A VITORIA DO MÉRITO.

Foi sem dúvida nenhuma um grande jogo. Nossa seleção de guerreiras atuou com magistral precisão, principalmente naquele setor em que mais vinha falhando, o defensivo. Com um forte rebote defensivo, marcação antecipada, e pressão nas arremessadoras tchecas de três pontos, tiveram todo um respaldo para se lançarem em contra-ataques efetivos, assim como, dada à desestabilização emocional das adversárias, puderam evoluir com segurança no ataque armado, onde, repetindo o setor defensivo, souberam explorar ao máximo o jogo pesado no interior do garrafão. As pivôs foram formidáveis, como também as armadoras, pois jogamos com duas por todo o tempo, onde a Helen em dupla com a Janeth( Repetindo suas atuações de armadora da equipe do Houston), e depois Adriana com a mesma Janeth, deram uma aula de como municiar as pivôs no miolo do garrafão, encontrando-as sempre em movimento com passes antecipativos e por cobertura, além de pontuarem sempre que preciso. As duas alas, Iziane e Micaela, se revezaram com alto grau de eficiência e devastadora velocidade. Todas foram brilhantes, assim como seu técnico, que foi extremamente feliz na armação técnico-tática, e no transcorrer de toda a partida. Por mérito, a seleção se coloca como uma das sérias pretendentes ao título, bastando que agregue ao precioso arsenal hoje apresentado, mais um componente, que de certa forma contradiz sua vencedora performance. A equipe australiana tem jogado exatamente dessa forma por todo o campeonato, e sem dúvida tentará dar continuidade à fórmula vencedora. Ora, se as duas equipes tenderão a se apresentar com tal similitude técnico -tática, que estratégia poderia ser montada para que nossa seleção, não só surpreendesse a fortísssima equipe australiana,como pudesse manter uma performance estável sem resposta contundente? Analizando bem essas variáveis, destaca-se uma, que por ser comum às duas equipes, é a que poderia definir o resultado da partida, a velocidade. Aquela que pudesse quebrar o rítmo imposto por suas armadoras nas jogadas de velocidade, principalmente nas passagens da defesa para o ataque, obrigando-as a um rítmo menos frenético, levaria substancial vantagem ao fim do jogo. Uma marcação implacável, porém exaustiva nas armadoras, o que exigiria um rodízio defensivo frequente, além de diminuir substancialmente o ritmo, prejudicaria passes precisos e calculados para as duas principais jogadoras e pontuadoras australianas, a Jackson e a Taylor, responsáveis a cada partida de praticamente 50% dos pontos da equipe. Essa é a variável que poderia desestabilizar uma ou outra equipe, vencendo aquela que a controlasse primeiro. Mas isto é um mero exercício de quem sempre procurou estudar estratégias, sistemas e táticas, mas que na situação atual somente deve ser considerado como uma sugestão a mais, e somente isto. Torço
para que esta valorosa equipe vença, e vá para a final pelos méritos que ostenta, e somente lastimo que suas emocionantes partidas sejam analisadas por técnicos que nada tem a ver com o basquete feminino, tirando dos verdadeiros batalhadores da modalidade a oportunidade de virem a público mostrarem porque fazem parte da elite mundial. Maria Helena, Vendramini, Lais, Heleninha, Bassul, Hortência, Paula, Norminha, e tantos e tantos outros que fazem do basquete feminino ser o que ostenta hoje, é que lá deveriam estar, para que o país os conhecesse e homenageasse, ao contrário do masculino, cujos técnicos tem a petulância de retirar do podium televisivo quem de direito, e o pior, ousando dar aulas de sapiência num desporto onde, em sua categoria só acumulam fracassos e baixarias. Que vão rodar toalhinhas nas arquibancadas, que são os seus lugares, pagando ingressos de preferência.



2 comentários

  1. Rodrigo Alves 21.09.2006

    Professor, obrigado pelas palavras lá no Rebote. A correria aqui no Ibirapuera tem sido enorme, mas continuo, claro, de olho nos seus textos, sempre ótimos. Grande abraço, Rodrigo Alves

  2. Basquete Brasil 24.09.2006

    Prezado Rodrigo, mais uma vez parabéns pelo belo trabalho realizado no mundial.Suas entrevistas estiveram em alto nível jornalistico, valorizadas pelo correto dominio da língua inglesa.Valeu. Um abraço, Paulo Murilo.

Deixe seu comentário