VÍCIOS DO COTIDIANO…

Festas e homenagens pelos mil jogos da LNB, justas por sinal, não tanto pela escolha de um dos jogos da rodada para representá-los, que bem poderia ter sido por sorteio, a fim de que todas as franquias pudessem ter tido acesso hipotético ao mesmo, e que pelo retrospecto não muito desportivo dos escolhidos, fizeram jus ao histórico de confusões e equívocos em seus embates anteriores.

Foi um jogo conturbado e feio, muito feio, motivado pelo domínio técnico do Flamengo, com sua dupla armação e ainda inconstante jogo interior, somadas a uma cada vez mais eficiente defesa, provocando em seu oponente os tradicionais esgares e rompantes contra a arbitragem, como justificativa a um desempenho técnico tático decepcionante, e desnudando uma premente necessidade de recomposição em seu desgastado plantel, principalmente na armação e no pivô.

Somemos a este cenário uma arbitragem conectada à mídia, que a continuar desembocará num som ambiente, como na NFL, e como tal despontando estrelas querendo dividir o espetáculo com os únicos e verdadeiros personagens, os jogadores, numa escalada em busca do proscênio, a que um deles já está instalado como comentarista de, pasmem, técnicas e táticas de jogo…

E deu no que deu, lamentavelmente, obscurecendo homenagens e a festa programada, num burlesco pastiche com data a ser convenientemente esquecida, principalmente pela imagem “edificante” de uma encarada grotesca e ridícula entre dois dos candidatos a astros, e mais, comprometedora e infeliz…

No Paulista, um quinto jogo que vem sedimentando uma tendência altamente perigosa para o grande jogo, e que nos ameaça seriamente remeter de volta ao quadro de uma equipe jogar para um único de seus jogadores, aquele que “joga o máximo” faz duplos-duplos, faz chover e trovejar, mete mais de 30 pontos, mas perde o jogo, e sendo o armador se torna mais catastrófico ainda…

De algum tempo para cá a mídia especializada e altamente técnica, vem enaltecendo jogadores nacionais na NBA e no europeu, com a seguinte e monocórdia novena – Fulano arrasa em seu jogo, mas a equipe perde…

– Beltrano domina o jogo, mas não suficiente para sua equipe vencer…

E outras mais denominações para brilharecos individuais por sobre derrotas coletivas, num doloroso e constrangedor relato de quem sequer desconfia do que venha a ser desporto coletivo, equipe, ou um singelo time. Informo a todos que no grande jogo todos vencem ou perdem, todos, sem exceções, e que o fato continuo e repetitivo de um jogador estabelecer 30, 40 pontos, ou 20 rebotes e tocos explica de forma contundente os porquês de derrotas, claro, em se tratando de confrontos entre equipes de alto nível.

Outra efeméride foi a estréia em quadras cariocas de uma equipe nordestina (?) com sotaque do sudeste, jogando no mais puro e tradicional sistema único, patrocinada por uma gigante que tenta deslanchar nas comunicações lá de cima, e claro, pelo governo de seu estado, também. Quem sabe nos próximos anos vejamos um cearense pairando no céu dessa equipe…

Finalmente, constatamos, apesar dos nada empolgados e empolados adjetivos quando da escalação das equipes por parte dos narradores e comentaristas da TV, a “nova” nomenclatura nas posições – Fulano na posição 1, armador, beltrano na 2…armador… me divertindo à valer, frente a uma evidência que transcende a seus conhecimentos abalizados…

Graças aos deuses e ao bom senso, já vemos na maioria de nossas equipes a dupla armação, e o encaminhamento, ainda tímido e receoso de um jogo interior praticado por alas pivôs de grande mobilidade e flexibilidade, mas que aos poucos deverá ser reconhecida como arma poderosa e altamente conveniente à nossa constituição biotipológica e senso criativo de nossos jovens, bastando aprofundá-los no ensino e prática dos fundamentos do grande jogo.

Bem sei que assim será… um dia.

Amém.

Fotos – Reproduções de Tv. Clique nas mesmas para ampliá-las.

RESCALDOS DE CORRIENTES…

Terminado o Sul Americano em Corrientes, um campeonato que se vence perdendo, fator que contradiz uma modalidade esportiva que sequer aceita empates, podemos rebuscar algo no rescaldo de uma competição repleta de contradições e malfeitos.

Comecemos pelos famigerados técnicos argentinos, todos eles fascinados e direcionados ao epicentro de suas intervenções, a gloriosa prancheta. Sei não, mas gostaria de vê-las surrupiadas em um jogo entre eles, para medir a intensidade de suas reações sem o apoio de suas muletas. Morro de rir com a grafotecnia em seus pedidos de tempo, principalmente quando silêncios monásticos do Hernandez a antecede, fazendo-o penetrar de cabeça no inerme retângulo plástico no solo à sua frente. Creio que mais do que nunca deveríamos conhecer de fato a turma que cuida da formação de base argentina, aquela mesma que fez o Magnano declarar na escada do avião que o trouxe de Atenas, que tudo devia àqueles formadores, os verdadeiros artífices da grandeza dos hermanos. Técnicos, desculpem, estrategistas burocráticos também os temos por aqui, quiça melhores do que alguns deles. Já os formadores…

Infelizmente, o Troféu Guiness das bolinhas (acima de 60 tentativas) ficou por lá mesmo, mas com um condigno representante tupiniquim, o Brasília com seus inacreditáveis e absurdos 13/35 torpedos e tiros de meta do Nezinho (que não daria unzinho sequer se marcado em proximidade, pois o executa entre a cintura e o peito…), e o bem intencionado Peñarol garantindo a vantagem de 13 pontos do hermano que jogaria contra o Flamengo, com seus também comprometedores 9/29 de três, contabilizando um jogo com 22/64 bolinhas, levando o Guiness de ruindade e pusilanimidade.

Um pouco mais tarde, um vencedor Flamengo, mais na garra e empenho, principalmente na entrega defensiva, do que na técnica de jogo, demonstrando uma das verdades mais impactantes do nosso atual basquete, a incapacidade de planejar, treinar e preparar homens altos para atuarem nos pivôs móveis jogando de frente para a cesta, numa repetição teimosa, cansativa e desgastante de ações de costas para a mesma, sob a imóvel assistência do restante da equipe, torcendo de uma privilegiada posição na quadra de jogo para que dê certo, num alheamento inconcebível e primário. Caio, Alexandre e Shilton, mereciam ser preparados para os embates frontais, e não na tatibitate progressão em marcha à ré a que são destinados mediocremente.

Finalmente, um último garimpo em um diálogo do mais puro e genuíno conhecimento da complexidade do grande jogo, entre o narrador e o comentarista do Sportv quando de uma singela, porém segura bandeja do pivô Ronald do Brasília:

– “Essa era para enterrar, afundar, cravar com estilo, não fulano?”

– “Sem dúvida nenhuma, o espetáculo exige isso, o público vibra, se levanta, e promove o jogo…”

– “É isso mesmo, toco e cravada é a essência do jogo, fulano”

– “Concordo beltrano, inclusive já conversei com ele a respeito. Nos Estados Unidos qualquer moleque treina para isso, e vocês, jovens iniciantes que nos assiste, treine as enterradas, 50 vezes, e depois mais 50…”

– “Precisamos disso, sem dúvida sicrano…”

– “Inclusive sou ferrenho defensor da cesta mais baixa para as mulheres, pois também enterrariam como os rapazes…”

Juro que o diálogo aconteceu, revejam o tape, agucem os ouvidos, mas assistam sentados para não serem enterrados, afundados, cravados no solo infértil da descrença em dias melhores para o grande jogo entre nós, pois ainda acredito que o arremesso seja a essência do jogo, tendo inclusive escrito uma tese de doutorado sobre o mesmo.

Fico triste e preocupado com esse tipo de mensagem aos jovens, ainda mais partindo da emissora que se auto define como a mola mestra da educação nesse imenso, injusto e desigual país.

Amém.

Fotos – Reproduções da Tv. Clique nas mesmas para ampliá-las.

A RECAIDA…

Pior que uma gripe, é a recaída, que se não debelada origina uma pneumonia muitas vezes fatal. O jogo de hoje apontou essa recaída, que enquanto subsistir, nada de produtivo ocorrerá para os lados da Gávea, podendo mesmo originar uma débâcle definitiva.

Inaceitável uma equipe que na véspera vira um jogo impossível, atuando dentro do perímetro e abdicando dos imprecisos arremessos de três, e que hoje retornou com força redobrada aos antigos hábitos como se nada tivesse ocorrido de especial um dia antes, demonstrando tacitamente o quanto de vaidade e auto suficiência campeiam no seio da equipe.

Se ontem foi perpetrado um incrível 0/15 nos três pontos, hoje foram 6/22, um a mais no saldo negativo, demonstrando com clareza o quanto de distanciamento foi praticado às colocações de seu técnico ao pedir dedicação defensiva e jogo interior, exatamente como pedira nos dois quartos finais do jogo de ontem. Comparando com os números da equipe de Brasília, 10/22 nos três pontos, constatamos que praticamente foi travado um jogo dentro de outro, cuja diferença de quatro arremessos positivos a mais, definiu a diferença no placar final, 11 pontos, com um troquinho de mais um ponto, confirmando a máxima de quem fizer a última, leva o jogo, pois todas as 44 tentativas foram executadas na mais plena liberdade, onde até pivôs se esbaldaram fora do perímetro.

Somemos a tudo isso, o incrível número de 35 erros de fundamentos, principalmente nos passes, onde até nesse fator a equipe candanga errou um pouco menos (15/20), sacramentando uma vitoria merecida, apesar da péssima qualidade de jogo praticado por ambas.

Podemos estão considerar alguns fatores preocupantes nas duas equipes, onde o pouco comprometimento dos jogadores rubro negros com relação à liderança técnica e tática  de seu comandante torna-se excludente em face do distanciamento de alguns dos nominados jogadores, simplesmente tomando para si o destino de um jogo em contrafação ao que lhes era solicitado, confirmando o grande e penoso trabalho que o aguarda na tentativa de disciplinar a equipe a um padrão de jogo aceitável. Será uma tarefa difícil e desgastante, mas não impossível.

Na equipe de Brasília, cada vez mais se tornam claras as deficiências que apontei no artigo de ontem, A Arte de Ler o Grande Jogo, onde uma equipe fraturada ainda se mantêm competitiva por força da enorme experiência de sua base composta por jogadores de seleção brasileira, mas que se não reforçada poderá se esvair ante as enormes exigências técnicas e físicas presentes nas futuras competições.

Enfim, foi um jogo de muitas fraquezas e deficiências, que bem reflete o atual estágio do grande jogo em nossa terra. Precisamos melhorar, e muito…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las. Notar o retorno do reinado das bolinhas, e um incrível erro de passe do Alirio postado fora do perímetro, um dos 20 cometidos por sua equipe.

A ARTE DE LER O GRANDE JOGO…

Pouco a se dizer, muito a se pensar, cuidadosa e racionalmente, afinal é a equipe três vezes campeã nacional, e praticamente com a mesma base de jogadores. Logo, experiência e vivência de quadra não falta à mesma, sob qualquer enfoque que submetamos analisá-la.

 

Desde o inicio do jogo, constatou-se um fator altamente restritivo na armação da equipe, unitária no meu ponto de vista com o Nezinho, dupla até na descrição do narrador da TV, quando mencionou o Alex como um segundo armador, tarefa na qual não ostenta o menor pendor, dada às suas características de explosivo finalizador. Talvez sua habilidade defensiva, característica dos armadores, mas fiquemos somente nisso.

 

Com a dispensa do trator Lucas, sua taboa ficou nas mãos de um Guilherme pouco saltador, um Marcio pesadão e um Ronald inexperiente, avultando os problemas de fora do perímetro antes discutido, onde somente o Arthur, com sua inata velocidade amalgama aqueles dois setores da equipe.

 

Logo, faz-se necessário ter na equipe um par de bons jogadores, um armador de alta competência na leitura de jogo, e um pivô que una velocidade e explosão, gerando o ansiado equilíbrio ora em falta, já que o Isaac ainda tem muito o que aprender. E mais, que pudesse realmente jogar em dupla armação aproveitando a sua já comprovada mobilidade ofensiva no entra e sai do perímetro, dividindo um pouco a voracidade dos tiros de meta do Nezinho, disfarçados de arremessos de três, e ampliando as contestações aos longos arremessos de seus adversários fora do mesmo.

 

Não sou, nem tenho propensões a empresário ou agente, mas fico surpreso quando vejo que ao final das contratações pelas equipes do NBB jogadores como o armador Muñoz e o pivô André, ambos da Metodista, que fizeram um campeonato paulista irrepreensível fora da Liga, além de ver preteridos jogadores como o Rafinha, Jesus e Roberto por americanos de baixa qualidade, pelo simples fato de conotarem um falso e enganoso “prestigio” às equipes contratantes, fico realmente pasmo, pois além dos que aqui menciono, muitos outros são esquecidos, mas não a tal ponto da equipe campeã nacional ter a solução de suas pendências aqui mesmo no país, mas não exequibilizadas.

 

Acredito firmemente que os dois jogadores mencionados inicialmente atenderiam com sobras a equipe candanga, pois leitores de jogo com a habilidade e inteligência tática de um Muñoz, temos muito, mais muito poucos aqui no país, assim como a eficiência e coletivismo de um sempre sub avaliado André, que com seus 2.8 m de estatura dinâmica e veloz, em muito auxiliaria a equipe do planalto central, ou qualquer outra que precisasse otimizar sua forma de jogar.

 

Enfim, problemas sérios advirão para a equipe de Brasília, se não forem preenchidas com qualidade e precisão as brechas expostas em sua estrutura de jogo.

Quanto aos argentinos, fizeram o de sempre quando jogam contra nós, contestando os arremessos, errando poucos fundamentos, e por conseguinte, otimizando o mesmo sistema único utilizado também por nós. Nada de novo.

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

OS POSSÍVEIS 30 PONTOS JOGADOS FORA…

É inadmissível que uma equipe tida de primeiro nível cometa quinze erros seguidos com bolinhas de três (0/15), a maioria delas contestadas pelos argentinos, ao mesmo tempo em que permitia a mesma enxurrada hermana, e sem contestação nenhuma, numa passividade defensiva comprometedora, ainda mais quando eventualmente centralizavam seu jogo num par de fracos pivôs, a começar por um paquidérmico americano meia bomba.

 

Pede um tempo o técnico brasileiro no segundo quarto, com a diferença em 26 pontos, e cobra uma segurada na festa dos três (que teimosamente se estenderia até a metade do terceiro quarto…), e um melhor posicionamento defensivo, principalmente fora do perímetro. Baixou um pouco a diferença e foram para o vestiário.

 

Na volta, resolveu a equipe forçar as penetrações, principalmente através o Marcos e o Alexandre, confrontando os pivôs argentinos que tinham muitas dificuldades em contê-los, pois são mais ágeis e velozes, secundados por um Caio mais pesado, porém tecnicamente melhor que as duas jamantas hermanas.   Pronto, refez-se o que deveria ter sido o cenário inicial do jogo, concentrando todo o esforço dentro do garrafão (apesar de mais algumas tentativas de três), em penetrações ou jogo direto abastecido de fora para dentro, onde o adversário apresentava claras deficiências, pela pouca mobilidade e deficiência técnica. Ciente disto, dias antes o técnico Hernandez soltou no ar o comentário- “Tirem os três pontos dos brasileiros, que só se sentem felizes jogando assim…” como num desafio, inteligente por sinal, aos nossos “especialistas”, afastando em tese o perigo perto de sua cesta.

 

O pior, é que a turma topou provar que eles não tirariam nada, e quase perderam um jogo que teria sido mais tranqüilo se tivessem optado pelos 30 pontos de 2 em 2, do que a perda dos 45 motivados pelo trágico 0/15..

 

Uma vez escrevi um artigo (6×6, UMA EFICIENTE ESTRATÉGIA   ) que discutia exatamente os comportamentos dos técnicos antes e durante os jogos em que se enfrentavam, como um campo particular e extra quadra de luta, e onde a chave do sucesso estava contida num critério de analise estratégica, de a muito desenvolvido na disciplina de pratica de ensino de educação física da UFRJ, o fator Diagnose/Retificação  que o futuro professor/técnico teria de desenvolver quando frente a situações restritivas de ensino e aprendizagem, diagnosticando um problema e o retificando didaticamente. Quanto menor o tempo despendido entre os dois fatores, melhor seria sua atuação e decorrente correção. Claro, que o fator experiência propiciará que essa qualidade perceptiva se torne muito rápida com o passar dos anos, constituindo-se naquele crucial fator que separa os bons dos excelentes mestres.

 

Essa qualidade ainda precisa ser burilada e vivenciada pelo técnico rubro negro, mesmo que para tanto tenha de conter determinados egos, pois entre o realismo de uma inconseqüente (não tão juvenil assim…) teimosia de imaturos jogadores em “provar” competências, deverá sempre prevalecer o verdadeiro foco a ser atingido, por mais inverossímil que possa parecer, que naquele caso era o irrestrito e monocórdio jogo interno.

 

Diagnose/Retificação, deveria ter como distância exatamente o que está contido em seu grafismo, um simples e fugaz travessão num espaço mínimo, como deve ser, ou será…um dia.

            Amém.Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

UM BAND AID NA HEMORRAGIA…

Foi uma semana repleta de jogos, aqui e lá fora, e como não costumo comentar jogos estrangeiros (talvez o faça no dia em que os analistas de lá comentarem os nossos, no que parece algo quimérico…), fico por aqui, mesmo que atestando a enorme pobreza que nos assalta.

Liga sul americana, campeonato paulista, NBB5, preencheram uma semana caracterizada pela mesmice tática praticamente institucionalizada, com jogos clones um dos outros, da forma mais bizarra possível, onde arremessos de três grassaram como praga, e erros de fundamentos pareciam advir de jogos de categorias iniciais, tantos que ocorreram, exceto em menor grau pelas equipes argentinas, melhor preparadas nos fundamentos do jogo, daí suas ainda presentes supremacias.

Então, o que comentar nesse mar de mediocridade sem correr o risco de me repetir monocordicamente, no que, infelizmente, vem ocorrendo nos últimos anos, numa inglória tentativa de sensibilizar uma troca de comportamento tático que nos tire dessa dolorosa realidade?

Pelos jogos que assisti, desisti, até que mexendo aqui, fuxicando ali em alguns dados estatísticos,  mesmo sendo contrário a esse tipo de análise, me deparei com algo realmente inusitado, os números dos quatro jogos da equipe do Paulistano que realmente me chamaram a atenção, justificando alguns porquês de sua liderança no campeonato.

Primeiro, a media de pontos por partida, 87.7, conjugado a um evidente decréscimo nos arremessos de três pontos, quando tais arremessos caracterizavam a equipe de forma bastante exagerada. Com a média de 23,5 tentativas por jogo, sendo que nos dois últimos contabilizaram 6/16 e 6/12, a equipe priorizou o jogo interno, manteve seu jogo defensivo eficiente, e por conta de tudo se mantêm na liderança do NBB5. Estaria melhor situada não fossem os avultados erros de fundamentos, 16 na média, num universo de erros que comprometem todas as equipes da Liga, num mau exemplo às novas gerações que as assistem e tomam como modelo.

O fato mais instigante, no entanto, é que a equipe está sendo dirigida pelo mais jovem dos técnicos da Liga, que quando se contiver em seus arroubos e reclamações ao lado da quadra, concentrando-se exclusivamente em sua equipe, muito evoluirá no sentido de se tornar um excelente técnico, na contra mão de muitos dos mais experientes que se perdem em xingamentos, pressões e coerções nas arbitragens, e em alguns e dolorosos casos com seus próprios jogadores.

Na semana passada publiquei o artigo O Desafio, onde conclamava os técnicos a adotarem novas formas de jogar o grande jogo, exemplificando o mesmo com o vídeo do jogo do Saldanha da Gama e o Paulistano no NBB2, que tinha na sua comissão técnica o jovem em questão. Bem sei, e de forma alguma insinuo, que o mesmo tenha aceitado o desafio, e que mesmo não tenha sequer lido o artigo, mas que a coincidência, se existente, se constitua num fator altamente positivo ao nosso cansado e repetitivo basquetebol, antevendo uma situação realmente evolutiva do mesmo.

Torço para que continue a inovar em sua forma de jogar,  sem esgares e rompantes midiáticos, ao ser, talvez, a única oportunidade que tenhamos para progredir no grande jogo, e torcendo mais ainda que os demais técnicos sigam seu exemplo, e simplesmente, evoluam…

Amém.

Foto – Divulgação da LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

INFELIZES DECISÕES…

Se olharmos um pouco além dos números apresentados pela estatística oficial do jogo em que o Flamengo superou o Pinheiros por elásticos 30 pontos (107 x 77) poderemos tirar algumas conclusões bastante significativas à luz dos comentários midiáticos, que saudaram os 18 arremessos de três pontos da equipe rubro negra, como algo auspicioso, frente aos 29 de seu adversário, ainda mais com seus 13 acertos (72,2%) como algo inédito em se tratando de uma equipe utilitária em larga escala desse tipo de arremesso.

Para tanto, e para quem assistiu ao jogo, alguns aspectos deveriam ser levados em conta, vejamos:

– Dos 107 pontos conquistados pela equipe carioca, 44 foram de 2 pontos (41.1%), 24 de 1 ponto (22.4%), e 39 de 3 pontos (36.4%).

– Dos 77 pontos conseguidos pela equipe paulista, 32 foram de 2 pontos (41.5%), 12 de 1 ponto (15.5%), e 33 de 3 pontos (42.8%).

– Constatamos então, de forma bastante clara, que 11 erros a mais nos arremessos de 3 pontos dos paulistas (11/29) originaram praticamente a diferença no jogo, pois a mesma, observada nas conclusões dentro do perímetro interno, 40 pontos para a equipe carioca, e 22 para os paulistas, talvez não fosse suficiente se os erros de seus longos arremessos não tivessem alcançado o baixo índice apresentado, numa teimosa insistência que os retirou das conclusões interiores.

– E foi este o grande mérito da equipe rubro negra à partir do terceiro quarto, a defesa fora do perímetro, obstando e dificultando ao máximo os arremessos longos, assim como foi o erro capital dos paulistas pela insistência dos mesmos, abdicando do jogo interno com seus bons pivôs, eles mesmos autores de muitas tentativas de fora, já que nada acionados internamente.

– Lembremos, que o altíssimo índice de 13/18 nos arremessos de três, deveu-se concludentemente à completa ausência de anteposição defensiva, mesmo de leve, dando uma idéia de um comportamento passivo que poderia ser explicado pela longa série de jogos que a equipe do Pinheiros vem enfrentando nas duas últimas semanas.

Mas nada que justifique uma ocorrência que vem se tornando freqüente em jogos da divisão de elite do nosso basquete, o destempero de técnicos com jogadores estrangeiros, e o pior, em público, ao vivo, à cores e com som estereofônico, incluindo dedos na cara e a mais absoluta e constrangedora evidência de que algo de muito sério está ocorrendo no âmago dos princípios disciplinares e hierárquicos que obrigatoriamente deveriam pautar a relação técnico/jogador no seio do grande jogo (vide a confrontação do jogador Alex com o técnico do Flamengo ontem).

Observando somente as imagens aqui postadas, podemos aquilatar a imensa distância que nos separam, por exemplo, da hierarquia na qual foi forjado o comportamento do Shamell no meio escolar e universitário americano, onde ações e atitudes como a de ontem não seriam toleradas, ou sequer, desencadeadas, frente a um técnico, que em respeito ao seu longo currículo e larga experiência, tornou também indesculpável sua inquisidora e pública atitude.

Enfim, espero eivado de esperanças, que no jogo decisivo de hoje contra Brasília, toda a equipe do Pinheiros se mantenha dentro dos parâmetros técnicos, táticos e comportamentais necessários às grandes competições, fazendo valer as tradições do grande clube que representa.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

UM RECADO DE SAÍDA…

Ao final da primeira rodada do NBB5, deixando de lado os rapapés e endeusamentos de uma competição redentora, pelo menos na opinião de analistas e comentaristas (de narrador não vale, ou não deveria valer…), e mesmo de um ex árbitro, agora promovido a comentarista de técnica, tática e estratégia de jogo (?), assaltou-me uma vontade incontida de rebuscar nos números, aquilo que já me cansei de apontar e comentar, o cinismo de como são levados tais arroubos sobre o grande jogo, minúsculo para a generalidade deles todos, sem exceções.

Vejamos a frieza objetiva e catastrófica dos mesmos, em poucas linhas (ou fileiras e colunas…), muito aquém do que gosto de analisar frente ao realismo dos jogos em si, mas muito, muito mesmo aproximados da realidade, aquela que é produto de uma criminosa formatação e padronização na pasteurização técnica e tática do nosso indigitado basquetebol, teimosamente atado a um corporativismo estúpido e anacrônico.

Na rodada inaugural, em seus nove jogos, foram arremessadas 1043 bolas de 2 pontos (349/694 – 50.2%), 534 de 3 pontos (139/395 – 35.1%), 636 lances livres (266/370 – 71,8%). Foram cometidos 282 erros de fundamentos (média de 31.3 por jogo), e se formos um pouquinho mais adiante nas médias, teríamos 115.8 tentativas de 2 pontos por jogo, 59.3 de 3 pontos, 70.6 nos lances livres, e os já apontados e inacreditáveis erros de fundamentos na ordem de 31.3 por jogo, somente superados em tragicidade às 59.3 tentativas de 3 pontos ( beirando as 60 para o Guiness…), mostrando a crueza do que nos aguarda mais adiante, e o quanto de dificuldades o Magnano encontrará na formulação das seleções, pois mesmo os mais jovens “talentos”nacionais rapidamente já se entrosam na mesmice endêmica que nos sufoca, e que corre celeremente para uma pandemia irrecuperável, num inicio de ciclo olímpico, onde as colocações técnico táticas de sua lavra estão sendo solenemente sabotadas nas quadras, principalmente na frouxidão defensiva, na mediocridade como são encarados e praticados os fundamentos do jogo, e na permanente hemorragia nas bolinhas de três, num comum acordo entre jogadores e técnicos que beira o inacreditável, e já se constituindo como fato “aceitável e comprometido”. Será esse mesmo fato aceito pelo hermano, ou tentará, por mais uma vez, adaptá-lo aos seus conceitos antagônicos ao que vem ocorrendo? Sei não, mas desconfio seriamente que o grande jogo ainda penará por longo tempo nas mãos dos que no fundo o odeiam, mas não abrem mão de suas benesses e mordomias.

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

DIOS MIO, QUE ES ESO…

E lá estava o Magnano presente às finais do paulista, e acredito que muito preocupado com o que assistia ao vivo e a cores…

Pode constatar a sangria dos 3 pontos (46/144 – 31.9% – media de 48 tentativas por jogo), medíocres resultados nos 2 pontos (105/206 – 50.9% – media de 60.6 tentativas por jogo), razoáveis números nos lances livres (88/108 – 81.4% – media de 36 tentativas por jogo), e absurdos 93 erros de fundamentos, media de 31 por jogo (vide tabelas anexas acima).

Pode assistir sequências insanas de tiro aos pombos, quando as diferenças no placar eram mínimas, o que aconselhava ataques precisos e seguros, principalmente os realizados no perímetro interno, e não bolinhas absolutamente marcadas e contestadas, como livres de qualquer oposição, numa constante presente nos três jogos até agora realizados (as fotos acima são do terceiro jogo).

Mas nada comparado à abertura do NBB5 (artigo a seguir), deixando-o com as barbas de molho ante a evidência de que por aqui, suas convicções de jogo ecoam no vazio da mesmice endêmica que reina entre nós, a começar pelas lideranças de seus assistentes na seleção, nem um pouco convencidos de sua luta por uma defesa intransigente em todos os setores da quadra, como no coletivismo e na escolha do melhor momento de arremessar, ou mesmo incapazes no domínio didático pedagógico para a implantação efetiva daqueles conceitos tão defendidos pelo hermano, o que explicita a permanente presença de um assistente patrício quando a competição é para valer. Sutileza é isso aí.

Amém.

Fotos – Site Globo Esporte e reproduções de TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

FILHOS…

Ontem foi o Dia Mundial do Musico, e tenho um filho musico, cantor e compositor, que vive em Dublin, Irlanda, basqueteiro e que faz muita falta por aqui, por sua jovialidade, talento e leal amizade. Veiculo um pouco de sua arte, homenageando a significativa data. Um abração Jay Raw, saudades.

Veja também –Late Train

Amém.