VÍCIOS DO COTIDIANO…
Festas e homenagens pelos mil jogos da LNB, justas por sinal, não tanto pela escolha de um dos jogos da rodada para representá-los, que bem poderia ter sido por sorteio, a fim de que todas as franquias pudessem ter tido acesso hipotético ao mesmo, e que pelo retrospecto não muito desportivo dos escolhidos, fizeram jus ao histórico de confusões e equívocos em seus embates anteriores.
Foi um jogo conturbado e feio, muito feio, motivado pelo domínio técnico do Flamengo, com sua dupla armação e ainda inconstante jogo interior, somadas a uma cada vez mais eficiente defesa, provocando em seu oponente os tradicionais esgares e rompantes contra a arbitragem, como justificativa a um desempenho técnico tático decepcionante, e desnudando uma premente necessidade de recomposição em seu desgastado plantel, principalmente na armação e no pivô.
Somemos a este cenário uma arbitragem conectada à mídia, que a continuar desembocará num som ambiente, como na NFL, e como tal despontando estrelas querendo dividir o espetáculo com os únicos e verdadeiros personagens, os jogadores, numa escalada em busca do proscênio, a que um deles já está instalado como comentarista de, pasmem, técnicas e táticas de jogo…
E deu no que deu, lamentavelmente, obscurecendo homenagens e a festa programada, num burlesco pastiche com data a ser convenientemente esquecida, principalmente pela imagem “edificante” de uma encarada grotesca e ridícula entre dois dos candidatos a astros, e mais, comprometedora e infeliz…
No Paulista, um quinto jogo que vem sedimentando uma tendência altamente perigosa para o grande jogo, e que nos ameaça seriamente remeter de volta ao quadro de uma equipe jogar para um único de seus jogadores, aquele que “joga o máximo” faz duplos-duplos, faz chover e trovejar, mete mais de 30 pontos, mas perde o jogo, e sendo o armador se torna mais catastrófico ainda…
De algum tempo para cá a mídia especializada e altamente técnica, vem enaltecendo jogadores nacionais na NBA e no europeu, com a seguinte e monocórdia novena – Fulano arrasa em seu jogo, mas a equipe perde…
– Beltrano domina o jogo, mas não suficiente para sua equipe vencer…
E outras mais denominações para brilharecos individuais por sobre derrotas coletivas, num doloroso e constrangedor relato de quem sequer desconfia do que venha a ser desporto coletivo, equipe, ou um singelo time. Informo a todos que no grande jogo todos vencem ou perdem, todos, sem exceções, e que o fato continuo e repetitivo de um jogador estabelecer 30, 40 pontos, ou 20 rebotes e tocos explica de forma contundente os porquês de derrotas, claro, em se tratando de confrontos entre equipes de alto nível.
Outra efeméride foi a estréia em quadras cariocas de uma equipe nordestina (?) com sotaque do sudeste, jogando no mais puro e tradicional sistema único, patrocinada por uma gigante que tenta deslanchar nas comunicações lá de cima, e claro, pelo governo de seu estado, também. Quem sabe nos próximos anos vejamos um cearense pairando no céu dessa equipe…
Finalmente, constatamos, apesar dos nada empolgados e empolados adjetivos quando da escalação das equipes por parte dos narradores e comentaristas da TV, a “nova” nomenclatura nas posições – Fulano na posição 1, armador, beltrano na 2…armador… me divertindo à valer, frente a uma evidência que transcende a seus conhecimentos abalizados…
Graças aos deuses e ao bom senso, já vemos na maioria de nossas equipes a dupla armação, e o encaminhamento, ainda tímido e receoso de um jogo interior praticado por alas pivôs de grande mobilidade e flexibilidade, mas que aos poucos deverá ser reconhecida como arma poderosa e altamente conveniente à nossa constituição biotipológica e senso criativo de nossos jovens, bastando aprofundá-los no ensino e prática dos fundamentos do grande jogo.
Bem sei que assim será… um dia.
Amém.
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