Numa atitude de forte liderança, o técnico Paulo Bassul encampou a seleção feminina que disputará o Sul-Americano, colocando-a como um excelente laboratório visando a formação definitiva que disputará o Pré- Olímpico em junho. Não dividiu comandos, definindo objetivamente uma meta a ser atingida, a classificação olímpica.
Na seleção masculina, a divisão de comando acaba de ser estabelecida, pois queiram ou não os entendidos, seleção principal em um país serio é função de um só comandante, cabendo ao mesmo delegar ou não poderes, basicamente a um de seus auxiliares, por motivos imperiosos e inadiáveis, como por exemplo, uma incomoda dor de coluna, que se manifesta em terras abaixo do equador.
Pelo que foi divulgado , o bom técnico Paulo Sampaio não faz parte da comissão comandada pelo técnico espanhol Moncho Monsalve, que tem como assistente direto o técnico Neto, que seria o substituto natural do mesmo no comando da seleção principal, a não ser que a destinada ao Sul-Americano não seja a principal, e sim uma seleção secundaria, que dada a pujança do nosso basquete atual, se dá ao luxo de manter e treinar duas seleções, provando ao mundo um poderio acessível a muito poucos. Trabalho massificador é isso aí, onde sobram talentos para duas seleções nacionais, como nossos irmãos do sul, com sua organização e planejamento a longo prazo, e com uma diferença capital sobre nossas pretensões, eles vencem nas duas, aliás, e bem lembrando, classificaram-se no Pré-Olímpico com a B, e disputarão a Olimpíada com a A, igualzinho às nossas pretensões caipiras.
“Com certeza, é uma comissão técnica formada por excelentes profissionais e todos têm um perfil que se encaixa perfeitamente dentro da filosofia da entidade. Com relação ao Paulo Sampaio, ele está no basquete a 38 anos, como jogador e técnico, e tem todas as condições de fazer um excelente trabalho na seleção adulta”,explicou Luis Antonio, diretor técnico da CBB.
Engraçado, Marcel, Wlamir, Amauri, Sergio Macarrão, citando alguns entre muitos que estão no basquete a muito mais de 38 anos, sem contar aqueles que não foram grandes jogadores, mas sempre foram grandes técnicos, jamais tiveram a mínima possibilidade de sequer pensarem em seleções, em contraste com técnicos de seleções de base guindados a auxiliares da principal no espaço de alguns meses, por possuírem um perfil que se encaixa perfeitamente dentro da filosofia da entidade,como definiu o burocrata cebebiano, faz com que descubramos a ponta de um iceberg monstruoso e absolutamente inaceitável.
Mas que filosofia é esta que estabelece perfis a serem encaixados na direção de nossas seleções? Será que militar e atuar nos campeonatos da CBB seja um deles? Nesse caso, as melhores equipes brasileiras que atuam na Super Copa jamais poderão ceder jogadores para representar o pais, como o ocorrido com os que atuavam na NLB? Talvez esse enigmático perfil explique o fato de uma equipe gaúcho-paulista, comandada pelo assistente do Moncho, e que só começou sua participação no Campeonato Nacional na décima rodada, fato inédito no mundo, exatamente para referendar sua escolha, e confrontar os clubes paulistas dissidentes, num recado direto justificando suas inegibilidades.
Mas minha gente, e a seleção brasileira como fica? E nesse ponto cabe uma pergunta ao novo técnico, Paulo Sampaio, e seu genial assistente Christiano Pereira- Terão vocês a plena liberdade, aquela garantida pela independência e intocabilidade do comando, adquirida pela experiência lastreada pelo estudo, pela pesquisa, pela transcendência filosófica, pela aceitação baseada no respeito e reconhecimento de seus pares, lastros dos verdadeiros comandantes, de convocarem os melhores jogadores que atuam no país, não restringindo os que competem inclusive na Super Copa? Se tiverem, ou mesmo se a impuserem, como atuam os verdadeiros e independentes comandantes, com ou sem perfis que se encaixam em filosofias fajutas impostas por uma confederação política e de interesses não muito transparentes, estarei reconhecendo honestamente, e sem falsos pudores, que enfim, estaremos reencontrando a trilha perdida, extraviada que foi, exatamente pela implantação e perpetuação da tão absurda filosofia, a que tenta divulgar que os meios justificam os fins, sejam lá os que forem, na medida que mantenha no poder aqueles que realmente comandam o nosso infeliz basquetebol.
E ao longe, muito longe, um experto espanhol, com sua lista mais do que definida, aguarda o momento de se investir no comando de uma outra equipe, que já poderia estar se reunindo, mesmo com algumas ausências, para disputar um Sul-Americano providencial, com argentinos também presentes, e podendo contar com alguns bons jogadores que aqui jogam, para em junho, ao se completarem, terem uma base razoável de entrosamento com uma nova e inédita direção, como faz o Paulo Bassul, consciente que está das nossas limitações, aprendendo a administrar a pobreza que nos cerca, inclusive, nos esportes, mas nada que nos faça perder a esperança em dias melhores, preferencialmente ao largo de filosofias mafiosas.
Torço para que o bom técnico Paulo Sampaio encontre seu verdadeiro caminho, se impondo e assumindo uma liderança que já se faz ausente a muito tempo, mesmo numa dicotômica seleção, até que se transforme na verdadeira seleção brasileira.
Amém.