O REINADO DAS “BOLINHAS” IX…

De repente o técnico de Limeira se enfurece, esbraveja, cai em si, amansa e cobra de sua defesa as seguidas penetrações dos atacantes adversários, exigindo mais atenção e combate. Até ai tudo bem, a não ser por um pequeno detalhe (ah, os detalhes…), a equipe do Pinheiros esmagava a sua com arremessos de três (foram 17/36 de três, e 17/19 de dois, numa absurda convergência, talvez recorde na Liga…) nunca contestados (vide foto em que o defensor dá as costas ao arremessador), talvez pela má performance do jogo anterior, quando seu adversário arremessou 12/33 de três e 15/33 de dois, dando sérias pistas de como agiria dali para frente. Tivesse trocado dez daquelas bolinhas de três por dez de dois pontos, cedendo algumas penetrações e teria vencido o jogo, numa continha aritmética básica.

Como na partida anterior conseguiu fechar o miolo de seu garrafão, ofereceu uma única alternativa a seu oponente, o bombardeio de fora, já que sua inoperância tática no jogo interno é um fato constrangedor. Ora, essa prevista possibilidade em tudo e por tudo culminaria em outra possibilidade, a de que os acertos evoluíssem, ainda mais quando absolutamente não contestados.

E não deu outra, perdendo, ai sim, a grande possibilidade de fechar a série em 3 x 0, numa conquista marcante, mas dificultada daqui para diante.

Agora, é de pasmar que uma equipe que nos dois últimos jogos comete um 28/69 em bolas de três e 32/52 de dois consiga levar de vencida uma outra pelo absurdo fato de não contestar seus longos arremessos, sequer tentar, permitindo um verdadeiro “tiro aos pombos”, na acepção do termo…

Como vemos, aos poucos evoluímos para uma dupla armação, um jogo interior mais eficiente e dinâmico, mas por outro lado ainda nos mantemos escravos dessa incúria suicida e autofágica dos três, cuja permissividade defensiva raia ao mais completo absurdo.

E ao final desse grotesco espetáculo ainda teríamos mais um capítulo da série “Contestando hierarquias”, com discussões públicas e indisciplinas contundentes, num espetáculo para lá de…

Mas há quem goste…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O CAOS…

Quando num tempo pedido naquele momento decisivo de um jogo fundamental, já que disputado em casa, uma coletividade  rompe todo e qualquer principio hierárquico que define o básico conceito de equipe, o resultado se torna catastrófico, e pode ser definido pelas seis imagens aqui postadas. Elas contam e definem tudo aquilo que transcende comando e comandados, elas definem, simples e inquestionavelmente, o caos…

         Amém.

 

Em tempo – Limeira fez um irrepreensível jogo, defendendo e atacando numa dupla armação magistral.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las (mas não se assustem…)

ERROS (CAPITAIS) DE A/C…

 

Não tenho como norma comportamental pressionar ou mesmo interferir em arbitragens durante os jogos em que participo como técnico, em respeito ao jogo, a seus participantes, ao público presente ou conectado à mídia, e a mim em particular, já que tal atitude gera a tranqüilidade fundamental ao bom exercício profissional, necessária para diagnosticar e retificar com presteza, possíveis falhas técnicas e táticas que ocorrem em uma partida importante.

Mas tal posicionamento pode gerar comentários após jogos muito difíceis, onde alguns fatores negativos podem e devem ser discutidos à imagem das leis do jogo, a fim de que as mesmas possam ser aplicadas com a máxima isenção e justiça que as qualificam.

Algumas vezes postei nesse blog comentários sobre arbitragens, principalmente focando alguns pormenores que maculam a boa aplicabilidade dos fundamentos do jogo, como os artigos referentes ao Duelo de Habilidades nos Encontros das Estrelas do NBB, principalmente nas sequências de dribles e fintas, onde erros de execução falseiam os vencedores finais dos mesmos, e que muitas vezes não são coibidos nos jogos da Liga, e que mais recentemente foram motivos de pequenos e elucidativos vídeos, postados pelo Sportv nos intervalos de suas transmissões, e comentados pelo ex arbitro internacional Renato dos Santos.

Então, num jogo decisivo de playoff, entre São José e Minas, faltando 2.7seg para o encerramento do mesmo, um jogador comete duas infrações simultâneas, ao conduzir e andar com a bola por mais de duas passadas, observado frontalmente por três juízes, que nada marcam, propiciando um passe ao armador Fúlvio, que sofre falta e define o jogo com seus dois lances livres convertidos. Em outras palavras, a arbitragem influiu decisivamente no resultado de um jogo disputado ponto a ponto, e que daria certamente a vitoria ao Minas, pois com um lateral a seu favor e faltando 2.7seg somente restaria a seu adversário o recurso da falta, e praticamente quase nulas chances de reverter o placar.

Se muito tem se falado, às claras, ou não, o conceito de arbitragem caseira (A/C) se mantém como um estigma que deve ser expurgado de nossa tão decantada arbitragem, ainda mais no âmago de uma Liga que se predispôs a soerguer o grande jogo no país, e que ontem foi minimizado por um erro colossal, castigando a equipe que não o cometeu.

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique n a mesma para ampliá-la.

 

O LABIRINTO…

É como se de repente você se encontrasse num labirinto, se perdendo por um longo tempo em busca de uma saída, sabedor que somente existe uma, e que em muitos casos nem mesmo essa única possibilidade de fuga é encontrada. Nesse ponto, dois são os comportamentos possíveis, o de abdicar da incessante e angustiante procura, conformando-se com a desdita, aderindo aos que lá também se encontram, entregues e amorfos, ou continuar na busca corajosa e ousada, que mesmo ante uma impossibilidade, acena com a esperança dos que crêem e perseveram até o fim, sem entregas, sem concessões.

Desde sempre o sistema único nos tem limitado outros e grandes vôos na direção de um basquete mais técnico, ousado, inovador, corajoso, criativo, mantendo-o manietado a pequenos e insidiosos dogmas, a “filosofias” de um mesmo e monocórdio conceito de basquetebol, com suas jogadas hiper padronizadas, sinalizadas, formatadas num padrão aceito por técnicos e jogadores, todos em volta de uma estrela midiática, a prancheta, na qual são apostos rabiscos, borrões, hieróglifos ininteligíveis, mas que congrega à sua volta todo um padrão de impessoalidade e ausência do contato do olhar, impedido pelo biombo retangular estendido à frente de uma equipe carente de um olho no olho, de um recado ao ouvido, de um roçar amistoso e decisivo de mãos numa hora de nervosismos e inseguranças, onde gritos, rosnados e coerções deveriam dar transito absolutamente livre à calma gestual, ao diálogo justo e pertinente, simples e objetivo, congregando humores e carências, na busca do equilíbrio e do bom senso, pois na hora do vamos ver, vencem aqueles que dominam  seus nervos com a frieza dos que sabem para e como ir de encontro à vitoria.

Por tudo isso é que propugno pelo diferente, pela propriedade de algo oposto aos que todos fazem e praticam, caracterizando dessa forma o sentido grupal do novo, do instigante, do imensurável.

Ser proprietário de algo só seu é o caminho mais seguro para a evolução de um segmento social e desportivo, que se espraiado pelas demais equipes, com suas variáveis e soluções, conotam o progresso de uma modalidade mestra nas estratégias, sistemas e conceitos de jogo, impar frente às demais modalidades do desporto coletivo.

Somente depois de três temporadas após a pequena revolução causada pela personalíssima forma de atuar da humilde equipe do Saldanha da Gama no NBB2, é que já vemos sendo implantadas umas poucas opções técnico táticas defendidas e praticadas por aquela equipe desde sua experiência em Vitoria, como a dupla armação, que mesmo sendo inicialmente utilizada no âmago do sistema único, dotou o mesmo de uma substancial melhora técnica, através armadores mais capacitados nos fundamentos, de uma sintomática diminuição dos arremessos de três por parte de algumas equipes, assim como uma lenta, porém progressiva adoção de pivôs mais ágeis e rápidos, em vez dos massivos cincões que ainda habitam o imaginário colonizado de muitos de nossos técnicos, dirigentes, agentes e jornalistas especializados (?) do grande jogo,  ainda imersos no labirinto em que se entronizaram na busca absurda e inócua de pertencerem ( e alguns “acham”que pertencem, de verdade…)a uma filial sucedânea de uma NBA que de forma alguma está interessada em nós pelo desporto e a educação popular, e sim pelos lucros que podem reverter à matriz, onde os maiores compradores de seus produtos da grande loja  na quinta avenida em NY são os…brasileiros.

Enfim, se por uma lufada de sorte e competência, a ENTB se reestruturar em torno de propostas realmente evolutivas, se uma associação de técnicos for estabelecida com seriedade e profunda ética, e se nossos técnicos se dispuserem a enfrentar e procurar uma saída do autofágico labirinto em que se encontram em sua maioria, ai sim teremos alguma chance de evoluirmos na direção de uma já tardia retomada, a da nossa tradição de excelência técnica e acima de tudo criativa, e não subserviente e passiva como atualmente se encontra, numa mesmice endêmica e perigosamente terminal.

Olhando com atenção para as fotos aqui postadas, podemos imaginar o quanto de perda de tempo temos sido assaltados, perante grafismos que nada mais representam do que os sinuosos e enganosos meandros de um labirinto que compõe o mais triste de todos os cenários que emolduram o grande jogo em nosso imenso e injusto país, o nada na direção…do nada.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

QUASE LÁ…

Parece que estamos quase lá, a alguns passos de um novo pensar o grande jogo, jogando-o taticamente melhor, apesar de ainda necessitarmos melhorar, e muito, nos fundamentos do jogo.

Dupla armação se solidificando, auferindo qualidade às equipes, e acreditem ou não, uma bem vinda fuga aos mastodontes de costas para a cesta, dando lugar a pivôs ágeis e rápidos, sem deixarem de ser fortes, porém pouco diferenciados de seus companheiros de equipe, tanto em velocidade, como em habilidades também, e jogando de frente, nas penetrações e finalizações.

Franca, Uberlândia e Pinheiros provaram nesse final de semana que podemos, e devemos transitar para essa nova concepção de jogo (fato revelador serem as mesmas lideradas pelos técnicos mais experientes em atividade…), que ficará melhor ainda ladeada por uma outra conquista se marcarmos melhor, com técnicas defensivas eficientes, pessoais (como a marcação frontal dos pivôs…) e coletivas, ambas treinadas a não mais poder, e não confiadas à “disposição e entrega”, qualidades estas que pouco funcionam na ausência de conhecimentos básicos das técnicas de como exercê-la. Fundamentos de defesa e ataque é o que nos falta incrementar em doses maciças, independendo se na base ou na elite, pois trata-se do insubstituível ferramental  de todo jogador que se preza.

Mas algo de muito especifico ainda tem de ser repensado, profundamente estudado, ferozmente combatido, a hemorragia dos três pontos, que deveria ser estancada e substituída pela compreensão de seu real significado, que deveria ser a de uma opção pontual de jogo, e não uma finalidade do mesmo.Acredito, como sempre acreditei e propugnei na teoria e na extensa prática, que essa maneira de arremessar não se coaduna com a correta e sempre busca pela melhor forma de jogar basquetebol, pois prima pela maior imprecisão se comparada com os arremessos de media e curta distância, que potencializam e se tornam mais eficientes, mesmo que de 2 em 2 e 1 em 1. Os arremessos longos, se bem contestados, alvo das boas e eficientes defesas fora do perímetro, fatalmente anulam tão decantada qualidade dos mesmos, além de limitarem, por conveniência, o acesso às verdadeiras técnicas conseguidas e alcançadas pelo domínio dos fundamentos. Uma equipe bem treinada nos fundamentos, sempre será mais qualificada do que aquela que pretensamente domine uma determinada tática de jogo, sem o conhecimento básico e fundamental necessário para a  fluidez do mesmo, e isso é uma verdade inquestionável.

O Pinheiros, agindo e jogando em dupla e escancarada armação ( e quem ainda ousa contestar que o Shamell não é armador, já que junto ao Smith e o Paulinho armaram e lançaram seus pivôs Mineiro, André, Fiorotto e Araujo para o miolo da defesa argentina), contando ainda com o ala Marcio inspirado, todos atuando livres e em permanente movimentação, contestando os lançamentos argentinos, e só não mais fizeram graças a um 11/26 nos três pontos, e 15 erros de fundamentos.

E o que dizer do jogo entre Franca e Uberlândia, com a s mesmas características de soltura e fluidez ofensiva, ao lado de uma defesa forte e combativa, e aqui nesse jogo em particular, utilizadas por ambas as equipes, mas com os senões dos 14/45 nos arremessos de três e 23 erros nos fundamentos.

Podemos então afirmar com satisfação que algumas equipes da nossa elite já se comprometeram eficientemente com a dupla armação, com o avanço significativo do jogo interior, através pivôs e alas altos, rápidos e ágeis, e com a melhora mais significativa ainda de seus setores defensivos, faltando somente que outras mais adiram a esse novo tempo, agregando um maior cuidado aos fundamentos, aos arremessos de media e curta distância (que são aqueles que vencem os jogos…), ao estancamento da mortal hemorragia dos três, transformando essa refinada especialidade (que é para muito poucos, mesmo…) num válido e pontual recurso, e não uma opção de jogo, e deixando as arbitragens em paz com seu difícil e exclusivo trabalho,  não buscando nas mesmas os álibis que as inocentem(?) das falhas técnicas, derrotas e oportunos “detalhes”, tão usuais e corriqueiros em nosso meio.

Que o grande jogo, enfim, reencontre seu perdido caminho na estrada dos últimos vinte e cinco anos de sua história nesse imenso e injusto país.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Foto 1 – Uma opção interior seria a mais indicada.

Foto 2 – Cena rara do técnico Helio Rubens acessorando seu assistente.

Foto 3 – A equipe campeã da Liga das Americas. Parabéns.

“NOVOS CONCEITOS”…

Eis alguns trechos da entrevista do técnico do Flamengo ao Globoesporte.com de 8/4/13:

 

(…)Sofremos muito com o calendário por termos disputado quatro competições em seis meses e termos jogado muitas partidas seguidas. Em razão dessa maratona, deixamos de executar parte do nosso planejamento, acabamos não conseguindo treinar como gostaríamos e caímos de produção em alguns fundamentos. Como isso já era prevísivel, nosso objetivo era terminar em primeiro para usar esse período livre para treinar. Esses dois últimos jogos contra Tijuca e Suzano farão parte desse trabalho – afirmou.(…)

(…)A maior preocupação do treinador rubro-negro é com seu setor defensivo. Dono de uma das melhores defesas da competição, o Flamengo sofreu 93 pontos na derrota para o Pinheiros e na vitória sobre o Paulistano.(…)

(…) Vamos aproveitar os jogos contra Tijuca e Suzano para ajustar nosso posicionamento defensivo e testar alguns conceitos e ações que temos em mente nesse setor. Nós tínhamos uma média de 73, 74 pontos sofridos por partida, mas permitimos que Paulistano e Pinheiros fizessem 93 nos dois últimos jogos, muito acima da nossa proposta – alertou Neto.(…)

 

Bem, depois de tão firme posicionamento, inclusive, e erroneamente, classificando os jogos com o Tijuca e o Suzano, últimos classificados no NBB5, e como líder do campeonato, como treinos para ajustamento de conceitos defensivos, pudemos testemunhar que os mesmos falharam redondamente, não por falta de treinamento, mas por serem equivocados em sua mais preliminar origem, o estágio técnico de seus jogadores na arte de defender, que no frigir dos ovos, é nenhuma.

Como exigir defesa eficiente, sob o conceito que for, com jogadores como o Marcos, o Duda, o Benite, o paraguaio, citando os principais, que marcam de pé, sem um mínimo de flexionamento de joelhos necessário ao enfrentamento blocante a um adversário razoável nas penetrações e fintas, com ou sem a bola, a um Caio cuja lentidão lateral impossibilita uma correta defesa frente a pivôs mais ágeis e velozes, a um Shilton que desconhece o posicionamento correto para os rebotes, enfim, com quase toda uma equipe forte e decisivamente focada para o ataque que ao deixar jogar fora e em muitas oportunidades dentro do perímetro, enfrenta situações defensivas algumas vezes irrecuperáveis?

O Tijuca fez mais de cem pontos nos tais conceitos, e que ponham as barbas de molho se não treinarem os fundamentos individuais de defesa, isso mesmo, fundamentos de defesa, para ai sim, num futuro breve ou distante, conotarem conceitos e sistemas eficientes de defesa aplicados com presteza e  boca calada, a tal que se muito aberta entra mosca, conceitos à parte…

Com o velho Togo aprendi uma inesquecível lição, discursos e festas só depois da taça nas mãos, até lá, treino e muito treino de fundamentos, o verdadeiro conceito do grande jogo.

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

ECOS DA OFICINA…

Olá,

Aqui é o Pedro que fez a oficina. Comecei a usar os circuitos nos treinos. A melhora na motivação para o treino dos fundamentos foi imediata. Agora pretendo fazer uma filmagem do treino para mostrar a elas daqui a dois meses + ou – para verificarmos a diferença na execução dos fundamentos.

Estou enviando duas fotos do circuito, como não tinha cadeiras suficientes utilizei cones e alguns outros materiais para as seções das atletas sem bolas.

Estamos apresentando a defesa linha da bola além do controle do arremesso também.

Abraço.

 

            Recebi esse email do Prof. Pedro Funk de São Paulo, que junto ao Prof. Fabio Aguglia estiveram comigo por quatro dias na Oficina de Aprimoramento de Ensino do Basquetebol, realizada em minha residência pela impossibilidade de utilização das dependências do IEFD/UERJ, como explicada no artigo anterior. Dois foram os realmente inscritos na Oficina, e outros quatro que não puderam comparecer, três de Minas Gerais e um do Paraná, e onde nenhum candidato do Rio de Janeiro se interessou na mesma, num exemplo categórico do grande e pujante momento que atravessa o grande jogo no nosso ex grande estado.

Lendo o email e vendo as fotos, tive a certeza do quanto podemos caminhar para uma realidade inovadora e aberta ao diálogo técnico, tático, e acima de tudo formativo, voltada aos mais jovens, voltada a uma correta formação de base, onde o ensino dos fundamentos básicos atinja a qualidade exigida para a pratica do grande jogo, pratica essa permanentemente presente na vida dos jogadores, independente da idade e da categoria a que pertençam.

Antes em Vitoria, agora em São Paulo, uma outra visão voltada ao treino dos fundamentos, ao ensino e pratica de sistemas e conceitos de jogo, ao preparo tático de equipes, à administração coerente à nossa realidade de país pobre e dependente de maiores incentivos à educação e ao desporto, ao planejamento factível, ao amor e dedicação ao estudo, à busca da integração e ampla discussão democrática e acessível a todos que amam o grande jogo.

Enfim, vejo com intensa alegria a criação de um novo tempo, através pequenas e enxutas intervenções no modo de ser e ensinar basquetebol, dentro da nossa realidade, e não a dos outros, ricos e poderosos, mas não tão superiores ao nosso talento e vontade de vencer.

Parabéns Pedro e Fabio, vão em frente, estudem e vençam.

Amém.

Fotos – Fotos enviadas por Pedro Funk. Clique nas mesmas para ampliá-las.

A INSIDIOSA SINDROME…

Lendo o comentário do Gil aposto no artigo anterior, A Insinuante Síndrome, podemos atestar o quanto ainda nos distanciamos dos maiores centros onde o grande jogo flui majestoso e definitivo, e o comportamento de técnicos e jogadores raramente ultrapassa ou fere a regra estabelecida e os princípios éticos que motivam toda a competição que disputam.

Claro que arroubos e reclamações existem, mas desrespeito e ameaças inexistem, pois em caso contrário as multas e sansões disciplinares são exemplares.

Por aqui, bem, por aqui a coisa soa diferente e genericamente, pois reclamar, tumultuar, vociferar e até ameaçar flui às avessas do que deveria ser, do que deveria acontecer dentro de uma quadra de basquete, onde a luta pela vitoria deveria priorizar o confronto justo e leal, e não as coercitivas pressões, numa insidiosa síndrome pela busca do álibi mencionado no artigo anterior, tanto por jogadores, como e mais gravemente, por técnicos.

– “O Lula foi muito inteligente ao criar de saída um ambiente que o favoreceria, afinal trata-se de um jogo decisivo…”

– “Não vai ter mais jogo, acabou…”

_ “Nós dois levamos uma técnica, mas ele extrapolou, levou outra e foi expulso…”

Ao vermos o jogo constatamos que ambos extrapolaram, e de saída, nas reclamações à arbitragem, ambos tentaram desestabilizar os árbitros, instando-os a decisões que os favorecessem, ambos mereceram as técnicas recebidas, mas um deles teve de se afastar do jogo, fator decisivo para a derrota de sua equipe, fato inaceitável a um técnico de sua qualificação e larga experiência.

É triste a premissa de que caminhamos celeremente para um estagio preocupante que cresce a cada rodada do NBB, ainda mais quando colocações para os playoffs estejam sendo definidas, centrando nas arbitragens “erros propositais” que justifiquem derrotas, quando na realidade estão em busca dos álibis que expliquem as mesmas, e por que não, suas próprias deficiências.

Enfim, temos um enorme problema pela frente, e que terá de ser equacionado com a presteza necessária para a consecução de um campeonato nacional de elite, começando com a retirada de microfones dos árbitros, aspecto desestabilizante por desencadear discursos, conversas e explicações que as regras por si mesmas se justificam, bastando somente aplicá-las, sem maiores contestações, e um comedimento comportamental e profissional por parte daqueles que treinam, orientam e dirigem jogadores pelas trilhas da técnica, da tática e do comportamento desportivo, os técnicos.

Meus deuses, que falta, que enorme e transcendental falta faz uma associação de técnicos, para a real e consistente evolução do grande jogo no país. Mas acredito que a teremos um dia, forte e decisiva.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

A INSINUANTE SÍNDROME (OU A BUSCA DE UM ÁLIBI)…

Tive este problema no Saldanha, e que problema, problemão. Mas com muita conversa, troca de idéias, e dando o exemplo no banco, trabalhando e deixando, esse o termo, deixando os juízes trabalharem em paz, fui afastando os jogadores de uma síndrome que assombra o nosso basquete marqueteado, a ponto de promover juízes a estrelas globais, atrelados a microfones de lapela, e seguidos sofregamente pelas câmeras ao sinalizarem corriqueiras faltas pessoais, e imaginem o espetáculo nas faltas ante desportivas e diálogos “didáticos” com os jogadores…

 

Reclamar de juízes, assídua e persistentemente está se tornando corriqueiro em nossos campeonatos, e o mais preocupante é que se alastra com a ação coercitiva sobre os mesmos por grande parte dos técnicos, determinando um aval de consentimento a seus jogadores no mesmo sentido.

 

Lembro-me que após o segundo jogo em São Paulo no NBB2 perguntei a um jogador o por que de tantas reclamações aos árbitros, e escutei a seguinte resposta – se não funcionarem agora, estaremos projetando para os futuros jogos…  Bem, não dei mais oportunidades a este tipo de raciocínio, conclamando a todos que evitassem tal comportamento, iniciando com meu próprio exemplo de não pressionar arbitragens em hipótese alguma.

 

Mas algumas recaídas ainda aconteciam, porém em bem menor número. Observei que partiam sempre de alguns jogadores que ainda não haviam atingido o preparo físico e técnico dos demais, como uma busca inconsciente de um álibi que justificasse uma possível derrota, face a seu despreparo, fatores que o colocavam na defensiva, onde a transferência de culpa focaria a arbitragem como a maior referência da mesma.

 

Com o aumento exponencial do preparo físico atingido pela maciça pratica dos fundamentos, e conseqüente maior firmeza na consecução técnica do sistema diferenciado de jogo que adotavamos, foram as reclamações rareando até praticamente sumirem, sempre referenciadas pelo exemplo vindo de um banco tranqüilo e focado no jogo, e não preocupado com a arbitragem.

 

Observo com bastante preocupação que alguns de nossos melhores jogadores se comportam dessa maneira, quem sabe na busca do álibi salvador que os inocentem frente a derrotas, como acima expus, principalmente aqueles que se aproximam de uma idade mais avançada, onde o preparo físico se ressente bastante, prejudicando em muitos casos a produção técnica dos mesmos, principalmente no aspecto defensivo, onde as exigências físicas são mais evidentes.

 

Por outro lado, o excesso de exposição midiática dos juízes, em tudo e por tudo contribui para que os álibis sejam buscados, inconscientemente ou não, já que as discussões e entreveros são permitidos, numa autêntica síndrome na busca dos mesmos, que justifiquem fracassos e omissões.

 

Creio que a simples formula adotada pela humilde equipe do Saldanha tenha sido positiva e proveitosa, saudada que foi com o testemunho do juiz Piovesan ao se aproximar de mim ao final de um dos jogos dizendo – Professor, parabéns pelas mudanças que fez, tornando nosso trabalho mais eficiente e produtivo, muito mais que uma equipe o senhor tem aqui uma família.

 

Precisamos combater essa síndrome, que prejudica em muito o desenvolvimento do grande jogo entre nós, principalmente pelo exemplo nada educativo dado aos mais jovens.

 

Amém.

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E A OFICINA ACONTECEU…

Estou exausto, realmente cansado, mas feliz, pois apesar de todos os contratempos e desencontros administrativos, a I Oficina de Aprimoramento de Ensino do Basquetebol real e gloriosamente aconteceu.

Não foi nas magníficas instalações do IEFD da UERJ, mas sim na minha casa, não com um número de participantes que dignificasse a tradição de excelência daquela grande universidade, mas com somente dois professores de São Paulo, aos quais honrei o compromisso de realizá-la frente a inscrições antecipadas e pagas.

Antecipei um velho projeto de ter em minha casa a cada último final de semana de cada mês, dois, três ou quatro professores/técnicos, ou mesmo jornalistas e dirigentes, para um mergulho, uma profunda imersão no mundo teórico prático do grande jogo, disponibilizando minha grande experiência e extenso material instrucional e midiático que possuo, num olho no olho de intensa participação discursiva, inquisitiva e corajosa, pela busca de alternativas e caminhos que pudessem auxiliar o processo de soerguimento do grande jogo no país.

Foram 52 horas de puro trabalho argumentativo, na teoria e na prática, intervaladas com vídeos e uma ida ao ginásio do Tijuca para um jogo do NBB, onde pudemos promover a ambos o conhecimento e diálogo com figuras importantes do nosso basquetebol.

Enfim, espero que tão inédita realização tenha alcançado seus fins didáticos, pedagógicos, técnicos, táticos, e de profundo relacionamento humano, que trouxeram os professores e técnicos Fabio Aguglia e Pedro Funk Gambarini à cidade maravilhosa para conviverem uma experiência inesquecivel para esse velho e calejado professor, e aos quais agradeço de todo o coração a oportunidade a mim concedida.

Amém.

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