ALTO NÍVEL…

 

(…) A terceira edição da Liga de Desenvolvimento de Basquete começou no dia 24/06, com as partidas do subgrupo A1, que já deram uma excelente demonstração de que a competição está com um altíssimo nível. Agora, é a vez das dez equipes do subgrupo A2 medirem forças entre si e mostrarem que é a melhor (…) Trecho do artigo publicado no site da LNB no dia de hoje.

 

Bom, é a opinião da Liga, mas será que corresponde a verdade dos fatos, ou dos números, já que jogo nenhum foi mostrado a publico, mesmo que pela internet, unzinho que fosse, para que o restante daqueles que realmente se interessam pela melhoria e o progresso do grande jogo pudesse atestar o “altíssimo nível” anunciado, e não ficarem frente a números que se situam na direção inversa do mesmo?DSC_0360-640x426

 

Então, recordemos os números finais do grupo A1 na competição:

 

– Arremessos de 2 pontos – 1617/3729 (43,3%)

 

– Arremessos de 3 pontos –    471/1703 (27,6%)

 

– Lances Livres                 –   1167/1721(67,8%)

 

– Erros de fundamentos     –   1296 (28,8 pj)

 

 

 

Aguardemos os jogos do grupo A2 para atestarmos, ai sim, a efetiva demonstração que se constitui numa competição exemplar, como anunciada pela LNB, o que real e honestamente não acredito, mesmo, pois percentuais de arremessos muito abaixo das médias razoáveis para a faixa etária em competição, e o absurdo número de erros de fundamentos, 28,8 em média por jogo, nos deixam apreensivos quanto à qualidade técnica de uma geração, que assim como as que a precederam, foram direcionadas prioritariamente aos sistemas coreografados, do que ao exercício básico do jogo, seus fundamentos.

 

Mas dia virá em que essa lastimável tendência deverá ser revertida.

 

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

 

 

FALANDO DE TÉCNICOS…

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José –  Enviado hoje

Sei lá Professor, não seria o caso de se procurar o melhor treinador na categoria sub19 para dirigir essa seleção? Já que os jogadores são dessa categoria, acho que não precisaria de um treinador do adulto e sem experiência com jovens.

            O leitor José postou esse comentário no último artigo, e que abre um bom leque de discussões, claro, se nos predispuséssemos a enveredar num cipoal de equívocos de tal ordem,  que dificilmente sairíamos com alguma conclusão, por mais simplória que fosse.

Porque não sairíamos com alguma conclusão, Paulo?

Porque tentar explicar corporativismo, ações entre amigos, trocas de interesses e favores, padronização e formatação de sistemas de jogo e de formação de técnicos (?) dentro de uma triste e repetitiva realidade, profundamente sedimentada no nosso basquetebol, parece, não, temos a mais absoluta certeza ser uma tarefa fadada ao sempre possível fracasso, frente a mesmice endêmica que se enraizou na modalidade, onde quaisquer resquícios de mudanças se perdem e anulam ante a vontade explicita de que seja mantido o que ai está, aspecto garantidor de um mercado de trabalho beneficiário de seus membros.

Mesmo assim, lutar contra tal realidade torna-se absolutamente necessário, apesar de inglório, pois mesmo que marginal, posicionamentos antagônicos à mesma poderão reverter em longo prazo um cenário que tem levado o grande jogo ao estado de penúria técnica e tática que vem se estabelecendo de muito, e que merece uma oportunidade de se reerguer através posicionamentos diametralmente  opostos ao que foi coercitivamente implantado.

Então Paulo, dentre tantas deficiências, quais aquelas que justificam esse estado pré-falimentar?

Jornalistas de diversas origens, quase que unanimemente conotam as péssimas administrações junto à CBB como o fator preponderante na situação que se estabeleceu no âmbito do basquetebol, num posicionamento que discordo com veemência, pois o problema que nos atinge, antes de ser administrativo, é basicamente técnico, pois desde sempre tivemos bons e maus dirigentes, boas e más administrações, mas tínhamos bons professores e melhores técnicos, que ao sabor das políticas vigentes à época, sabiam manter a formação e a direção eficiente de equipes num alto nível, produto de um tempo em que a ajuda fraterna, o estudo compartilhado e a divulgação democrática dos saberes faziam o grande jogo se manter na dianteira do desporto nacional, chegando bravamente a ser considerada a segunda modalidade mais querida e apoiada pelo povo brasileiro, e sem um quinto das verbas hoje existentes, porém esbanjadas irresponsavelmente.

Uma criminosa e pretensiosa fusão política, que transformou o segundo estado mais rico e influente da nação, o estado da Guanabara, num município pobre e problemático, catapultou para baixo o tradicional e histórico confronto com os demais estados, principalmente com São Paulo, deixando-o quase que solitariamente na liderança do grande jogo, propiciando o unilateralismo técnico tático que sob alguns aspectos se mantêm até os dias de hoje.

E de repente, uma saudável rivalidade dentro das quadras, com suas multiplicidades em sistemas de treinamento, preparação, formação e táticas de jogo se viu sob o manto de um dominante centrismo que desencadeou a implementação de um sistema único copiado, e mal, do basquete profissional americano, que mergulhou o grande jogo na mesmice endêmica, robustecida por uma das mais devastadoras síndromes técnicas, a ditadura do jogo externo, através a inesgotável e torrencial hemorragia dos arremessos de três, que nos corroei e diminui ante o basquete internacional.

Logo, com a dissociação dos nossos técnicos, onde uns poucos se constituíram em um circulo fechado, dominando o centro decisório e de comando da estrutura técnica do jogo nos últimos vinte e poucos anos, e mais recentemente liderando as metodologias no preparo dos futuros técnicos junto a ENTB, mergulhou a modalidade em uma espiral descendente, inclusive no nível sul e centro americano, perdendo sua hegemonia para argentinos e mais recentemente ameaçada por países, antes normalmente derrotados por nós.

Atualmente, apesar do relativo e ainda indeciso sucesso da LNB, ante o fracasso técnico administrativo de uma CBB eivada de incompetência, o basquetebol se mantêm manietado e enclausurado numa forma unilateral de ver e fazer o jogo fluir, como se existisse somente o que implantaram, mantêm e divulgam aos novos técnicos, um sistema único de jogo que desde sempre combati e continuo combatendo em nome da diversidade e da criatividade perdidas ao longo do tempo, em nome de uma liderança centrada nos “estrategistas” que teimam em poluir e entravar o futuro do grande jogo entre nós.

Clamo e sempre clamarei ser a atual liderança entre os técnicos ditos da elite, como a responsável pela falência do grande jogo no país, e os resultados internacionais nas divisões de base ai estão para comprovar tão grave situação (vide o excelente artigo do Fabio Balassiano em seu blog, onde relata os resultados de nossas seleções de base nas competições internacionais), confirmando o acima exposto, pois dirigentes ruins e administrações piores  ainda sempre existiram em nosso viciado meio, mas que nunca foram e jamais irão às quadras preparar e treinar jogadores, bastando ver a composição de componentes comissionados em seleções nacionais que se igualam em numero ao de jogadores, e até mais, todos envolvidos numa forma de agir, e que mal ou bem tem tido a oportunidade de treinarem os jovens talentos do país, da forma mais canhestra e simplória possível, já que atrelados a formatações e padronizações egressas das lideranças da elite, a mesma que desde sempre faz parte do corpo docente e organizacional da ENTB nos cursos de formação (?) de técnicos em 4 dias, numa cruzada simplesmente absurda, continuísta e coercitiva, sem em momento algum liderar, como deveria se séria fosse, um movimento que congregasse os demais técnicos, muitos dos quais mestres na arte do treinamento, para participarem na elaboração de uma política que englobasse metodologias e didáticas de ensino e aprendizagem, espalhados que estão nesse imenso país, com suas regionalidades e especifico gentio, e que no final das contas resultaria no associativismo tão clamado pela comunidade basqueteira, mas que ao resultar na capilarização e pulverização das  informações técnicas nos mais distantes e carentes quadrantes do país, sem duvida alguma colocaria em cheque o centrismo e domínio de tal liderança, originando aquele fator que nos falta, que nos tiraria dessa tirania técnico tática, que nos alforriaria dos grilhões de um corporativismo cruel e profundamente egoísta, uma autêntica, forte e independente Associação Nacional de Técnicos, que congregaria suas congêneres estaduais, e seria a lídima representante classista, responsável direta pelas diretrizes sócio desportivas que direcionariam o soerguimento do grande jogo ao seu devido e imorredouro lugar no cenário nacional.

Para o mês, o Prof. José Curado, presidente da Associação das Associações de treinadores de Portugal, e também Secretário da Associação Internacional de Treinadores, virá ao Brasil, e pela enésima vez direi a ele da impossibilidade de nos filiarmos a tão importante entidade, porque simples e vergonhosamente, não temos uma associação nacional, muito menos congêneres estaduais, pois a elite que governa e define o basquetebol no Brasil, não tem interesse em participar de tais movimentos, sequer promovê-los como jamais o fizeram, com duas honrosas exceções, a ANATEBA em 1971, e a ABRASTEBA em 1976, ambas idealizadas por mim e dirigidas por técnicos e professores profundamente engajados e compromissados com o grande jogo, mais tarde anuladas pela pesada ingerência da CBB nas mesmas, decretando suas liquidações, pois afinal de contas como está deverá continuar, mantendo garantido e sob controle o nicho de trabalho tão dura e politicamente conquistados. É uma pena, mas é a dura realidade. Vida que segue sem que culpemos tão somente os dirigentes que repito, não serem aqueles que vão para dentro das quadras iniciarem, desenvolverem e treinarem nossa juventude desportiva, claro, exceto os sempre presentes e decisivos estrategistas de plantão, que põem para jogar o que temos egressos da formação, que como sabemos, reflete o que ai está, escancarado para quem quiser (ou não) ver e avaliar, seja sob o prisma dirigente, seja pela ótica técnica.

Amém.

Foto – Professores Paulo Murilo e José Curado em Lisboa, quando do III Congresso Mundial de Treinadores da Língua Portuguesa, onde proferi a conferência de abertura do mesmo. Clique na mesma para ampliá-la.

A OFICINA DE APRIMORAMENTO DE ENSINO DO BASQUETEBOL ESTÁ COM AS INSCRIÇÕES ABERTAS PARA AGOSTO (9 a 11). CLIQUE AQUI PARA OS DETALHES.

UMA SIMPLES QUESTÃO DE TREINO E LIDERANÇA, DA BASE À ELITE…

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Pois é, basqueteiros de plantão, o que prevíamos aconteceu, a seleção Sub 19 masculina não se classificou no Mundial de Praga ao perder para a Rússia, somente vencendo uma partida das cinco disputadas, restando agora disputar do 9º ao 12º lugar na magna competição.

Se olharmos com alguma atenção os números deste jogo, fica evidenciado de cara um fator indiscutível, nossos jogadores mal sabem arremessar em cesta, e pasmem, dos dois pontos, já que dos três, era sabido de muito que nem desconfiam como executá-los com um mínimo de eficiência, mas dos dois? Nesse jogo contra os russos, arremessamos 24/58 de dois, 5/15 de três e 15/22 de lances livres, e os russos, 21/36 de dois, 10/25 de três e 10/17 de lances livres, ou seja, tivemos 22 arremessos de dois a mais e 10 de três a menos do que eles, que desta forma conseguiram 30 pontos de três, contra 15 dos nossos, e que muito poderiam ter sido compensados se convertêssemos pelo menos a metade dos 34 erros nos dois, e até vencido se soubéssemos defender um mínimo fora do perímetro de onde os russos chutaram 10/25 de três, já que ambos erraram sete lances livres.

Somemos a essa lamentável deficiência os 16 erros de fundamentos (e olhem que os russos erraram 21…), para vermos com clareza tudo aquilo que comento de longa data, o fato de não exercermos o pleno domínio dos fundamentos, numa preparação que prioriza a formatação e padronização de sistemas de jogo, em detrimento da ferramenta básica, que quando lembrada é para ser entregue a estrangeiros, aqui e lá fora, num tipo de planejamento voltado ao gasto interesseiro de verbas, que deveriam ser empregues na melhoria e treinamento de nossos jovens técnicos, através um bem planejado programa de formação, e não cursos expositivos de 4 dias de arquibancada, sem as exigências de estágios práticos por um bom tempo, com acompanhamento qualificado em seus locais de trabalho, única maneira de bem formá-los.

Mas não, se em muitos casos, nossas seleções de base são entregues a jogadores a pouco retirados das quadras e travestidos de técnicos, sem um mínimo de preparo e experiência didático pedagógica no campo das técnicas de ensino e aprendizagem, como se exigir que jogadores por eles orientados se caracterizem pela excelência na pratica dos fundamentos, que é a coluna mestra da pratica do grande jogo?

E por essa estrada poeirenta ainda transitaremos por longo tempo, talvez tempo demais para nos defrontarmos com a realidade olímpica daqui a poucos anos, onde, desgraçadamente veremos coroada a suprema ignomínia de sermos vencidos ante erros que teimamos em não corrigir, em nome do clientelismo, do apadrinhamento, da sedimentação de um corporativismo mafioso e absolutamente irresponsável, mas que gera continuísmos e vultosos lucros.

Mas temos obrigatoriamente de admitir que somente transporemos tantas e históricas deficiências, se pararmos um pouco que seja, perante a exigência maior de um movimento associativo dos técnicos, liderados por aqueles que realmente representam a classe, por sua tradição e reconhecido trabalho, e que sempre se negaram a erguer as bandeiras do oportunismo e do imediatismo midiático e enganador, daqueles que realmente conhecem, estudam, respeitam e amam o grande jogo, de verdade. É o que nos resta.

Amém.

Foto – Divulgação FIBA. Clique nas mesma para ampliá-la.

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O QUE NINGUEM QUER (OU PODE) ENXERGAR…

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São apenas números, a única informação acerca de um torneio quase secreto no interior de Minas Gerais, sem imagens e de difícil acesso, incensado pela turma que lá está e responsável por sua realização, todos envolvidos e compromissados com o modelo que aí está solidamente implantado na CBB e sua executora e expansora, a ENTB, e o mais inquisidor, com a chancela da LNB, responsável pelo aporte financeiro advindo do Ministério do Esporte, numa parceria que incomoda e põe em risco o seu bom trabalho realizado nos NBB’s até o momento, pois invade uma seara de responsabilidade da CBB, o desenvolvimento da formação de base, quando deveria investir na divisão de acesso ao NBB, onde um percentual de jovens talentos reforçados por um pequeno numero de jogadores mais experientes, sanaria o grande hiato que separa aqueles que saem das divisões formativas, do caminho profissional da divisão maior.

Os números? São assustadores, pois expõem a maior de todas as nossas deficiências, a desastrosa preparação e qualificação de nossos técnicos direcionados a formação de base, e mesmo para dirigir nossas jovens seleções nacionais, numa inversão de valores muito bem representada pelos números a seguir, e pelos lamentáveis resultados nas competições internacionais, que no final das contas, são pontos concomitantes em sua tragédia comum.

Vamos a eles, os números:

Após 5 rodadas da LDB  com 10 equipes participantes:

– Arremessos de 2 pontos – 965/2096 (46%)

– Arremessos de 3 pontos – 257/943   (27,2%)

– Lances livres                  – 683/1001  (68,2%)

– Erros de fundamentos    -748 (media de 29,9 por jogo)

Conclusão não muito longe da verdade?

Nossos jovens, na beira de acessarem as equipes da LNB e de nossas seleções de 18 anos em diante, simplesmente não sabem arremessar razoavelmente, e pecam lamentavelmente nos fundamentos, e que não me venham argumentar que tantas falhas ocorrem pelo emprego de fortes defesas, o que é um engodo para encobrir tanta ineficiência e tapeação, vide a seleção no mundial Sub19 permitindo, após dois meses de treinamentos e torneios internacionais, 16/38 de 2 pontos e 11/24 de 3  por parte da seleção australiana, que de longa data sempre se distinguiu pela precisão nos arremessos, contra 15/58 de 2 e 3/17 de 3 dos nossos, ou seja, 20 tentativas a mais dentro do perímetro de nossos algozes sem a eficiência dos mesmos, e uma repetida falha, ou ausência de postura defensiva no perímetro externo desde o primeiro jogo contra a Servia, que nos impuseram 19/32 de 2 e 5/17 de 3, enquanto amassávamos o aro deles com absurdos 6/30 nas bolinhas. Falar em defesa, um dos fundamentos básicos do grande jogo a essa altura, e em seleções, chega a ser ridículo e comprometedor, pois é resultado direto do que vem ocorrendo na LDB.

Fico imaginando a quanto chegarão os números nas demais rodadas desse primeiro grupo, e do segundo da LDB, onde residem equipes de menor tradição, assim como o que ocorrerá com a Sub19 ao enfrentar os Estados Unidos e a Rússia para a semana, na tentativa classificatória as quartas de final, simplesmente me assusta, de verdade.

Aliás, outro dia, na Copa America Sub15 feminina, a equipe americana somente permitiu que a nossa seleção conquistasse o absurdo numero de 20 pontos no jogo inteiro, o que realmente dá no que pensar…

Promover jovens técnicos, muitos ex jogadores, em cursos de aquibancada, para a direção de equipes acima dos 18 anos, sem que os mesmos dediquem, pelo menos, umas duas décadas na formação de base, é erro estratégico e irresponsável, e mais ainda quando os qualificam para as seleções maiores, numa ação entre amigos ou de QI político, no que vem se tornando no maior óbice ao desenvolvimento do grande jogo entre nós, muito além do que certa mídia e dirigentes próximos as verbas oficiais, proclamam como renovação e evolução técnico tática, necessárias ao nosso desenvolvimento, numa perda de precioso tempo e verbas que escoam pelos ralos da incompetência.

E o pior de tudo é sabermos o que nos espera em 2016, a continuarmos agindo dessa forma corporativista e decididamente anacrônica.

Que todos os deuses disponíveis nos ajudem, pelo menos a enxergarmos melhor.

Amém.

Fotos – Divulgação LNB e FIBA. Clique nas mesmas para ampliá-las.

II OFICINA DE APRIMORAMENTO DE ENSINO DO BASQUETEBOL

Entre oDSCN1120-001s dias 9 e 11 (sexta a domingo) de agosto, realizarei a segunda Oficina de Aprimoramento do Ensino de Basquetebol, aberto a até três técnicos que se proponham a mergulhar comigo no universo do grande jogo, por três dias completos e dedicados plenamente aos princípios pedagógicos e técnicos do ensino dos fundamentos, do treinamento, dos sistemas de jogo, da estratégia, do comando e liderança, do preparo mental, da ética, do associativismo profissional, da herança cidadã.

Para tanto, poderei receber em minha residência até três técnicos de outros estados, dotando-os de estadia e alimentação, dois ambientes de trabalho completamente equipados com computadores e wi-fi, biblioteca técnica, projetores, televisores, e um pequeno ginásio para os exercícios práticos. Também serão facilitados materiais gráficos e de mídia sobre a modalidade.

Módulos da Oficina:

 

– MÓDULO 1 (3 HORAS DE DURAÇÃO)

   – O Equilíbrio, a base estrutural dos fundamentos nas:

           – Paradas e partidas;

           – Deslocamentos longitudinais e sagitais;

           – Nos Dribles em suas mais variadas concepções e direções;

           – Nas Fintas em progressão, regressão, reversão e pivoteadas;

           – Nos diversos Saltos e conseqüentes transferências de força;

           – Na Marcação individual em estabilidade e instabilidade posicional.

 

 

– MÓDULO 2 (3 HORAS DE DURAÇÃO)

 

    – Os Passes, da pega à execução e sua correlação tempo/espaço.

    – Os Rebotes defensivos e ofensivos:

            – O posicionamento frente ao defensor;

            – O posicionamento frente ao atacante;

            – O formidável giro em 180º;

            – Exercitando os rebotes, individual e coletivamente.

 

– MÓDULO 3 (3 HORAS DE DURAÇÃO)

 

     – Os Drills ou exercícios especiais coletivos de fundamentos:

             – Gerais: Elaboração, montagem e reversibilidade dos circuitos;

             – Específicos: Para armadores, alas e pivôs.

             – Ofensivos/Defensivos – O duelo e suas variáveis rítmicas;

      – Fracionando um sistema ofensivo em drills:

             – Evolução e Aprimoramento.

 

– MÓDULO 4 (3 HORAS DE DURAÇÃO)

 

      – Ensinando um Sistema de Ataque através os drills e o exercício                        

         constante  de leitura de jogo;

      – A Defesa Linha da Bola de flutuação lateralizada-princípios.

 

– MÓDULO 5 (3HORAS DE DURAÇÃO)

 

      – A Defesa Linha da Bola – Conceituação e Prática;

      – A Defesa por zona fundamentada na Defesa Linha da Bola.

      – Princípios do Arremesso – Conceituação teórica.

 

– MÓDULO 6 (3 HORAS DE DURAÇÃO)

 

      – A Arte do Arremesso:

            – A Empunhadura e as Pegas;

            – O Principio da Direcionalidade;

            – O Eixo Diametral e seu eficiente controle;

            – A Prática e exercícios correlatos;

            – O Aprimoramento.

 

– MÓDULO 7 (3 HORAS DE DURAÇÃO)

 

     – A força ímpar do treino;

     – O apoio no jogo;

     – A liderança natural e democrática;

     – A relação com a arbitragem;

     – Os aspectos formativos e educativos do grande jogo;

     – Uma Associação de Técnicos? O que é preciso?

     – Ética e futuro do esporte no país.

 

Os módulos serão distribuídos nos três dias da Oficina, entre os quais transcorrerão atividades de projeções e discussões técnico táticas, sobre aprendizagem e controle de equipes, aspectos administrativos e de controle de atividades.

 

A Oficina importará num gasto de R$ 700,00 (setecentos reais) ai incluídos a Oficina, a estadia, a alimentação e o transporte no Rio de Janeiro.

Os interessados deverão se informar pelo email oficinabasquetebrasil@gmail.com e pelos telefones 21 2440-1082 e 21 9913-9969.

O pagamento poderá ser feito em duas vezes de R$ 350,00 (primeira até o dia 10/7 e segunda até o dia 2/8) em deposito bancário no Banco do Brasil  Agencia 1579-2   Conta 36016-3   Favorecido- Arteducação Empreendimentos Artísticos e Educacionais Ltda.   CNPJ- 13.299.910/0001-69

Após o deposito bancário, favor enviar o comprovante de pagamento escaneado, mais os dados pessoais para o email da Oficina.

Conforme o interesse pela Oficina se amplie, a manterei a cada mês nos últimos fim de semana, sempre com três vagas disponíveis.

 

No caso de interessados locais (RJ), sem a estadia relacionada, somente será cobrado o preço de R$500,00 (Quinhentos reais), com o mesmo processo de deposito bancário.

Será fornecido um Certificado de Participação com a carga horária.

Foto- Participantes da I Oficina- Professores Fabio Aguglia e Pedro Funk, ambos de São Paulo.

 

FUNDAMENTOS?…

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Parece brincadeira, pode parecer brincadeira, mas é sério, muito sério o que está acontecendo com os nossos jovens, cada vez mais “especializados” em armadores puros, armadores definidores, alas-armadores, armadores escoltas, alas-pivôs, pivôs de choque, e não sei quantas denominações caberiam a mais dentro do sistema único, aquele que é seqüenciado de 1 a 5 dentro dos padrões formatados e padronizados pelo tal sistema, e cada vez mais entronizado no triste dia a dia da garotada que ainda teima em gostar de um jogo, cujo domínio se encontra, não dentro da quadra, mas fora dela, tendo como veiculo de ligação prosaicas e ridículas pranchetas, voltadas às coreografias de passos pretensamente marcados coercitivamente impostos pelos “estrategistas” em permanente plantão no nosso combalido grande jogo.

 

Trata-se de uma trágica brincadeira, cujas consequências ai estão escancaradas nas estatísticas de um velado e escondido torneio da LNB, denominado de Liga de Desenvolvimento do Basquetebol, patrocinado por verbas do Ministério dos Esportes, e indevidamente organizado pela Liga, quando deveria sê-lo pela CBB, pois cabe a ela a formação de base no território nacional, tendo a ENTB para respaldá-la.

 

Mas a Liga partiu para uma LDB Sub-22, com equipes que congregam jovens a partir dos 17 anos, tendo como mote a possibilidade de revelar valores para a Liga principal, e inclusive permitindo que muitos deles que já militam na elite participem do mesmo, num erro estratégico considerável a tal ponto que, em vista dos catastróficos números estatísticos apresentados nas três primeiras rodadas, resolve dar clínicas aos participantes, jogadores e técnicos, clínicas de fundamentos…

 

Mas espera aí, os vinte técnicos dessas equipes não foram recentemente graduados pela ENTB em seu nível II, assim como participaram de uma clínica patrocinada pela Liga com a presença do técnico Magnano? E que tal grau os qualificavam (com registro e carteira) para orientar, ensinar e dirigir jovens nos fundamentos e sistemas de jogo? Então o que justifica agora tão urgente ingerência numa função especifica da ENTB? Creio que respostas deveriam ser bem analisadas, principalmente à luz de algumas estatísticas da LDB (único vínculo do secreto torneio com os interessados nas jovens promessas tupiniquins), tais como:

 

Após as três rodadas iniciais, nossos futurosos jogadores aprontaram-

 

– 553/1214 (45.5%) em arremessos de 2 pontos.

 

– 155/585   (26.4%) em arremessos de 3 pontos.

 

– 463/650   (71.2%) em lances livres.

 

– 440 erros fundamentos (media de 29.3 por jogo)

 

E lá na Republica Checa, nossos jovens Sub-19 conseguiram perpetrar  um 6/30 nos arremessos de 3, 11/25 nos de 2 e 10/15 nos lances livres, cometendo ainda 15 erros de fundamentos, quando os sérvios nos derrotaram arremessando 5/17 nos 3, 19/37 nos 2 e 12/18 nos lances livres, errando muito também nos fundamentos, 16 vezes., deixando transparecer que a hemorragia dos três ainda flui em nosso basquetebol, com a crescente condescendência dos técnicos, incapazes de num longo treinamento (dois meses no caso da seleção) fazerem suas equipes jogarem no perímetro interno, preferindo apostar nas bolinhas, que no caso da seleção, não caíram…

 

Mas cairão nas próximas rodadas, afinal de contas é bem mais fácil (?) chutar lá de fora, sem maiores preocupações com fintas, dribles e passes, já que somos os tais nesse “fundamento”, além do outro incensado pela mídia, as enterradas…Só fico na expectativa de saber se os adversários vão deixar, mas isso é o de somenos importância, afinal de contas não existem problemas que uma boa prancheta não resolva.

 

Então, a seleção de nossos melhores Sub-19, ao lado de nossos melhores e mais representativos jovens na faixa dos 17 aos 22 anos presentes a essa LDB, representam o que temos de melhor, exceto naqueles detalhezinhos sem importância, já que aprendê-los e dominá-los toma muito do tempo reservado às jogadas, às estratégias, ao sistema único, pelos que pretensamente os ensinam, e para os que deveriam aprender a essência do jogo, os fundamentos, “sabiamente” substituídos pelas bolinhas de três, que se caírem, não tem para ninguém…

 

Amém.

 

Fotos – Divulgação LNB e FIBA.Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

Fotos –  Com um pouco de atenção observem alguns detalhes (sei que insignificantes…)sobre falhas nos fundamentos, como condução da bola, pegas espalmadas nos arremessos, pronação  inversa…

 

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OS PORQUÊS…

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Durante esse pequeno recesso contado no artigo anterior, recebi um email de um assíduo leitor me perguntando na bucha – Professor, por que motivo o senhor não dirige mais uma equipe do NBB, e mesmo da LDB, afinal são 41 equipes e não tem lugar para o senhor em nenhuma? Sinceramente não entendo os motivos, sejam eles quais forem. Por favor, me esclareça.

Bem, tenho nesses últimos anos, desde o NBB2, quando dirigi o Saldanha da Gama, também tentado encontrar os reais motivos para esse degredo, desde a conversa que mantive com um dos gestores da Liga durante o 1º Encontro dos Técnicos da LNB em Campinas após o NBB2, quando fui sutilmente instado a deixar de editar o Basquete Brasil que, na opinião dele não se coadunava com a função de técnico atuante, num equivoco brutal, pois foram os 49 artigos (e aqui o primeiro deles) que postei no dia a dia daquela inesquecível experiência midiática, um dos motivos de ali me encontrar, junto aos demais técnicos, para discutir o grande jogo e sua divulgação junto ao tão esquecido publico entusiasta do mesmo.

Claro que jamais aceitaria aquela sugestão, como não aceitei, mantendo o blog, ampliando-o nas discussões de caráter educacional, assim como discutindo política desportiva, cobrando dos poderes o sempre ausente apoio às causas da educação de qualidade, direito inalienável do cidadão (hoje, graças aos deuses, cobrado em praça pública pela juventude do país…)

E nestas discussões questionei veemente e indignadamente os descaminhos que apontavam para o acumulo de equívocos que se desdobravam em nome do esporte dito de alto nível, em detrimento da formação de base nas escolas e clubes do país, culminando com a terrível aventura olímpica, sorvedouro de sacrificadas divisas direcionadas aos ávidos bolsos daqueles que nem de longe se interessam por educação e cultura de um pobre povo, e sim os vultosos lucros que poderiam advir da ignorância do mesmo, mantido propositalmente à margem do processo educativo, facilitando a consecução da hábil manobra.

Também mantive o cunho critico à mesmice endêmica que nos tem dominado no aspecto técnico tático, discutindo, e até desafiando nossos técnicos para que mudassem seus posicionamentos, dirigindo-os a uma evolução formativa e competitiva de maior alcance, de maior desenvoltura.

Claro que desagradei a grande maioria, mas nem tanto quanto a determinados políticos, que inclusive tentaram me desqualificar, mesmo nos comentários do blog, tendo recebido as respostas que julguei merecedores.

E nesse ponto é que pude estabelecer as pontes de interesses contrariados, ligando as técnicas inovadoras do jogo que propunha, e a manutenção das criticas ao modelo político administrativo existente no cenário desportivo nacional, em contrafação a de alguns políticos, poderosos por manipularem grandes verbas governamentais, sempre almejadas por confederações e federações desportivas, em seus projetos milionários e de distribuição muito bem escalonada junto aos espertos e oportunistas de plantão, em troca de obrigatórias contrapartidas, entre as quais meu afastamento compulsório das quadras, com certeza…

Então, quando vi estampada no site da LNB, a foto da homenagem à personalidade do ano no basquetebol, dirigida ao político que de uma tacada destinou 14 milhões de reais a uma falida CBB, (aqui descrita no magnifico artigo do Fabio Balassiano no seu blog Bala na Cesta), garantindo a continuidade da terrível administração da mesma, assim como destinou mais alguns milhões para a LNB manter a LDB em função por mais três anos, porém mantida escondida numa remota cidade de Minas Gerais, sem imagens, mesmo pela internet, somente (in) visível através gélidas estatísticas, (que, aliás, mostram logo na primeira rodada o absurdo número de 155  erros de fundamentos nos cinco jogos realizados, com a media incrível de 31 pj, mostrando com precisão que em matéria de fundamentos as equipes estão muito mal treinadas e preparadas, principalmente quando na porta de entrada da elite do grande jogo, onde errar dessa forma é absolutamente inadmissível, numa realidade em que, sem dúvida alguma, pulularão pranchetas a granel, focadas na padronização e formatação do sistema único, pelas  mãos de  “estrategistas” de primeira viagem,  é que entendi a origem do veto, para o degredo injusto, cruel, pois tira de mim o direito ao trabalho, para o qual sou altamente qualificado, e no qual tanto poderia ajudar no soerguimento do grande jogo, numa ação pusilânime, covarde enfim.

Mas daqui desse cantinho, dessa humilde trincheira, onde corporativismo mafioso nenhum pode me atingir, continuarei a trabalhar pelo grande jogo, já anunciando a continuidade da Oficina de Aprimoramento do Ensino de Basquetebol na última semana de julho (de 26 a 28), que realizarei no inédito formato de receber em minha casa até três técnicos que se interessem em participar de um  prolongado fim de semana (de sexta a domingo), onde, como o ocorrido na primeira Oficina, mergulharemos fundo nas entranhas desse magnífico e complexo jogo, com somente um horário fixo a cada dia, o de começar, já podendo contar com um mini ginásio em minha residência, que fez muita falta na primeira Oficina, e que pretendo repetir, se interesse houver, a cada mês. No próximo artigo detalharei a Oficina.

Bem, creio que respondido o email do leitor, posso dar por encerrada essa discussão, face aos esclarecimentos dados, e certamente compreendidos, mas nunca aceitos por mim. Vida que segue…

Amém.

Foto – Divulgação LNB.  A personalidade do ano no basquetebol…

ME DANDO UM TEMPO…

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Me dei um tempo, desculpem, mas era preciso, não por cansaço, e sim para pensar melhor o blog, o basquete, a continuidade de um trabalho que desde sempre foi uns dos meus objetivos de vida, e que necessita de uma repaginação, de um caminho menos rude e ingrato, e que de certa forma premie um esforço muito grande em concretizá-lo desde seu nascedouro oito anos atrás, não com reconhecimentos ou honrarias, e sim com saúde, discernimento e bom senso para sua continuação.. Nesses dias de afastamento, colaborei intensamente com o III Congresso Brasileiro de Dança Moderna, organizado e dirigido por minha filha, Andrea, professora, bailarina e coreógrafa, que foi um retumbante sucesso na área artística do estado, assim como recebi a visita de meu filho caçula, João David, artista radicado na Irlanda com sua banda Late Train, aos quais dediquei todo o meu tempo de pai saudoso e orgulhoso, mais saudoso ainda ao deixá-los no Galeão de volta às suas vidas profissionais no exterior, onde também se encontra o André Luis, o terceiro filho artista na área do Web Design da firma americana Novica.

            Sozinho então pude brindar os belos fins de tarde observados de minha varanda, e comemorar o levante de nossos jovens nas ruas das capitais, reivindicando melhorias e apoio na educação, na saúde e na segurança, bandeiras que sempre defendi aqui (aqui e aqui) e em muitos outros artigos nesse humilde blog, como que prevendo um dia em que o país não mais engoliria as mentiras e engodos de uma turma que tem em mente um projeto político que somente encontraria obstáculos frente a um povo educado, bem cuidado e seguro em sua faina de patriótico e profícuo trabalho, mas que necessitará postar sua luta balizado em propostas e projetos bem encaminhados sob lideranças honestas e tecnicamente bem preparadas.

Enfim, e aos poucos, os jovens saem à luta na fantástica tentativa de melhorar um país enorme e injusto, buscando apoio à educação de qualidade, à saúde digna e obrigatória, a melhores transportes e à segurança de todos, num belo e candente exemplo de nacionalidade e amadurecimento.

E num momento em que se desnudam os brutais desvios de verbas públicas em estádios e na organização de competições megalômanas e antipatrióticas, voltadas integralmente à riqueza de uma minoria oportunista disfarçada sob o manto do desporto, uma pergunta paira no ar, direta, incisiva – O que os Nusman’s têm a dizer, ou justificar, tão enigmaticamente calados e devidamente forrados que estão?

Amém.

Fotos – Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

           

           

MERCADÕES…

DSC_0044Tenho me preocupado em grande com os “mercadões” de técnicos e jogadores para a próxima temporada do NBB, me reportando aos tradicionais brechós de utensílios e roupas usadas, tão tradicionais nessa terra tupiniquim.

E não são sem propósito tais lembranças, pois o que vemos é o velho e carcomido travestido de pouco usado, quase novo, com pequenos reparos, recondicionado, etc e tal…

Terminam campeonatos e a novela desanda em capítulos mais do que óbvios e redundantes, quando jogadores são manipulados por agentes e empresários, de comum acordo com dirigentes e donos de equipes, num carrossel de interesses, onde suas formações passam ao largo dos técnicos, também alguns  em rodízio, que as recebem formadas de 1 a 5, faltando somente administrar os rachões de praxe, azeitar as jogadas chifres abaixo e acima, camisas, cabeças, 23, além de adquirir abastecidas canetas pilots e uma reluzente e midiática prancheta.

Com tudo em cima, comissões formadas, algumas recheadas de aspones que só servem para ajudar na pressão às arbitragens, desandam nos discursos proféticos e promissores, sabendo de antemão que a utilização arbitrária do sistema único por todos os envolvidos no sistema somente beneficiará aquelas equipes que contarem com os pretensos melhores jogadores dentro da mesmice endêmica de 1 a 5, mas que garantirá, por mais uma temporada, o emprego de toda a comunidade envolvida e previamente escalonada à revelia daqueles que deveriam liderar as escolhas, os técnicos, que se recolhem frente a uma realidade absurda, garantindo as escolhas de outrem, e se mantendo mais como administradores de segunda do que técnicos de verdade, independentes e prioritários nas mesmas.

Tem mais, com nuestros hermanos, que subjugados por uma crise econômica feroz, veem no mercado brasileiro boas oportunidades de trabalho, assim como americanos de décima quinta opção nas ligas internacionais, que aqui aportam como estrelas de primeira linha, que absolutamente não o são, para gáudio das eternas viúvas da NBA.

E com o circo armado, ante o lamentável  esquecimento de muitos  jogadores pátrios, alguns dos quais superiores a “nomões marqueteados”, e mesmo de jovens realmente promissores, todos órfãos de um melhor e mais atento preparo técnico e encaixe em outros sistemas de jogo além do indefectível sistema único, ficam marginalizados e desestimulados, muitos dos quais abandonam as quadras, num desperdício imperdoável e desalentador para o grande jogo.

Quanto ao aspecto tático e sistêmico, a mediocridade  que nos tem mantido atrelados ao sistema único de jogo, fio condutor de toda a situação acima descrita, tende, mais do que nunca, a se manter incólume em seu absolutismo castrador, e a prova contundente foram os números apresentados no jogo final entre Flamengo e Uberlândia, no qual a equipe carioca praticamente convergiu com 22/29 nos arremessos de dois pontos e 6/26 nos de três, contra 14/36 e 11/27 respectivamente dos mineiros, numa prova cabal do não estancamento da hemorragia dos três pontos, largamente presente na esmagadora maioria das equipes participantes, anunciando a manutenção postural das mesmas nessa competição, e óbvia continuidade para as próximas, pois se por um lado evoluíram um pouco no jogo interior e numa muito tênue tentativa de dupla armação, por outro, mantiveram a frouxidão defensiva fora do perímetro, permitindo a manutenção do reinado das bolinhas, como num recado incisivo de que sua continuidade será mantida sob o beneplácito de jogadores, técnicos e o incentivo midiático, sob a justificativa de que tal comportamento técnico (?) em conjunto com as enterradas, impulsionam a modalidade junto aos torcedores, ávidos pelas emoções advindas desse estilo de praticar o grande jogo, num erro colossal e irresponsável, principalmente no que concerne às competições internacionais, e ao péssimo exemplo dado aos jovens que se iniciam no jogo.

Finalmente, posso asseverar que o desafio que lancei aos técnicos para que buscassem novas formas de jogar e atuar não encontrou receptividade na prática, provando que a cristalização da mesmice endêmica é no fundo a base que mantêm o status quo responsável pelo sólido corporativismo vigente, confortável mantenedor de empregos, posições e trocas pós temporadas, unindo todos os envolvidos no processo em torno do interesse maior, deixar tudo como está, sem atropelos e divergências, num compadrio que elimina toda e qualquer tentativa de mudança, mesmo que  para melhor, dispensando a trabalhosa, porém benéfica, reestruturação do pensar basquetebol como deve ser pensado, ainda a tempo de enfrentarmos o grande e definitivo desafio para 2016, principalmente na formação de base, a fim de aliviar o constrangimento colossal que nos poderá alcançar se não mudarmos urgente e estrategicamente de rumo.

Em tempo, sugiro uma passada nesse vídeo, onde o prazer de assistir um basquete diferenciado (originando meu desafio) se junta a um resultado alentador no sentido coletivista, ofensivo e defensivamente falando, assim como uma magnifica performance individual do jogador Muñoz (28 pontos), sem que abdicasse em nenhum momento da liderança dividida pela dupla armação, num exemplo tácito e definitivo da real possibilidade de jogarmos o grande jogo de forma diferenciada do dominante  sistema único, ou “basquete internacional”, ou mesmo, o “basquete FIBA”, como é rotulado. Vale a pena assistirmos e nos deliciarmos com a prestação técnico tática de jogadores nada midiáticos, porém plenos de conhecimento do grande jogo e da forma mais precisa e bela de jogá-lo nos idos do NBB2.  Fico imaginando, divertido,  como reagiriam os globais ao narrá-lo e comentá-lo…

Amém.

Foto – Divulgação da LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

Foto – O grande e lúcido armador Muñoz.

 

 

 

RESCALDO DE UMA FESTA…

Um bom artigo do Fabio Balassiano no seu Bala na Cesta de ontem, faz um balanço do que foi o NBB5, sua importância, suas conquistas, e sua dimensão no cenário desportivo brasileiro, assim como, análises das equipes, jogadores e técnicos que se destacaram na competição.

Pouco a acrescentar, mas algo a ser lembrado sempre, e muitas vezes esquecido, acredito que por sua juventude, alinhada a da maioria de seus colegas blogueiros, o fator técnico tático calcado na longa experimentação e aplicação prática de gerações anteriores de técnicos que muito acrescentaram ao desenvolvimento do basquetebol em nosso país, como numa bibliografia quase sempre negligenciada, e algumas vezes inexistente por não mencionada por utentes de seus ensinamentos, roteiros e vivências reais, como se a realidade técnica e tática atual independesse do que já foi feito, como se existisse a partir do momento em que analistas e técnicos descobriram o grande jogo em suas vidas.

E quando rememoram feitos passados e reutilizados no presente, privilegiam o que vem de fora, das esferas americanas, européias, argentinas, esquecendo que aqui mesmo, berço de um bicampeonato mundial e três medalhas olímpicas, muitos técnicos inovaram em seu árduo mister de fazer acontecer um jogo quase sempre desprestigiado e negligenciado pela mais completa ausência de uma política desportiva nacional, voltada à formação e a divulgação do grande jogo.

Agora mesmo, está acontecendo uma pequena revolução na forma de jogar e atuar no âmago da LNB, com algumas de suas franquias reorientando seus sistemas de jogo, suas táticas, mas ainda pecando muito no ensino de suas técnicas do jogo individual e coletivo, como a utilização inteligente da dupla armação, do jogo interior através a utilização de pivôs móveis, ágeis, atléticos e muito velozes interagindo com seus armadores dentro do perímetro, tentando defender o perímetro externo com mais assiduidade e combatividade calcada no treinamento especifico e correto em fazê-lo, ensaiando ainda timidamente uma defesa frontal dos pivôs adversários, sugerindo ainda que muito distante, a troca consciente dos arriscados, inconseqüentes e imprecisos arremessos de três pelos de dois pontos, equilibrados, precisos e decisivos num sério jogo de basquetebol, numa projeção do que poderá vir a acontecer de progresso em nossa maneira de ver, sentir, ler, pesquisar e estudar fórmulas mais práticas de jogo, levando-o ao processo mais difícil, mas não impossível de ser atingido, sua simplificação, sua síntese técnico tática, somente alcançada por quem e por aqueles que realmente conhecem o grande jogo.

Mas essas conquistas não estão nascendo agora, como na vitória do Flamengo no NBB5, ou como na ascensão de uma jovem equipe como a de Franca, como no ainda inseguro, porém promissor Bauru, ou mesmo pelos oscilantes Uberlândia, São José e Paulistano, que são as equipes prestes a se desvincularem do sistema único, a partir do momento em que se descobrirem capazes de tão grande e icônico salto, rumo a uma realmente nova forma de jogar.

Como tudo na vida tem um princípio, uma raiz, uma razão de ser e acontecer, seguindo o inexorável ritmo da evolução, do aprimoramento e da sedimentação, novos ares terão de ser profundamente inspirados, alimentando o conhecimento, a história, respeitando o antecedente, a origem, as raízes.

Desde sempre respeitei e reverenciei os clássicos e míticos mestres que me inspiraram, orientaram e ensinaram o caminho das pedras, do estudo, da pesquisa, do conhecimento enfim, aos quais permanentemente menciono e retransmito suas heranças, suas lembranças, suas vidas.

Ao me retirar da Arena no sábado, sem antes não deixar de cumprimentar o Domenici da LNB, caminhei sozinho até meu carro, deixando para trás o burburinho, a festa e as comemorações de mais um campeão do NBB, mas convicto de ter cumprido a humilde missão de, na teoria e na prática, ter mostrado com ações e fatos ser possível inovar sobre algo tão antigo como o basquetebol, com pinceladas sutis sobre uma dupla armação, um jogo mais dinâmico dentro do perímetro, sobre uma defesa linha da bola com flutuação lateralizada, permitindo uma eficiente defesa frontal ao pivô adversário, sobre o mais absoluto distanciamento  das arbitragens, sobre o comedido e calmo comportamento ao lado de uma quadra, sobre o convencimento de que dois arremessos de dois pontos geram mais eficiência e precisão do que um midiático de três, sobre a enganosa perda de  tempo praticando enterradas e não arremessos DPJ, os que ganham jogos, e finalmente reconhecer nos que me antecederam o cerne imorredouro que guindou o basquete ao patamar que hoje ostenta, o grande, grandíssimo jogo.

E lá fora da grande Arena, me entristeci, não por lá não estar comemorando, não, e sim por me ser vetada a possibilidade de poder participar do jogo de minha vida, que segue, dessa humilde trincheira, reverenciando os que merecem, de verdade.

Amém.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAOLYMPUS DIGITAL CAMERAFotos – Teoria defensiva da Linha da Bola com flutuação lateralizada e Pratica dos Fundamentos do jogo (Equipe do Saldanha da Gama – NBB2)Clique nas mesmas duas vezes para ampliá-las.