A ESCOLA ESPANHOLA…

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Meus deuses, como está ficando complicado escrever sobre basquetebol em nosso país, envolto que está numa espessa bruma de mediocridade, que assusta de verdade.

Fui a dois jogos do Flamengo no sábado e ontem no Tijuca, quando testemunhei duas mentiras travestidas de equipes, enfrentando o agora líder da liga, que com a volta do Marcelo alterou bastante a maneira como vinha atuando, privilegiando o jogo interior, e tornando a atuar preferencialmente no perímetro externo, e convergindo a cada jogo (17/29 de dois  e 14/27 de três contra Mogi, e 20/31 e 6/29 respectivamente contra o Ceará).

Contra Mogi, o Marcelo repetiu pela enésima vez seu repertório de dribles à esquerda e arremesso de três, assim como suas fugas nos corta luzes com a mesma finalidade, o longo arremesso de três, fora aquelas oportunidades em que nenhuma marcação lhe era oferecida, como um bônus a ser aproveitado. E foram 8/13 bolinhas que decidiram a partida, ante uma equipe de mentira, pois não defendia, não atacava, não agia coletivamente, e sequer esboçava luta, por menor que fosse. Será que a escola espanhola avalizaria tanto descalabro, que nem o calor sufocante (para as duas equipes) e a presença de uma pequena, porém furiosa torcida poderia explicar tanta fragilidade?

E o Ceará, que perdeu um jogo que poderia ter vencido, pois jogou “dentro” da defesa carioca (21/43 de dois pontos e 5/17 de três), endurecendo o jogo ante uma equipe convergente (acima mencionado), mas que na hora decisiva optou pelo jogo exterior e se deu mal.

Mas, por que tal opção nos momentos decisivos, quando mais do que nunca o jogo interior, de dois em dois, um e um pontos a levaria a vitória, senão o quase abandono de seu técnico, centrado que esteve durante toda a partida com a arbitragem, discutindo e reclamando em tudo e por tudo, comprometendo decisivamente sutis observações para detalhes vitais, principalmente nos minutos finais, quando a opção externa tomada pelos jogadores deu aos cariocas a oportunidade de contra atacarem após tentativas frustradas de indesculpáveis bolinhas, em vez de forçarem o jogo interno que os trouxeram até aquele momento de decisão.

Mas por onde andava o comandante para definir a decisiva opção, senão envolvido em um absurdo confronto com a arbitragem, naquele momento em que sua equipe mais precisava de sua postura tranqüila e segura.

Preferiu, ou não se conteve ao embate e ruiu junto com a equipe, uma equipe de mentira naquelas circunstâncias, uma triste mentira…

Amém.

 

COMEÇO DE ANO…

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Inicio de ano, rodada do NBB6 depois das festas, com perspectivas de grandes melhoras, técnica individual e coletiva mais aprimorada, sistemas e táticas depuradas após rodadas intensas e disputadas, expectativas por algo realmente novo, instigante, desafiador…

Mas, o que tivemos na crua realidade dos fatos, o que?

Para começar, um recorde, lídimo e legitimo recorde, com pedigree indiscutível, porém trágico, num jogo em que a equipe do Pinheiros poderia, e deveria, ante a fraqueza do adversário, a Liga Sorocabana, exercer ataques interiores como preparo para embates futuros, que sem dúvida alguma irá enfrentar. Mas optaram por algo inédito, até certo ponto absurdo, pois arremessaram 17/39 bolas de três (as duas equipes perpetraram 62 bolinhas…) e 12/21 de dois pontos, num jogo (?) recheado por 28 erros de fundamentos…

Fico pensando como ser possível uma equipe disputar uma partida arremessando 39 bolas de três e somente 21 de dois, chega até a doer…

Num outro jogo, Uberlândia perde para São José (ambas arremessaram 63 bolas de três…) convergindo inacreditáveis 21/38 de dois e 14/35 de três, frente a um adversário que usou um pouquinho melhor o jogo interno (24/40 nos dois e 12/28 nos três) suficiente para levar o jogo marcado por uma enxurrada indesculpável de 63 tiros aos pombos…

Teve mais, Ceará e Limeira chutaram juntas 54 bolas de três, sendo que os paulistas perderam o jogo convergindo com 16/29 de dois e 9/30 de três, num desperdício de arremessos e esforços arrepiante, e que somente por isso mereceu perder ante uma equipe mais equilibrada (20/43 e 6/24 respectivamente)…

Mogi e Bauru chutaram 52 de longe e Brasília e Vila Velha outras 53 bolinhas, mantendo a média da rodada…

Mas a pérola da coroa ficou com o inovador Tiagão do Palmeiras (ai em cima na foto com seu novo e arrebatador sinal… de três) com sua marca de 3/8 nos longos arremessos, e menciono pérola porque alcançados contra uma equipe que se gaba de sua forte defesa, mas que permite ser metralhada oito vezes por um cincão, levando nove pontos num jogo em que perdeu de sete!! Vá defender bem assim no Anhangabaú…

Mas o impactante foi a somatória dos erros de fundamentos nos jogos em questão, 169 (media de 28.1), rivalizando, ou confirmando os números da liga que fornecerá novos valores mais adiante, a LDB…

Ufa, foi um inicio de ano devastador, preocupante, principalmente quando vemos técnicos estrangeiros que aqui aportaram e muito bem pagos, com formulas para disciplinar nossos craques, e que se renderam ao reinado das bolinhas, pacifica e inquestionavelmente. Muito vivos os caras…

Amém.

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FIM DE ANO…

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Termina o ano, que de certa forma não foi um bom ano para o basquetebol de nossa terra, ainda perseguido e enclausurado na camisa de força de um pesadelo difícil de ser removido, a mesmice técnico tática endêmica e por isso mesmo, asfixiante.

Com a universalidade do sistema único, cada vez mais visceralmente aceito, muito pouca coisa de diferente, inusitada e corajosa pode prosperar perante a rigidez ciclópica e corporativa que o impõe coercitivamente, sem um mínimo de concessões a algo que o conteste.

Talvez, a incorporação de um fator complicador a tentativas de fuga ao onipresente sistema, com a inclusão generalizada da alta velocidade em sua consecução tática, o que evidenciou e escancarou de vez o verdadeiro grande vilão que coisifica a sua mais básica carência, o desconhecimento das mínimas técnicas na execução dos fundamentos do jogo, vide a ontem terminada LDB, quando nos seus dois jogos finais foram cometidos 78 erros de fundamentos (40/38 respectivamente), e onde o Flamengo se sagrou seu lídimo e incontestável campeão, que parabenizo pelo título, nunca pelo basquete jogado, mas que mesmo assim foi o melhor dentre todos.

Não repetirei números gerais da rodada final, iguais ou piores das que a antecederam no desenrolar de toda a competição, mas sim uma básica amostragem do que ocorreu em números nos dois jogos finais, ou sejam:

– Nos dois pontos    –  72/190 – 37.8%

– Nos três pontos     –  23/72   –  31.9%

–  Lances livres        –  30/49   –  61.2%

–  Rebotes                –   151     –   75.5 na média

–  Erros de fundam. –    78      –    39.0 na média

Frente a estes números de duas finais onde a maioria dos jogadores já participam do NBB, podemos, infelizmente, projetar a catástrofe do que ocorreu nos 300 jogos da competição, onde fundamentos foram violentados, arremessos de três atingiram cifras inacreditáveis, e sistemas defensivos simplesmente inexistiram, dentro, e principalmente fora dos perímetros, numa proporção tão preocupante, que ouso conscientemente relatar que, fora a pretensa importância pratica que movimentou esses jovens nos seis meses de competição (espero que as necessidades escolares tenham sido levadas em consideração pela Liga), tática e fundamentalmente nada acrescentou aos mesmos, pois praticaram um jogo anacrônico e muito além dos mínimos parâmetros de qualidade a essa altura de suas caminhadas, fruto de uma sistemática formatada e padronizada por uma geração de técnicos compromissada com a mesmice endêmica gestora do corporativismo a que estão ligados, garantidora de seu trabalho “homogêneo”, espelhado numa ENTB/CBB, veiculo autenticador do que ai está coercitivamente implantado.

Enquanto não evoluirmos e fugirmos dessa horrenda influência prisional, não iremos a lugar nenhum nos planos regional, nacional e conclusamente, no internacional, com ou sem hermanos acima e abaixo do equador nos prestigiando…

Porém, otimista renitente que fui e sempre serei, aspiro que novos ares rondem o grande jogo em nosso imenso e injusto país, e que se faça presente à meritocracia na educação e desporto pátrio, única forma democrática para que consigamos sair desse limbo cultural em que nos encontramos desde sempre.

Um feliz e prospero ano de 2014 para todos, leitores ou não, críticos ou não, com muita paz, progresso e saúde.

Amém.

 

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

CORRENDO MAIS DO QUE DEVE…

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Chego a Gávea com meu filho André Luis, e logo à entrada me encontro com a Alzira Brandão, talvez a mais antiga mesária ainda em atividade no país, formada em educação física e competente ao extremo. Foram alguns minutos de reminiscências pelos anos de sadia convivência nas quadras do Rio, e muitas saudades também, imorredouras, eternas.

Entramos no ginásio, não aquele embaixo da enorme arquibancada do futebol, onde trabalhei as divisões de base do Flamengo numa época que rivalizávamos com São Paulo em qualquer daquelas categorias de formação. Agora é outro ginásio, pequeno e calorento, com insuficientes vias de acesso do ar vindo da lagoa ali do lado, o que explica a grande concentração de umidade ao final de um dia ensolarado de verão intenso. Pior, os assentos plásticos desconfortáveis oferecidos ao publico que se lá se encontrava, apesar de tanto sacrifício, é porque realmente ama o grande jogo, sob quaisquer circunstâncias.

Bem, consegui assistir os dois jogos semifinais em meio a grandes papos com o Byra Bello, o Michila, o Renê Machado, o Marcio, técnico do Goiânia, o Paulo, técnico do Flamengo, e até receber um amistoso cumprimento do prof. Flavio Davies, supervisor do Minas, surpreendente pelo precedente mal estar entre nós durante o primeiro congresso de técnicos no NBB2 em Campinas, e que parece estar superado pelo bem do grande jogo que tanto amamos.

Fora os papos e agradáveis reencontros, pudemos constatar in loco as quantas andam os prospectos que se lançarão à divisão de elite, além daqueles que já lá se encontram, e que na minha humilde opinião não deveriam estar participando dessa LDB, pois já conquistaram seus lugares nas equipes do NBB. Mas, infelizmente os responsáveis pela competição não pensaram dessa forma, porém, acredito que para a próxima poderiam repensar essas participações, que visam mais o titulo em disputa, do que a oportunidade de melhoria técnica dos jovens participantes.

Se nos ativermos um pouco sobre os números das duas partidas veremos que os percentuais nos arremessos continuam na faixa do inaceitável (64/158 – 40.5% nos de dois pontos, e 12/73 – 16.4% nos de três), melhorando um pouco nos lances livres (58/79 – 73.4%), mas que complica muito quando nos deparamos com 55 erros de fundamentos no jogo entre Minas e Pinheiros, e 37 entre Flamengo e Brasília, e que nem mesmo alguns escorregões motivados pela umidade na quadra, justificam tanta imprecisão nos fundamentos básicos do jogo.

E é justamente neste aspecto, imprecisão nos fundamentos (arremessos inclusos…) que reside a grande falha, regida e patrocinada por um conceito errôneo de velocidade, que chega às raias do inverossímil, quando a mesma antecede o raciocínio sobre as situações de jogo colocadas sob o julgamento sensato, pensado e materializado nos ritmos corretos a cada uma delas por parte dos jovens jogadores, e não pasteurizada como atitude unificada a todas elas, gerando uma realidade caótica e absolutamente imprevisível em seus mais do que previsíveis resultados. Em outras palavras, corre-se muito e desvairadamente, e pensa-se pouco, muito pouco, as ações a serem tomadas.

Olhando de perto tanta sofreguidão em ser veloz, que sem querer podemos definir com clareza o que venha a ser uma “jogada chifre”, pois não foram poucas as oportunidades em que vimos jogadores se enfiarem em extrema velocidade defesa adentro, praticamente “chifrando” quem se antepusesse a ele, gerando cenas realmente inusitadas e até cômicas…

E no entorno de tanta falta de controle físico, espacial e mental, constata-se, talvez, o maior de todos os equívocos, unificados através um sistema padrão de jogo, que busca com sofreguidão os embates de 1 x 1, e os espaços para as finalizações dos três pontos, que na maioria das vezes descambam para as atitudes aventureiras de muitos jogadores que, na ausência de um convincente preparo na leitura de jogo, partem para o confronto, forçando-o na maioria das vezes, e o pior, sem o devido conhecimento, preparo e treinamento daqueles fundamentos mais básicos, o drible, a finta, o passe e o arremesso sob situações de proximidade defensiva, e mesmo quando livres e soltos.

E neste ponto da análise mais primaria que se possa fazer, salta aos olhos o poder do grande vilão dessa odisseia às avessas que nos inflige perdas incalculáveis, a mais completa ignorância do que venha a ser defesa nesse apaixonante e difícil jogo. Simplesmente confunde-se agressividade com energia e técnica defensiva, tanto individual, como, e mais precisamente, coletiva. Ao não utilizarmos como regra geral a defesa linha da bola (aquela de flutuação lateralizada, aqui vista, e não a longitudinal à cesta que usamos a granel), e a marcação frontal do(s) pivô(s), permitindo ações automáticas de coberturas, e obrigando o adversário aos passes em elipse ou para trás, e que se mentalize a idéia de que uma defesa zonal tem de ser igual ou até mais agressivamente técnica que uma individual, principalmente nas contestações ao homem de posse da bola e aos arremessadores de longa distância, honestamente considero ser impossível um salto de qualidade ofensiva de nossas equipes, pois sucedendo a uma predominante realidade defensiva de boa qualidade, naturalmente se materializa uma ofensiva, e vice versa, num caudal evolutivo para o progresso técnico de qualquer modalidade de jogo coletivo, onde o contato físico seja permitido.

Porém, todo essa dinâmica evolutiva de jogo, somente será factível com um trabalho muito bem planejado, estudado, orientado e dirigido por técnicos corretamente qualificados, através bem estabelecidos cursos de longa duração e acompanhamento permanente por parte de experientes e muito bem vividos professores (todos eles marginalizados do processo desde sempre), que os qualificarão, não pelos “títulos” conquistados nas divisões iniciais de base (quando currículos são falseados) , onde um ou dois jogadores altos fazem a enganosa diferença na conquista dos mesmos, do que venha a ser um criterioso e muito bem planejado trabalho de equipe, e sim, quando consigam sua ascensão a níveis superiores, pela quantidade de jogadores que conseguirem promover às divisões acima, e mesmo às seleções regionais, provando na prática a qualidade de seu trabalho, geralmente encoberto pelas “peneiras” da vida, e que premiaria um trabalho que é a base dos demais, na garimpagem e no ensino qualitativo dos jovens, todos advindos da massificação fundamental. Essa foi uma ideia que tentei passar a ENTB/CBB, e que muito discuti ontem com um de seus professores, o prof. Byra Bello.

Finalmente, com as simples políticas acima descritas (simples porque óbvias…) poderemos no prazo de duas ou três gerações nos ombrear com as grandes equipes internacionais, apresentando uma forma diferenciada de jogar, com a já consolidada dupla armação, e utilizando três homens altos, rápidos e flexíveis no trabalho próximo a cesta, porém em constante e ininterrupto movimento, com velocidade ofensiva controlada e utilizada quando necessária, e não esse sistema trator e peladeiro que assistimos no calorento, abafado, mas tradicional ginásio rubro negro.

Infelizmente não estarei na decisão, que acompanharei pela TV, torcendo para que tudo corra bem, apesar da indescritível e não muito inteligente velocidade…

Amém.

Foto – Divulgação LNB.

A DERROCADA DOS FUNDAMENTOS…

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Oito foram os jogos nas duas primeiras rodadas deste turno final da LDB, todos jogados na Gávea, e que se estenderão até a decisão final na segunda feira às 21hs.

Sem dúvida nenhuma, trata-se de um longo torneio visando dar experiência a novos jogadores e técnicos também, onde o decisivo patrocínio financeiro do Ministério dos Esportes gerido pela LNB o tornou factível, contando com boa organização, boas estatísticas, mas zerando outro e importante fator, a quase total ausência de público na competição, e a mais completa ausência de imagens para divulgá-lo e tornar conhecidos seus participantes, mesmo que as mesmas fossem transmitidas pela internet, de uma forma simplificada, porém fundamental na divulgação, mesmo que o fosse em vídeos posteriores.

Mas algo de assustador pairou por sobre a qualidade desses jogos, desses jogadores, da orientação técnica e tática, quando números comprometedores vieram a público jogo após jogo, numa espiral descendente de erros numa divisão aspirante à elite, onde tais e tantos erros já não deveriam ser cometidos, basicamente nos fundamentos do jogo, já que unanimemente todos os envolvidos praticavam o sistema único, formatado e padronizado pela corporação técnica que se apossou do nosso basquetebol e  avalizados pela ENTB/CBB, onde os chifres, punhos, ombros, cabeças, camisas, e não sei mais quantas denominações da mesmice praticada por todos, canalizaram os jogadores a posições de 1 a 5, onde as possibilidades de criação e espontaneidade se tornam reféns de coreografias e pranchetas de técnicos compromissados com a mesmice endêmica que nos estrangula e coisifica perante os padrões da imprevisibilidade técnico tática que tão bem define o grande jogo.

E para que não pairem dúvidas sobre o numerário destas duas rodadas, ai estão os mesmos nos oito jogos realizados:

– Arremessos de 2 pontos – 326/683  –  47.7%

– Arremessos de 3 pontos  – 66/300    –  22.0%

– Lances Livres                  – 194/341  –  56.8%

– Rebotes                            – 624         –  78 (média por jogo)

Realmente preocupantes a falta de eficiência dessa turma jovem em seus arremessos, principalmente quando incutiram (ou foram incutidos…) em suas cabeças de que são “especialistas” nos três pontos, largamente desmentidos pelos 22.0% de acerto em suas tresloucadas tentativas. Mesmo nos dois pontos e nos lances livres suas médias são abaixo do exigido a jogadores dessa faixa etária.

Mas o assustador mesmo, e que deixei para o final, a fim de que todos aqueles envolvidos no preparo desses jovens reflitam com seriedade e responsabilidade, são os erros nos fundamentos, fator fulcral no desenvolvimento e consecução de qualquer sistema de jogo que se empregue, mesmo o único, que tanto defendem e divulgam como algo a ser preservado, como seus empregos desde sempre…

Faço questão de listá-los jogo a jogo e em ordem crescente, disputados pelas oito equipes, indistintamente, como testemunho do abismo a que está sedo empurrada mais uma geração pelos “estrategistas” permanentemente de plantão junto ao grande jogo, frutos do político compadrio do Q.I. e da mais completa ausência da meritocracia, base do desenvolvimento de qualquer modalidade desportiva que se preze. Acreditem, é verdade:

– Minas/ Brasília    –  30

– Ceará/Brasília      –  30

– Minas/Ginástico   –  32

– Bauru/São José     –  34

– Flamengo/Pinheiros-36

– Ginástico/Ceará     –  42

– São José/Flamengo-  42

– Pinheiros/Bauru     –  46

São 292 erros de fundamentos, com uma absurda média de 36.5 por partida.

Enfim, não bastam palmas para os sistemas, as jogadas, as midiáticas e quiméricas pranchetas, as bolinhas salvadoras, as cinematográficas enterradas, itens fragmentários que nada representam, sequer se tornam elementos decisivos de um verdadeiro jogo de basquetebol, sem o pleno domínio de seus fundamentos, elemento que amálgama e justifica aquelas habilidades para a composição de uma verdadeira equipe do grande jogo.

Mas, trata-se de um assunto, muito, muito sério mesmo, restrito àqueles que o conhecem e o entendem, de verdade…

Fico na dúvida se irei comparecer em uma das rodadas finais, pois  custo a me conformar com a visão de passes errados, dribles canhestros, fintas desconexas, arremessos arrivistas, bloqueios fora do tempo, contra ataques lateralizados, defensores passivos e ausentes, rebotes descolocados, leitura de jogo embotada, sistemas robotizados, chiliques extra quadra com transferência de erros crassos para a arbitragem, caras e bocas, braços cruzados, arrogância…

Quem sabe se meu filho basqueteiro me conceder uma carona, reverei  velhos conhecidos, meu velho local de trabalho onde treinávamos fundamentos pra valer…

Amém.

Foto – Divulgação LNB.

UM EXCELENTE QUESTIONAMENTO…

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Queria fechar o ano desfazendo alguns mal entendidos referentes a comentários nem sempre otimistas aqui feitos, e que suscitou uma pergunta a mim feita por um leitor, via email, guardando sua identidade, conforme norma estabelecida desde a criação desse humilde blog nove anos atrás, assim formulada – “Paulo, por que tanta critica negativa relacionada ao nosso basquete, técnicos, jogadores, sistemas enfim, por que?”

Bem, para responder um questionamento tão sério e instigante como esse, me reportarei a alguns jogos da semana que passou, os últimos desse ano, nos quais abordarei os por quês solicitados. Vamos lá então:

Comecemos pelo jogo entre o Bauru e o Flamengo, equipes fortes pelo padrão NBB, mas que nos fornece alguns pontos discutíveis, a começar por seus sistemas de jogo dentro do padrão comum a todas as equipes da liga.

Ambas se utilizam da dupla armação, não mais em esporádicos momentos, mas permanentemente, utilizando um estratagema, também comum às demais equipes, quando um dos armadores substitui um dos alas, dotando-as de maior maneabilidade técnica nos fundamentos, aumentando em muito sua eficiência ofensiva, taticamente atreladas a jogadas formatadas e padronizadas, com controle direto de seus técnicos, todos ardorosos adeptos do globalizado sistema único que tanto nos tem asfixiado desde sempre, notadamente quanto aos importantes fatores espontaneidade e criatividade por parte dos verdadeiros protagonistas do jogo, os jogadores…

Porém, e ironicamente, tanto controle de fora para dentro da quadra sofre com uma contrapartida de dentro para fora, com um grande numero de jogadores tomando as rédeas de pormenores influentes no destino de muitos jogos, como a não observância das “jogadas” propostas, e sendo o maior deles o estabelecimento do reinado das bolinhas, que vem num crescendo de tal ordem, que convergências entre médios e curtos arremessos se chocam em numero com os de longa distância, numa distorção cada vez, e progressivamente, mais presente nos jogos, como nesse onde a equipe de Bauru arremessou 16/31 bolas de dois pontos e 12/35 de três, tendo ainda consignado 26/31 nos lances livres, com seu adversário, o Flamengo conseguido 22/38 nos dois, 9/27 nos três e 25/28 nos lances livres, vencendo porque de certa forma privilegiou um pouco mais o jogo interior, com conversões mais precisas, arremessando oito bolas a menos de longa distância, fator que decretou sua vitoria.

A questão que se apresenta então é a desobediência, ou disfarçada cumplicidade entre jogadores e técnicos, onde limites são omitidos, aceitos ou compartilhados, numa parceria às avessas, pela qual a aceitação será proporcional ao fator de “caírem ou não” as tais bolinhas, ou com mais propriedade, os famosos e onipresentes “detalhes”…

Indo um pouco mais além, e tomando dois dos jogos da rodada somente por seus números, o que tivemos?

– São José, que vem evoluindo aos poucos sob novo e competente comando, perde um jogo em seus domínios convergindo fortemente, mesmo tendo jogadores internos de excelente nível (arremessou 13/32 de dois pontos e 7/30 de três) desperdiçando 23 ataques em bolinhas, situação bastante corriqueira com o técnico anterior, enquanto seu oponente, o Ceará, privilegiou o jogo interno (24/43 de dois e 7/22 de três) e venceu uma partida com 27 erros de fundamentos (13/14 respectivamente), num dos óbices que nos atrasam sobremaneira quando o assunto são os fundamentos do jogo.

– Num outro jogo, Liga Sorocabana e Brasília, esta venceu na prorrogação a última colocada no campeonato levando 83 pontos, a maioria dentro de seu perímetro (19/41 nos dois e 10/28 nos três, e 17/26 nos lances livres), demonstrando terríveis falhas defensivas naquele terreno próximo à cesta, e mesmo assim chegou a vitória convergindo 15/29 nos dois e 14/32 nos três, numa claríssima demonstração de que seu técnico, apologista do jogo controlado e cadenciado, de forte defesa e de arremessos bem selecionados, definitivamente cedeu suas crenças técnicas à realidade de uma equipe pioneira e intransigente defensora do reinado das bolinhas…

– Finalmente, Limeira e Macaé fecharam o ano com um jogo muito igual, vencido pelo primeiro numa falha mais do que anunciada de fundamentos, quando o Duda não soube marcar (naquele caso cercar, ou tourear) o armador Jackson, que deveria ter sido vigiado por seu conterrâneo Jamaal, ou mesmo o Fred tão habilidosos quanto o mesmo. O Duda reconheceu seu erro no final, mas ninguém se referiu ao técnico e seu assistente que é técnico de seleções de base da CBB, ante a falha gritante de comando “estratégico”…

Então, podemos fechar essa pequena análise, questionando algo que se tornou dogmático no âmbito da maioria dos técnicos da elite, o conceito arraigado de que jogadores adultos têm mais que se estruturarem dentro do sistema único de jogo, em suas jogadas cifradas e monocórdias, em vez de perderem precioso tempo de coletivos e rachões para se exercitarem longamente nos fundamentos, pois afinal de contas, se não derem vazão às quimeras e sonhadoras projeções dos estrategistas com suas midiáticas pranchetas e caras e bocas televisivas que os dirigem, basta pegar um telefone, contatar um dos agentes sempre disponíveis, com seus vídeos e discutíveis relatórios estatísticos, para substituí-los drasticamente, nativos ou estrangeiros, pois, definitivamente, ficam fora de quaisquer questionamentos estudar, pesquisar, planificar, treinar e aplicar algum novo conceito de jogo, de sistema, de estratégia que fuja do principio dogmático que os mantêm presos ao corporativismo em que vivem, com raríssimas exceções, que por assim serem, poucas ou quase impossíveis oportunidades terão para modificar o que aí está, inclusive os estrangeiros, que mais cedo do que se supõe pulam para dentro do cordão dos que manipulam “filosoficamente” nosso infeliz basquetebol…

Se mudássemos um pouquinho esse cenário, poderíamos ter maiores chances para 2016, melhor ainda, 2020, porém, face à força dessa famiglia, temo que não lá chegaremos à tempo…

Logo, prezado missivista, não se trata de falar bem ou mal do nosso basquetebol, mas sim reportar aquelas falhas que possam ser dirimidas pelo estudo, planejamento e trabalho, muito trabalho, sempre privilegiando o inusitado, a criatividade, e principalmente a negação da mesmice endêmica que se instalou entre nós.

Porém, como incurável otimista que sou, torço para que volte a imperar o bom senso e o mérito entre nós, assim como desejo a todos, que bem sei não serem muitos, um Feliz Natal e um próximo ano repleto de esperanças em dias melhores.

Amém.

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O DÍGNO E ATUALIZADO SENHOR…

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Sábado trabalhoso esse, vendo jogos pela TV desde o meio dia até dez da noite, e ainda dando um pulo no ginásio do Tijuca para assistir o Flamengo ser fragorosamente derrotado pelo São José do Edvar Simões, o setentão que se reinventa após ser vaiado em seu próprio terreno ao ser derrotado por uma equipe reserva do Bauru.

Mas antes, dois jogos tenebrosos, um feminino pela LFB, que me nego a comentar para não avolumar criticas que pipocam de todos os lados sobre a ínfima qualidade dos mesmos, e que nos remete a uma séria reflexão dos por quês de tanta precariedade técnica apresentada pelas equipes dessa emergente liga, preocupando a todos pelo futuro da modalidade frente a tantos obstáculos e ausência de interesse maior em sua evolução.

Outro jogo, pelo NBB6 em Fortaleza, também conota uma grande preocupação pela qualidade de duas equipes que ocupam as classificações mais baixas na tabela, apresentando um jogo claudicante, com 38 erros de fundamentos, a maioria em passes errados, convergência nos arremessos da equipe do Espírito Santo (14/28 nos dois pontos e 9/26 nos três), perdendo para a equipe da casa por 18 pontos, que ao privilegiar o jogo interior, frente a uma defesa muito fraca dos capixabas (29/48 nos dois e 3/17 nos três) conseguiu vencer com tranqüilidade, num jogo de muitos erros e técnica medíocre.

Em Brasília, ao lermos os números da vitoria do Palmeiras, constatamos que seu jogo interior (24/52 nos dois pontos e 7/17 nos três) contrastou claramente com a opção dos candangos pelo jogo externo (14/36 nos dois e 12/34 nos três) que é sua marca desde sempre, e que aos poucos vai sendo superado pelas vigilantes equipes que tem enfrentado, as quais ao empregarem uma defesa mais atuante no perímetro externo, vem baixando os índices de acertos nas enxurradas de seus longos arremessos, deixando em cheque sua defesa frente a um forte jogo interior para o qual ainda não soube desenvolver uma postura adequada, e mais ainda, colocando seu nominado técnico hermano numa situação bastante delicada, pois tem ficado mais do que patente a opção de seus melhores jogadores pelo jogo que estabeleceram nos últimos anos vencedores, ante um sistema mais controlado e cadenciado proposto pelo mesmo, numa atitude clara de oposição aos seus sistemas, e sua liderança.

Mas o melhor do dia estava guardado para ser visto na Tijuca, onde um técnico “das antigas”, bom como ele só, demonstra a cada jogo que dirige e orienta seus jogadores, que o olho no olho ainda é a melhor maneira de se chegar aos mesmos, com emoção e verdade, mostrando e demonstrando os movimentos e as situações práticas dentro da maior das pranchetas, a quadra em si, derrubando e afastando o biombo que se implantou entre técnicos e jogadores na figura anacrônica de uma prancheta midiática e impessoal, onde são rabiscados sonhos e quimeras de seus autores, dissociados das ansiedades e dúvidas que assaltam a todos quando confrontados com a dura realidade de uma oposição permanente, presente e feroz junto a eles, “fungando em seus cangotes”, e que tanto precisam de toques sutis de experiência, vivência e inteligência, que grafismo nenhum os alivia de tanta pressão. Ali, ao lado do grande Sergio Macarrão, comentávamos aquelas aulas de bom senso técnico dadas pelo idoso e jovial Edvar, provando da forma mais cabal possível, que ser atualizado e contemporâneo transcende o tempo, pois o limite nesse apaixonante e complexo jogo é a constatação de que a experiência válida é aquela vivida, no dia a dia, ano a ano, década a década de uma vida dedicada ao grande jogo.

Não aconteceram nós táticos ou formidáveis estratégias, e sim um corolário de incentivos e motivações voltadas ao jogo inteligente de pontuar dentro e fora ante uma defesa amorfa, e não se deixar atacar desenvolvendo contestações defensivas sempre presentes e fortemente atuantes, por todo o tempo, sem tréguas, sem concessões.

Foi uma grande resposta do veterano técnico, deixando em mim uma pontadinha de inveja por não lá estar também, fazendo parte de uma ala da Old School, que tanta falta faz ao soerguimento do grande jogo em nosso injusto país. Que continue trabalhando e demonstrando seu conhecimento e sabedoria.

Amém.

Fotos – Divulgação LNB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

UM OLHAR (MÍOPE?) SOBRE NÚMEROS E TÉCNICA…

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Os números – São de arrepiar, e olhem que assisti a transmissão, logo, posso associá-los ao jogo em si, pois não diferem muito da verdade em quadra. A equipe vencedora de Brasília, convergiu num 18/31 de dois pontos e 14/32 de três, sendo que sete de seus integrantes arremessaram de três, com o Nezinho, e seu arremesso de peito e na passada perpetrando 7/12, sem que fosse contestado por ninguém do Pinheiros (bastava “encostar” no habilidoso jogador para ele sequer armar o bote…), numa partida em que sua equipe cobrou somente 6/9 lances livres, sendo os primeiros no terceiro quarto, demonstração mais do que clara de oposição defensiva nula, e mesmo assim cometeu 11 erros de fundamentos.

Seu oponente, também amassou o aro com vontade nas bolinhas (14/26 de três e 15/38 de dois), mas tentando timidamente chegar mais perto da cesta somente com o Morro, já que o Mineiro e o Bambu também se postaram para os tiros longos, já que os “armadores”Smith, Leandro e Shamell se preocupavam mais em definições pessoais. Seis de seus jogadores arremessaram de três, perfazendo no total de ambos os contendores treze pseudos especialistas nessa tão difícil arte de arremessar de longa distância, um autêntico recorde mundial, sem dúvida. É ou não é uma hecatombe, e com muitos integrantes de nossa seleção em quadra? Ah, e cometendo 12 erros de fundamentos, totalizando 23 com equipes de nossa elite…

Os técnicos, ah os técnicos, variaram da bronca e dos palavrões de praxe, da ingerência (consentida?…) de um assistente num momento decisivo de crise, até um (rê) início de bate boca com o sempre presente Shamell, e em português, assim como o hermano togado, ante uma encruzilhada onde jamais pensou se encontrar, no confronto de suas crenças técnico táticas, e uma realidade a ser vivida no ambiente do reinado das bolinhas, que caindo, ou não, retratam a turma que pensa transformar ao seu jeito, mas que anuncia ser ele a ser mudado, e muito bem pago por isso, o que pesa sobremaneira nesses tempos bicudos de economia instável, principalmente em seus pagos gaúchos…

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A técnica – Então, o que temos de realidade em nosso basquetebol em termos técnicos, que é o que me cabe analisar, apesar de também, como ex integrante do Conselho Técnico da LNB (que segundo o coordenador da Liga, Lula Ferreira, comunicando durante o primeiro Congresso dos Técnicos após o NBB2, de que todo técnico que tivesse dirigido uma equipe no NBB, e que mesmo sem trabalho, que foi o caso do Chuí, motivo da moção estabelecida pela perda do cargo em Uberlândia, teria assento permanente no Conselho, e que não valeu daí para diante somente para mim, daí me considerar ex…), poderia ter podido colaborar com um pouco da minha experiência e conhecimentos acumulados nos mais de cinquenta anos de intensa atividade e estudo, no que foi negado explicitamente, é que não posso concordar com uma colocação do Fabio Balassiano em seu excelente artigo de hoje, quando escreve – (…) “Desqualificar o que a Liga Nacional fez em cinco anos por causa de um problema técnico (que é muito mais estrutural do que qualquer outra ordem, diga-se) é de uma miopia atroz” (…)

Bem, coloquemos na pauta a lista oficial do atual Conselho Técnico da LNB, composto por: Alberto Bial, Claudio Mortari, Flávio Davis, Helio Rubens, João Batista, Jorge Guerra, Luiz Felipe Faria de Azevedo, Lula Ferreira, Régis Marrelli, e mais o Gerente do Departamento Técnico, Paulo Bassul, e teremos de frente todo o poderio desses nomes, que estruturalmente define a existência de um liga maior, cuja importância transcende um simples e prosaico “problema técnico”…

Toda a essência de uma modalidade complexa como o grande jogo, convive em seu cerne com os avanços e conquistas técnicas, tenha a instituição galgado e crescido em seus aspectos administrativos e econômicos, midiáticos até, mas que jamais colimará seus objetivos sem a fundamentação técnica, que antecede a tática, que se fundem na estratégia que objetiva a excelência e estabelece a tradição.

Sim, o grande problema da LNB é técnico, essencialmente técnico, pois somente congrega um núcleo, fechado e elitista de técnicos, corporativados e intransigentes em seus princípios formatados e padronizados (que é a pedra de toque da ENTB/CBB, apoiada pela LNB), mas que volta e meia, por teimosia e insistência no óbvio de alguns poucos que divergem de sua influência (esse humilde blog é um deles…), os tocam com a riqueza de evidências que até utilizam, mas jamais, e isso é um fator pétreo, declarariam a origem, e neste caso as exceções não contariam, existentes que são…

No momento em que saiamos da mesmice técnica endêmica em que nos encontramos, adotando sistemas outros que não o único que aí está, que privilegiarmos a base para valer, que prepararmos e atualizarmos técnicos através uma escola que faça jus a sua básica denominação – Escola – que capilarizarmos a informação técnica por esse enorme e injusto país, que escutarmos atentamente aqueles que concentram o saber desportivo do grande jogo em todo o país, e que finalmente estabelecermos uma associação de técnicos realmente representativa e forte, aí sim teremos ultrapassado o maior dos óbices que nos atrasa, o problema eminentemente técnico, que de saída poderia ser atacado com a reintrodução dos semestres voltados aos desportos, substituídos por disciplinas da área medica de saúde nas escolas de educação física em todo o país, voltando a preparar melhores  professores, e não paramédicos de terceira categoria, massa de manobra e exploração pela  indústria do corpo que se configurou e se estabeleceu no país, e que hoje movimenta mais de vinte bilhões de reais…

Amém.

 

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

 

 

 

 

 

MAIS DOIS MOMENTOS…

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Fui ao Galeão buscar o André Luis que chegava do exterior, é o filho basqueteiro como eu, e tive de deixar gravando um dos dois jogos que aconteceriam naquele mesmo horário, e optei pela decisão paulista, e creio que erroneamente, pois o jogo entre o Uberlândia e Brasília, pelos números do mesmo deve ter sido muito superior que o de São Paulo.

Foram números bem parecidos, porém com uma diferença significativa nos lances livres (26/36 em Uberlândia e 11/17 em São Paulo), mostrando ter sido a partida do NBB decidida “lá dentro”, superando um pouco a tendência que se avoluma em nosso basquete, com as vitórias sendo tentados pelo jogo externo, numa espiral ascendente que realmente preocupa, e a tal ponto, que o venerado técnico hermano ligado a equipe candanga, praticamente se rendeu aos cardeais e suas infindáveis bolinhas, que ainda contam com o gigante americano que não as economiza de forma alguma. Se rendeu como a maneira mais prática de treinar uma equipe que difícil, ou impossivelmente jamais deixará de praticar o jogo que a destacou no cenário nacional, independentemente ou não de refletir seu estilo nas seleções, pois não se compreende que sua equipe mantenha a média de mais de 28 arremessos de três no campeonato, como nesse jogo quando protagonizou 19/34 de dois e 10/29 de três, em contraponto com a equipe mineira que contabilizou 23/44 e 12/24 respectivamente, com a opção do jogo interno, a não ser com a sua esperta conivência.

Foi um jogo com 53 arremessos de três e 78 de dois, o que realmente é algo com que se preocupar.

Em São Paulo, com somente 28 lances livres cobrados, ficou patente a prioridade do jogo externo por ambas as equipes, com pequena margem de penetrações por parte de Bauru acima da equipe da capital, mas suficiente para fechar a serie e se sagrar campeã, sob os brados de seu treinador no quarto final exigindo que seus jogadores “batessem para dentro” sempre que pudessem.

Do outro lado o pedido mais enfático era a repetida ordem de seu treinador para que fizessem as faltas a que tinham direito, situação bem oposta à propalada eficiência e força de seu sistema defensivo, que pelo visto era mais um factóide midiático, dos muitos empregues pela “crônica especializada”, justificando excelências onde não existem, mesmo.

Enfim, me vi frustrado pela escolha, mas quem sabe na próxima…

Amém.

Fotos – Divulgação LNB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

QUATRO MOMENTOS…

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Primeiro – Ora , ora, daqui para diante jogador de futebol que se aposenta pode exercer a função de técnico sem cref’s às suas costas. Mas, e por conta do preceito legal da equanimidade, ex jogadores de outras modalidades também terão o mesmo direito, sob a jurisprudência do STF, sem a menor das dúvidas. Tudo bem, a turma crefiana ou confefiana, como quiserem, perdeu um direito que jamais poderia ter tido à luz do bom senso em um país que luta para estabelecer uma política para os desportos, ultrapassando incorretamente a verdadeira política criminosamente omitida, a da educação física, plena e obrigatória em todos os níveis de ensino, nos quais políticas desportivas bem implementadas buscariam os talentos para as modalidades de alto desempenho, e não o pastiche oportunista e aventureiro retratado em pseudos projetos voltados ao desporto de elite, respaldados por um conselho federal e seus pressupostos estaduais, que nada mais fazem do que recolherem pontualmente os dízimos daqueles que registram ou inadvertidamente credenciam como “provisionados” , numa apropriação indébita e indevida aos direitos inalienáveis e constitucionais daqueles órgãos de ensino superior, que detêm os plenos direitos na formação desses profissionais.

É mais uma etapa de uma longa luta que vem sendo travada no âmbito da educação, da educação física, lídima integrante do processo globalizado de uma educação plena e de qualidade, direito inalienável e constitucional de todos os jovens desse enorme, injusto e desigual país, que não podem ser orientados na direção do “culto ao corpo”, a monstruosa indústria implantada por aqueles que não podem ver com bons olhos toda uma clientela adolescente e jovem sendo devida e seriamente orientada a uma educação física integrada ao seu desenvolvimento escolar e cultural, fugindo de sua alçada voltada ao lucro, e que lucros, tendo os mencionados conselhos como seus avalistas nesse monumental comercio.

Espero que daqui para frente, possamos vislumbrar um vasto horizonte de conquistas no âmago do nosso sistema escolar, onde as disciplinas acadêmicas se associem às artes, musica, dança, a educação física e os desportos, dotando nossos jovens de experiências válidas e fundamentais em suas vidas, assim como, oportunizando ao país o acesso aos talentos desportivos necessários às ações competitivas, buscando-os no verdadeiro e único lugar onde obrigatoriamente, e à luz do direito, deverão se encontrar, na escola.

Confef e cref’s são entidades que jamais poderiam existir numa sociedade que preserva o direito e a qualidade das instituições universitárias formadoras dos futuros professores, inclusive não auferido direitos às mesmas em interferir nas suas formulações didático pedagógicas, direito este destituído de fundamentação técnica e científica, porém sobrando o fator político, que é a base em que se instalaram  desde sempre.

Então, com essa decisão da justiça federal, que tal a ENTB/CBB repensar seus certificados níveis de I a III, frente a uma realidade mais voltada ao espírito de uma verdadeira escola, e não frente a “provisionamentos” absurdos?

Segundo – Temos ai uma página inteira do O Globo de 4/12/13 com uma matéria do que se faz de maneira cientifica na preparação de nossos atletas de elite, mas que deixa a impressão de que se trata de algo definitivo e indiscutível para que os mesmos galguem os pódios das maiores competições de suas modalidades, e não um fator, sem dúvida importante, na somatória de outras intervenções que se fazem necessárias para que atinjam os pódios mencionados.

Recentemente, dirigi uma equipe de alto nível, e que contava com dois bons preparadores, um físico e outro fisioterapeuta, ambos estudiosos e plenamente voltados aos aspectos científicos de suas especialidades, mas que se chocaram um pouco com a extrema dinâmica no treinamento dos fundamentos que implantei no curto prazo que tinha até o recomeço do campeonato, treinamento este totalmente volP1040173tado ao gesto desportivo, ao aprimoramento do mesmo, exagerando nas repetições, nas explicações e no decorrente domínio de algo que realizavam sabendo os por quês do que faziam, conscientizando-os nos detalhes e discutindo sua validade prática. Claro que pedi aos profissionais citados assistência nas recuperações frente aos intensos esforços despendidos, no que foram brilhantes, provando seu preparo e conhecimento.

Mencionei a experiência acima, pelo fato de constatar a cada dia que passa a supremacia da ciência voltada ao físico, do que aquela voltada ao preparo técnico dos fundamentos de qualquer das modalidades que conhecemos e praticamos, que é algo desprezado pela esmagadora maioria dos profissionais envolvidos com o desporto em nosso país, vide as teses universitárias que privilegiam prioritariamente aquelas voltadas a área medica, e omitem as da área técnica, como que formando um consenso de que sem aquelas inexistiriam atletas e jogadores de qualidade no país.

Ledo engano, pois antecedendo a ciência fisiológica, deveria, como na maioria dos países desenvolvidos, serem estabelecidas as ciências do treinamento, do gesto esportivo, da cultura coletivista, para depois pensar na ciência fisiológica e mental para concluir seu preparo.

Temos os exemplos brutais dos países do antigo bloco socialista, e que mantêm seus modelos atuantes em alguns que o sucederam politicamente, invertendo tais fatores, com resultados aparentemente formidáveis, mas que cobrarão, como cobraram, grandes prejuízos físicos e psicológicos aos seus brilhantes atletas, numa espiral fisiológica descendente muitas vezes irreversível.

Num país como o nosso, onde o oportunismo financeiro e midiático ditam as regras de mercado a serem seguidas, muitos cuidados devem ser tomados para prever e contornar erros de avaliação muitas vezes equivocados, como os de priorizar fisiologismos acima dos conhecimentos técnicos de qualquer modalidade desportiva, sem os quais de nada valerão, por mais pesquisados e embasados que estejam, pois complementares, nunca prioritários.

 

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Terceiro – Se no primeiro jogo da série o Paulistano perdeu convergindo suas tentativas de cesta ( 17/31 de dois e 10/29 de três), no segundo o Bauru também convergindo (17/26 de dois e 11/25 de três) venceu a partida, deixando no ar a seguinte questão – Convergir conota resultados às partidas equilibradas de basquetebol?

Bem, no primeiro, por força de seu jogo interior, Bauru arremessou 22/27 lances livres, e Paulistano com sua excessiva artilharia de fora somente 12/16 da linha de tiro livre, conotando 10 pontos a mais no placar, suficientes para vencer a partida, e alcançou 10 rebotes a mais que seu oponente (32×22), face a mencionada artilharia.

No segundo, mesmo convergindo, Bauru provocou faltas suficientes para um 16/20 em seus lances livres, e o Paulistano 12/13, mostrando quão falhas foram suas finalizações interiores, e como defendeu bem o seu oponente, que continuou a se impor nos rebotes (29×24), confirmando sua prevalência técnica, mesmo abusando nas bolinhas e no ímpeto muitas vezes desvairado de seu armador Larry.

Podemos então afirmar que, convergências prejudicam em muito seus executores, pois oferecem muito mais opções de contra ataque seguro e eficiente de seu oponente frente ao baixo índice de acerto dos longos arremessos se comparados aos de media e curta distancias, além de diminuírem a incidência de faltas pessoais no mesmo, e o mais importante, quebrarem todo o sentido de coletivismo de uma equipe, pois o “chegar e chutar” de forma alguma incentiva essa forma de atuar e sentir o grande jogo.

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Quarto – E fomos para o jogo do NBB6 entre o Pinheiros e o Uberlândia, quando muito do que foi dito no terceiro momento anterior, foi regiamente posto em pratica, onde um convergente Pinheiros (15/29 nos dois pontos e 11/30 nos três) se deparou com a equipe mineira atuando preferencialmente no interior do perímetro, mesmo tendo um dos mais efetivos arremessadores da liga, o Robert Day (27/48 de dois e 8/22 de três), e que somente arremessou 6/7 nos lances livres, frente a uma defesa caótica dos paulistas, e dominando os rebotes (34×28), mesmo errando 14 fundamentos contra 13 de seu opositor.P1040247

Jogar e convergir da forma em que vem se especializando a equipe paulista, que conta com jogadores dos melhores da Liga, mas que transitam na fronteira da irresponsabilidade na artilharia de longe, onde até seus pivôs se aventuram a não mais poder, e que sua armação prioriza as finalizações e muito pouco as assistências (e o Boracin não atuou…), que não encontro muitas explicações com as explosivas, ofensivas e deselegantes (principalmente aos telespectadores, contando, com certeza, muitos jovens na audiência…) participações em seus tempos pedidos, e que cada vez mais, e isso é perfeitamente visível nos semblantes de seus jogadores, que sequer o olham de frente, se avolumam e constrangem, não só a eles, como todos aqueles que ainda se aventuram a prestigiar as transmissões da TV, quando palavrões e gestual agressivo são transmitidos em tempo real, a cores e em som estéreo. Simplesmente lamentável…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e do O Globo. Clique nas mesmas para ampliá-las.