Início de jogo, quinteto escalado: Huertas, Gui, Caboclo, Lucas e Léo. Jogo que segue, e ao final desse quarto, 22 a 12 para os filipinos, fruto da inexistência de armação consciente por parte de uma seleção descaracterizada neste mister, ou seja, numa concepção de quatro homens grandes, alas pivôs, e um solitário armador, tentando administrar o impossível…
Segundo quarto, a seleção ganha mais um armador, George, um outro, Benite, se reestrutura e pontua convincentemente, indo para o intervalo ainda perdendo por 33 a 27…
Volta revigorada com a forte presença do George, que compondo uma sólida armação, ora com o Yago, ora com o Huertas, acionavam o jogo interior, fazendo jogar os alas pivôs, como deveria ter sido feito desde o início da partida. Resultado? Vira a contagem para 51 a 39, liquidando a partida em 71 a 60 no quarto final…
Concluindo, uma seleção que vai para um jogo decisivo com um só armador de ofício, depois de uma campanha utilizando-os em dupla armação, muito contestada pelos ferrenhos adeptos do sistema único de jogo, contra uma equipe veloz e perigosa, numa cartada ilógica, pois negava de saída sua proposta de jogo assumida desde o início da competição, correu o sério risco de perder um jogo que venceria em circunstâncias normais. Sem dúvida alguma, a tardia presença do George compondo duplas com o Huertas ou o Yago, depois de ser relegado nos jogos anteriores, provou sua importância tática ao se situar sempre próximo ao outro armador, gerando segurança nos passes, ajuda permanente nas levadas de bola, garantindo o equilíbrio defensivo, e por sua envergadura, um maior domínio sobre defensores, armadores como ele, porém mais baixos, além de reforçar o sistema defensivo, nos rebotes e no aspecto coletivo. Nos melhores momentos da partida, a dupla George e Huertas, fizeram os alas pivôs Lucas, Léo e Caboclo atuarem em pleno e com muita criatividade, projetando para o jogo decisivo de logo mais contra a Letônia, um sopro de certeza em uma atuação bem mais convincente das alcançadas até o jogo de hoje…
Jogadores como o Gui, Yago, Benite e Didi poderão complementar a equipe no recorrente rodízio, e quem sabe poderemos ampliar as chances de alcançar um resultado bastante positivo visando uma classificação olímpica, fator importantíssimo para o futuro do grande jogo no país…
Mas para tanto, precisa se conter nos longos arremessos, priorizando o jogo interno, fragilizando a defesa letã, e tirando o máximo partido do posicionamento antecipativo da defesa…
Creio que, dentro das perspectivas atuais e limitativas dessa improvisada equipe, tanto no aspecto convocatório, como na indecisa opção por um sistema de jogo fundamentado numa dupla armação consistente e criativa, errando nas escalações iniciais, onde a omissão ao George ficou bem caracterizada, e corrigida no transcorrer deste jogo contra os filipinos, quando sua presença impactou a equipe e seu resultado prático…
Espero que o Petrovic mantenha o padrão a pouco duramente conquistado, como base para um encontro decisivo e perfeitamente alcançável, na medida em que se mantenha coesa, participativa, e profundamente solidária entre seus componentes.
Que os deuses, agora mais otimistas, os ajudem na medida do possível
Amém.
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Números comparativos de uma contradição gestada em 24hs:
Anteontem –
Brasil 81 x 72 Montenegro
(52%) 26/50 2 21/49 (43%)
(40%) 6/15 3 7/23 (30%)
(65%) 11/17 LL 9/9 (100%)
37 R 40
10 E 10
Ontem –
Brasil 74 x 77 Camarões
(50%) 12/24 2 15/27 (55.6%)
(34.6%) 12/38 3 12/34 (35.3%)
(77.8%) 14/18 LL 11/17 (64.7%)
40 R 37
14 E 10
Afinal, o que aconteceu?
E por aqui começamos, e da forma mais enfática possível –
Em 24hs esqueceram tudo, saíram para o bang bang deslavado, e perderam, e com muita sorte, pois quando a diferença chegou aos 27 pontos para os africanos, resultado que eliminaria o Brasil das semifinais (bastavam 14 pontos para que isso acontecesse), a turma do continente negro amoleceu o duro embate defensivo, satisfeitos com a classificação, quem sabe mais chegados aos brazucas nas semis do que os também duros montenegrinos, sabe-se lá o que mais… O certo é o resultado nada alentador para a seleção brasileira, pois ficou mais do que exposto o erro grosseiro na formação final da equipe, onde capitanias hereditárias, protecionismos e interesseiras indicações moldaram uma falsa e fragilizada equipe nacional, relegando outros valores que vem faltando ante a realidade da competição, onde a contusão do armador Raul fez desmoronar o efetivo comando da equipe dentro da quadra, onde o Huertas se viu exigido ao maximo com a dura marcação africana, sem ter encontrado um auxilio mais efetivo por parte de um Yago ainda ressentido fisicamente, um Benite oscilando entre a armação e os arremessos de três, e um George necessitando de uma bússula no seu restrito emprego quando solicitado. Ficaram a meio caminho armadores em forma, como o Elinho, o Alexey, o eclético Deodato, assim como alas pivôs técnicos e de embate, como o Jaú, o Paranhos, e até o Lenz ainda preso ao seu afã de chutador de três de fácil correção, sem falar em novos valores como o Du Sommers, o Paulo Schoer, todos esquecidos em nome de “nomões” de QI super estimados…
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Falhamos bisonhamente nas levadas de bola com fortíssimo assédio defensivo, pois no sistema único um dos armadores (sim, jogamos sempre com dois, fator altamente positivo, porém…) atua de frente para a cesta, e o outro se coloca num corner player, quando deveriam atuar permanentemente em linha, em paralelo a linha final, a fim de se ajudarem sob marcação severa, podendo originar, inclusive, dá e segues frontais, desequilibrado defesas agressivas, e originando supremacia posicional se um dos defensores fosse ultrapassado. Mas isso é outra conversa, nada compatível à realidade técnico tática que vem ocorrendo entre nós a mais de três décadas da mesmice endêmica que vem nos afundando irremediavelmente…
Somemos a tudo isso o fator mais desagregador que amargamos, o desleixo defensivo desde a formação de base, fator desencadeante da cultura dos longos arremessos, que de tal maneira se arraigou no âmago do grande jogo por nós praticado, que dificilmente será corrigido, e cujos reflexos hoje nos assombra, e continuará a assombrar por um longo tempo ainda. Sairemos deste círculo vicioso? Tenho sérias dúvidas, pois haveria a premente necessidade de mudanças na formação de nossos técnicos e professores, principalmente aqueles que lidam na formação de base, assim como uma coerente adequação de determinadas regras as necessidades da prática pelos mais jovens, que são aspectos longamente discutidos neste humilde blog, desde sua fundação vinte anos atrás…
Então, o que vimos e atestamos neste emblemático jogo, senão a dura constatação de que, se na véspera soube a seleção optar vantajosamente pelo aguerrido jogo interno, com evidentes vantagens para o sentido coletivista da equipe, um considerável avanço sem convergência nos arremessos, para 24hs depois regressar às origens, quando perpetraram 12/24 arremessos de 2 e 12/38 de 3, contra 15/27 e 12/34 respectivamente dos africanos, numa orgia descabida de 51 arremessos de 2 pontos, e absurdos 72 de 3 para ambas, duelando irresponsável e lamentavelmente num importante pré olímpico, realmente lamentável…
Se setorizarmos, como adoram fazer a maioria dos comentaristas televisivos e jornalistas ditos especializados, podemos, de saída, constatar a extrema pobreza na escolha ofensiva contra uma defesa interior agressiva, coercitiva, tentando anular os alas pivôs pela força, que perderam a oportunidade de pendurar em faltas os gigantes africanos, caindo na armadilha que propuseram a não intensificar a também dura e eficiente defesa externa, abrindo algum campo aos longos arremessos, que ao não caírem propiciavam intermináveis contra ataques, levando-os a liderar o placar em até 27 pontos, originados pela ausência do acionamento do jogo interno por parte da seleção…
Na segunda etapa do jogo, o incompreensível recolhimento da equipe de Camarões, propiciou uma revigorada reação capitaneada por um lutador Leo Meindl, que de fora para dentro conseguia abrir a forte defesa africana, incentivando com seu exemplo os companheiros a fazê-lo, mesmo desordenados, porém bem mais combativos do que os dois catastróficos períodos iniciais. A elástica contagem foi sendo diminuída, mais de 2 em 2 pontos do que os de 3, até o momento em que empataram na contagem, para ai sucumbirem em uma bola de 3 conseguida pelo jogador Hill, numa segunda tentativa na mesma jogada, sem sofrer a menor contestação, retratando com fidelidade a fraqueza defensiva que nos pune pela má formação de base, formatando e padronizando um comportamento praticamente padrão no seio dos mais jovens aos mais veteranos dos praticantes deste imenso, desigual e injusto país. Desta triste realidade emergiu triunfante, pela inexistente defensiva a entidade dos longos arremessos, as famigeradas bolinhas, aquelas que pretensamente nos transformaria em referência mundial, mas que, ironicamente, nos venceu no jogo de hoje…
Sábado será o dia da verdade do que aí está representando o país num pré olímpico, espelho fiel da forma como vemos e jogamos o grande jogo, flutuando numa falsa certeza de acertos e progressos, cultuados como a verdade absoluta, advinda de mais falsos ainda líderes administrativos, gerenciais, técnicos e estrategistas, todos, absolutamente todos, embarcados numa nau sem fundo, e que num futuro não tão distante assim, depositarão a derradeira pá de cal no insepulto basquetebol tupiniquim. Mas acredito com convicção que emergiremos para um novo tempo, onde o mérito vencerá a concretada instituição do Q.I., como fruto de um projeto verossímil de educação formal, desportiva e artística, no qual o grande jogo poderá ter a chance de um futuro melhor do que esse nauseabundo presente.
Amém.
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ALELUIA!!! Parece que começamos a aprender, e por conta disso, parabéns ao Petrovic, que na sua volta conseguiu estancar a hemorragia artilheira da turma tupiniquim, fazendo-a atuar com o cérebro, e não com a testosterona, o suficiente para vencer uma importante partida nessa competição de tiro curtíssimo…
Uma para lá de competente dupla armação, com seus dois integrantes atuando em proximidade, e não correndo maratonas por trás de uma dura defesa montenegrina, abasteceu a não mais poder a trinca de alas pivôs sempre em deslocamentos, e o mais importante, concluindo de média e curta distâncias, com eficiência e inteligência…
Os longos arremessos foram pontuais, alguns dos quais poderiam ter sido evitados, em função da alta qualificação dos próximos a cesta, acrescidos de seguidos DPJ’s por parte dos armadores, principalmente o Huertas, extremamente feliz em seu estratégico posicionamento, que quando em dupla com o Raul elevou o nível do jogo a um excelente patamar. Benite e Yago não conseguiram acompanhar a qualidade coletivista daqueles dois, pois ambos têm características finalizadoras, um pelas bolas de três, o outro nas penetrações, sobrando o bom Georginho, que com uma presença em quadra de somente 6:37 min, pouco ou nada pode apresentar de efetivo…
Com a saída do Raul por contusão, tornou-se necessária uma grande rotação entre os armadores, na qual o Huertas canalizou para si a maioria das ações ofensivas, sendo apoiado razoavelmente pelos outros armadores, num momento da partida em que a preferência pelo jogo interior foi determinante para o sucesso da equipe, liderada pelas ações decisivas do Caboclo, Meindl, Gui e Lucas, que se fartaram de concluir arremessos curtos, médios, e até alguns longos, dada a compressão defensiva dos montenegrinos dentro de seu garrafão, no afã de conter os alas pivôs brasileiros…
Neste ponto da análise, lamentamos as ausências do Jaú e do Deodato, ambos muito bons e ativos nas tabelas, no jogo interior, e até nos longos arremessos, no caso do Deodato. Está na hora da seleção deixar de ser vitrine para determinados jogadores, que apesar de bons não o são suficientemente para uma seleção nacional, onde os doze integrantes têm de estar em patamares próximos, e não distanciados dos mesmos…
Claro, uma última análise terá de ser feita, talvez devesse ter sido a primeira, o sistema de defesa, que foi bastante eficiente nesse jogo, principalmente no perímetro interno, onde os gigantes europeus sofreram fortíssimo combate e permanente anteposição aos seus incisivos movimentos por parte dos homens altos da seleção, fator que propiciou alguns efetivos arremessos de fora, que os mantiveram no comando do placar até o terceiro quarto, quando os brazucas o assumiram até o seu feliz final…
No Quadro a seguir temos uma boa imagem gráfica do jogo:
Brasil 81 x 72 Montenegro
(52%) 26/50 2 21/49 (43%)
(40%) 6/15 3 7/23 (30%)
(65%) 11/17 LL 9/9 (100%)
37 R 40
10 E 10
Por fim, devemos atentar para um inédito e bem vindo fator, a adoção coerente e responsável de um novo pensar o jogo, por parte da direção técnica da equipe brasileira, fazendo-a atuar convincente e preferencialmente dentro do perímetro interno, no âmago da defesa adversária, dando preferência aos mais eficientes e precisos curtos arremessos, aos médios arremessos, tornando os longos em armas pontuais pelas mãos dos verdadeiro especialistas, como o Lucas e o Meindl, e não como uma festança irresponsável aberta a todos. Se em algumas situações fomos ultrapassados com facilidade por nossos adversários em progressão de dribles e fintas, deveu-se ao fato inconteste de nossa fragilidade neste básico e importante fundamento, negligenciado desde a formação de base, porém hoje razoavelmente compensado pela entrega e dedicação daqueles poucos que o exercem com mais competência, principalmente no perímetro interno, terreno pedregoso onde as partidas são verdadeiramente ganhas, e não soltando pombos voadores não contestados e arrivistas…
Mais adiante toparemos com a Letônia, para aí sim, nos confrontarmos com a verdade verdadeira do grande jogo, aquele bem jogado, bem pensado, e melhor ainda, levado à exaustão, pela dedicação e entrega total, atacando e defendendo, preferencial e decisivamente ao encontro de uma possível classificação olímpica, de 2 em 2, de 1 em 1 pontos, como hoje o fizeram, provando que podem ser capazes de atuar diferenciadamente da mesmice endêmica que vem caracterizando essa geração, merecedora de sistemas eficientes de jogo, criativo, ousado, proprietário.
Creio que o deuzinho cansado e enfastiado de ontem, tenha se empolgado um pouquinho, e quem sabe, torne a nos ajudar, quem sabe…
Amém.
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Amanhã às 9:30hs, a seleção masculina inicia sua derradeira caminhada pela vaga olímpica, somente alcançada se vencer o torneio em Riga, capital de seu principal oponente, a Letônia…
Será uma caminhada espinhosa, suada, e terrivelmente incerta, dada a característica básica de uma seleção que atua a décadas da mesma forma, técnica e taticamente, com um grau elevadíssimo de previsibilidade ofensiva, e uma inconstância defensiva histórica…
Centrar e priorizar seu arsenal ofensivo na chutação desenfreada de fora do perímetro, sem dúvida alguma pautará a escolha defensiva de todo adversário a ser enfrentado, onde as contestações atingirão o mais alto grau de intensidade por parte de oponentes, tanto os mais fracos, como os mais fortes, chave mestra para nos vencer, a não ser que mudemos drasticamente o foco principal de ataque, centrando no jogo interior, intenso e constante, deixando as bolinhas de fora como um suplemento de luxo, jamais como prioridade ofensiva, hoje o centrado objetivo acalentado pela imensa maioria dos analistas e cronistas do grande jogo, que foi se apequenando gradativamente por conta desta não estancada hemorragia, que nos tem levado ladeira abaixo no cenário internacional, que se debelada fosse, começando na formação de base, poderia nos soerguer do imenso buraco em que nos encontramos hoje…
Irmanada a essa possível mudança, mesmo que de uma forma mais forçada, o aumento substancial das funções individuais e coletivas de defesa, ajudaria muito na consecução de uma possível classificação olímpica, somente alcançada se atender aos requisitos acima descritos…
Mas Paulo, essa equipe formada às pressas, pouco treinada, e falhando em algumas convocações, com um comando atemporal, tem condições de atender tais requisitos? Talvez não, talvez sim, dependendo de um simples e tênue fator, a abdicação dos egos que a compõem, em troca de um espírito participativo e solidário, base inconteste do coletivismo formador de uma verdadeira equipe de alta competição, que é um degrau bem acima de uma composição “familiar”, como tem sido veiculada…
Seremos capazes de alcançar tal patamar? tenho sérias dúvidas, mas esperando estar enganado, torço para que o alcancem, bastando que cada um de seus componentes doem suas qualidades técnicas e táticas a serviço do bem comum, da equipe como um todo, e não tornando-a uma vitrine para projeção pessoal, como fizeram desde sempre muitos de seus integrantes, tanto dentro, como fora das quadras, nos levando a vala comum em que nos encontramos, lastimavelmente…
Precisamos jogar com intensidade defensiva, mesmo errando posturalmente, compensando com vigor e inteligência, velocidade e antecipação, e contestando os longos arremessos como um ato de fé… Ofensivamente, jogando preferencial e duramente dentro do perímetro adversário, mesmo enfrentando defesa zonal ou individual, tentando os curtos e médios arremessos, mais precisos, forçando os pivôs adversários às faltas pessoais, brigando incessantemente pelos rebotes, por todo o tempo, sem esmorecimento, retardando os contra ataques adversários, vencendo o inevitável cansaço, pois mais adiante, ao final da refrega o tempo de descanso advirá. Sugiro, por mais uma vez e veementemente que joguemos permanentemente em dupla armação, e três alas pivôs enfiados e transitando permanentemente no perímetro interno adversário, para de 2 em 2 e 1 em 1 somarmos um placar vencedor, com muito menor perda de tentativas, que normalmente doamos aos adversários nas vultosas falhas nos arremessos de fora, marca registrada de nossas equipes já a tempo demais…
Que ao menos um deuzinho, menos cansado e enfastiado com nossa mesmice endêmica, se predisponha a nos ajudar.
Amém.
Foto – Divulgação CBB. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.
Somente um tenebroso testemunho visual, que deve ser levado muito a sério, para que eu saísse do voluntário mutismo a que me impus, pela mais absoluta visão de uma hecatombe sistematicamente anunciada, discutida e mais do que confirmada pelos tristes e lamentáveis resultados que nos tem assombrado…
E que testemunho foi esse Paulo? Me argui o exigente amigo que não me dá folga em momento algum, desde o início deste humilde blog vinte anos atrás…
Ora muito bem, vamos aos fatos, direta, lógica e friamente. Comecemos com os números da partida que decidiu o NBB desta temporada, ai estão:
O que eles constatam, senão a definição mais exata de como se encontra o atual, moderno e internacional basquetebol brasileiro, onde as duas equipes finalistas, Flamengo e Franca, convergiram seus arremessos de campo contabilizando ambas 38/58 nos dois pontos, 16/59 nos três pontos ( 16/36 para o Flamengo e 16/22 para o Franca nos dois, e 3/32 e 13/27 respectivamente nos três), acrescidos dos 8/20 e 6/10 nos Lances livres, culminando com 30 erros de fundamentos (11 para o Flamengo e 19 para Franca), apresentando o fato inconteste de que as bolinhas cairam somente para o lado de Franca, que mesmo errando quase o dobro de fundamentos soube vencer a falha contestatoria de seu desgovernado adversário…
Tais números retratam e confirmam a lamentável situação em que se encontra o grande jogo entre nós, onde a enxurrada dos longos arremessos impera intocável, assim como o abandono do jogo interno se torna, a cada temporada, inviável por opção, quando deveria ser prioritário face a boa fornada de bons pivôs que atuam na maioria das equipes intervenientes no NBB, que poderiam ser prodigamente abastecidos pelos inúmeros armadores estrangeiros (com maioria argentina), e uns poucos nacionais ainda existentes, e não transformados em finalizadores, penetradores e gerenciadores de bola, atuando num sistema único, aberto e em luta permanente com exigências táticas vindas dos estrategistas pranchetados e suas predisposições ao livre arbítrio, principalmente por parte dos estrangeiros, criando uma cisão responsável por sérios equívocos entre a manipulação de fora e as ações de dentro da quadra, numa surda disputa do quem é quem no efetivo comando das partidas…
Foi uma disputa entre os dois técnicos, digo, estrategistas assistentes da seleção nacional junto ao agora retornado croata, sendo um deles o técnico que o substituiu em sua primeira experiência no país, ambos profetas do sistema internacional de jogar o grande jogo, onde as ações coletivas sucumbem às ações individuais, decalcadas do modelo NBA, amplamente divulgado, e agora coroado neste jogo final, onde ações coletivas deixaram de existir, frente ao individualismo exacerbado, coroado e entronizado pelas equipes de Dallas e Boston. Por lá o placar passou dos 100 pontos, por aqui não chegou aos 70. Marcou-se melhor? Ou uma das equipes se deixou levar pela possibilidade de que a próxima bolinha cairia, a próxima que não vingava, a próxima, quem sabe a próxima…
Num dos tempos finais o técnico rubro-negro exaltava e conclamava pela possibilidade de que elas cairiam, na medida em que os jogadores acreditassem, e que tentassem sempre, e que abdicassem das penetrações que “não dariam certo”, e que “parassem de inventar”, exatamente as tentativas que seus jogadores buscavam confrontados pelas seguidas perdas nas bolinhas…
Deuses meus, jamais, em tempo algum assim falaria a jogadores, ainda mais se os ensinasse e treinasse exatamente na postura criativa, na exata leitura de jogo frente a situações que nunca são repetidas, e sim adaptadas aos comportamentos táticos defensivos do adversário, utilizando um sistema onde a criação e a inventividade fossem plenamente exercidas, por todos, e não por uns poucos investidos, ou auto investidos em donos do jogo…
No terceiro jogo da semifinal entre Franca e Minas, essa equipe atuou com dois armadores e três pivôs, mais alas pivôs pela grande mobilidade, vencendo a partida em Franca, só não o fazendo com mais sobras, pela insistência de um dos pivôs vir para fora do perímetro para arremessar de três pontos. No jogo decisivo, se voltasse a atuar daquela forma, e mantendo o referido pivô mais junto a cesta, poderia vencer a série, mesmo jogando na casa do adversário. Por qual motivo o técnico não repetiu o estratagema? Exatamente, por se apegar ao sistema único, do qual é utente de fé, e não arriscando algo que fugia de seus padrões aferrados ao mesmo…
Voltando ao jogo final, o que constatamos constrangidos, foram as sólidas e estrangulantes amarras que cerceiam o basquetebol brasileiro, transformando-o em um jogo tutelado de fora para dentro da quadra, ao bel comando (ou prazer?) de estrategistas amarrados e manietados a um sistema anacrônico e asfixiante, encordoando jogadores tal qual marionetes, onde jogadas são determinadas e expostas em pranchetas (as tais que “falam”), e comandadas ao lado das quadras, das formas mais exibicionistas, patéticas e constrangedoras possíveis, noves fora as pressões inadmissíveis às arbitragens, num espetáculo pífio e absurdo, mas que cai no gosto televisivo daqueles que nada entendem de um outrora grande, grandíssimo jogo…
Concluindo, esta final do campeonato mais importante do calendário nacional, vitrine da forma que praticamos o grande jogo, espelho para os iniciantes mais jovens, testemunhando uma equipe montada para vencer competições, arremessar 3/32 bolas de três pontos, com a primeira das 3 no terceiro quarto, sem que apresentasse uma saída para o impasse, que quando tentada em quadra pelos jogadores foi admoestada e reprimida num dos tempos pedidos a “não inventar”, quando deveria fazê-lo se fosse treinada de verdade, para ser criativa, e acima de tudo, inovadora e proprietária de um sistema de jogo conceitualmente criativo e inovador, fator básico que não será alcançado na seleção, exatamente porque a mesma espelhará o que aí está escancarado a cores e som estéreo, estratificando e pasteurizando essa forma equivocada de jogar o grande jogo, ofensiva e defensivamente, e principalmente, tratando displicentemente a ferramenta básica para sua prática, desde a formação de base, seus fundamentos…
Mas nem tudo está perdido caros e poucos leitores desse humilde blog, pois temos a suprema alegria de ver sequencialmente, em páginas inteiras a cores, matérias da mais alta qualidade sobre o campeonato feitiche da turma que dirige e se apossou do grande jogo (muito pequeno para todos eles) neste imenso, desigual e injusto país, o da gloriosa NBA, que decididamente se inseriu no cerne da educação desportiva de nossos jovens, que não perdem por esperar, pois a NFL já está em campo…
Viva a educação e o desporto nacional, e que os deuses( já mesmo cansados) nos ajudem.
Fotos e video reproduzidos da TV- Clique duplamente nas fotos para ampliá-las.
Amém.
Em tempo – Parabenizo a equipe de Franca pela conquista do NBB, pois soube aproveitar com competência as fraquezas de seu oponente, um Flamengo tropego e vitima de sua arrogância diretiva. PM.
Paulo, os playoffs do NBB se encerraram e você mocó, por que, resolveu ignorar?…Não, claro que não, mas, agora quem questiona sou eu, comentar uma mesmice perene e inamovível, mesmo cercada de emoções a mil, e recheada de erros de fundamentos que assustam para valer?…
E mais, assistir incrédulo americanos meia boca “encerarem” a quadra, monopolizando a bola a seu bel prazer, sob a passividade defensiva fora e dentro do perímetro, numa permissividade inadmissível sob qualquer critério técnico que se escolha, mas que aufere vitórias e classificações improváveis, dignas de um basquetebol tatibitate, e que ainda engatinha à sombra de uma forma de jogar, que celeremente vem sendo substituída por algo ainda negado por aqui, arraigados que estamos ao sistema único, ao 1 x1, às bolas de três, à frouxidão consensual defensiva, na contra mão da busca pela velocidade, habilidade e criatividade, que são a resultante de um enorme domínio dos fundamentos individuais e coletivos do jogo por todos os jogadores, e não um ou outro diferenciado, como os meia bocas mencionados, numa carreata liderada por estrategistas que se repetem ad nauseum em pranchetas midiáticas e absolutamente inexpressivas técnica e taticamente, num carrossel de repetições e lugares comuns, de coisíssimas nenhumas…
E o pior, assistirmos a dissolução de equipes derrotadas pela má gestão técnica, pela escolha de “nomes” valorizados por espertos agentes, esquecendo no limbo da história jogadores realmente importantes, veteranos ou não, para uma equipe, para um sistema de jogo coletivista, diferenciado, ao largo da mesmice implantada de forma absurda e profundamente burra por um corporativismo que visa a manutenção do que ai está, imexível e garantidor de um mercado de trabalho tão, ou mais medíocre que suas anacrônicas capitanias hereditárias…
É duro saber de antemão o destino de bons e úteis jogadores que se matam numa Liga Ouro para classificar suas equipes, sabedores que sucedendo a classificação serão trocados por outros mais “ranqueados” para o NBB, segundo a “altamente qualificada” opinião de agentes, dirigentes e estrategistas de plantão, claro, todos afinados com a mesmice endêmica que defendem com o denodo de “donos do pedaço” que julgam ser…
Pena que nossa educação e conhecimento desportivo, do grande jogo em particular, seja tão canhestra, tão ignorante, fatores estes que poderiam ser decisivamente confrontados se ao menos uma equipe, bastaria uma somente, mesmo sem muita verba, sem muito apoio midiático, porém formada por jogadores de verdade, repito, veteranos ou não, competentes em seu labor, valentes e corajosos o suficiente para adotarem novas formas de jogar, de se comportar, de acreditar em algo inteligente e desafiador, reunidos em torno de um técnico que exigisse comprometimento nivelando a todos em torno dos movimentos básicos, como um barco onde remam numa mesma direção, com humildade de aprender, e o mais importante, reaprender e apreender ações e movimentos individuais e coletivos, para um pouco mais além, abraçarem um sistema de jogo proprietário, e não um decalque estúpido e retrogrado do que ai está implantado desde sempre…
Mais duro ainda é o fato de testemunharmos os comportamentos da grande maioria dos técnicos ao lado da quadra, nos pedidos de tempo, numa mistura de proposital teatralidade, ferocidade no trato com jogadores, ingerência desproporcional junto as arbitragens, ao não reconhecimento dos erros, sempre direcionados a equipe, aos juízes, nunca ao sistema que usam e abusam com seus chifres, polegares e canetas hidrográficas, todos pertencentes a elite do lugar comum em que nos encontramos, inclusive os brand news…
Mas como não há mal que sempre dure, quem sabe emergirá dessa densa penumbra, uma agremiação corajosa, sem medos de inovações, propensa a um passo além da mesmice vigente, que adote os fundamentos como base física e técnica no seu preparo, que resolva jogar muito além de um sistema único retrógrado e acomodado, que converse e discuta seus passos no dia a dia, onde os jogadores se respeitem ao trabalharem igualmente, numa permanente troca de valores e conhecimentos, quando descobrirão o portal de entrada na constituição de uma verdadeira equipe, que acerta e erra junto, paciente e madura, humilde e brilhante…
Paulo, você realmente acredita na possível existência de uma equipe assim? Claro que sim pois já dirigi por 49 dias uma desse naipe no NBB2, e que ainda poderia ser reunida, pelo menos alguns de seus componentes, afinal de contas as equipes midiáticas não querem, ou se interessam pelos jogadores que a compuseram, espalhados que estão pelo país, mas que se reunidos dariam um trabalho imenso para serem derrotados, e disso tenho a mais absoluta certeza, e sabe porque? Porque são muito bons, apesar de opiniões contrárias dos estrategistas de plantão…
Amém.
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5 comentários
Fabio/SP21.04.2015· Que os anjos digam “amém” e que esse desejo se transforme numa realidade concreta, caro professor.Será um “sopro” de vida inteligente numa modalidade cada vez mais acéfala, onde todos “pensam” igual, falam igual, dirigem igual… aproveito para fazer um desafio hipotético: que o senhor liste 12 jogadores subestimados do NBB que juntos formariam uma equipe assim como esses que estão fora qConte comigo sempre, EU ACREDITO!Grande abraço,Fabio
Fabio/SP21.04.2015· 12 jogadores reservas absolutos do NBB que seriam uma possível equipe de qualidade para a disputa do certame.AbraçosFabio
Basquete Brasil22.04.2015· Prezado Fabio, sim , é um desejo de longa data, de cinco anos para cá, alimentado pela esperança de dias melhores para o nosso formatado e padronizado basquetebol, onde a liberdade criativa, responsável e de livre arbítrio pudesse demonstrar suas imensas possibilidades técnico/táticas, abrindo um grande leque de opções que fariam um imenso bem aos jovens que se iniciam, dentro e fora das quadras. Mas sonhos nem sempre se coadunam com a dura realidade que cerca o grande jogo em nosso imenso e injusto país, por isso dificilmente se tornam realidade, infelizmente. Porém, temos de ir em frente, até quando pudermos, e os deuses permitirem. Quanto ao desafio proposto, creio que que não somente você, mas todos aqueles que realmente amam e entendem o grande jogo, saberiam listar muitos bons e relegados jogadores, veteranos ou não, que reunidos formariam não uma, mas varias equipes de excelente nivel, se bem treinadas e ensinadas por técnicos, e não estrategistas de ocasião. Obrigado pelo seu permanente apoio e consideração, o que muito me incentiva a continuar na luta. Um abraço, Paulo.
Sergio Barreto Gomes25.04.2015· A grande decepção dos palayoffs foi o técnico Marcel . Não pelo desempenho ruim do seu time pelo qual muito pouco pode fazer em virtude da fragilidade do seu elenco. A decepção é muito mais pela sua postura evidenciada em um dos tempos que pediu no jogo contra o Brasília, confronto que eliminou o Pinheiros. Nessa intervenção, Marcel se dirigiu aos seus jogadores com ofensas, palavrões e gritos incontrolados. Desse jeito não vai muito longe como técnico.
Basquete Brasil27.04.2015· Prezado Sergio, creio não se tratar de uma decepção, e sim uma inadequação da equipe a um sistema de jogo pouco ou nada assimilado por jogadores calejados no sistema único praticado no país. Talvez, a forma e o didatismo apresentado pelo técnico, no intuito de implantar algo novo, diferenciado, tenha sido equivocado, mas nada que não possa ser revertido através ajustes pontuais, e muito trabalho, principalmente no plano individual, nos fundamentos, a fim de adequar a todos às exigências do sistema a ser implantado. Quanto às reações agressivas e destemperadas do mesmo, bem,é um problema a ser resolvido intimamente, e que somente a ele diz respeito. Um abraço, Paulo Murilo.
Estamos a dois meses do Torneio Pré Olímpico a ser disputado na Letónia, com somente uma vaga em disputa, fator limitante às nossas pretensões de classificação, principalmente ante a já proverbial teimosia em não admitir, sequer tentar, uma mudança na forma de jogarmos o grande jogo. A prova definitiva foi demonstrada no recém terminado Torneio das Américas, onde o Flamengo se viu derrotado pela equipe argentina do Quinsa, num jogo lapidar (de todos os argentinos, inclusive os nossos…), do quanto e teimosamente nos mantemos arraigados a um sistema único de jogo, e escravizados a um processo autofágico de jogo exterior, onde os longos arremessos de três pontos imperam absolutos, dos quais ainda penaremos por um longo tempo, afastados em que nos encontramos de uma tênue esperança de que algo de novo, impactante, e realmente evoluído para o futuro de um basquetebol carcomido, viciado e retrógrado que praticamos nos últimos trinta anos, emerja num sonhado horizonte…
Optamos consciente, abrangente e subservientemente pelo modelo NBA, que hoje se desenvolve absoluto em nosso imenso, desigual e injusto país, tanto técnica, como comercialmente, onde sua esmagadora influência se espraia, inclusive, em nossas escolas, focando a formação de base, um absurdo, frente às leis federais que as orientam. Matérias de página inteira focam nos interesses e profunda informação que emanam exogenamente de encontro aos nossos, inferiorizados no confronto econômico, cultural, político, e, em sua finalidade desportiva e educacional…
Por outro lado, algo largamente previsto, desenvolvido e publicado neste humilde blog, vem ganhando força no campo técnico e tático do grande jogo, principalmente nas universidades americanas, onde o retorno dos gigantes pivôs se fazem cada vez mais presente, só que repaginados física e tecnicamente, pois se apresentam esguios, atléticos, velozes e, acima de tudo, com pleno domínio dos fundamentos básicos, na proporção quase direta de alas e armadores. Em suma, a turma acima dos 2,15 m já emula com a turma da armação, fazendo ainda dueto, e até trincas com alas pivôs dentro do perímetro, exatamente como previ, desde o momento que estudei, desenvolvi e empreguei o sistema com dois armadores e três pivôs em constante mobilidade dentro do perímetro, numa odisseia de mais de quarenta anos dentro das quadras, da formação ao adulto, com uma aparição de onze jogos no NBB2, onde, num prazo de 39 dias consegui mudar, ensinar e treinar uma equipe falida, o Saldanha da Gama, com excelentes resultados, mas que ato contínuo foi aquele emblemático trabalho asfixiado pelo status vigente, comandado por um corporativismo mafioso que nos sufoca até os dias de hoje…
Agora mesmo, no site da LNB, um redator elege os três melhoresquintetos da temporada, onde todos se constituem de dois armadores e três alas pivôs, numa auto elegia de cunho próprio, onde o vértice criativo de tal tendência é soberanamente omitido, pois claro, estamos num país de memória próxima a zero, sob o comando de um mercado restrito, onde o Q.I. determina aqueles que podem usufruir do mesmo, a partir do momento em que sigam, caninamente, as leis que o gere…
A pouco foi veiculada a notícia da dispensa do técnico da seleção senior masculina pela CBB, assim como seu supervisor, e somente espero o mesmo para com toda a comissão técnica, pois seus componentes seguem (como deveriam fazê-lo) os mesmos princípios técnicos e táticos do titular, e em suas equipes de origem, estendidos às seleções, masculinas e femininas, da base ao adulto, num colegiado compromissado com a mesmice endêmica que nos tem assombrado desde sempre. Um novo técnico, assim como uma nova comissão deverá ser composta, para num breve prazo tentar uma classificação olímpica, mas que não terá o direito de repetir os mesmos erros dos últimos anos, adotando a mesmice mencionada, e sim um novo conceito sistêmico, algo instigante, ousado, corajoso, diferindo totalmente do que existe atualmente, não só aqui, como no restante dos países mais sérios em se tratando do grande jogo, pois se atuarmos como todos o fazem, perderemos, por não temos o mesmo preparo nos fundamentos que os fazem superiores. além do fator sistêmico evolutivo, agora inicialmente tentado nas universidades americanas, atendendo um pedido do Coach K quando assumiu a alguns anos atrás a seleção americana. O mais instigante é o fato de que este vislumbre técnico tático, e por que não, estratégico, tenha sido aqui desenvolvido, porém criminosa e covardemente descontinuado por um grupelho de estrategistas, compromissados, (as poucas exceções não contam) não com o nosso infeliz basquetebol, e sim com com a vassalagem colonizada regada a dólares que certamente jamais verão…
Paulo, um estrangeiro poderia ser a solução, não? Tantos que venham, fracassarão, e sabe porque? Não temos uma base razoavelmente sólida, não temos técnicos que sejam também professores na arte de educar, uma política desportiva, uma formação acadêmica de respeito. Um estrangeiro somente perpetuará nosso grande e injusto óbice, a falta de educação, a formal e a desportiva, porém nos conduzirá pelas trilhas do sistema único, só que em outro idioma, e como sempre abiscoitando dólares ou euros em profusão…
Então não existe solução? Para a formação de base, sem dúvida e com muito trabalho e planejamento sério e responsável, sim temos chance. Para a seleção a quarenta dias do Pré Olímpico, só uma mudança drástica, cirúrgica, pontual, ousada, proprietária, e acima de tudo radical, da comissão aos convocados, a bordo de um barco em que todos remem consciente e responsavelmente numa mesma direção, sem desvios, numa engenharia reversa que invoque nossos valores, nossa tradição, nossa coragem em mudar, PRA VALER!!!
Começou hoje em São Paulo o Seminário “Esporte, Estado e Mercado: um diálogo necessário”, promovido pela LNB, como integrante da semana do Jogo das Estrelas, ao qual me inscrevi como ouvinte presencial, e ao qual me privarei de comparecer, ao perceber que o propalado diálogo será desenvolvido ( ou não) pelos componentes das mesas, todos do “primeiríssimo” time da educação física e do desporto nacional, quiçá da educação formal deste imenso, desigual e injusto país. logo, prolixo, inerme e vazio de verdadeiras e decisivas propostas de efetiva evolução no trágico cenário em que se encontra a educação neste país…
No entanto. colaborando com algumas colocações temáticas, reproduzo a seguir, uma participação minha no II Congresso de Direito Desportivo,de 17 a 19 de novembro de 2014, para participar de uma Mesa de Debates- Crise no Esporte Brasileiro no dia 18/1, promovida pela Associação Atlética Direito da UFSC, inclusa na programação do Congresso.
Terminou o suplício, com generosas doses de drama, reviravoltas, entregas, sacrifícios, e erros, muitos, foram 38 (16/22), com as alemães errando mais nos fundamentos, mas acertando cestas nos momentos decisivos, apesar da perda inacreditável de 18 lances livres (23/41), muitos por conta de sua melhor jogadora, Sabally, seriamente contundida em seu predominante ombro, e que o viu ser magoado por diversas vezes em despretensiosos contatos, num dos quais, por pouco, não aconteceu uma cena de “perturbação da ordem”, contornada com faltas técnicas e antidesportiva, mas sem fugir dos princípios éticos do jogo…
Importante afirmar que, a presença icônica dessa jogadora em quadra, numa situação real de entrega a uma equipe apenas razoável, mas que com sua presença dominante nos rebotes, na armação e nas conclusões, gerou um poderoso bônus que, ao final da refrega, deu às alemãs a classificação olímpica…
Do nosso lado, erros crassos nos passes, na condução de bola, e principalmente na escalação da equipe, quando uma segunda pivô Stephanie, com 2:04 m, foi atuar fora do perímetro, quando se atuasse permanentemente próxima da Kamilla (2:01m), assessoradas pela também muito alta Damiris, lá dentro da cozinha adversária, sem dúvida alguma equilibrariam e até superariam as grandes defensoras alemãs, sem a menor dúvida. Mas isso é outra história, triste história, pois para que tal atitude técnico tática ocorresse, teriam de ser ensinadas, preparadas e treinadas para ali atuarem, de preferência desde a base, por professores e técnicos conhecedores e preparados didática e tecnicamente para assim proceder, nos mínimos detalhes possíveis, em constante ligação com armadoras que realmente conhecem a arte de fazê-lo, e não como definidoras em bandejas severamente bloqueadas pelo gigantismo defensor, ou arremessos inconstantes e desregulados de três pontos,sempre contestados, ansiados quase como uma prece, por estrategistas de ocasião e analistas equivocados…
Enfrentamos três equipes que jogaram dentro de nossa defesa, explorando-a, pendurando-a, dominando preciosos rebotes ofensivos, e arremessando de curta e média distâncias, onde os valores estatísticos superam em muito os de longa distância, e que mesmo assim, tentaram com algum sucesso suas benditas e complementares bolinhas, porém jamais considerando-as como prioridade de jogo…
Algo, no entanto chamou a atenção nessa competição, a presteza no condicionamento físico de nossas três adversárias, atléticas, enxutas, bem preparadas e condicionadas para uma competição de tiro extremamente curto como essa, em confronto desigual com uma equipe inferior nos fundamentos básicos, porém bastante alta, mas fragilizada em sua condição física e atlética, onde o excesso de peso era tristemente flagrante em algumas jogadoras, algumas das quais sequer jogaram, numa inconcebível falha convocatória para um torneio de tal dimensão…
Concluindo, urge em caráter absolutamente prioritário que se reformule o ensino do grande jogo desde a base, através um bem estudado e escalonado projeto, onde o condicionamento técnico, principalmente nos fundamentos, seja administrado por reconhecidos professores e técnicos, meritoriamente preparados, e não alçados por influentes Q.I.s, como de praxe, num movimento que reencontre os caminhos que fizeram do basquete feminino um orgulho para o desporto nacional…
Muito ainda poderiamos discorrer sobre esse jogo, mas peço licença para não ir além, pois nada mais constrangedor do que a repetição de algo que se nega a evoluir, se apegando como náufrago a uma única boia disponível. Dessa forma, afundam todos, sem comiseração, inclusive dos deuses…
Amém.
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Ontem perdemos um jogo que poderia ter sido vencido, se dispuséssemos de um mínimo de conhecimento tático no aspecto coletivo, e visão estratégica em alguns e importantes momentos do jogo, fator este explorado cirurgicamente pela técnica sérvia, mesmo quando acuada no marcador, provando na prática o que teimamos demonstrar na prancheta,,,
No aspecto tático a equipe sérvia se utilizou de uma dupla armação, liderada por uma jogadora, Anderson, veloz, pequena e esguia, porém de uma lucidez aguda e oportunista, de drible fácil e fintas desconcertantes, defensora implacável, emoldurando uma qualidade de passe dentro do preciso modelo da escola de onde advém, a base americana, com suas schools, colleges and universities, distribuindo e colocando suas companheiras em condições de jogo, explorando ao máximo suas pontuações, além da própria, com seus decisivos e marcantes 30 pontos!!
Estrategicamente, dispôs a excelente técnica, suas pivôs nas posições onde mais rendiam, principalmente a canhota Stankovic, com seu jogo milimétrico e coletivista bem no miolo da defesa brasileira, fazendo duplas e muitas vezes trincas com suas companheiras dentro do perímetro, enquanto do lado oposto, nossas jogadoras abriam em leque em torno do perímetro externo. para “aplaudir”, ou mesmo “torcer” para que uma de nossas pivôs. solitariamente, enfrentasse a sólida defesa sérvia. ou servisse uma delas para o salvador arremesso de três (foram 6 em 31 tentativas- 19,4%). A boa comentarista e ex -armadora da seleção brasileira, Helen, lamentava pesarosa, que em nenhum momento de tais jogadas, uma companheira cruzasse ou auxiliasse a pivô cercada e pressionada pelas sérvias, tornando a conclusão da ação profundamente contestada…
Mesmo perante um desfecho nada improvável de vitória brasileira, apesar dos enormes erros diretivos, a equipe sérvia fez jogar a Anderson por 35:34min, exigindo da mesma seu esforço máximo, pois esse papo de minutagem bastante aplicado em nosso país, sempre soou falso para mim, ainda mais quando está em jogo uma classificação olímpica,..
E para fechar o número de equívocos, continuamos a tentar arremessos de três com o placar a 3, 4 pontos de diferença, quando de 2 em 2, e 1 em 1, poderíamos, inclusive, obter pontos preciosos e vencedores, mas para tanto seria necessário que nossas jogadoras fossem ensinadas a atuar dentro do perímetro (como ensiná-las se não tem quem as ensine?), onde os deslocamentos e precisos passes abrem espaços preciosos para as conclusões de curta, e até médias distâncias, e não esses imprecisos, aventureiros e midiáticos tiros de fora, ineficientes ante os de dentro do perímetro, que são aqueles que vencem jogos, fazendo dos longos um complemento, e não um sistema básico de jogo…
Daqui a pouco enfrentaremos a Alemanha, que como toda equipe europeia é alta, forte e atlética, e por conseguinte, veloz e resistente, o que a torna perigosa e determinada, afinal, a vencedora desse jogo carimba o passaporte para Paris…
Já nem peço nada aos deuses, somente sugiro que tente iluminar a mente de nossos luminares estrategistas, o que, tenho de reconhecer, é difícil pacas…
Amém,
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Porém, temos de ir em frente, até quando pudermos, e os deuses permitirem.
Quanto ao desafio proposto, creio que que não somente você, mas todos aqueles que realmente amam e entendem o grande jogo, saberiam listar muitos bons e relegados jogadores, veteranos ou não, que reunidos formariam não uma, mas varias equipes de excelente nivel, se bem treinadas e ensinadas por técnicos, e não estrategistas de ocasião.
Obrigado pelo seu permanente apoio e consideração, o que muito me incentiva a continuar na luta. Um abraço, Paulo.
Um abraço, Paulo Murilo.