário internacional, sem que sejam preparadas forte e decisivamente nos fundamentos do jogo, fator primordial para a consecução de um simples sistema de jogo ofensivo e principalmente defensivo, como?…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV.