RESCALDOS DE CORRIENTES…
Terminado o Sul Americano em Corrientes, um campeonato que se vence perdendo, fator que contradiz uma modalidade esportiva que sequer aceita empates, podemos rebuscar algo no rescaldo de uma competição repleta de contradições e malfeitos.
Comecemos pelos famigerados técnicos argentinos, todos eles fascinados e direcionados ao epicentro de suas intervenções, a gloriosa prancheta. Sei não, mas gostaria de vê-las surrupiadas em um jogo entre eles, para medir a intensidade de suas reações sem o apoio de suas muletas. Morro de rir com a grafotecnia em seus pedidos de tempo, principalmente quando silêncios monásticos do Hernandez a antecede, fazendo-o penetrar de cabeça no inerme retângulo plástico no solo à sua frente. Creio que mais do que nunca deveríamos conhecer de fato a turma que cuida da formação de base argentina, aquela mesma que fez o Magnano declarar na escada do avião que o trouxe de Atenas, que tudo devia àqueles formadores, os verdadeiros artífices da grandeza dos hermanos. Técnicos, desculpem, estrategistas burocráticos também os temos por aqui, quiça melhores do que alguns deles. Já os formadores…
Infelizmente, o Troféu Guiness das bolinhas (acima de 60 tentativas) ficou por lá mesmo, mas com um condigno representante tupiniquim, o Brasília com seus inacreditáveis e absurdos 13/35 torpedos e tiros de meta do Nezinho (que não daria unzinho sequer se marcado em proximidade, pois o executa entre a cintura e o peito…), e o bem intencionado Peñarol garantindo a vantagem de 13 pontos do hermano que jogaria contra o Flamengo, com seus também comprometedores 9/29 de três, contabilizando um jogo com 22/64 bolinhas, levando o Guiness de ruindade e pusilanimidade.
Um pouco mais tarde, um vencedor Flamengo, mais na garra e empenho, principalmente na entrega defensiva, do que na técnica de jogo, demonstrando uma das verdades mais impactantes do nosso atual basquete, a incapacidade de planejar, treinar e preparar homens altos para atuarem nos pivôs móveis jogando de frente para a cesta, numa repetição teimosa, cansativa e desgastante de ações de costas para a mesma, sob a imóvel assistência do restante da equipe, torcendo de uma privilegiada posição na quadra de jogo para que dê certo, num alheamento inconcebível e primário. Caio, Alexandre e Shilton, mereciam ser preparados para os embates frontais, e não na tatibitate progressão em marcha à ré a que são destinados mediocremente.
Finalmente, um último garimpo em um diálogo do mais puro e genuíno conhecimento da complexidade do grande jogo, entre o narrador e o comentarista do Sportv quando de uma singela, porém segura bandeja do pivô Ronald do Brasília:
– “Essa era para enterrar, afundar, cravar com estilo, não fulano?”
– “Sem dúvida nenhuma, o espetáculo exige isso, o público vibra, se levanta, e promove o jogo…”
– “É isso mesmo, toco e cravada é a essência do jogo, fulano”
– “Concordo beltrano, inclusive já conversei com ele a respeito. Nos Estados Unidos qualquer moleque treina para isso, e vocês, jovens iniciantes que nos assiste, treine as enterradas, 50 vezes, e depois mais 50…”
– “Precisamos disso, sem dúvida sicrano…”
– “Inclusive sou ferrenho defensor da cesta mais baixa para as mulheres, pois também enterrariam como os rapazes…”
Juro que o diálogo aconteceu, revejam o tape, agucem os ouvidos, mas assistam sentados para não serem enterrados, afundados, cravados no solo infértil da descrença em dias melhores para o grande jogo entre nós, pois ainda acredito que o arremesso seja a essência do jogo, tendo inclusive escrito uma tese de doutorado sobre o mesmo.
Fico triste e preocupado com esse tipo de mensagem aos jovens, ainda mais partindo da emissora que se auto define como a mola mestra da educação nesse imenso, injusto e desigual país.
Amém.
Fotos – Reproduções da Tv. Clique nas mesmas para ampliá-las.















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