UNIFORMES E ADERÊÇOS II.

Assisto a partida Brasil e Sérvia e Montenegro pela Liga Mundial de Voleibol,onde uma torcida lotava toda a circunferência do ginasio,numa prova cabal de sucesso da competição.Findo o jogo,desligo a TV e me fixo numa imagem com alguns elementos não encontrados em jogos de basquetebol.Fixo a imagem de um atleta em plena ação,saltando a grandes alturas, mergulhando em busca de uma bola perdida, sacando com violência,bloqueando com elegância e precisão,passando em qualquer circunstância em que a bola se encontre,e cortando com elasticidade e plástica beleza.E em todos os movimentos constato a simetria de suas figuras totalmente voltadas ao gesto desportivo,puro e irretocável,onde até seus uniformes se amalgam ao todo da ação.E imediatamente me transporto à imagem,agora ampliada,de todos os atletas participantes do jogo,titulares e reservas,de ambas as equipes,não só nesta partida,mas em todas as outras a que assisti pela Liga,nas quais,se não me enganam as lembranças,não testemunhei a presença de aderêços tribais,tatuagens modais,calções tocando os tornozelos,cabelos trançados e desenhados,numa orgia de modismos e toscas imitações.Vi atletas voltados integralmente à sua arte e à sua técnica,trajados eficiente e discretamente,e não fantasiados de coisa nenhuma.Percebe-se nitidamente a presença do comando,não so perante as ações técnicas como na apresentação comportamental do grupo,dissociando-o de qualquer manifestação pictórica que o afaste do objetivo comum,a formação e sedimentação de uma equipe,do espirito de grupo,onde as individualidades têm de ser postas ao serviço e progresso de toda a equipe,e não de um ou outro indivíduo.Por isso alcançaram e irão alcançar muitos títulos,nesse que é um trabalho admirável de coesão e coerência técnico-desportiva. Lastimo profundamente os caminhos trilhados pela maioria dos jogadores de basquetebol em nosso país,que desde muito cêdo agregaram aos seus estilos de jogo e de comportamento social uma influência que nada tem a ver com nossa realidade,e que são calcadas nas lutas de elevação racial que vem sendo travadas desde muitas décadas dentro da sociedade norte-americana,e que mais recentemente tem se manifestado pela criação e rápido desenvolvimento da modalidade de Street-Basketball,prontamente copiada e adotada por muitos jovens brasileiros,que deveriam,isto sim,estar empregando seu tempo e esforços no aprendizado do verdadeiro jogo de basquetebol,e não de um arremedo oportunista do mesmo.Mas para que isso pudesse acontecer seria necessário uma atitude genuina e verdadeira de realmente querermos soerguer nosso basquetebol,o que me parece não muito interessar a quem de direito e obrigação deveriam promover tal política,as escolas e os clubes,por estarem a longo tempo abandonados e marginalizados do processo sócio-educativo em nosso país.Luta-se abertamente pelo controle das competições de adultos,como se fossem as mesmas a salvação da modalidade,esquecendo-se que sem base não irão a lugar nenhum.De competição esportiva saltou-se para o confronto político,e dai para diante todo um processo de decadência será instalado de forma irreversível.Brigarão até tropeçarem na bainha de seus imensos calções,que com suas dimensões ciclópicas acobertarão suas incompetências e vaidades.Pelo menos nas quadras esses mesmos calções e coloridos aderêços somente disfarçam muitos maus e mediocres jogadores,que apesar de tudo representam um mal muito menor,do que dirigentes se engalfinhando pela chave do cofre,inespugnável para quem não detêm o poder.Assim como a maioria de nossos jogadores se afogam atrás de metros e metros de pano,tatuagens gigantescas e penteados tribais,nossos dirigentes deveriam emergir do lôdo mental em que se perderam,e asseados,TODOS,tratarem de organizar,divulgar e jogar basquetebol.Parabéns ao Volei brasileiro pelas lições que nos tem dado, a TODOS,mesmo que não encontrem eco pelos seus esforços.Mesmo assim,
MUITO OBRIGADO.



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