“TIRANDO O PÉ”…
Lendo o magnífico artigo do Giancarlo Gianpetro no blog Vinte Um de hoje, me veio a mente uma situação que vem se repetindo nas últimas seleções nacionais, não importando qual a categoria, se de base ou adulta, e que nesse artigo mostrou a faceta responsável pelo “cansaço e exaustão” nos treinamentos, a tal ponto que o premente “tirar o pé” se tornou necessário, a fim de que a equipe que se dirige à Copa América, lá chegasse no ponto ótimo de produtividade técnica e física, segundo relato do capitão da equipe, o Huertas.
Também expôs em seu relato a intensa exigência do técnico Magnano em seus pesados e exaustivos treinos voltado às técnicas e táticas, devidamente atropelados pelas também exaustivas “puxações de ferro” a que são submetidos pela tríade de preparadores físicos da seleção, que juntos aos profissionais da área, se consideram os responsáveis, de através testes e mensurações específicas nas divisões adultas e de base, prever habilidades e predisposições atléticas e mentais para as posições que os jogadores se postarão na quadra, prescrevendo e orientando, inclusive, os técnicos das divisões formativas para adotarem suas projeções na formulação das equipes, o que considero uma aberração e absoluta inversão de valores na arte de forjar, desenvolver e treinar jovens, e por que não, adultos também para o grande jogo, onde a preparação física sempre foi, é, e deveria permanecer adjacente, e não prioritária e dominante no processo formativo, mesmo como mantenedor da forma. Não à toa estouros articulares e musculares cresceram de forma exponencial entre nossos jogadores, e nos lá de fora também, assim como o desestimulo no prosseguimento de muitos valores, premidos por equivocados pareceres físico técnicos, vitimas que foram, e continuarão sendo, de duvidosos e inexatos experimentos e limitação do conhecimento básico do que venha a ser o desenvolvimento natural e harmônico de cada indivíduo, respeitando seu ritmo evolutivo, tanto físico, como psicomotor, além do psicossocial.
Todo esse engodo e falseado conhecimento é uma das heranças promovidas pela absorção dos cursos de educação física, baseados que eram corretamente nos centros acadêmicos de ciências humanas, pelos centros de ciências da saúde, originando os bacharelatos e toda a massa crítica que mantém a indústria do culto do corpo, com suas holdings, antagônicas ao desporto e atividades físicas nas escolas, onde sua vasta e poderosa clientela em potencial poderia se abstrair das mesmas, se bem orientadas e educadas na área escolar, seu direito constitucional e cidadão.
Toda uma distorção emergiu deste transcendental equivoco, totalmente avesso a uma política educacional e desportiva no país, afastando os jovens, pelo desconhecimento e incúria, dos benefícios de uma bem planejada educação física, lançando-os nos braços daquela indústria totalmente voltada ao lucro.
Enquanto os cursos de educação física se mantiverem fora dos centros de preparação e formação de professores nas ciências humanas, permanecendo no modelo vigente onde são transformados em paramédicos de terceira categoria, dissociados das licenciaturas, com a carga horária na aprendizagem dos desportos cada vez mais diminuída em favor das disciplinas médicas, não evoluiremos para além do parco conhecimento das técnicas envolvidas no desenvolvimento das diversas modalidades esportivas, culminando com a péssima, e muitas vezes ausente formação de base, provocando em escala galopante os investimentos cada vez maiores no desporto de elite, enganoso, faccioso e muitas vezes, criminoso.
Por tudo isto, não vejo como novidade o quadro que descortinamos no momento do desporto nacional, como o nosso basquetebol, envolto em falsas premissas e ausência de planejamento e gerência no que realmente importa e interessa ao seu desenvolvimento, cedendo espaço a mais legítima puxação de ferro, acompanhada de seus suplementos alimentares e quem sabe, outras coisitas mais…
Mas voltando a seleção (desculpem a paralela, porém convergente divagação), espero que os jogadores resistam a imposição coercitiva dos ferros, e se abram prazerosos ao conhecimento e pratica dos fundamentos e técnicas de jogo, mesmo em cargas massacrantes do Magnano, pois ao menos terão sempre em mãos o instrumento de seu trabalho, uma bem vinda bola de basquetebol.
Torço para que se comportem bem e com maestria, apesar do forçado cansaço…
Amém.
Foto – Divulgação CBB. Clique na mesma para ampliá-la.