OS AMERICANOS…
E os capixabas se superam, pois acabam de bater um novo recorde, o de derrota pela maior diferença de pontos, recorde este que pertencia a eles mesmos, desde os 54 pontos de diferença impostos ao Vitoria pelo Flamengo no NBB3, para uma esmagadora e constrangedora diferença de 62 pontos do mesmo Flamengo sobre o Vila Velha, contagem inadmissível dentro de uma competição deste nível.
Três foram os americanos contratados pela equipe do Espírito Santo, como uma solução pela péssima campanha no NBB3, igualmente encontrada pela equipe de Franca, mas que ao final dessa nona rodada as fazem ocupar as colocações inferiores da tabela, provando que americanos por si só não elevam equipes à ponta classificatória, e sim treinamento altamente qualificado que, pelo menos, os situem harmonicamente dentro de suas equipes, e não como o centro irradiador das mesmas, pois na maioria das vezes não têm qualificações para tanto, já que excedentes de pelo menos quinze ligas profissionais espalhadas pelo mundo.
O incrível sobre tais contratações, é que a maioria delas preenche o imaginário de muitos técnicos, ávidos em “comandar” americanos, como se tratasse de um salto qualitativo em suas carreiras, um invejável acréscimo em seus currículos profissionais (?).
Agora imaginemos um jogo entre duas equipes nacionais com três americanos em cada (caso de Franca e Vila Velha), que pelo investimento em dólares os fazem titulares, ocupando seis posições contra quatro de brasileiros, e com técnicos que balbuciam um ininteligível inglês, para avaliarmos o caos comunicativo que se instalará na quadra, ainda mais quando a pretensa superioridade de jogo dos estrangeiros inexiste na pratica. Imaginaram?
Pois caros leitores é exatamente o que vem ocorrendo no NBB4, com duas equipes perdendo cada vez mais jogos (inclusive com recordes negativos de contagem) de um lado, e seus técnicos incapacitados de fazer jogar americanos de DVD, que de português só devem conhecer a palavra salário, de outro.
Sem dúvida alguma alguém deve estar lucrando com tudo isso, quando menos, pela errônea publicidade de que um americano no time resolve problemas, quiçá três, num monumental equivoco lastreado por um sentimento, praticamente irremovível, de colonialismo endêmico que se apossou das lideranças de nosso basquetebol nas duas últimas décadas.
Quando observamos com satisfação a produtividade técnica de alguns jogadores latinos, onde até um paraguaio demonstra insuspeitadas qualidades, numa liga que ainda se situa no limiar de maiores investimentos, e os vemos serem liquefeitos em contratos com jogadores de quarta linha (com três ou quatro exceções), pagos em dólares, e completamente fora da nossa realidade econômica, e por que não, técnico tática, em detrimento de bons jogadores nacionais, basicamente os mais novos, trocados pela quimera da supremacia americana equivocadamente pronta para o consumo, por uma plêiade de técnicos que se nega, ou não tem conhecimento, para treiná-los nos fundamentos, corrigindo-os para que exequibilizem seus sistemas e táticas, temos de nos preocupar seriamente, pois dos mesmos depende o futuro do grande jogo entre nós, e somente deles, os verdadeiros técnicos e professores de basquetebol.
Creio que daí para frente, somente o resgate da meritocracia nos guiará pelo soerguimento sustentável do grande, grandíssimo jogo.
Amém.