GALERIA DO HORROR- “A EDUCAÇÃO JÁ ESTÁ BEM ENCAMINHADA…”


“Preciso de desafios. Gosto da tribuna, da oratória. Meu primeiro desafio como atleta foi uma Olimpíada”(…)

(…) “Neste caso, o esporte olímpico do Brasil estava em jogo aqui. Porque uma Olimpíada alavanca a construção do esporte num país. O esporte sai da esfera do comitê e vai para a sociedade. Esse é o maior legado em que posso pensar”(…). (Presidente do COB- O Globo 11/10/09).

Perfeito discurso, perfeita oratória, idêntico ao que antecedeu o Pan Americano, com seu legado absolutamente nulo, tanto em esporte, como em benefícios à população do Rio.

Já se descortina no futuro de 2016 seu discurso e oratória ao declarar aberto os Olimpic Games, claro, após uma bem orquestrada vaia presidencial. Afinal, o amor à tribuna e extrema vaidade não tem limites: “Eu era o único que poderia ter feito aquele discurso na apresentação final, falando diretamente com os delegados, e pedindo para que refletissem sobre a decisão histórica que poderiam tomar. Soubemos utilizar meu peso político e isso contou nessa candidatura”.

E para provar o que disse, logo após a leitura do voto vencedor, agarra com as duas mãos a cabeça do presidente do país e beija a sua face, da mesma forma como se cumprimentam os de seu circulo corporativista, como um premio de consolação àquele cujo insignificante discurso aos delegados pouco valor teve se comparado ao seu monumental poder de oratória…

E para não deixar qualquer margem a dúvidas sobre sua perene influência declara: (…)” Já observo gente que pode me suceder, mas por enquanto, eu sigo o que generais e estrategistas do passado fizeram: lidero as minhas tropas. Essa questão de limitar mandatos não existe” .

E pensar que o presidente do país estava crente de que seu discurso teria sido fundamental…  E sequer imagino se ainda não se convenceu dos papéis que protagonizou na abertura do Pan, e agora, em Copenhagen, onde serviu de escada para o mago da oratória destilar seu convencimento e poder mafioso.

Serão 23 ou mais bilhões na banca, rodeada pelos reis do blefe, com suas mãos recheadas de naipes em publicidade, marketing, projetos e mais projetos de construções e falsas benfeitorias, segurança com data marcada, conluio com o transporte rodoviário lobista, e um possível e pretenso investimento na malha ferroviária, escolas de línguas, preparo e treinamento dos úteis e ingênuos voluntários, a massa que dá duro para os comandantes lucrarem, e mais um milhar de obras que serão fatalmente super faturadas, numa repetição multiplicada por cem do ocorrido num Pan de triste e tão recente memória.

E conclui solene: (…) “Até o final do ano anunciaremos planos para o esporte de alto rendimento. Há o compromisso com o Lula, que me chamou para cobrar resultado já no dia 3 (…). E todos nós pensávamos que tais planos já estivessem sendo processados desde muito antes do Pan… Engano, somente os do vôlei, sua escada original.

Enquanto isto, nossas escolas agonizam, os professores, desculpem, os profissionais de Ed.Física, atrelados curricularmente aos centros de formação biomédica, dicotomizados da formação humanística dos centros de formação de professores, vegetam uma vida paramédica de terceira categoria, vigiados por confefs e crefs que distribuem autorizações a dungas e congêneres, aliados que estão à industria do corpo, e afastados do comando e liderança do MEC, mas ligados politicamente aos desígnios de um Ministério do Esporte partidário, tornando inviável a disciplina de Ed.Fisica nas escolas, outrora de importância vital , junto com as artes e a música, para a formação plena de nossos jovens, direito constitucional do país.

E por conta desta insânia, falar de esporte na rede pública escolar do país passou a ser pecado capital, o mesmo já falido nos clubes, o mesmo que o agora imperador do país denomina de alto rendimento, como se a massa de jovens pudesse ser espremida como limões a seu bel prazer, na busca de uma excelência somente possível com a massificação do mesmo.

E onde massificar senão na escola prezado imperador? Mas antes, bem antes teremos de preparar professores e técnicos, em escolas para professores, sob a ótica clássica do humanismo e dos princípios generalistas, que são a base da educação democrática, e não o pragmatismo desenfreado dos atuais currículos forjados e administrados em cursos de base paramédica.

E com a volta estratégica da formação de professores para a área humanística, veríamos cessar a catastrófica influência e tutela de conselhos de educação física, cuja maior performance foi a de autorizar milhares de leigos a empunharem um legado didático pedagógico que absolutamente não dominam.

Com essa base formativa reinplantada, poderíamos reintroduzir a educação física de qualidade nas escolas, e seu produto natural, o desporto escolar, jamais dissociado da formação plena do cidadão, do atleta-cidadão.

E com uma ou duas gerações de trabalho intenso poderíamos alcançar padrões atléticos que nos situasse ao nível das grandes nações, aquelas mesmas que colocam a educação no patamar maior de suas conquistas humanas e tecnológicas, que como podemos avaliar, em muito ultrapassariam os 2016 da vida, em contraponto aos projetos enganosos e criminosos de esporte de alto rendimento, saídos da verve oportunista de um amante incondicional da oratória.

Não nos iludamos, pois a performance atlética e grandes resultados em 2016, com exceção óbvia do vôlei, não terão a menor importância ante à presença real e palpável de um cornucópia financeira que enriquecerá uma geração cada vez mais elitizada e especializada, altamente especializada, em se apropriar de verbas públicas, a qual, em absoluto interessa escolas de qualidade, educação democrática e acessível, pois um povo educado seria o maior entrave às suas conquistas político econômicas.

Maquiar uma realidade brutal como essa não resolverá o nosso atraso, e sim investir pesadamente em educação, o que duvido que venha a ocorrer, ainda mais em um país presidido por um homem que não lê, e cuja sucessora já anunciou que “a educação já está bem encaminhada”, retirando-a de suas prioridades, rodeados, ambos, por oportunistas que amam a tribuna e a oratória, ah, e os milhões também.

Que todos os deuses disponíveis nos protejam, mais uma vez.

Amém.

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CONTINUAMOS…

Quando em fevereiro desse ano assumi a direção de uma equipe da LNB, para o returno do NBB2, tive de fazer uma opção bastante significativa em minha rotina de vida, orientada ao estudo, e ao blog criado em 2004.

Inicialmente a mudança de cidade e todas as implicações logísticas inerentes à mesma, não fosse eu aposentado do magistério superior, e já estando na casa dos 70 anos, e segundo, a forma como manteria a essência do blog estando na direção prática de uma equipe de alta competição.

Creio ter solucionado os impasses de uma forma bastante pragmática, instalando-me em um hotel, onde o aspecto “administração de uma casa” seria minimizado, e estabelecendo um diário no blog sobre as etapas de treinamento e jogos que passei a enfrentar no dia a dia da competição, e que foi bastante consultado e discutido, principalmente pelos jovens técnicos do país.

Terminada a competição, iniciei um tempo de espera, a fim de dar continuidade, ou não, ao trabalho implantado na equipe, situação essa que dependia exclusivamente da direção da mesma, na busca de patrocínios que a viabilizasse para a temporada a seguir. E durante a angustiante espera me posicionei em um artigo que desnudava toda uma situação de fato, mas não de direito, onde a realidade do nosso basquete se fazia presente com todo o seu desnível sócio esportivo. “Me dei um tempo… foi o artigo em questão, cujo último parágrafo expunha com clareza o processo de indefinição que se fez presente na continuidade da equipe, que acabou sendo liquidada, pelo menos quanto ao processo técnico tático que propus, treinei e a fiz atuar nos 11 jogos finais da temporada.

Hoje, definitivamente fora das quadras de jogos da LNB, por uma disposição injusta e discriminatória, onde o se provar competente e atualizado é fator desqualificante e de somenos importância, ante o poder inamovível de um corporativismo descabido e retrógado,  advindo de fora das quadras, volto aos cânones que sacramentaram a criação deste humilde blog, onde a discussão básica, transparente e responsável, propugna, como desde sempre, o possível soerguimento do grande jogo em nosso país.

Portanto, e após um segundo tempo reflexivo, volto à trincheira desobrigado das funções de técnico atuante, não menos compromissado com as análises, criticas e sugestões que sempre habitaram esse espaço, sempre contando com o apoio, as criticas e sugestões dos muitos jovens técnicos, alguns velhos técnicos e poucos jornalistas e aficionados, presentes nos comentários abertos e democráticos, continuando o caminho traçado desde setembro de 2004.

Muitos assuntos pairam no ar, alguns sequer intocados pela mídia, pelo público em geral, mas repletos de importância e de significados.

Continuamos na teimosa e constrangedora forma de preparo de nossas jovens seleções, onde perder sistematicamente para os argentinos já se tornou um hábito endêmico, quando deveria ser um parâmetro de mudanças e conceitos, e de responsáveis também.

Continuamos a minimizar o ensino dos fundamentos, assunto de uma infinidade de matérias aqui publicadas e discutidas, que bem sei ser domínio de muito poucos excelentes técnicos que possuímos, NENHUM deles responsáveis por quaisquer seleções de base brasileiras, e cujos princípios já extrapolam de modalidades, haja vista o excelente artigo- O erro está na base-  do jornalista Fernando Calazans no Globo de hoje (2/11/2010), que o encerra desta forma – “O remédio, não só para o Flamengo mas para todo o futebol brasileiro, está na base. Está nos meninos de 10, 11, 12 anos que, em vez de terem aulas de tática com os “professores pardais” da categoria, precisam aprender primeiro a lidar com a bola, a dominar, driblar e passar como por exemplo Conca, Montillo, D’Alessandro e outros… argentinos.”  E como pululam pardais em nosso basquete…

Continuamos a mesmice técnico tática que nos esmaga a duas décadas, como um pacto adjeto ao que de pior pode nos referenciar perante a comunidade internacional, depurando sem dó nem piedade qualquer tentativa de “diferenciação”, mesmo que partindo de um insignificante lanterna da liga dirigido por um excêntrico de plantão, mas que poderia deixar de sê-los na continuidade da agora esmagada tentativa. Se pura maldade, ou abjeta burrice, que julguem os entendidos…

Continuamos, enfim, a administrar sofregamente as vultosas e bilionárias verbas que se avizinham a 2014 e 16, todas elas comprometidas com os negócios, da industria ao turismo, nas mãos dos apaniguados e dos chupins dos poderosos, onde a menção de termos como, educação integral, democrática  e de boa qualidade, preparo e aperfeiçoamento de jovens atletas, pagamento justo e meritório de professores e técnicos, se tornam impublicáveis em seus projetos megalômanos e anti patrióticos, já que excluem a verdadeira riqueza de um país que pretende se alçar e ombrear com as nações desenvolvidas do mundo, seus jovens, esquecidos e criminosamente abandonados.

Continuamos assim, a luta que sei ser sem fim, até quando os deuses permitirem.

Amém.

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UMA SUTILEZA DO DESTINO…

  • Washington Jovem Alexandre. Ontem

Professor,

Agradeço por ter participado desse trabalho que o Senhor implantou aqui com a equipe do Saldanha da Gama, trabalho esse que levei para as categorias de base do clube, ensinando aos meninos uma nova forma de jogo, que a principio acharam estranho, mas, após a adaptação entenderam a forma de jogar. Hoje as equipes de base do clube jogam um basquete diferenciado, buscando a pontuação de 2 em 2 como o Senhor dizia sempre, e com muita “sutileza”, palavra essa que ficou gravada em minha memória. Obrigado pela experiência vivida, e pelo aprendizado que foi de muita valia para mim. Hoje essa forma de jogar é conhecida entre os meninos como sistema ” Paulo Murilo”. Um abraço e mais uma vez o meu muito obrigado professor. Do seu assistente técnico Washington Jovem

Recebi ontem esse comentário sobre o artigo “26/02/2010 – UMA DATA PARA RECORDAR…, do meu assistente técnico, e responsável pelas categorias de base do Saldanha da Gama, Prof. Washington Jovem, que me deixou imensamente feliz, pois reflete com exatidão o impacto positivo de um bom trabalho numa divisão principal, e sua estratégica influência nas divisões de base de uma modalidade de técnica refinada como o basquetebol. E se essa divisão principal pautar sua preparação básica nos fundamentos do jogo, mais ainda essa influência se caracterizará, pois estará exequibilizando todas as necessidades técnicas exigidas num sistema de jogo diferenciado pela participação equânime de todos os integrantes da equipe, dos armadores aos pivôs, onde as oportunidades técnico táticas são comuns a todos, num exemplo ímpar para os jovens que se iniciam.

O Washington foi um grande jogador no Espírito Santo, marcador implacável, e pontuador de primeira, e realiza um ótimo trabalho nas divisões de base do Saldanha, movimentando muitos jovens capixabas. Com essas credenciais, o diretor daquela que foi a franquia CECRE/Saldanha, Dr. Alarico Lima, me indicou o seu nome para assistir-me na direção da equipe principal, naqueles 49 dias que duraram nossa participação no NBB2, cuja história já foi amplamente discutida aqui no blog.

Creio ter custado um pouco ao Washington, dada às suas características combativas, captar meu aparente distanciamento naqueles momentos cruciais de uma partida tensa e disputada ponto a ponto, onde as tensões beiram a ruptura, onde equilíbrio e desequilíbrio compactuam um mesmo e tênue fio condutor, onde um erro, por simples que seja, fará pender o fiel da balança para um dos lados. Mas acredito o ter induzido a um raciocínio que prima pela lógica, o de que um jogo deve ser mental e meticulosamente metrificado em seus três quartos iniciais, a fim de que no quarto final o mesmo possa vir a fluir, lastreado por reservas técnicas, físicas e emocionais, acumuladas parcimoniosamente naqueles indefinidos e decisivos quartos.

E juntos pudemos testemunhar pequenas grandes conquistas, onde o duro trabalho e os sacrifícios conduziram aquela humilde equipe a um patamar respeitado e agora, pelas mãos do Washington, continuado.

Exatamente pela continuidade junto aos jovens daquele trabalho, creio ser eu a agradecer. Obrigado Washington,  seja feliz e vitorioso, você merece.

Amém.

PS- Foto de um treino de fundamentos com o Washington ao meu lado. Clique na foto duas vezes para ampliá-la.

26/02/2010 – UMA DATA PARA RECORDAR…

Exatamente nesta data, uma equipe da liga principal do país, se apresentou atuando de uma forma totalmente oposta ao sistema único de jogo, estabelecido a quase vinte anos, e praticado por todas as equipes brasileiras, em todas as faixas etárias, e em ambos os sexos.

Foi na terceira rodada do returno do NBB2, em São Paulo, contra o EC Pinheiros, e em seu ginásio.

A equipe, o Saldanha da Gama de Vitória, última colocada na classificação da Liga, se apresentava após 18 dias de treinamento intensivo, tendo somente realizado um treino de quadra inteira, de somente 15 minutos, na véspera do embarque para São Paulo.

A pequena saga desta equipe já foi extensamente contada aqui no blog, excetuando os dois primeiros jogos, o que apresento hoje, o primeiro, contra o Pinheiros, onde mesmo derrotada se apresentou de forma surpreendente, e o de dois dias depois contra o Paulistano, que apresento para a semana, quando vencemos a partida, ambas com contagens acima dos 80 pontos, contra uma média de 65 pontos da equipe no turno do campeonato.

E porque somente agora veiculo esses jogos? Pelo simples fato de que ambos representaram um admirável feito de uma equipe que foi praticamente desfeita na semana que sucedeu aos mesmos, com o afastamento de caráter administrativo de três de seus principais jogadores, obrigado-a a refazer todo um trabalho,  sem um intervalo para treinamentos, pela sucessão de jogos e pela perda técnica em si.

E qual a importância dos mesmos?  Pelo fato inconteste de que se tratava de uma equipe composta por 11 jogadores depreciados e minimizados, executando um sistema de jogo inédito para os padrões solidificados do nosso basquete, com uma possibilidade rotativa invejável, e altamente produtiva, no ataque, e na defesa também, e com um altíssimo grau de comprometimento aos sistemas adotados e aceitos por todos os seus integrantes. A dissolução de sua estrutura inicial ocasionou uma queda acentuada da equipe, somente recomposta três semanas depois, quando, entrementes, algumas previstas derrotas afastou a possibilidade de classificação nos play offs, o que seria razoavelmente possível se a mesma não tivesse sido fragmentada.

Mas o que realmente importou nestes dois primeiros jogos, foi a quebra de um conceito monolítico implantado em nosso país, o da padronização e formatação de um sistema único de jogo, que tanto nos empobreceu técnica e taticamente nas últimas duas décadas.

Claro que um sem número de erros são apresentados nestes dois jogos, principalmente defensivos, pois o prazo de 18 dias de treinamentos foram insuficientes para corrigi-los a contento, além de alguns fundamentos que necessitavam um maior aprimoramento, como os passes e os lances livres(foram 15 perdidos no jogo contra o Pinheiros, numa derrota de 13 pontos), acrescidos, no entanto, de algo muito positivo, o total de 17 arremessos de três pontos na somatória dos dois jogos, provando a possibilidade real de uma equipe atingir placares elevados jogando com a maior e mais confiável precisão dos arremessos de dois pontos.

Mesmo com tais deficiências, podemos, nesta oportunidade de rever os videos,  testemunhar algo de instigante, desafiador, ante duas das mais representativas forças da Liga, demonstrando com sobras o quanto de potencial apresentou a equipe do Saldanha, cuja continuidade a faria atingir patamares bem mais positivos. Mas a tentativa inicial ao ser desfeita com a dispensa dos três jogadores,  limitou em muito essa possibilidade.

Hoje, com o Saldanha fora do NBB3, descaracterizado de sua proposta inovadora, passará somente a representar uma lembrança de algo que foi muito bom, mas impossível ante a realidade de nosso basquetebol, cego e manietado política, economica e éticamente, cujo brilho fugaz não pode ser esquecido por todos aqueles que realmente conhecem e amam o grande jogo, e o querem de volta ao seu lugar de direito.

Amém.

26.02.2010 – Pinheiros x Saldanha da Gama – Primeiro Quarto

PROFESSOR, UMA LEMBRANÇA…

“Senhores presentes nesta reunião, creio que todos foram agraciados com as verbas necessárias para tocarmos o grande projeto Rio 2016, e mais virão, na medida em que os prazos se tornarem exíguos, dispensando essas futilidades denominadas, concorrências. Afinal de contas, é o prestígio do nome Brasil que está em jogo, ou não?

Vejamos em linhas gerais o que conquistamos, técnica e politicamente, e que apesar de vultoso, ainda pode ser bem mais lucrativo. Novos hotéis, estradas, pontes e viadutos, saneamento, transporte, moderno, confortável, rápido, novos estádios e ginásios, piscinas, pistas e alojamentos, verbas para assessorias nacionais e internacionais, alimentação em grande escala, hospitais, novos aeroportos, rodoviárias, ferrovias e portos, publicidade, segurança ostensiva, benfeitorias, serviços de apoio, e as verbas emergenciais.

E tudo em nossas mãos, patriarcal e hierarquicamente distribuído, onde os vínculos do interesse globalizado tem de ser respeitado, onde nem mesmo impostos podem ser cobrados pelo estado brasileiro. É a nossa independência econômica e financeira, arduamente conquistada, e com data marcada será irrecorrível e definitiva.

E agora, como estamos todos de acordo, podemos dar por encerrada essa histórica reunião.”

– Sr. Presidente, por causa da euforia causada por tão esperadas noticias, esquecemos dois pontos da pauta, e gostaria que pudéssemos enunciá-los, seria possível?

“ Pois não, do que se tratam?”

– Projetos e planejamentos para a formação dos atletas, afinal de contas serão eles que disputarão os jogos…

“Prezado confrade, esse é um pormenor que terminado os jogos rapidamente cairá no esquecimento. Um ou outro jornalistazinho ainda teimará em abordagens inócuas, e como disse antes, rapidamente esquecidas. Temos de dar graças a esse salutar habito brasileiro de não valorizar memórias passadas. Por acaso você pensou no montante de verbas que teríamos de abdicar para que fossem empregues em escolas, em clubes, em parques, para que se perdessem em atividades que não geram os lucros de que necessitamos? Por que abrir mão do agora, do nosso, para investir no futuro de outros? Já imaginou tal insensatez?”

– Mas se trata de uma herança a ser deixada para a educação de nossos jovens, das gerações futuras, da plena utilização dos espaços pela população como um todo, pela…

“ Paremos por ai, caro confrade, ou ex confrade a continuar enunciando tantas besteiras. Educar um povo, para que ele, assim “educado e culto”, nos derrube num futuro próximo, é inconcebível! Deixemos como está, e nos locupletemos o mais que pudermos, ou não temos famílias e amigos para sustentar?”

-Mas, desculpe, faltou um último, sei que insignificante item, o que representa a coletividade responsável pela formação destes atletas, futuros cidadãos, os técnicos, os professores…

“QUEM?? Não ouse…”

Homenageio a todos os técnicos e professores desportivos, do ensino formal, técnico, cientifico e artístico desse nosso enorme e infeliz país em seu dia, apesar do criminoso esquecimento de que são vitimas por amarem sua função acima das vicissitudes e dos injustos sacrifícios.

Nosso país ainda reconhecerá, um dia, sua tarefa única, estratégica e patriótica, ajudando-os a estudar mais, a se aprimorarem, remunerando-os com justiça, para ai sim, se tornar digno de um futuro melhor, e quem sabe, mais digno ainda de uma Olimpíada. Um abração a todos.

Amém.

O DEDO TORTO…

(…)- “O momento mais difícil foi entregar o jogo contra a Bulgária. No começo, eu não consegui. Não sabia como fazer, nunca tinha feito isso na minha vida antes. A gente tinha esse objetivo mesmo, e foi superado. Antes de dormir, à noite, esquecemos e superamos. Jogamos de acordo com as regras do campeonato. No fim, deu Brasil por merecimento, o esforço do brasileiro no dia a dia. Ganhou o melhor – afirmou Mário Jr, em entrevista ao SporTV.

Sem saber que Mário Jr tinha revelado a decisão de entregar o jogo, o capitão Giba contou que os jogadores fizeram uma reunião até 5h da manhã na véspera da partida contra a Bulgária.

– Soubemos tomar a decisão certa na hora em que foi preciso. Tivemos uma reunião até 5h da manhã. O que decidimos é do grupo, ficou entre a gente – afirmou Giba”(…).

Foi uma conquista tecnicamente perfeita, de uma equipe, que segundo o grande jogador italiano Zorzi, hoje comentarista desportivo, não precisaria se utilizar desse estratagema, dada a sua inquestionável superioridade ante os demais concorrentes, numa atitude reprovável e constrangedora, que ficou patente com as declarações do jogador Mario Jr. após a grande conquista, e a tentativa de ocultá-la por parte do capitão da equipe, Giba.

Mas o momento mais emblemático ficou por conta do presidente da CBV, Ary Graça, ao exibir para a câmera do Sportv seu dedo deformado pelas constantes fraturas de ex-levantador, que em conjunto com outros dois perfeitos, sinalizava o tri-campeonato, numa perfeita alegoria das conquistas, onde esta última pecou pela fraude consentida e deformada, tal qual seu anular, provando definitivamente que ainda teremos muito a evoluir no mundo do esporte e do olimpísmo, mesmo sendo tecnicamente campeões, mas, ética e educacionalmente lanternas.

E a Lei de Gerson, que tanto estrago nos tem legado, retorna triunfante e altaneira, sempre relevada, mais agora, justificada e redimida por um título que não precisaria, mas o foi, ser tão torto quanto o dedo do presidente.

Salve os campeões, orgulho e exemplo para a  juventude brasileira, e às favas a ética e o desportivismo…

Amém.

DELEGANDO MISSÕES…

COMPANHEIRO DE REVEZAMENTO, MISSÃO CUMPRIDA!

ESTAMOS DE PARABÉNS…

UM ARTIGO IRRETOCÁVEL…

Acabo de ler um artigo exemplar do Henrique Lima publicado no DraftBrasil em 13/9/10, com o sugestivo título –30 anos sem culhão? – numa clara referência às recentes declarações do agora entronizado no Hall da Fama da FIBA Oscar Schimidt, sobre a participação brasileira nesse e em anteriores mundiais e olimpíadas.

O Henrique disseca toda a trajetória das seleções brasileiras masculinas nos mundiais e olimpíadas a partir da conquista do campeonato mundial de 1963 no Rio de Janeiro, com argumentações e fatos irretocáveis, que põe em cheque as extemporâneas afirmações do grande jogador.

Não comentarei o artigo, que como afirmei, é irretocável, e aconselho fortemente a todos aqueles que conhecem, e aqueles que pensam conhecer as verdades do nosso basquete, a lê-lo com atenção e acima de tudo, isenção.

Mas para não perder o jeito, a mania de sempre acrescentar um toque a mais de informação, e com as devidas desculpas ao Henrique pela intromissão, sugeriria um sub titulo agregado ao seu magnífico artigo, também escrito após declarações do mesmo Oscar – Detalhes

Acredito que ambos reflitam e forcem reflexões sobre as “verdades” do grande jogo entre nós.

Parabéns Henrique, jornalismo de primeira.

Amém.

Adendo – Ao clicar no artigo- 30 anos sem culhão- espere pacientemente pela veiculação do mesmo, pelo fato do blog original ter saído do ar. PM.

O ENTER – SEIS ANOS DE BASQUETE BRASIL…

Seis anos atrás, 11 de setembro de 2004, às 4hs da madrugada, hesitei em dar um Enter, iniciando a saga do Basquete Brasil. Não por receio de não ser compreendido, ou mal compreendido, haja vista meus sempre contestados posicionamentos e pontos de vista, mas pelo forçado afastamento das quadras, pelo distanciamento movido pelas decepções e pelas injustiças cometidas com o basquete pátrio, pelo avesso sentimento ao que de pior vinha se apossando do comando do grande jogo nesse imenso e pobre país. Pensei muito, e considerei ser profundamente injusto guardar só para mim o pouco que sei e  amealhei pelas andanças da vida, sempre estudando, pesquisando, e trabalhando muito, dentro e fora das quadras, nas salas de aula, do primário à universidade, nos clubes, nas seleções, aqui e lá fora.

A primeira matéria ali estava, na brilhante tela já a algum tempo, como me enfrentando, mais um dos incontáveis desafios que enfrentei por toda a vida, ganhando e perdendo, mas sempre aprendendo, sempre transferindo o saber, sempre buscando novos rumos, novos desafios.

Fui a cozinha e peguei uma xícara de café, voltei ao escritório, e lá estava a página incólume, brilhando, e uma imagem me desafiando com um sorriso no canto da boca, olhando bem dentro de meus próprios olhos.

Não vacilei, e com firmeza e determinação dei o ENTER, e graças aos deuses nunca me arrependi de tê-lo feito.

Amém.

MUNDIAL-O SEXTO DIA: UM JOGO EM P&B…

Decididamente não foi um jogo, vamos assim dizer, normal. De um lado a equipe brasileira atuando seriamente, marcando sem as dobras do jogo de ontem, e por isto mesmo se antepondo às tentativas de arremessos de três dos croatas, cadenciando o jogo no ataque, usando o jogo interior com insistência, e contra atacando pela alta eficiência de seu rebote defensivo, e pela estranha ausência dos rebotes croatas, sua arma mais poderosa desde sempre, onde um Tomic tirou férias ao cometer sua quinta falta ao inicio do terceiro quarto.

Fiquei incomodado com a passividade croata, pelo desinteresse croata, pela ausência de luta e dedicação da forte equipe croata. Não era esta a medida de comparação que estava esperando no forte teste para a nossa seleção, não mesmo. E como o tom ufanista da transmissão da Sportv me incomodava mais ainda, mudei para o canal ESPN, exatamente no momento em que seus analistas  externavam suas estranhezas pelo comportamento de nossos adversários, comentando inclusive que os mesmos não estavam nem tentando  vencer, já que um enfrentamento com a Sérvia, país da antiga Iugoslávia assim como a  Croácia, trariam ao público algumas diferenças a serem resolvidas numa competição mundial, numa rivalidade histórica, e que para nós, enfrentar uma Argentina seriamente desfalcada, seria mais vantajoso do que duelar com a fortíssima Sérvia. Ao que um dos comentaristas adicionou em tom jocoso, de que nem precisaria terem ido ao  ginásio, bastando um acordo no hotel, ou um “rachão” entre compadres.

Os comentários casavam com a minha opinião, de que os croatas não se empregaram física e tecnicamente como vinham fazendo na competição, e como ambos estavam classificados, o interesse de jogar com a Sérvia, como num acerto de contas no campo desportivo( Político? Bélico?…), num cenário de alcance mundial, já que muitas das diferenças ficaram embutidas nos vales dos Balcãns, se fez prioritária, e de uma forma não muito antiética., como num jogo em P&B…

Para a seleção brasileira, que se apresentava bem mais corrigida de seus defeitos crônicos, um maior empenho croata dimensionaria suas reais possibilidades neste mundial, e não um passeio onde o Marcelo Machado teve a oportunidade, até agora única neste mundial, de arremessar absolutamente sem marcação, desde o drible, a troca de mãos e a finta para a esquerda( sua rotina ideal de arremesso) um bom número de tentativas de três bem sucedidas, o que dificilmente se repetirá daqui para diante.

Como bem pareceu ter sido uma decisão unilateral, nossa seleção cumpriu seu papel com uma maior eficiência do que nos jogos anteriores, mas não pode aquilatar com maior precisão suas reais condições técnico táticas, que serão testadas na próxima quarta feira contra nosso grande rival( felizmente só no campo esportivo…), quando somente um dos competidores seguirá a trilha em direção ao possível, porém dificílimo, pódio.

Agora fico realmente curioso com o papel que desempenhará o Magnano, conhecedor profundo dos jogadores hermanos, na preparação e desenvolvimento de nossa seleção para este emblemático e decisivo confronto, já que somente um deles prosseguirá no campeonato. Seu título maior, o de maior significância para um técnico desportivo, o olímpico, foi conquistado, para o supremo orgulho de sua nação, na direção de nossos adversários de quarta feira, e honestamente afirmo, que sua dimensão de técnico superior agora é que será definida, onde os fatores  nacionalidade, pátria e comprometimento profissional, serão testados em definitivo, pois estará em jogo não a sua integridade humana, e sim os mais autênticos valores da competição puramente desportiva, unindo povos, mentes e corações.

E que vença o melhor.

Amém.

PS-Clique na imagem para ampliá-la.