O ÓBVIO ULULANTE.

Sim senhores, temos uma equipe, pronta para os embates que advirão. E como foi possível que nenhum de nós se apercebeu da existência da mesma? A escalação que veio desde o primeiro jogo, seria sem dúvida , uma escamoteação do que seria a base inicial, do que seria a linha de frente da equipe? Começadas as partidas, mexia-se um pouco aqui, outro pouco acolá, mostravamo-nos incipientes em um momento, brilhantes em outros, combinações em que alas armavam, em que pivôs vinham arremessar dos 3 pontos, onde, num relampejar dois armadores atuavam juntos, e que ao se acertarem eram sacados rápido para não darem nas vistas, em que pivôs reservas dos reservas eram lançados às traças, e que, finalmente, sistemas de jogo, defensivos e ofensivos, se mostravam claudicantes ante o vendaval de trocas e combinações díspares dos jogadores, dando aos futuros adversários a falsa dimensão de nossas fraquezas, fraquezas estas que se tornarão armas letais quando a bola subir para valer? Êta estratégia genial, que de tão avançada e diabólica nos levou, e aos nossos competidores, para o campo do descrédito pelo que foi apresentado, mas que, como toda ação de gênios(são 4), só estravazará à partir do primeiro jogo do Mundial? Naquele que será o momento das grandes revelações, testemunharemos o nascimento de uma equipe fantástica, a única que considerávamos, nós e as outras equipes, completamente improvável por não se apresentar por mais de 1/4 de jogo, por não apresentar absolutamente nada que pudessemos sequer desconfiar que alí estava, ao alcance de nossas tênues convicções, a gema das gemas, a verdadeira seleção nacional? Trata-se de uma estratégia revolucionaria, a de esconder até de si mesmos o quanto de formidáveis são. Só exageraram um pouco ao perderem todas as partidas menos uma, pois mesmo dentro de um plano genial, perder todas daria indícios óbvios demais. No entanto, a eleição de dois de nossos jogadores para o quinteto do torneio, quase pôs tudo à perder, e que para não causarem impressões erradas, receberam seus troféus pelas mãos do mago treinador.
Hermenêutica, esta é a chave do sucesso vindouro. Equipes que treinam e se apresentam para valer em torneiozinhos de véspera de um Mundial, que aprimoram seus esquemas e sistemas de jogo, que se dedicam à fundo na premissa de que devem fazer e apresentar o melhor de sí mesmos, são equipes fadadas ao insucesso, pelo menos sob a genial e trancedental ótica de nossa tão, ou mais genial comissão técnica. E pensar que gastamos horas na frente de um televisor, para escrevermos, discutirmos, sugerirmos, e até impormos pontos de vistas completamente à esquerda da suprema realidade? Quanta ingênuidade, quanta, desculpem a expressão, babaquice! Leandro, Marcelo, Guilherme( Alex?), Spliter e Varejão, eis a equipe que ninguém jamais desconfiou que existisse. A equipe da nossa redenção, a equipe genial. Agora, que compreendo a “profundidade secreta” de nossa preparação, ajoelho-me, e contrito clamo no espaço sideral- Valei-me Padim Ciço!

O PAPA E OS CARDEAIS

“Fizemos uma grande partida. Conseguimos colocar em prática as mudanças necessárias na defesa e melhoramos a distribuição de bolas no ataque. A marcação individual funcionou muito bem e com isso anulamos as principais jogadas deles, especialmente o Yao Ming. Agora vamos disputar o bronze. Por coincidência terminaremos a fase de preparação justamente contra a Australia, nossa adversária de estréia no Mundial. Temos que tirar proveito dessa partida para a competição, marcar muito bem e ter atenção especial com o Bogut, Principal jogador australiano”. Analizou o técnico Lula.( Matéria do site Databasket em 13/08/06).
Tudo muito bem,a não ser um detalhe, o da extrema ruindade da equipe chinesa.Inacreditável a inabilidade de seus armadores,todos eles, e a evidente falta de forma de seu principal jogador,o estratosférico Yao Ming, nitidamente contido pela recente contusão. Somente o outro pivô,o Y, compareceu com alguma qualidade. E apesar de tudo, a equipe brasileira venceu de 10 pontos, depois de uma vantagem de 24! Continuamos incidindo nos mesmos erros, sendo o principal a escalação dos falsos armadores, e péssimos defensores, em vez da utilização de nossos verdadeiros armadores, que nas poucas intervenções que tiveram só melhoraram o ataque, assim como impuseram a equipe um verdadeiro sentido defensivo, e mesmo assim na formação zonal. Desconfio que o jogo transmitido para cá, não tenha sido o mesmo relatado pelo técnico nº1 em suas considerações acima. Mas como os nossos adversários tinham todos feições asiáticas, e envergaram uniformes vermelhos com a inscrição China, fica a dolorosa dúvida de qual jogo o peclaro técnico se refere. Num ponto ele acerta, vai disputar o bronze contra a Austrália, primeiro adversário no Mundial, e para ser coerente, deverá escalar a equipe, tendo em vista não dar aos futuros adversários qualquer pista de como jogamos e jogaremos, com a mesma formação que tem iniciado os jogos até aqui, para aos poucos ir experimentando,
experimentando, formações que se compatibilizem com seus principios técnico-táticos. Hah, e que nessa partida teremos de tirar proveito para a competição e marcar muito bem. Pelos deuses, o que então fizeram até agora? Treinaram em combinações de n-fatores? Omitiram o óbvio de que nessa fase o importante é ter uma base de equipe (com 5, 6, 7…9 jogadores) pronta para escalar as pedreiras que encontrarão? E que o cerne da equipe tem de estar nas mãos de armadores seguros e confiantes de, e em seus posicionamentos? Que Huertas, Leandro e Nezinho têm de ser estes homens? E que, em hipótese alguma o trio Alex, Guilherme e Marcelo
pode exercer outro papel que não o de alas, bons alas que são? E, finalmente, de que na hora para valer, nossos adversários não vão amolecer na defesa de suas cestas? Então, já descontando o tempo absurdamente perdido com “experiências cardinalícias”, faça o Papa de plantão fazer adentrar à quadra contra a Australia, a verdadeira seleção nacional, tão tardiamente esperada. E que os deuses,com suas infinitas paciências em ponto de ruptura, nos ajudem, one more time. Amém.

EXPLÍCITA INSURGÊNCIA

Vinte e três segundos finais, um ponto atrás da equipe alemã, bastando uma simples cesta de 2 pontos, ou uma possibilidade de lances-livres se uma penetração fosse tentada, e que poderia, inclusive, culminar em possíveis três pontos se cesta e falta fossem conseguidas. Naquelas circuntâncias, somente uma hipótese teria de ser descartada, o arremesso de 3 pontos. E não deu outra, após uma brilhante penetração do Huertas, passando a bola na cabeça do garrafão ao Alex, numa situação perfeita de um contra um, especialidade fundamentada em sua velocidade de arrancada, e que por isso dispensava brilhos de driblador, nosso cardeal opta pelo arremesso de 3, e como não é um especialista como pensa que é, erra, e adeus vitória. Possivelmente o técnico 1 deverá proclamar, como o fez no jogo anterior, quando perdoou o drible no próprio pé perpetrado pelo Marcelo na última jogada, que também o fará quanto ao Alex. Afinal,trata-se de um amistoso, tendo, inclusive declarado que ainda faltam muitos detalhes a serem corrigidos. Concordo plenamente com essa afirmação, a começar pelo comando, pois a atitude de decisão tomada pelo Alex jamais poderia ser endoçada por nenhum dos quatro técnicos da comissào, por mais fraca e flúida que fosse. Como não é o caso, pelo menos assim pensam, tratou-se de uma explicita insurgência, ou não? Com que autoridade um jogador retira da equipe duas possibilidades lógicas de jogadas que valeriam, no minimo 2 pontos, suficientes para a vitória, e opta pela aventura dos 3 pontos para a sua glória particular? Ora, trata-se de um treino de luxo, opinião defendida por alguns, mas um treino a uma semana do mundial? Trata-se de uma colocação absurda, pois jogos dessa amplitude e importância devem ser levados na mais absoluta seriedade, como fizeram os alemães. Mas a derrota se prenunciara bem antes, baseada na pétrea teimosia em manter falsos armadores no controle técnico-tático da equipe. Duas foram as seleções brasileiras na quadra. Uma até o inicio do terceiro quarto, outra à partir daí, quando foram para o jogo dois armadores puros, o Huertas e o Nezinho. E a equipe equilibrou o jogo, tirou a diferença de 14 pontos, e assumiu uma posição de igualdade. Mas, como prêmio a tal liderança, o que colocaria os cardeais em cheque(Marcelo, Guilherme e Alex) em suas pretensas qualidades de armadores, cederam seus lugares aos mesmos, até o climax do absurdo e inqualificável “tiro”do Alex. E que ficasse bem claro aos abusados calouros -Aqui, antiguidade,
foi, é, e sempre será posto, com as bençãos da quadratura em comando. Mas esquecem um primado fundamental para qualquer comando que se preze, o de que, em se tratando de uma seleção nacional, devem sempre liderá-la os melhores em suas funções, SEMPRE, tanto dentro, como, e principalmente, fora da quadra, o que duvido que venha ocorrendo. Essa, que é uma boa equipe, corre o mais nefasto dos perigos, aquele que corroe as personalidades e consequentemente as atitudes positivas, o perigo explicitado por insurgências personalistas. E só temos uma semana para corrigí-las. Teremos tempo? Temo que não, mas… oremos aos deuses,
Amém.

TRISTE CIRANDA.

No final de Luzes da Cidade, o genial Charles Chaplin, de mãos dadas com PaulleteGodard, caminha pela fronteira do Mexico com os Estados Unidos, representada por uma linha branca que se perdia no horizonte. Mas o fazia tendo um pé de um lado da “fronteira”e o outro do lado oposto, optando por um ou outro de conformidade com os tiros que partiam de um, ou do outro lado.E assim foi até se perder no horizonte. Foi profético, pois ao viajar para a Europa, recebeu no navio a mensagem de que não mais poderia retornar aos Estados Unidos. Para Chaplin, escolhas de nacionalidade sempre foram conflitantes, mas nunca, em tempo algum, abandonou seus princípios e conceitos de cidadão do mundo. Era sua opção, defendida com ardor e independência. Agora mesmo, presenciamos a derradeira tentativa de dissolução da NLB por parte do grego melhor que um presente, que reuniu os clubes brasileiros, para definir o que considera ser o melhor caminho para a futura competição nacional, e desde já traçando a linha branca divisória que não prevê opções. E com um golpe magistral, o das duas divisões de clubes, com acessos e descensos. De pronto contou com a turma que traiu a NLB, e mais algumas que já ensaiam a rasteira. Faltou o toque de ás de manga, o de propor à NLB o campeonato de acesso, ficando com o naco da divisão A. Seria a dissolução por etapas, sem que fosse acusada de radicalismos. Uma divisão B, pouco ou quase nenhum patrocinio de peso conseguiria, mas daria a impressão de isenção politica e de interesses comerciais. Ademais, a fórmula de serem implantadas chaves regionais, baratearia a competição, e alargaria maiores participações clubísticas. Se lermos nas entrelinhas das propostas apresentadas, seria esta a única que faria com que a CBB “desse as mãos” à oponente, para o futuro do basquete brasileiro, e os clubes antes aliados à liga não se sentiriam”constrangidos” a optarem por um dos lados da linha. Uma das artes da estratégia, é a de orientarmos os adversários, para que adotem os comportamentos que desejamos, e da forma que menos nos comprometa possível. É a arte das raposas felpudas,
ardilosas e silenciosas, e que sabem muito bem o poder da alcatéia, e de que a divisão do butim,
é a chave do sucesso. Se a proposta “conciliatória” vai ser feita não sabemos, mas é a única que sobressai do emaranhado de egos e vaidades em jogo. Pode ser até que a NLB resolva encarar uma nova temporada, mas perante a debandada que já se avizinha por parte dos clubes fundadores restantes, vai ser uma tarefa brutal e de sucesso discutível. Por isso, a”solução” que apontei acima não seria de todo inverossímel, guardadas as devidas proporções. A NLB terá uma parada indigesta pela frente, tendo um único cacife, a de ter iniciado, desenvolvido e terminado o único campeonato nacional da temporada, contrastando com o da CBB que ficou pelo caminho. O “pensar para o futuro”, como apregoa o grego presidente, terá que passar irremediavelmente pela crua constatação de que a NLB, apesar das dificuldades, pressões, e traições teve sucesso onde ele fracassou, pois queiram ou não, o país teve na temporada passada um campeão nacional. Jogo no pano cavalheiros, apostem suas fichas nessa terrivel e triste ciranda. Que vença…, que vença o basquete brasileiro, se isso ainda for possível.Amém.

LEPITOPI CAIPIRA

Somente tive acesso ao jogo no finalzinho do 2ºquarto, com a equipe brasileira perdendo de 16 pontos. Tomei um café e voltei para os dois quartos finais. Me aboletei na cadeira preferida e grudei na tela da TV.Um hábito antiquíssimo de técnico fez-me percorrer demoradamente o ambiente de jogo. Casa cheia, quadra bem iluminada, bancadas paralelas à mesma, oferecendo bons referenciais aos atletas, bola uniformemente laranja, três árbitros, um americano e dois chineses (por que não um brasileiro, já que se tratava de um amistoso?) e, duas constatações inéditas para nossos padrões, chicletes mascados por nossos técnicos, e um imponderável lapitopi sobraçado por um deles, e levado de lá para cá na ânsia de mostrar dados a quem estivesse pela frente. E aí me ocorreu uma lembrança, a de que a única modalidade esportiva que realmente possa ser auxiliada por um computador na quadra é o voleibol, isso porque trata-se de um desporto posicional, no qual cada atleta cumpre um ritual repetitivo em sua performance, e que,pela ausência de contato físico, podem ser cadastradas as ações coletivas. O que poderia um lapitopi determinar de fundamental além das faltas pessoais e pedidos de tempo, que um pedaçinho de papel e uma bic não pudessem registrar? Mas que impressiona,
impressiona. Só que poderia ser menor, um palm, por exemplo. Mas o lapitopi confere uma importância,que cá pra nós, não tem nenhuma. O taipe sim, é que se torna fundamental, mas para obtê-lo o tal membro do quarteto teria de estar fora da quadra, e como apareceria?
Vaidade é isso aí. Mas voltando ao jogo, vimos um 3ºquarto vibrante, quase bem defendido( os americanos decididamente não sabem atacar a zona como o fazem na individual), pois ainda teimamos em defender os pivôs por trás, obrigando nossos homens altos a faltas evitáveis. Outrossim, os americanos afrouxaram um pouco a marcação aos nossos armadores(?), permitindo os arremessos em maior liberdade. Tiramos a diferença, também graças à velocidade e flexibilidade de nossos pivôs nos rebotes, e nos contra-ataques bem ao nosso gosto.
Continuávamos utilizando um armador puro fazendo dupla com um ala, que teimosamente se dizem, ou se acham armadores. E ai veio o quarto final, a marcação aos armadores(?) se intensificou, os espaços diminuiram, e aí, justamente aí, e por mais uma vez, constatamos quão frágeis são os fundamentos dos que se “acham” armadores. Pela enésima vez perdemos de forma medíocre a bola num drible que visava unicamente o próprio arremesso, e não a preparação competente para tal. Por falta de um completo dominio dos fundamentos, principalmente o drible, transcedental naquelas circunstâncias erros crassos foram cometidos, e a energia represada e não controlada explodiu em atitudes nervosas e extemporâneas, que nos levou a faltas técnicas e desequilíbrios emocionais, passaportes diretos para a derrota. E nessa hora o que estaria apontando o lapitopi , que em momento algum anotou em suas frias e virtuais memórias, que aqueles momentos, e muitos outros que o antecederam eram território inalienável dos verdadeiros armadores? Por que não as duplas Leandro e Huertas, ou Leandro e Nezinho, ou mesmo Nezinho e Huertas não estavam em quadra nos momentos decisivos em que a posse efetiva da bola se transformava em elemento básico à vitória? Não, o elemento cardinalício ainda se mantém irremovível, pois daqui deste lado do mundo teimarei sempre em dizer,afirmar,gritar e me indignar pela evidência primária e irrefutável de que Alex,Marcelo e Guilherme não têm habilidade ambidestra para liderar na armação essa boa equipe brasileira, evidência essa que se torna refém de mascadores de chicletes e de um imponderável lapitopi caipira. Com um taipe bem analisado não acredito que os americanos, e outros adversários nossos percam a oportunidade de por à prova as habilidades entregatícias de nossos habilidosos
alas. Espero que não se repita o desastre do futebol, pois até agora vem vigorando o nefasto princípio de que antiguidade é posto. Competência sim, é o que sempre achei e propugnei. Que os deuses nos ajudem e fiat lux.

NA BASE DA CONVERSA…

No informativo da ABFB de hoje, lemos uma matéria publicada no Jornal de Brasilia intitulada:
“Jogadores aprovam preparação com mais jogos que treinos”. Passando uma boa vista pela matéria em questão, catapultamos algumas opiniões bastante interessantes, e não menos preocupantes-Do pivô Spliter:”Sempre vai ter a dúvida.Se treinássemos mais iriam dizer por que não jogamos. O mais importante é usar estes jogos como treinos”. Do outro pivô Murilo: “Está sendo a melhor possivel(preparação), destacando o duelo contra a Argentina como uma das provas de sua teoria”. Logo à seguir retoma a análise dizendo: “A gente errou muito no jogo(contra a Argentina). Tentando arremessos na hora errada, coisa que a gente não costuma fazer”. O ala Alex concorda que falta acerto em alguns momentos. Mas não acredita que a limitação no número de treinos seja um fato muito relevante.”A gente joga junto há três anos.Se não se conhecesse teria de treinar mais. Às vezes dá um apagão. Às vezes dá tudo certo no ataque, às vezes acontecem arremessos fora de hora. Só precisa conversar mais”.Para o Varejão: “Falta ritmo de jogo e continuar com esta união”. E Murilo completa:”O principal é a união, tendo isso a gente vai se dar bem lá”. Pronto, análise feita e registrada por experts, não jornalistas, cronistas, técnicos ou torcedores, mas pelos participantes diretos, os jogadores. Mais
claros e objetivos comentários, impossível. O que preocupa é a quase total ausência de Symancol
B-12, aquela substância básica no combate à ignorância de atitudes e conceitos. Afirmar que erros e deficiências podem ser resolvidos na base da conversa, soa como um misto de ridículo e desprêzo por aqueles que ainda acreditam que boas e eficientes equipes sejam produtos de prolongados, sacrificados e desgastantes treinamentos. Soam como um alerta de que na atual seleção brasileira, jogadores, e não os técnicos( E atentem que são 4!), destilam opiniões e posições que os colocam (os técnicos), numa posição absolutamente suplementar. Para eles, que nunca reconhecem suas deficiências nos fundamentos mais básicos do jogo, superarão ocasionais erros na base da conversa, esquecendo que a tensão de jogos sequenciais somente incrementarão os mesmos. Treinar por treinar nada resolve. Treinar para adquirir técnicas desconhecidas ou de dificil execução pode, através muito esforço e dedicação, aumentar em muito a produtividade de toda e qualquer equipe que se preze definir como tal. Afirmar que não costumam arremessar em hora errada, que é o que comumente fazem, beira ao deboche puro e simples. Dizer que devem usar os jogos como treinos, e contra seleções nacionais, como a Nova Zelândia e a Argentina, não condiz com os preceitos desportivos. Será que assim atuarão nos próximos jogos que antecedem os do mundial? E que na base da conversa acertarão os ponteiros de suas vaidades e veladas críticas, nunca mencionando suas deficiências técnicas? Treinar é um ato de humildade, pois é desenvolvido longe das torcidas, da mídia. É um ato solitário, sacrificado e extremamente rude, mas que se torna de transcedental importância, basicamente em seleções, sejam municipais, estaduais ou nacionais. O jogo, numa quadra de subúrbio, ou num ginásio lotado do outro lado do mundo, sempre representará o ápice de um treinamento exaustivo, sendo, em termos finais, a prova de que foi bem planejado, executado e convinientemente testado no campo da luta. Acertar divergências e falhas técnicas na base da conversa, é historia de mau jogador e de comissão inépta, ao aceitar tais discursos. Volto a dizer que temo por uma equipe que dá mais valor ao gogó do que a boa técnica que se exige de um integrante de seleção brasileira. Peço aos deuses que esteja errado, e clamo para que nos protejam.Amém.

SHAZAN!!

Na casa dos campeões olímpicos e mundiais, com alguns jogadores consagrados na NBA, mostramos que também estamos lá, na meca do basquete mundial, mesmo que para isso tenhamos escalado formações inadequadas e conflitantes. É inadimissível postar em uma seleção brasileira um armador que dribla com dificuldade, e que tem como prioridade o seu próprio arremesso, fazendo dupla com um outro, habilidoso por sinal, mas que também capitaliza para si as glórias auferidas por penetrações cinematográficas. A tal ponto ficaram os pivôs orfãos de passes que tivemos a volta dos arremessos de três pontos executados pelos mesmos. Mesmo assim, por conta de uma luta descomunal dos jovens e talentosos pivôs nos rebotes, conseguimos de alguma forma equilibrar o jogo. Em momento algum tivemos na quadra dois armadores ambidestros juntos, a não ser no último quarto, quando o Huertas fez dupla com o Nezinho, e por muito pouco tempo, mas o suficiente para atestarmos o enorme e qualitativo talento de que é possuidor. As formações com dois armadores, constituidas num rodizio entre o Marcelo, Alex e Leandro, careceu de total qualidade nos dribles e passes, mesmo que enganosamente ofuscados por arremessos de três pontos, profusamente utilizados pelos três. Marcelo, Alex e Guilherme são alas e não armadores, pois nenhum dos três tem qualidade nos dribles. São jogadores que complementam jogadas, e não articuladores das mesmas. Nessa seleção somente três são armadores, Huertas, Nezinho e Leandro, sendo que esse último se sente mais útil penetrando do que construindo jogadas. Os homens altos, mesmo abandonados pela carência de criatividade dos pseudo armadores escalados, por sua força, velocidade e agilidade, foram páreo para os consagrados argentinos, tendo em muitas ocasiões dominado os rebotes ofensivos com maestria e grande determinação. Pena que o sistema ofensivo utilizado seja tão ingrato para com eles, que mereciam melhores e maiores oportunidades para desenvolverem suas habilidades incontestes. Mas foi defensivamente que a seleção se deu realmente muito mal. Marcelo e Guilerme simplesmente nunca ouviram falar em posicionamento defensivo no um contra um. Um passe ou outro interceptado, dão a impressão de qualidade defensiva, qualidade esta que se desnuda quando o confronto é individual. Alex é o único que tem razoável postura defensiva, somada a uma grande agressividade que algumas vezes o levam a cometer faltas desnecessárias.Mas pelo menos tenta defender com raça e brio. Huertas e Nezinho ficam num meio termo, onde conjugam o verbo cercar com alguma competência. Os homens altos, obstados e proibidos de exercerem a marcação frontal sistemática, perdem, talvez, a maior oportunidade de se imporem através suas qualidades intrinsicas de velocidade e flexibilidade, ante pivôs mais pesados. No caso argentino, estes também são ágeis e rápidos, e exercem a marcação frontal em muitas etapas do jogo, provando a exequibilidade da ação. Faltou-nos a coragem de fazer jogar os jovens armadores, que cederam seus lugares a falsos armadores, mas possuidores de um tipo de experiência que não denota aos mesmos habilidades básicas de um verdadeiro. Numa fase de treinamento e afirmação do grupo, perdemos uma excepcional oportunidade de testá-los contra a equipe campeã mundial e olímpica, em nome de um princípio cardinalício, tão em voga entre nós, e que só promove nomes em lugar de qualidade técnica. Nessa fase da preparação não se justifica”esconder o jogo”, ou adiar soluções, ou mesmo designar donos de posições. Urge sedimentar a equipe com o que de melhor ela pode apresentar, sempre perseguindo a qualidade técnica, e não o princípio de que antiguidade é posto. Este foi um jogo decidido nos arremessos de três pontos, onde os argentinos obtiveram um altíssimo índice motivado pela ausência de marcação por parte de nossa equipe, ao passo em que falhamos muito nesse tipo de arremesso, que será, sem dúvida nenhuma, fortemente marcado no mundial que se avizinha, e para o qual não temos nos preparado como deveríamos. Mas não devemos nos preocupar, pois a Super Prancheta virá em nosso socorro. Shazan!

DETALHES…

Um pouco mais ambientados, do fuso horário à alimentação, por que não, ao clima atípico para essa época do ano, com seu melhor jogador mais descansado, a ponto de liderar a raka tradicional de seu povo, a equipe neozelandeza deu um trabalhão à nossa seleção neste quarto jogo. Com a ausência do Leandro, teria a comissão técnica a enorme oportunidade de testar com eficiência o jogo de dois armadores puros e três homens altos e rápidos. Mas não foi o que ocorreu. Conceituaram o Alex e o Marcelo como armadores, o que não são, fazendo-os atuar com o Huertas e o Nezinho separadamente. Deu no que deu, grande dominio dos neozelandezes com seu jogo rápido e envolvente, composto de seis armadores de grande técnica, e seis homens altos, mas não tão altos como os nossos, porém infinitamente mais rápidos quando de encontro aos passes, e que só raramente os recebiam estaticamente. Perderam, como poderiam ter ganho. Nos poucos momentos que nossos dois armadores puros atuaram juntos, viu-se uma equipe mais incisiva, eficiente nos dribles e nos passes, mais forte na defesa e veloz nos contra-ataques. Mas tal comportamento técnico tende a fugir do rígido controle vindo de fora da quadra, que insiste em administrar toda e qualquer movimentação que diga respeito a jogadas e comportamentos táticos,que não aqueles rabiscados na prancheta que tudo prevê, que tudo determina, numa coreografia de passos marcados, que bitolam e emburrece, e que cruelmente responsabiliza aqueles que não trilham os caminhos pré-determinados na mesma. Armadores puros e habilidosos, por serem criativos e corajosos, desbravadores de atalhos imprevistos, são temidos por quebrarem conceitos e determinismos apriorísticos, pois têm a qualidade maior de ser alcançada ,a grande arma do improviso, aquela que não é prevista, mas aquela que é sentida e exequibilizada. O Leandro que é um armador quase puro, tendo ao lado um Huertas, criativo e corajoso, só aumentará sua eficiência ofensiva, revezados pelo Nezinho e um outro armador…Mas quem? Quem? Com técnica ambidestra, dominio das fintas em tênue espaço, eficiente arremesso alternativo, e postura defensiva. Quem? Guilherme, Alex e Marcelo são eficientes alas, bons arremessadores, armadores nunca, pelo menos à nivel de seleções em um mundial. Se a douta comissão tiver peito e coragem de atuar com dois armadores e três homens altos, rápidos e eficientes, tem de contar com mais um armador puro em suas hostes, para que não haja defasagens no rítmo de jogo, e que possa garantir a qualidade dos passes e dos dribles por todo o tempo das partidas. Se optarem por sistemas defensivos antecipativos e pressionados, defendendo os pivôs adversários pela frente, em constante velocidade, terão de fazer constar na equipe de mais um armador puro e bom marcador. Fred e Fúlvio seriam boas opções, além de serem jovens e de grande e comprovada técnica. O que não pode acontecer é essa indefinição do que pretendem estabelecer como sistema de jogo para essa seleção. Se repetirem os conceitos que vêm empregando nos últimos anos, a utilização corajosa de dois armadores se torna inexequivel, pois anularia as maiores qualidades de jogo dos mesmos. Iniciar uma jogada e correr sem nexo para o fundo da quadra, ou cruzá-la lateralmente, retira o armador do fóco da ação, tornando-o mero assistente, e não epicêntro da mesma. A efetiva proximidade dos dois armadores tem a vantagem de dotar a equipe de uma atitude continua de possibilidades ofensivas, e não esporádicas como ocorre no sistema até agora estabelecido. Mas para estabelecer tal mudança, que é tímida e tênuamente tentada, pois a carapaça do passing game se amalgamou de tal forma nas personalidades da maioria dos técnicos brasileiros, tornando-os imunes a novidades, que faz-se necessária uma revolução evolutiva, lastreada de muita coragem e desprendimento, de uma enorme e colossal vontade de transpor as barreiras de seus próprios eus. A ausência de nossos dois tanques de guerra, deu-nos a oportunidade de ousar, de quebrar conceitos e amarras, deu-nos também a oportunidade única e irrecusável de voltarmos às nossas origens, de um basquete rápido, incisivo, corajoso, e por que não, vitorioso. Mas, terá a comissão quadrupla a coragem de realizá-la? Houve um técnico que acreditou na técnica, na velocidade, na voluntariedade, e na coragem de inovar, e por isso venceu tudo que jogou. E o fazia sem comissões e aspones. Pena que o esqueceram como um simples detalhe. Ao grande Kanela, meu respeito e admiração. E aos que aí estão, meus votos de que decidam e definam o que querem para a seleção, pois essa indefinição técnico-tática tenderá somente à responsabilizar os jogadores pelos eventuais insucessos, o que seria lastimável em todos os aspectos. Se é para atuar com dois armadores, que o façam com quem de direito, os especialistas, e não os que se “acham”, tendo antiguidade,ou não. Quanto aos homens altos, meu Deus, nunca os tivemos tão rápidos e ágeis.Só falta saber aproveitá-los no que têm de melhor, atacando e defendendo. Ainda temos tempo para prepará-los, e só temo pela competência em fazê-lo.

COLAGENS.

Dois jogos preparatórios da seleção brasileira, duas colagens do que tem sido os últimos anos do nosso basquetebol, repetição tatibitati de um sistema teimosa e anacrônicamente repetido.Dois pivôs de choque não prestigiam a seleção, e dois outros, bem mais leves são deslocados para as suas posições como se pesados fossem. E lá estavam eles de costas para a cesta, recebendo os passes em posições estáticas, investindo”na marra” e aos empurrões, estando seus outros colegas de time igualmente estáticos como numa torcida privilegiada de dentro da quadra aguardando passivamente o desfecho da battle under basket. Ou na continua e já cansativa rotina da subida para a linha dos três pontos, para exercerem funções de base para corta-luzes com os armadores, que seriam mais eficientes e letais se fossem executados pelos mesmos, deixando os pivôs próximos à cesta. Mais NBA do que isso impossível. E os dois pivôs somados a outros três no banco formam o grupo de gigantes mais rápidos que tivemos nos últimos anos, e todos jovens, atléticos, flexiveis e muito,muito velozes. Dá pena vê-los serem forçados a abdicarem dessas raras qualidades, anulando-as ao jogarem como se mastodontes fossem. Se cada um deles recebessem os passes em deslocamento, dificilmente as rochas de plantão nas hostes adversárias teriam velocidade para interceptá-los, e muitas faltas os beneficiariam, assim como para toda a equipe. Outrossim, também dá pena ver os alas e armadores trocarem passes inóquos entre sí mantendo-se em suas posições semi-estáticas, principalmente contra uma defesa zonal, esquecendo que drible e corte contra este tipo de defesa funciona tanto quanto se a mesma fosse individual. O primeiro principio dos oito movimentos básicos do basquetebol (publicados por Clair Bee em 1942), que determina o deslocamento do jogador no sentido do passe ao pivô, fator dinamizador de qualquer jogada, simplesmente é ignorado, não ensinado e treinado, tornando-o desconhecido por nossos armadores, propiciando sistemáticamente a flutuação de seu marcador numa dobra defensiva ao pivô, que poderia ser SEMPRE evitada se seu deslocamento fizesse parte do comportamento pós-passes. Mas não é o que constatamos ano após ano, seleção após seleção, masculina ou feminina, de base ou principal. É uma pasteurização suicida, que trava nossos valores, anula sua velocidade no ataque armado, mas aufere aos técnicos um controle descabido em todas as movimentações táticas, como se fossem marionetes de pranchetas. Alguns jogadores, como um antídoto contra tais amarras, desandam nos arremessos de três pontos, tendo rebotes ofensivos colocados ou não, numa prova cabal de que mais confiam em seus”tacos”, do que no sistema que tentam desenvolver, mas não aceitam em seu interior.Mas não é sempre que os tacos estão calibrados, e se os adversários se impuserem uma defesa mais próxima e agressiva, adeus jogo.E no mundial, cada jogo é decisivo e terminal. Outra observação pertinente é a da saudável utilização de dois armadores puros, que é uma tentativa bem -vinda, mas tem pecado na escalação, pois tem parecido que o critério estabelecido até agora é o de que antiguidade é posto, fator que quando confrontado com qualificação técnica individual torna-se discutível. Nessa seleção dois são os armadores puros, e um outro mais incisivo e veloz, possuidor de grande arrancada e explosão, o Leandro. Se prevalecer a técnica, pela técnica em si, este jogador terá que fazer dupla com o Huertas, ambos acima dos 1,90, muitíssimo rápidos e envolventes. Nezinho os substituiria num rodízio importante, principalmente ante defesas pressionadas. Marcelo e Alex não são armadores, pois não detêm a ambidestralidade dos três, além de estarem inicialmente mais focados na cesta do que nas necessidades da equipe como um todo. Dizer que o Guiherme é o único ala do grupo foge à realidade, pois suas armas de penetração pela linha final e arremessos de três, são elementos comuns aos outros dois, os quais, em hipótese alguma podem ser os responsáveis pela transição defesa-ataque sob forte marcação, pois não têm técnica individual desenvolvida para tal. São eficientes como alas, arremessadores e eventuais reboteiros, o que já é muita coisa. Quanto à defesa, nada a comentar, pois não se comenta o que não existe. É simplesmente deplorável a teimosia na defesa do(s) pivô(s) por trás, principalmente se forem muito pesados, fator que seria em muito contestado pela velocidade de nossos homens altos, aptos por essa qualificação a exercerem ajudas e coberturas aos passes em elípse, unicos possiveis ante marcação à frente.
E se esses passes forem obstados com energia e proximidade pelos demais defensores, mais eficiente seria nosso sistema defensivo, tanto em zona, como individual, além de evitar, e mesmo proteger os homens altos de cometerem muitas faltas pessoais, o que estratégicamente torna-se de vital importância. Temo que não terão coragem de mudar, principalmente no sistema ofensivo, pois estabeleceram por muitos anos ser esta a nossa”realidade” técnica, fruto de um movimento internacional cujo beneficiário foi a indústria do basquete profissional americano, e algumas ligas européias, as quais vem se modificando por força do movimento antagônico a tal hegemonia, no que resultou em algumas e contundentes vitórias nas competições internacionais.
Nossos irmãos argentinos bem cedo vislumbraram tal tendência, e lucraram sobremaneira nas últimas competições. Os americanos, ao entregarem sua atual seleção a um dos ícones do basquetebol universitário, e que nunca quis dirigir uma equipe da NBA, estabelece um precedente de quem, sem dúvida alguma, quer mudar seu rumo técnico-tático. Enquanto isto, ao sul do equador, ainda teimamos doentiamente no passing game, nos pick and roll, hi-lo post,
punhos, cocs, chifres, e não sei mais quantas baboseiras, num redemoinho de vaidades e politiquinhas caipiras, muito a gosto do presidente da UniCBB e sua turma. Que os deuses nos protejam, amém.

A ESSÊNCIA DO BASQUETE BRASILEIRO.

Os dois mastodontes do basquete brasileiro (não eram tão grandes assim quando daqui saíram) pediram dispensa da seleção.Hecatômbe, desastre, foram-se nossas chances,etc,etc… É o que leio em blogs, jornais e entrevistas. Numa delas, o articulista ouve jogadores da seleção em treinamento-“De acordo com êles, a formação fica mais leve, veloz, mais parecida com a essência do basquete brasileiro”. Simplesmente formidável. Gostaria imenso de perguntar a essa geração de jogadores, alguns bem talentosos, que se aperfeiçoaram e se especializaram em posições de 1 a 5, sendo que alguns articulistas mencionam que para a posição 3 não foram convocados reservas, e que a 1 e a 2 não estão bem definidas, e que alguns 5 terão de ser adaptados em 4 e até em 3, o que TODOS eles, jogadores e articulistas entendem por essência do basquete brasileiro? Sabe o que responderão? NADA. Especialista pragmáticamente preparado não pode entender diversidade, livre arbítrio, improvisação (lembrando sempre que improvisação é o universo de quem domina uma arte), auto-determinação, interiorização, criatividade. Jogador hoje impõe escalação por sua posição.Se sou 3 entro no lugar de 3, 2 no de 2, e dai por diante.Até as contratações seguem essa matemática absurda na constituição de equipes. É o famoso modelo
NBA, que encontra em nossos colonizados técnicos e dirigentes o prét-a-porter ideal para constituir equipes baseadas em grupos, muitos dos quais fechados, saindo de estado em estado
em oferta de pacotes quase nunca bem acabados. Mas dão para o gasto a quem se dispõe a pagar, quase sempre com verbas públicas. Os investidores ocasionais completam e fecham os pacotes de ocasião. Claro que os sistemas de jogo devam acompanhar tais iniciativas, que quanto menos mudarem, maiores as chances de alcançarem resultados a curto prazo. Se o sistema é comum a todos, pouco se perde nas trocas e nos escâmbos interpares. E é nesse ponto da questão que perguntaria mais uma vez- Qual a essência do basquete brasileiro? Não respondem com conhecimento e fatos? Então respondo eu. Basquete de 1 a 5 só é possivel em um país que conta com alguns milhões de efetivos praticantes, como os Estados Unidos, e que por isso pode se dar ao luxo de escolherem centenas por posição.E sabem quais são as mesmas desde os primórdios do jogo por lá? Guard, Foward, Center. Leiam as escalações na TV, e vejam se não é verdade. O advento do passing game, principalmente na NBA incutiu na mente objetiva e pragmática do investidor americano uma adaptação do foot-ball lá deles, com suas posições definidas e hierarquizadas. As ligas européias tentaram imitar essa tendência à especialização de jogadores, mas aos poucos alguns países, por terem historicamente grandes e competentes técnicos se rebelaram contra a pasteurização do jogo, que se transformou em uma mesmice irritante e robotizada. Essa tendência se instalou por aqui nos últimos 20 anos, fruto de uma incontrolável sede de cópia, através um grupo de técnicos totalmente voltados ao basquete americano, e que no comando das seleções incutiram nos jovens aquele modêlo totalmente fora da nossa realidade técnica e econômica. Mas como jogávamos? Como foi possível vencermos dois campeonatos mundiais e duas medalhas olímpicas jogando diferentemente dos mestres americanos? É que se não possuiamos gigantes massudos, tinhamos gigantinhos atléticos, ágeis e flexiveis, capazes de marcar em velocidade e saltar mais alto, e com destreza e rapidez de raciocínio, capazes de fugir das marcações exercidas pelos maciços gigantes adversários. Tinhamos armadores ambidestros, velozes, criativos e com enorme poder de improvisação, dribladores e passadores implacáveis, e que quando jogavam em duplas eram imbatíveis. Tinhamos alas velozes, insinuantes e com arremessos precisos, nas médias e curtas distâncias. Enfim, tinhamos jogadores que faziam da velocidade inteligente a verdadeira essência do basquete brasileiro, onde cada um tinha um pouco da habilidade do outro, o que os tornavam capazes de substituí-los quando necessário, e não manietados a especializações que os tornassem simples números, 1,2,3,4,5… Tinhamos finalmente, um orgulho imenso em jogar pelo Brasil, país que por suas deficiências e por sua pobreza, não podia se dar ao luxo de jogar em uma única posição, pois a sobrevivência só se faz permitida pela diversidade e pelo poder de adaptação. Nossa realidade foi e sempre será a nossa essência a ser perseguida e mantida. Velocidade inteligente, dissociada de posições limitadoras, coragem de admitir nossas limitações, e valentia em enfrentá-las com determinação e bom-senso.Essa é a essência do basquete brasileiro. Agora que sabem, ponham-se a trabalhar, principalmente naqueles pontos que desconhecem, sabem quais, drible, passes, corta-luzes, arremessos, defesa, rebotes…E muita,
muita velocidade, e como dizem, mas não sabem,e que irão descobrir, leveza, muita leveza, de mente e atitudes.