OS POSSÍVEIS 30 PONTOS JOGADOS FORA…

É inadmissível que uma equipe tida de primeiro nível cometa quinze erros seguidos com bolinhas de três (0/15), a maioria delas contestadas pelos argentinos, ao mesmo tempo em que permitia a mesma enxurrada hermana, e sem contestação nenhuma, numa passividade defensiva comprometedora, ainda mais quando eventualmente centralizavam seu jogo num par de fracos pivôs, a começar por um paquidérmico americano meia bomba.

 

Pede um tempo o técnico brasileiro no segundo quarto, com a diferença em 26 pontos, e cobra uma segurada na festa dos três (que teimosamente se estenderia até a metade do terceiro quarto…), e um melhor posicionamento defensivo, principalmente fora do perímetro. Baixou um pouco a diferença e foram para o vestiário.

 

Na volta, resolveu a equipe forçar as penetrações, principalmente através o Marcos e o Alexandre, confrontando os pivôs argentinos que tinham muitas dificuldades em contê-los, pois são mais ágeis e velozes, secundados por um Caio mais pesado, porém tecnicamente melhor que as duas jamantas hermanas.   Pronto, refez-se o que deveria ter sido o cenário inicial do jogo, concentrando todo o esforço dentro do garrafão (apesar de mais algumas tentativas de três), em penetrações ou jogo direto abastecido de fora para dentro, onde o adversário apresentava claras deficiências, pela pouca mobilidade e deficiência técnica. Ciente disto, dias antes o técnico Hernandez soltou no ar o comentário- “Tirem os três pontos dos brasileiros, que só se sentem felizes jogando assim…” como num desafio, inteligente por sinal, aos nossos “especialistas”, afastando em tese o perigo perto de sua cesta.

 

O pior, é que a turma topou provar que eles não tirariam nada, e quase perderam um jogo que teria sido mais tranqüilo se tivessem optado pelos 30 pontos de 2 em 2, do que a perda dos 45 motivados pelo trágico 0/15..

 

Uma vez escrevi um artigo (6×6, UMA EFICIENTE ESTRATÉGIA   ) que discutia exatamente os comportamentos dos técnicos antes e durante os jogos em que se enfrentavam, como um campo particular e extra quadra de luta, e onde a chave do sucesso estava contida num critério de analise estratégica, de a muito desenvolvido na disciplina de pratica de ensino de educação física da UFRJ, o fator Diagnose/Retificação  que o futuro professor/técnico teria de desenvolver quando frente a situações restritivas de ensino e aprendizagem, diagnosticando um problema e o retificando didaticamente. Quanto menor o tempo despendido entre os dois fatores, melhor seria sua atuação e decorrente correção. Claro, que o fator experiência propiciará que essa qualidade perceptiva se torne muito rápida com o passar dos anos, constituindo-se naquele crucial fator que separa os bons dos excelentes mestres.

 

Essa qualidade ainda precisa ser burilada e vivenciada pelo técnico rubro negro, mesmo que para tanto tenha de conter determinados egos, pois entre o realismo de uma inconseqüente (não tão juvenil assim…) teimosia de imaturos jogadores em “provar” competências, deverá sempre prevalecer o verdadeiro foco a ser atingido, por mais inverossímil que possa parecer, que naquele caso era o irrestrito e monocórdio jogo interno.

 

Diagnose/Retificação, deveria ter como distância exatamente o que está contido em seu grafismo, um simples e fugaz travessão num espaço mínimo, como deve ser, ou será…um dia.

            Amém.Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

UM BAND AID NA HEMORRAGIA…

Foi uma semana repleta de jogos, aqui e lá fora, e como não costumo comentar jogos estrangeiros (talvez o faça no dia em que os analistas de lá comentarem os nossos, no que parece algo quimérico…), fico por aqui, mesmo que atestando a enorme pobreza que nos assalta.

Liga sul americana, campeonato paulista, NBB5, preencheram uma semana caracterizada pela mesmice tática praticamente institucionalizada, com jogos clones um dos outros, da forma mais bizarra possível, onde arremessos de três grassaram como praga, e erros de fundamentos pareciam advir de jogos de categorias iniciais, tantos que ocorreram, exceto em menor grau pelas equipes argentinas, melhor preparadas nos fundamentos do jogo, daí suas ainda presentes supremacias.

Então, o que comentar nesse mar de mediocridade sem correr o risco de me repetir monocordicamente, no que, infelizmente, vem ocorrendo nos últimos anos, numa inglória tentativa de sensibilizar uma troca de comportamento tático que nos tire dessa dolorosa realidade?

Pelos jogos que assisti, desisti, até que mexendo aqui, fuxicando ali em alguns dados estatísticos,  mesmo sendo contrário a esse tipo de análise, me deparei com algo realmente inusitado, os números dos quatro jogos da equipe do Paulistano que realmente me chamaram a atenção, justificando alguns porquês de sua liderança no campeonato.

Primeiro, a media de pontos por partida, 87.7, conjugado a um evidente decréscimo nos arremessos de três pontos, quando tais arremessos caracterizavam a equipe de forma bastante exagerada. Com a média de 23,5 tentativas por jogo, sendo que nos dois últimos contabilizaram 6/16 e 6/12, a equipe priorizou o jogo interno, manteve seu jogo defensivo eficiente, e por conta de tudo se mantêm na liderança do NBB5. Estaria melhor situada não fossem os avultados erros de fundamentos, 16 na média, num universo de erros que comprometem todas as equipes da Liga, num mau exemplo às novas gerações que as assistem e tomam como modelo.

O fato mais instigante, no entanto, é que a equipe está sendo dirigida pelo mais jovem dos técnicos da Liga, que quando se contiver em seus arroubos e reclamações ao lado da quadra, concentrando-se exclusivamente em sua equipe, muito evoluirá no sentido de se tornar um excelente técnico, na contra mão de muitos dos mais experientes que se perdem em xingamentos, pressões e coerções nas arbitragens, e em alguns e dolorosos casos com seus próprios jogadores.

Na semana passada publiquei o artigo O Desafio, onde conclamava os técnicos a adotarem novas formas de jogar o grande jogo, exemplificando o mesmo com o vídeo do jogo do Saldanha da Gama e o Paulistano no NBB2, que tinha na sua comissão técnica o jovem em questão. Bem sei, e de forma alguma insinuo, que o mesmo tenha aceitado o desafio, e que mesmo não tenha sequer lido o artigo, mas que a coincidência, se existente, se constitua num fator altamente positivo ao nosso cansado e repetitivo basquetebol, antevendo uma situação realmente evolutiva do mesmo.

Torço para que continue a inovar em sua forma de jogar,  sem esgares e rompantes midiáticos, ao ser, talvez, a única oportunidade que tenhamos para progredir no grande jogo, e torcendo mais ainda que os demais técnicos sigam seu exemplo, e simplesmente, evoluam…

Amém.

Foto – Divulgação da LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

INFELIZES DECISÕES…

Se olharmos um pouco além dos números apresentados pela estatística oficial do jogo em que o Flamengo superou o Pinheiros por elásticos 30 pontos (107 x 77) poderemos tirar algumas conclusões bastante significativas à luz dos comentários midiáticos, que saudaram os 18 arremessos de três pontos da equipe rubro negra, como algo auspicioso, frente aos 29 de seu adversário, ainda mais com seus 13 acertos (72,2%) como algo inédito em se tratando de uma equipe utilitária em larga escala desse tipo de arremesso.

Para tanto, e para quem assistiu ao jogo, alguns aspectos deveriam ser levados em conta, vejamos:

– Dos 107 pontos conquistados pela equipe carioca, 44 foram de 2 pontos (41.1%), 24 de 1 ponto (22.4%), e 39 de 3 pontos (36.4%).

– Dos 77 pontos conseguidos pela equipe paulista, 32 foram de 2 pontos (41.5%), 12 de 1 ponto (15.5%), e 33 de 3 pontos (42.8%).

– Constatamos então, de forma bastante clara, que 11 erros a mais nos arremessos de 3 pontos dos paulistas (11/29) originaram praticamente a diferença no jogo, pois a mesma, observada nas conclusões dentro do perímetro interno, 40 pontos para a equipe carioca, e 22 para os paulistas, talvez não fosse suficiente se os erros de seus longos arremessos não tivessem alcançado o baixo índice apresentado, numa teimosa insistência que os retirou das conclusões interiores.

– E foi este o grande mérito da equipe rubro negra à partir do terceiro quarto, a defesa fora do perímetro, obstando e dificultando ao máximo os arremessos longos, assim como foi o erro capital dos paulistas pela insistência dos mesmos, abdicando do jogo interno com seus bons pivôs, eles mesmos autores de muitas tentativas de fora, já que nada acionados internamente.

– Lembremos, que o altíssimo índice de 13/18 nos arremessos de três, deveu-se concludentemente à completa ausência de anteposição defensiva, mesmo de leve, dando uma idéia de um comportamento passivo que poderia ser explicado pela longa série de jogos que a equipe do Pinheiros vem enfrentando nas duas últimas semanas.

Mas nada que justifique uma ocorrência que vem se tornando freqüente em jogos da divisão de elite do nosso basquete, o destempero de técnicos com jogadores estrangeiros, e o pior, em público, ao vivo, à cores e com som estereofônico, incluindo dedos na cara e a mais absoluta e constrangedora evidência de que algo de muito sério está ocorrendo no âmago dos princípios disciplinares e hierárquicos que obrigatoriamente deveriam pautar a relação técnico/jogador no seio do grande jogo (vide a confrontação do jogador Alex com o técnico do Flamengo ontem).

Observando somente as imagens aqui postadas, podemos aquilatar a imensa distância que nos separam, por exemplo, da hierarquia na qual foi forjado o comportamento do Shamell no meio escolar e universitário americano, onde ações e atitudes como a de ontem não seriam toleradas, ou sequer, desencadeadas, frente a um técnico, que em respeito ao seu longo currículo e larga experiência, tornou também indesculpável sua inquisidora e pública atitude.

Enfim, espero eivado de esperanças, que no jogo decisivo de hoje contra Brasília, toda a equipe do Pinheiros se mantenha dentro dos parâmetros técnicos, táticos e comportamentais necessários às grandes competições, fazendo valer as tradições do grande clube que representa.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

UM RECADO DE SAÍDA…

Ao final da primeira rodada do NBB5, deixando de lado os rapapés e endeusamentos de uma competição redentora, pelo menos na opinião de analistas e comentaristas (de narrador não vale, ou não deveria valer…), e mesmo de um ex árbitro, agora promovido a comentarista de técnica, tática e estratégia de jogo (?), assaltou-me uma vontade incontida de rebuscar nos números, aquilo que já me cansei de apontar e comentar, o cinismo de como são levados tais arroubos sobre o grande jogo, minúsculo para a generalidade deles todos, sem exceções.

Vejamos a frieza objetiva e catastrófica dos mesmos, em poucas linhas (ou fileiras e colunas…), muito aquém do que gosto de analisar frente ao realismo dos jogos em si, mas muito, muito mesmo aproximados da realidade, aquela que é produto de uma criminosa formatação e padronização na pasteurização técnica e tática do nosso indigitado basquetebol, teimosamente atado a um corporativismo estúpido e anacrônico.

Na rodada inaugural, em seus nove jogos, foram arremessadas 1043 bolas de 2 pontos (349/694 – 50.2%), 534 de 3 pontos (139/395 – 35.1%), 636 lances livres (266/370 – 71,8%). Foram cometidos 282 erros de fundamentos (média de 31.3 por jogo), e se formos um pouquinho mais adiante nas médias, teríamos 115.8 tentativas de 2 pontos por jogo, 59.3 de 3 pontos, 70.6 nos lances livres, e os já apontados e inacreditáveis erros de fundamentos na ordem de 31.3 por jogo, somente superados em tragicidade às 59.3 tentativas de 3 pontos ( beirando as 60 para o Guiness…), mostrando a crueza do que nos aguarda mais adiante, e o quanto de dificuldades o Magnano encontrará na formulação das seleções, pois mesmo os mais jovens “talentos”nacionais rapidamente já se entrosam na mesmice endêmica que nos sufoca, e que corre celeremente para uma pandemia irrecuperável, num inicio de ciclo olímpico, onde as colocações técnico táticas de sua lavra estão sendo solenemente sabotadas nas quadras, principalmente na frouxidão defensiva, na mediocridade como são encarados e praticados os fundamentos do jogo, e na permanente hemorragia nas bolinhas de três, num comum acordo entre jogadores e técnicos que beira o inacreditável, e já se constituindo como fato “aceitável e comprometido”. Será esse mesmo fato aceito pelo hermano, ou tentará, por mais uma vez, adaptá-lo aos seus conceitos antagônicos ao que vem ocorrendo? Sei não, mas desconfio seriamente que o grande jogo ainda penará por longo tempo nas mãos dos que no fundo o odeiam, mas não abrem mão de suas benesses e mordomias.

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

DIOS MIO, QUE ES ESO…

E lá estava o Magnano presente às finais do paulista, e acredito que muito preocupado com o que assistia ao vivo e a cores…

Pode constatar a sangria dos 3 pontos (46/144 – 31.9% – media de 48 tentativas por jogo), medíocres resultados nos 2 pontos (105/206 – 50.9% – media de 60.6 tentativas por jogo), razoáveis números nos lances livres (88/108 – 81.4% – media de 36 tentativas por jogo), e absurdos 93 erros de fundamentos, media de 31 por jogo (vide tabelas anexas acima).

Pode assistir sequências insanas de tiro aos pombos, quando as diferenças no placar eram mínimas, o que aconselhava ataques precisos e seguros, principalmente os realizados no perímetro interno, e não bolinhas absolutamente marcadas e contestadas, como livres de qualquer oposição, numa constante presente nos três jogos até agora realizados (as fotos acima são do terceiro jogo).

Mas nada comparado à abertura do NBB5 (artigo a seguir), deixando-o com as barbas de molho ante a evidência de que por aqui, suas convicções de jogo ecoam no vazio da mesmice endêmica que reina entre nós, a começar pelas lideranças de seus assistentes na seleção, nem um pouco convencidos de sua luta por uma defesa intransigente em todos os setores da quadra, como no coletivismo e na escolha do melhor momento de arremessar, ou mesmo incapazes no domínio didático pedagógico para a implantação efetiva daqueles conceitos tão defendidos pelo hermano, o que explicita a permanente presença de um assistente patrício quando a competição é para valer. Sutileza é isso aí.

Amém.

Fotos – Site Globo Esporte e reproduções de TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

DE ACORDO, MEU… (ARTIGO 999)

Que jogo assistir, o da Liga Sul Americana na Venezuela, ou o playoff do Campeonato Paulista? Controle remoto na mão, e lá vamos nós tenteando entre os dois, nos intervalos, nos pedidos de tempo, e o pior de tudo, na imensa perda de tempo em assisti-los, digeri-los com a sensação amarga de que algo de muito grave está acometendo o nosso já tão combalido basquete.

Ouvir do quase sempre ótimo comentarista da ESPN de que não critica o grande número de arremessos de três (“se está livre tem de chutar”, esquecendo de que estão sempre livres…), e sim o seu elevado número de erros, é uma afirmação incoerente, ainda mais se tratando de um respeitável e competente professor universitário da disciplina, pois omite o fato de que os erros apontados estão diretamente relacionados com o aumento das distâncias em que são tentados, e conseqüentes acréscimos nos desvios angulares a que são submetidos pelas mesmas razões, pois quanto mais próximos da cesta menores desvios ocorrerão, aumentando substancialmente sua precisão e direcionamento, numa clara tentativa de absolver a maioria dos técnicos que são partidários dessa sangria suicida, pois partem deles a cumplicidade para as tentativas de seus comandados (vide fotos 1 e 2).

Na outra emissora, a SPORTV, também ouvir de seu comentarista, professor universitário da disciplina, que em breve estaremos galgando a supremacia na America do Sul, graças ao incremento qualitativo da LNB e a ENTB/CBB, quando à sua vista uma equipe nacional de ponta em um torneio internacional, perpetra um 7/30 nos arremessos de três, e permite passivamente um 10/20 argentino, num jogo com 50 tentativas do mesmo, que acredito não servir de exemplo a ser ensinado em uma escola séria e responsável, numa antítese à sua afirmativa, pois reflexo do que lá está sendo desenvolvido e aplicado.

Ao final do jogo em São Paulo, o famigerado quadradinho espelha em sua frieza, inadmissíveis 32 erros de fundamentos, e um número de 19 bolinhas falhadas, ou 57 pontos perdidos, numa derrota por 16, quando bastariam converter 9 de dois pontos para vencer por 2, se jogasse dentro do perímetro, como sugerido (e não mais…)na Foto 1, onde três homens altos se encontram enfiados no garrafão, e um arremesso de três é feito (situação repetida por todo o jogo) ante a complacência do comandante ao lado. Aprender e ensinar a vencer jogos de 2 em 2 é uma arte que temos a obrigação de implementar, pois escudada na maior precisão dos médios e curtos arremessos, na forte possibilidade de originar faltas aos homens altos adversários, e consequentes arremessos extras, assim como aumentar exponencialmente as segundas chances ofensivas em caso de erros pontuais, e o mais importante, otimizar cada esforçada e sacrificada ofensiva da equipe. Entrementes na Venezuela, um incontestável 4 x 0 para os hermanos…

Enfim, à véspera do artigo 1000, êis-me aqui perante uma realidade que tento exorcizar por sete anos de trabalho intenso, cansativo, e muitas vezes repetitivo, travado desde essa humilde trincheira, nas quadras da formação de base ao adulto nos últimos 55 anos, e fugazmente na quadra no NBB2, do qual  fui afastado, não pela idade, mas pelo contraditório que impus ao que aí está, sedimentado e corporativado.

Com as equipes definidas para o NBB5, aguardemos ansiosos (?) a enésima repetição da mesmice endêmica a que nos impuseram, mas perguntando sempre, até quando, até quando?…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

EM BUSCA DO GUINESS…

Falta pouco, muito pouco, e sei que conseguirão, talvez não no próximo jogo, o quinto da série, talvez no NBB5, pois outras equipes não ficarão a revelia da conquista histórica, a suprema conquista do Novo Basquete Brasil, a prova absoluta e indiscutível de que novos conceitos de basquete serão estabelecidos em nosso país, fundamentados numa realidade palpável e indiscutível, a definitiva imposição do reinado das bolinhas, cujo umbral está prestes a ser ultrapassado na incrível marca das 60 tentativas de três pontos por partida, meta que já alcança as 56 tentativas, como no jogo de ontem, e que pode ser superada muito em breve, para gáudio e suprema satisfação da maioria de nossos técnicos, empenhados que estão na perpetuação de seus nomes no Guiness, mas que infelizmente premiará somente uma equipe, o que prevê uma luta intensa pelo galardão histórico.

Cinqüenta e seis tentativas de três pontos, para um aproveitamento de 22 bolinhas (foto 2), reservando as demais 34 ao emocional dos torcedores, espectadores engabolados por uma mentira colossal, a de que daquela distância o alvo é fácil de ser alcançado com precisão, quando na verdade um desvio direcional de 0,2 graus o invibializa, fator omitido aos eternos candidatos a “gatilhaços”, soando de forma irresponsável por parte de quem os comandam.

Quanto ao jogo, uma forte e eficiente prestação do pivô Murilo, pontuando no interior, nos contra ataques e até nos três pontos (foto 1), fraturou o sistema defensivo de Bauru, incapaz de detê-lo, assim como foram incapazes, por mais uma vez, de agir dentro do perímetro de São José, se perdendo num 10/32 de três lamentável.

Enfim, resta uma compensação, de que muito em breve alcançaremos o prana basquetebolistico, quando estabelecermos definitivamente o reinado das bolinhas, para todo o sempre…

Amém.

 

Fotos reproduzidas da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

A DÉCIMA PRIMEIRA JOGADA…

Nada definiu com mais precisão o terceiro jogo do playoff em São José dos Campos, do que uma tirada do comentarista Wlamir Marques da ESPN BRASIL após um pedido de tempo do técnico de Bauru, questionando seus jogadores com o argumento de que a equipe tinha dez jogadas ensaiadas e não conseguia executar nenhuma – “Guerrinha, se a sua equipe tem dez jogadas ensaiadas, eles só estão executando a décima primeira…”

Perfeita tirada, pois até aquele momento a equipe de Bauru simplesmente não conseguia concatenar sequer um ataque organizado, apelando para o individualismo exacerbado e esbarrando na forte e bem postada defesa do São José, ponto determinante para a fácil vitoria, apesar dos corriqueiros desperdícios em bolas de três (6/21) e um acentuado número de 13 erros. Com o ataque inoperante, os jogadores de Bauru também abusaram das bolinhas (7/25) como de praxe neste campeonato, além de cometerem desastrados 17 erros, totalizando 30, numero inadmissível em um jogo de liga maior.

E nesse ponto um questionamento se faz necessário – Porque equipes fundamentadas em americanos se desestruturam em campo, na mesma proporção daquelas sem os estrangeiros tão ambicionados? – Partindo do pressuposto, de que americanos com sua base fundamental nos detalhes técnicos do jogo, praticam a modalidade com maior domínio técnico tático do que nós, advindos que somos de uma formação básica deficiente e equivocada, o que explicaria os descompassos desses jogadores tão mais bem formados do que os nossos?

Que tal observarmos a questão por outro ângulo, que não o daqueles  jogadores, focando a quem os mesmos ficam subordinados? Isso mesmo, os técnicos, que primeiramente pouco dominam o idioma em nível de conversação, fator indispensável a um completo entendimento sobre componentes técnicos, táticos e até comportamentais complementares a sua experiência profissional como um todo, restringindo e omitindo o necessário detalhamento para sua real integração ao sistema proposto, tornando fragmentário, e até ininteligível o diálogo entre ambos, que é o fator mais importante para o estabelecimento da confiança e comprometimento mútuos, base estrutural de uma equipe.

Também o fator qualitativo, pois não podemos desconhecer o fato de que a esmagadora maioria desses profissionais é constituída de jogadores de quarta ou mais linhas no mercado mundial, sendo que os que para aqui são canalizados, o são como décima sétima, ou mais, opções de ligas em países que os remuneram acima da realidade do nosso mercado. Talvez, com a forte recessão econômica na Europa, melhores valores por aqui aportem, inclusive, profissionais para a direção técnica.

Finalmente, o fator referente ao sistema de jogo, que por ser aquele adotado quase que unanimemente por técnicos e jogadores, nacionais e estrangeiros, transformam a todos em “profundos conhecedores” do mesmo, autorizando-os a tomarem iniciativas de cunho próprio sobre algo de domínio público, onde segredos e surpresas inexistem e se repetem sem fim, num carrossel de interesses e pseudo trocas de cunho imediatista e oportunista.

Enfim, mesmices assim são criadas e perenizadas, em nome dos “modernos conceitos de basquetebol”, reino privatizado por uns poucos, corporativados para que nada possa ferir, ou sequer arranhar o domínio que exercem sobre esse impensável e absurdo caos, mesmo sob o holofote das discussões e cobranças midiáticas e picarescas.

Temo, sinceramente, que algo de novo e ousado custe muito, e talvez seja impossibilitado de ocorrer no âmago do grande jogo em nosso país, o que saberemos com certeza e alguma precisão no próximo março, quando seis ou meia dúzia dirigirão por sobre mais um ciclo olímpico, a não ser que uma terceira e redentora via venha a iluminar o descaminho que se descortina no horizonte.

Até lá, continuemos a assistir jogadores aplicarem décimas primeiras jogadas, já que as dez “exaustivamente treinadas” sucumbem a uma defesa razoavelmente postada, e se zonal, ai sim, com o caos declarado, e isso para todas as equipes da LNB, no breve a ser iniciado NBB5

Amém.

Fotos – 1- Ataque paralisado e de cunho individual

2- A cobrança das dez jogadas…

3- A prova da mesmice endêmica.

 

Fotos reproduzidas da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

PIMBA PRA LÁ, PIMBA PRA CÁ (OU MAIS DO MESMO – FINAL)…

Na primeira sequência de três fotos, as duas primeiras foram repetidas 52 vezes (7/26 e 8/26) no segundo jogo da serie entre Bauru e São José, todas em arremessos de 3 pontos. A terceira mostra o célebre quadradinho da FPB que confirma a enxurrada.

A segunda, referente ao primeiro jogo mostra que 50 bolinhas foram arremessadas (8/20 e 10/30), e mais uma vez o quadradinho emblemático e preciso

Agora, façamos um pequeno exercício aritmético com tais números, e o que temos? Em dois jogos, somente dois de uma séria decisão, 102 arremessos de três foram tentados, num total de 306 pontos possíveis, isso mesmo 306 pontos possíveis, e somente 99 (em 33 acertos) foram conseguidos. Se 306 pontos possíveis foram tentados e somente 99 concretizados, deduz-se que equivaleram a 33 ataques bem sucedidos e espantosos 69 perdidos (ou 207 pontos), uma drenagem de tempo e esforço consideravelmente absurda, equivalendo a 34,5 ataques perdidos em media por jogo, somente quanto aos arremessos de três. Indo um pouquinho mais além, e considerando um ataque médio em 20segundos, teríamos 11,5 minutos perdidos por jogo provocados pela hemorragia dos três (34,5 x 20 = 690seg ou 11,5 minutos).

Somemos a essa hecatombe os 45 erros cometidos, e poderemos atestar o quanto de mediocridade tem nos assaltado desde muito tempo.

Peguem os dois quadradinhos, e se possível revejam os dois jogos (gravá-los é um excelente exercício de estudos..), e atestarão a quantas andam o nosso investimento técnico tático na divisão maior do nosso apequenado grande jogo.

O mais impressionante disso tudo é constatarmos que alguma das equipes que mais empregam os longos e temerários arremessos, e que se destacam pela quase completa ausência de contestação defensiva a esta mesma concepção de jogo, são aquelas orientadas pelos assistentes do Magnano na seleção nacional, numa flagrante prova de que seu sistema de jogo não conta com unanimidade entre os mesmos, e sua consequente negação de implantação e aceitação  pelas equipes nacionais, o que explicaria a presença ao lado do argentino nas grandes competições de um assistente patrício, junto ao qual discute e dialoga durante as partidas.

A quem perguntar o que poderemos esperar de novidade, de ousadia, de criatividade para o próximo NBB5, respondam sem dúvidas e sem pestanejar, pela continuidade da mesmice endêmica agora mais presente e solidificada como nunca, e que os deuses, todos eles, nos ajudem.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

MAIS DO MESMO III…

Está ficando cada vez mais difícil escrever sobre basquete de qualidade nesse país, ainda mais quando o assunto é direcionado aos embates internacionais, contra argentinos em particular. Houve um tempo em que tais enfrentamentos não ofereciam maiores preocupações, dada a nossa superioridade desde a formação de base até as superiores, quando, lentamente essa superioridade foi sendo dirimida pelos hermanos, através um trabalho orientado a excelência, principalmente nos segmentos de formação de base e de técnicos especializados. Uma sólida associação de técnicos serviu de respaldo à escola de treinadores, espelhada principalmente nas experiências espanhola e americana, enquanto em nosso país, e à mesma época, duas associações de técnicos, ANATEBA e BRASTEBA foram liquefeitas pelo poder central e coercitivo da CBB, temerosa de que tal associativismo influísse em suas decisões técnicas.

O resultado ai está exposto em toda sua dimensão trágica, originando uma inversão de valores e influências técnicas, destinando ao basquete platino a atual superioridade sul americana, com poucas e bem difíceis chances de reversibilidade em médio prazo.

Logo, bem ao contrario do que muitos pensam, falam ou mesmo escrevem, considero nossa decadência originada na omissão da grande maioria de nossos técnicos, principalmente aqueles que detiveram o comando de seleções nos últimos 35 (ou mais…) anos, desde que a ANATEBA foi liquidada pela CBB em 1974, sem que os mesmos movessem uma palha sequer em defesa da manutenção associativa, já que devidamente contemplados com os cargos maiores de comando, em troca da subserviência e tutela da avessa mentora a tais movimentos.

Somemos a esta evidência, a fusão coercitiva e política do Estado da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro, quando a cidade estado deixou de ser o segundo estado mais rico e poderoso do país, para ser transformado num município enfraquecido e favelado, dando fim ao poderio esportivo que a mantinha como concorrente direta ao poderoso estado de São Paulo, e onde o basquetebol atingia o interesse maciço de sua população jovem e entusiasta.

Sem tão poderosa competição, o esvaziamento da modalidade se tornou patente, dando origem à situação em que hoje se encontra no cenário desportivo nacional.

Com a ausência de lideranças atuantes, começou o nosso basquetebol a sofrer influência direta da NBA, quando a mesma começou a ser diretamente veiculada em canal aberto nos anos noventa, dando inicio a implantação do sistema único de jogo, hoje largamente utilizado pelas equipes nacionais, mesmo as de formação, sem que sistemas alternativos sequer consigam oportunidades de contrafação ante ao monopólio estabelecido.

Então, quando assistimos a um jogo como o de ontem, entre a equipe do Flamengo e a do Peñarol, em tudo e por tudo ficamos presos à terrível evidência de uma mesmice tática que nos empobrece e minimiza, ante uma outra realidade fundamentada numa bem encaminhada formação de base, e cultura técnico tática platina, mesmo abusando, também, das bolinhas de três.

Como todo comando emana de um bem estruturado projeto, seguido pelos líderes e seus comandados, fica bem claro que o mesmo tende a ruir na medida em que seja contestado pelos que o deveriam seguir, como o fato do Marcelo exercer uma armação sem ser armador (fotos 2 e 3), mesmo na presença em campo de um ou dois especialistas na função, assim como pela insistência no jogo exterior, quando o perímetro interno clamava pela presença dos bons pivôs rubro negros, trocados que foram por bolinhas de três midiáticas e irresponsáveis, como a última do jogo, efetuada ironicamente pelo pivosão da equipe (foto 4), além da mais absoluta passividade frente aos longos arremessos argentinos (foto 1).

Enfim, pouco podemos acrescentar à mesmice endêmica e a hemorragia dos três que, rapidamente vem desmontando, item por item, os ensinamentos do  técnico argentino da seleção nacional,  como uma velada resposta à sua contestada liderança, a começar pelos seus assistentes (?) na mesma.

Perdemos mais uma decisão de chave para os argentinos, como também, e por mais uma vez, perdemos o rumo e os bons ventos na direção do soerguimento do grande jogo entre nós.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.