A PARCEIRA MESMICE…

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Antes, tínhamos somente um ou dois jogos transmitidos por semana, o que caraterizava uma restrita opção para análise de equipes e seus sistemas de jogo, e quase sempre sem abranger todas elas, ao passo que agora, com transmissões via web e a cabo, temos uma quantidade de jogos bastante diversificada, oferecendo um panorama bem mais amplo do NBB7, além daqueles que podem ser vistos ao vivo aqui no Rio…

 

No entanto, algo se torna a cada transmissão mais claro, diria mesmo, transparente, em sua comprovação da mesmice técnico tática que se estabeleceu no âmago de todas as equipes envolvidas na competição, mesmice sistemática e comportamental, envolvendo a todas, técnicos,  jogadores, e analistas da mídia, como num trato corporativado e de espessa blindagem…

 

De uma partida para outra se sucedem monocordicamente sistemas, jogadas, sinais, roteiros, caminhos e desvios que ocorrem formatada e padronizadamente, onde variações, atitudes e improvisos não encontram espaço dentro e fora das quadras, numa rotina exasperante e retrógrada, mesmo na formaçào de base, espelhada numa elite estratificada no tempo e espaço de duas décadas…

 

E dentro deste cenário, impera a mediocridade institualizada, enraizada profunda,  inamovível, pelo menos até os dias de hoje, num desafio inicial que a “parceria”(?) LNB/NBA terá de enfrentar, pois aprimorar os espetáculos em seu entorno, na divulgação e no marketing institucional, pouco adiantará frente a pobreza técnica e tática dos jogos, que no final das contas é o produto a ser comercializado mercadologicamente a uma público que alimentará os valores e lucros da mesma…

 

Nesse estratégico ponto é que a “salvadora” parceria terá de encontrar meios para implementar qualidade as equipes, fator este que obrigatoriamente envolverá uma profunda reformulação na formação de base (que é função da CBB e do desporto escolar), na massificação e na preparação de técnicos e professores (que é responsabilidade dos cursos de educação física e desportos), meios estes que não firam e nem descaracterizem as legislações existentes, principalmente por parte de uma liga estrangeira, mesmo que aliada a uma nacional…

 

Então, ficam desde já expostas situações possíveis de conflitos administrativos, de ingerência formativa e profissionalizante, em área a ser respeitada, por estar bem delimitada a organizações de fora de nossas fronteiras…

 

Como farão é o desafio a ser transposto (ou não…) sem que sejam feridas as leis do país, em qualquer das áreas, educacional, cultural e trabalhista  pretendidas para a sua implantação legal, e que contam com projetos alimentados por grandes verbas federais a serem administradas, ao final de contas, por quem?…

 

Ganhar e auferir grandes lucros é a tarefa primordial (e anunciada…) da parceria, que para tal precisa desenvolver e aprimorar um produto que se apresenta hoje, no limite de tudo aquilo acima mencionado, e como os exemplos a seguir:

 

– No jogo entre Pinheiros e Paulistano, duas equipes atuando de forma quase idêntica, apesar de em alguns momentos a equipe da casa ensaiar formações triangulares, que seu técnico tenta implantar em seu jogo ofensivo, assim como implementar ações defensivas mais efetivas, encontrando, no entanto, grandes dificuldades de assimilação por parte de jogadores mais do que educados e focados no sistema único, que o praticam a longos anos, desde a formação, assim como seu adversário que incorre no mesmo e enraizado hábito, tornando bastante árdua a tarefa de uma mudança de atitudes técnicas, e acima de tudo, táticas. Venceu a equipe do Paulistano, por ter aventurado menos nos arremessos de três (5/19 contra 9/28 do Pinheiros), e ter jogado mais enfiada dentro da defesa da casa (26/51 contra 21/42), numa demonstração efetiva de que o fator precisão nos arremessos se relaciona a maior ou menor distância que são realizados, fator este que compensou um pouco o elevado número de 27 erros no fundamentos, simples assim…

 

 

– Num jogo técnica e taticamente parecido ao acima mencionado, inclusive no alto número de 29 erros de fundamentos, Minas e Franca se enfrentaram duramente, numa partida tumultuada por nervosos e reincidentes técnicos, projetando para dentro da quadra um alto grau de instabilidade emocional nos jogadores, propiciando um aumento nos erros individuais e coletivos, por conta das cobranças de fora da quadra. Assim como no jogo anterior, venceu Minas por concluir melhor próximo a cesta (19/37 contra 16/28 de Franca), e obter sucesso maior nas longas bolas (9/18 e 4/20 respectivamente), face a frouxidão defensiva de Franca no perímetro exterior…

 

– No terceiro jogo transmitido, as equipes do Palmeiras  e da Liga Sorocabana perpetraram um série de erros fundamentais, foram 32, numa partida que se caraterizou por mais um duelo nas bolinhas (10/27 do Palmeiras e 9/28 da Liga), e pela participação anárquica do armador americano Clahar de Sorocaba, responsável por belas conclusões e perdas decisivas de bolas, contrastando com a excelente participação do armador Neto do Palmeiras, além da explicita evidência da falta de condicionamento físico de sua equipe no quarto e decisivo final, levando-a a derrota e última colocação no NBB…

 

– São José e Flamengo repetiram mais um duelo nos três (7/20 contra 10/25, ou 37.7% de efetividade), percentual bem mais baixo que os 54.5% nas tentativas internas (20/46 e 28/42), numa endêmica e teimosa insistência, que não encontra uma explicação plausível  a tanta falta de bom senso e análise crítica. No entanto, pela maior frequência interior da equipe carioca, pode levar de vencida a aguerrida formação paulista, num jogo em que, positivamente, menos erros foram cometidos (9/11) se comparados com os jogos anteriores, fator que elevou tecnicamente o jogo…

 

Então, e por mais uma vez, fica bem claro o processo de mesmice endêmica que tanto critico aqui nesta humilde trincheira, reforçando a cada ano que passa a certeza de que o grande óbice que vem travando o crescimento técnico do grande jogo entre nós, passa irremediavelmente pela formatação e padronização técnico tática imposta ao mesmo, por uma geração de técnicos comprometidos e compromissados com o sistema único, que encontra no âmago da NBA seu grande difusor, tornando a parceria agora implantada e divulgada com a LNB, como algo que deve ser bem estudado e melhor ainda pesado, quando estará em jogo uma longa tradição de como encaramos e atuamos num passado não tão distante assim, e que nos levou técnica e taticamente a emular com as grandes equipes mundiais, inclusive a americana, exatamente pela pratica diferenciada na forma de jogar, bem ao largo do que hoje temos professado, nas sobras e dobras da grande liga do norte. Espero que o bom senso, o mérito, e o competente conhecimento nos leve a patamares acima, e não a um papel subalterno e suplementar dentro da realidade do grande, grandíssimo jogo…

 

Amém.

 

 

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A ELITE FALHADA…

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Qualquer azulejo daquele ginásio sabia que o ataque do Macaé seria desferido pelo Jamal, que de posse da bola cometeu o mais primário erro que um armador possa cometer, não soube ler o posicionamento da defesa adversária, que ao colocar dois marcadores sobre ele “abriu” enormes espaços no perímetro interno, quando um singelo passe colocaria um seu colega em boa posição de tiro curto. Mas não, pois como a estrela incensada até aquele momento chave da partida, poderia abdicar da gloria suprema, escorada em sua fantástica habilidade dribladora e pontuadora, como? Será que recebeu ordens para agir daquela forma, e se não, assumiu por conta própria um risco tão temerário? Enfim, de nada adiantou sua “espetacular” participação, se na hora “H” falhou bisonhamente?

 

No outro jogo, Flamengo e Mogi estabeleceram uma memorável pelada que chegou ao placar de 98 x 94 para os cariocas, que decididamente optou pelo jogo das bolinhas, claro, incentivado pela mais completa ausência de defesa externa por parte de um Mogi, cujo técnico cada vez mais se insere no vício tupiniquim de querer tutelar arbitragens, como uma busca (in)consciente de um álibi que justifique derrotas, que poderiam ser evitadas se sua equipe fosse preparada para defender o perímetro externo, o que não acontece rotineiramente, ainda mais contando com jogadores nitidamente avessos a comportamentos defensivos, mas entusiasmados e autosuficientes ofensivamente, inclusive quanto as bolinhas em questão…

 

Duelaram de fora perpetrando juntos um inacreditável 30/65 (12/26 para Mogi e 18/39 para o Flamengo) nas bolinhas, praticamente igualados nas de dois (37/66), com 23/41 para Mogi e 14/25 para os cariocas, numa enfática demonstração de que, apesar do forte jogo interno que possuem, o chamado primal lá de fora se faz presente desde sempre…

 

Fica no ar uma questão – Será essa a tão aguardada evolução técnico tática tão ansiosamente aguardada pelo grande jogo? Do meu humilde cantinho digo com convicção que não, absolutamente, não, pois não posso admitir a falência do drible incisivo, da finta bilateral, do corte seco e decisivo, do corta luz competente, da marcação horizontal, do equilíbrio corporal e mental, da coordenação tempo/espaço, do passe exato e calculado, do DPJ, do arremesso interno justo e preciso, toda uma gama de habilidades que estão sendo perdidas pela aventura midiática, imprecisa e muitas vezes irresponsável dos longos arremessos, que por se constituir numa especialidade de fina sintonia, somente é plenamente dominado por muito poucos jogadores, aqueles verdadeiros e autênticos especialistas, e não essa massa praticante que se apresenta como tal, pivôs inclusos…

 

Finalizando essa passagem pelo formidável espetáculo de técnica, que tal a contabilidade nos erros de fundamentos, só 42 (23/19), dignos de uma autêntica…digam lá todos vocês…

 

Amém.

 

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

 

ABERTA A TEMPORADA DE CAÇA…

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Eu diria mais, firmemente estabelecida a temporada de caça, tantos são os tiros aos pombos desferidos sofregadamente pela maioria de nossos jogadores, todos absolutamente convictos de suas maravilhosas habilidades na mais difícil, seletiva e refinada de todas as formas de finalização a cesta, não importando distâncias ou estilos, na medida em que caiam, mesmo que para tanto, promovam uma escatológica orgia de verdadeiros atentados ao bem jogar o grande jogo, que a cada dia se apequena, frente a tanto equivoco e insensatez…

 

Mas, contritamente rezo aos deuses que promovam o aparecimento de um, basta unzinho, técnico que promova com competência um bom sistema defensivo de linha da bola lateralizado, para refrear tanta ausência de bom senso, tanta falta de Symancol B12 dessa turma de estrategistas, que tanto mal vêm promovendo numa modalidade rica em criatividade e responsável improvisação, jogada para baixo do tapete da mais pura tapeação, pois assistirmos jogos, como esse entre Franca e Uberlândia, onde 21/59 arremessos de fora, praticamente convergem com os 29/62 de dois pontos, num cenário em que 65 para mais tentativas vão se tornando comuns, rodada após rodada, sinalizando às novas gerações a trilha a ser seguida, para a gloria e o orgasmo de uma mídia, onde a grossa maioria absolutamente nada entende do grande jogo, repito e afirmo, absolutamente nada…

 

Franca venceu por ter tentado nove arremessos de fora a menos que seu adversário (11/25 contra 10/34), otimizando seus ataques de dois pontos, e que se tivesse substituído a metade de seus erros de fora, por mais tentativas interiores, venceria com margem bem maior, fator que nunca seria emulado por Uberlândia, treinada e preparada para o jogo externo desde sempre…

 

Segue um campeonato marcado pela artilharia de fora, irreal, imprecisa e aventureira, endossada passivamente por técnicos coniventes, que ao menor indício de que a pontaria falha, se socorre nos dvd’s agenciados na busca de novos especialistas. Somente esquecem que gravados sempre estão as “grandes” jogadas, pois as perdidas, a maioria, são convenientemente deletadas…

 

Então, logo mais dois jogos serão transmitidos, e veremos a quanto andarão os artilheiros de plantão, para o engrandecimento e pujança do nosso NBB, quase lá nos braços de uma NBA, que me deixa curioso para o que veio…

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

 

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PRESTANDO CONTAS…

 

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Terminou mais uma das fases da LDB, e como nenhum dos muitos jogos puderam der assistidos, a não ser pelos residentes em Recife e Joinville, o que não é o meu caso, somente as estatísticas divulgadas pelo site da LNB puderam servir de balizamento para um tipo de analise, que, de forma alguma espelha a realidade dos jogos, a não ser por um único de seus aspectos, o número de erros de fundamentos cometidos pelos sub 22 em ação, e que foram muitos, muitos mesmos, e por isso assustadores…

No entanto, algo de novo pode ser pescado na numerologia das planilhas da Liga, tornando-se, inclusive, algo muito bem vindo, algo que desde sempre foi uma das bandeiras aqui levantadas nessa humilde trincheira, a brutal hemorragia nos arremessos de três pontos, que na liga maior já ultrapassa, em algumas e nomeadas equipes, os arremessos de dois pontos, no que denominei de convergência, perigosa e irreal ante os conceitos mais primários do bem jogar o grande jogo, com bom senso e inteligência, marcas determinantes desta modalidade exemplar…

Sem dúvida, a diminuição expressiva das bolinhas de fora, em função de um maior aproveitamento do jogo interior, deve ser recebida com a esperança de que algo muito positivo esteja por vir no aspecto técnico tático, cujos primeiros indícios estão demonstrados nos valores estatísticos apresentados nessa etapa da LDB, exceto quanto ao enorme e preocupante número de erros e falhas na execução dos fundamentos básicos, numa demonstração tácita do ponto que deve ser energicamente atacado por todos os responsáveis pela formação de base no país, pois em caso contrário, se teimarem em concentrar seus esforços na aplicação prioritária de sistemas de jogo, que sem o lastro de fundamentos bem estabelecidos, nada apresentam de prático e eficiente no desenvolvimento sólido de padrões e comportamentos, pouco ou nada evoluiremos, em comparação direta com centros mais evoluídos em países que os priorizam, tornando-os no fator mais estratégico de sua preparação de jovens…

Foram, nessas seis rodadas acontecidas, cometidos 2677 erros de fundamentos, com a média de 37.1 por partida (foram 72), o que atribui aproximadamente 18.5 erros por equipe, que na altura do desenvolvimento técnico de jogadores dos 19 aos 22 anos, chega a ser imperdoável…

Porém, algo de mais devastador vai se tornando lugar comum, a errônea e absurda aceitação de que se tratam de jogadores “prontos”, que por conta de tão equivocado status, são privados do ensino (isso mesmo, ensino…), da prática constante e prioritária de sua ferramenta básica de trabalho, os fundamentos, como o solfejo e dedilhar na música, as empostações e colocação de voz no teatro, as longas e perenes repetições da dança, o conhecimento, manejo e domínio de uma bola de basquetebol…

Mas para tanto, nossos técnicos da formação têm de ser preparados e orientados para o ensino, em todas as suas nuances didático pedagógicas, com sólidos conhecimentos dos movimentos e ações básicas, onde pranchetas e “jogadas” cedam espaço vital ao desenvolvimento técnico individual e coletivo, no fortalecimento das valências físicas advindas desse treinamento, onde o contato do jovem com a bola seja constante e enriquecedor, ensinando-o a amar o jogo em conjunção a seus companheiros, numa cumplicidade que se estenderá por toda sua vida competitiva, e mais além, com certeza…

Somente desta forma poderemos almejar jogadores preparados para assumirem sistemas defensivos e ofensivos de jogo, com domínio e conhecimento pleno de todos os segmentos técnicos necessários, com precisão e conhecimento de causa, pois, em caso contrário, não passarão de meros repetidores de sistemas impostos e manipulados por estrategistas e suas midiáticas pranchetas, que na esmagadora realidade dos jogos, não encontram eco dentro das quadras…

2677 erros, média de 37.1 por jogo, é o mais lídimo retrato do que tem sido  apresentado pela nova geração do grande jogo entre nós, as exceções não contam, e que são ínfimas para as nossas reais necessidades…

Amém.

Foto – Divulgação LDB.

 

JOVENS x VETERANOS…

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Depois de três transmissões de jogos do NBB7 pela web (a primeira com boa imagem, e as duas outras péssimas…), voltei ao formato no jogo entre o Bauru e Limeira, que apresentou imagem estável e nítida, porém, como nos anteriores, com sérios problemas de som, principalmente quanto ao comentarista Marcos, que com sua voz grave e coloquial, se torna praticamente inaudível. Uma boa mexida na equalização e reforço de timbre se faz necessária, ou que o mesmo respeite a distância correta do microfone…

 Quanto ao jogo, decepcionante, pois, e por mais uma vez nesse campeonato, se restringiu a um duelo aberto de bolinhas de três, contestadas, ou não, equilibradas ou não, até em contra ataques, fora as tentativas da moda, a dos pivôs, com um Jefferson triturando um 0/5, o Hettsheimer 2/6 e o Gui 0/4. a que o Murilo tentou, acertou, porém ele, o Jefferson e o Hettsheimer juntos só produziram 5/9 lá dentro, muito, muito pouco para os seus reconhecidos dotes de finalizadores internos…

Limeira seguiu atrás no duelo (13/24), mas concluiu um pouco mais de perto (14/35 contra 19/28 de Bauru) e foi mais feliz nos três (13/24, contra 7/25), definindo um jogo mais para pôquer que basquete, pelos inúmeros blefes propostos, principalmente nas coberturas de apostas…nos três.

Ao final permaneceu um gosto amargo de que poderia ter sido outro um jogo que se anunciava tecnicamente bom, mas que pendeu para a mesmice endêmica definitivamente implantada e sedimentada entre nós, e que se apresenta praticamente impossível de ser revertida, pelo menos por parte dos técnicos que aí estão, nacionais e estrangeiros, estrategistas que se julgam ser, e não são, absolutamente, não são…

Em um bom artigo em seu blog Bala na Cesta de hoje, o jornalista Fabio Balassiano inquere aos conhecedores do grande jogo no país, como fazer para que nossa nova geração tenha oportunidades de evoluir competindo em equipes recheadas de veteranos, onde parcos minutos são delegados à mesma, isso quando o são, obstruindo seu desenvolvimento na elite…

Bem, analiso por um outro ângulo, quando os vejo, a todos, acorrentados a um sistema único de jogo, com seus indefectíveis chifres, punhos, camisas, calções, hi lows, picks, cabeças, etc,etc e tal, desde as categorias mais iniciantes, direcionados a pranchetas inócuas e herméticas, cobrados coercitivamente pela obediência tática, coreografias dissociadas da realidade do jogo, ano após ano, num processo de alienação contrário ao livre pensar, ao experimento, à criatividade, em tudo e por tudo por onde passaram os veteranos de hoje, aqueles com que terão de disputar as parcas oportunidades de jogar efetivamente, e não fazerem número em jogos decididos, e que por conta dessa cruel realidade pouco, muito pouco, quase nada, prosperarão, a não ser como clones dos que aí estão…

Na elite, os erros que vemos cometer nossos consagrados armadores, nem sempre ambidestros, mais voltados às conclusões que aos passes, que por força de um sistema absurdo de jogo, se escondem do foco das jogadas, percorrem como fundistas metragens desnecessárias e desgastantes, se postam erroneamente no posicionamento defensivo, sofrem obliterações nas leituras de jogo, e raramente conseguem encaixar um bloqueio ofensivo, assim como vemos alas que não dominam o drible progressivo e suas fundamentais trocas de direção, que se atrapalham com as nuances fugidias de uma instável esfera que não dominam, que até desconhecem, no mesmo patamar de pivôs que em sua solitária luta, quase sempre são escalados para rebotes, pura e simplesmente, que não sabem (ou nunca os ensinaram…) se deslocar dentro do perímetro interno, dominando seus poucos metros de liberdade, driblando ou fintando, e até mesmo desconhecendo os pequenos milagres que se tornam possíveis com o conhecimento balístico e reflectivo de uma bola na tabela, ou mesmo num girar de 180 graus após alcançar um rebote, seja ele qual for…

Porém, todos, absolutamente todos sendo encaixados como peças amorfas de um puzzle tático, conduzido como marionetes de encontro a delírios pranchetados que a maioria dos analistas afirmam serem treinados “exaustivamente”, o que desminto veementemente, não o são, porque se fossem não precisariam ser trancritos pelos inenarráveis garranchos apostos em pranchetas midiáticas, posso assegurar…

E nossos jovens, perante essa realidade técnica, veem anulados seus projetos de jogadores elitizados, que claro, frente aos anos de mesmice veterana, pouquissimas chances tem de ansiar por uma competição mais justa e democrática, pois estando num mesmo barco, sem qualquer oportunidade de diversificação de sistemas de jogo, somente aguardarão a finalização de carreira daqueles, para darem continuidade ao processo, antecedendo às gerações formatadas e padronizadas que se sucederão…

Desde sempre lutei pela diversificação, pela criatividade, pelo livre arbítrio, pelo ensino plural, pelo conhecimento universal, pela tomada de decisões, pelo diálogo, pelo contraditório, enfim, pelo conhecimento diversificado que indus ao conhecimento do grande jogo, sejam jogadores, ou técnicos…

Não vejo, nem prevejo mudanças pelo que ai está, sacramentado e ungido por uma liderança comprometida com o corporativismo vetusto, fechado e lacrado pelo que temos de pior, a arrogância, a ignorância e a covardia…

Não à toa muitos jovens são dirigidos, legal, ou ilegalmente, no tempo, ou equivocadamente fora dele, para fora do país, a fim de serem “lapidados” por expertos agentes e técnicos que nem sempre são competentes de verdade, numa aventura que beneficia um mínimo de jovens promessas, dos muitos, e põe muitos nisso, que se perdem nessa difícil, enganosa e ilusória estrada do esporte profissional, sem ao menos prepará-los educacionalmente para enfrentarem um futuro quase sempre incerto…

O que nos falta?  Desculpem a franqueza, nos falta vergonha na cara, simplesmente isso, vergonha na cara, pois temos no país muita gente competente, mas que é segregada por um único e singelo motivo, pensam…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

 

UMA OPORTUNA LEMBRANÇA…

É muito raro aqui no Basquete Brasil a republicação de um artigo, quando muito, inserções de links de artigos publicados são feitas para ilustrar melhor o assunto proposto, no entanto, um artigo publicado em setembro de 2013 insiste em ser reproduzido, por ser tratar, no meu humilde ponto de vista, da teimosa fronteira divisória do que professamos de forma quase que dogmática, através a mesmice endêmica de um sistema único de jogo, em confronto direto com as imensas possibilidades de utilização de sistemas diferenciados, que permitam que as mais importantes metas sejam alcançadas pelos jogadores, o livre pensar e a criatividade que emana do mesmo, propiciadas por técnicos mais voltados a evolução de seus jogadores dentro da quadra, do que sua quase sempre artificial importâncias fora dela, numa volta aos primórdios das ciências da educação, onde o grande mestre americano  John Dewey    rompeu com o centrismo do professor no processo educativo, focando-o nos alunos, numa reviravolta didático pedagógica que revolucionou o ensino americano em todos os níveis…

Então, vamos lá ao artigo:

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Acabo de ver na TV um entrecortado jogo França e Letônia pelo Eurobasket, já que não resisti ao sono em pelo menos dois dos quartos, mesmo com um insinuante e técnico Tony Parker em quadra. O porquê do sono em plena tarde? Tenho trabalhado muito madrugadas adentro, ultimando o já bem tardio livro, tão reclamado pelo meu filho André, além de que a mesmice técnico tática das equipes participantes daquele magno certame comparece em grande, numa enervante utilização do sistema único, porém razoavelmente  temperado por uma eficiente dupla armação, e uma trinca de homens altos, mais para pivôs do que alas, jogando enfiados, lá, bem dentro da cozinha de adversários que encontram sérias dificuldades para contê-los, além, e ai está o paradoxo, da presença de uma artilharia de três nem sempre bem azeitada, utilizada principalmente pela turma do ex leste europeu, quando poderiam maximizar seus enormes e rápidos pivôs na luta próxima e mais segura da cesta, aspecto esse que levará às finais aquelas equipes que melhor souberem distribuir sua eficiência nos arremessos, curtos e longos, além de manterem estáveis as performances nos lances livres.

É engraçado ouvir durante o jogo, um narrador comentar sobre a escolha do quinteto ideal da Copa America (foto), num pontual intervalo, subentendendo que as posições de 1 a 5 não são muito levadas em conta na escolha dos melhores para fins de premiação, assim como encontra dificuldades em rotular as funções de dois armadores em quadra, oscilando entre armador principal, secundário, finalizador, escolta, ala armador,etc. quando na realidade são dois armadores, simples assim, nas funções de alimentarem os três homens altos que compõem a equipe, numa bem vinda mudança de atitudes ofensivas, cada vez mais utilizadas no mundo, menos por aqui, ainda presos que somos aos cincões  e alas de arremesso.

Voltando um pouco, muito pouco, no tempo, quando a dupla armação sofria forte contestação por aqui, exemplos americanos e europeus, balizaram novos tempos, que mesmo antecipados por mim no NBB2, foram esnobados e varridos para debaixo do tapete da história, mas que ainda encontravam algum reconhecimento pela própria LNB, quando em algumas ocasiões escalava suas seleções das rodadas na formação de dois armadores e três alas pivôs, que foi uma tentativa do técnico Magnano para a Copa America, adaptando-a ao sistema único, mas de triste memória pela formação equivocada da equipe numa convocação para lá de discutível.

Então, ao testemunharmos a escolha das seleções de melhores do Eurobasket e da recém terminada Copa America, o que lá vemos senão a formação de dois armadores de ofício e três homens altos, velozes, atléticos e muito ágeis dentro do perímetro, numa constrangedora confrontação ao que ainda utilizamos, por exemplo, no campeonato paulista, jogando um basquete estratificado, colonizado e preso a dogmas que são reflexos do corporativismo existente, dolorosamente existente, como resultante de equipes formadas por agentes e dirigentes que se consideram experts no grande jogo, mas que o apequenam sob a capa protetora de uma classe profissional que deveria exercer tal função, mas que se contenta com o que recebe à sombra do status técnico e tático existente.

Falar e tentar algo de novo, instigante e proprietário por essas bandas só  leva a um desfecho, o exílio puro, duro, definitivo e covarde.

Quem sabe um dia, uma associação de técnicos séria e competente, faça reverter tão humilhante realidade, frente a países que as possuem à décadas?

Anseio que sim, precisamos visceralmente de uma…

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

 

6 comentários

  • Rodolpho14.09.2013·

  • Professor, permita-me, mais uma vez, a discórdia.

  • O Magnano não tentou 2 armadores e 3 alas-pivôs na Copa América. Não assisti todos os minutos da seleção dele, mas não creio que isso tenha acontecido nos minutos em que dormi.

  • O que aconteceu, quase sempre, foi 1 armador, 1 armador confuso entre ser armador ou escolta, um escolta ocupando a posição 3 e 2 pivôs lentos.

  • A ausência do Splitter acabou com a infiltração do Huertas, já que o entrosamento deles é fora de série. Sem Marquinhos a infiltração ficaria quase nula, a não ser pela presença do Alex, que o próprio Magnano tratou de matar, ao colocá-lo na posição 3, marcado por jogadores de 10 a 15 cm mais altos, que o inibiram de infiltrar também.

  • Esse erro (o de acabar com opções de infiltrações), ao meu ver, foi o maior erro tático do argentino. O de convocação todos sabemos.

  • Mas, com aquele grupo, poderia muito bem utilizar o Alex como o outro armador, ganhando na agressividade à cesta. E o Guilherme com mais 2 pivôs. Não consigo entender ele de pivô em jogos internacionais. No NBB é mais simples, já que ele sobra tecnicamente, mas num jogo mais elevado, o físico dele contra pivôs o prejudica muito.

  • Apesar de meio maluco, as vezes irresponsável, esse Renaldo Balkman deve ser o ala-pivô dos seus sonhos. Joga muito. Agressivo e rápido nos rebotes e sempre surpreende o adversário.

  • Um abraço!

  • Basquete Brasil14.09.2013·

  • O erro tático cometido, foi o de optar pelos três homens mais altos se movimentando permanentemente dentro do perímetro, mas com a lentidão dos pivôs, e o desconhecimento dos mesmos do que venha a ser estar ativo e em deslocamento permanente naquela restrita área, originou a consequente descoordenação com os armadores, levando aquela opção ofensiva ao descalabro. Restaram as raras infiltrações do Alex, do Arthur e algumas do Benite, a maioria rechaçada pela discrepância de estatura mencionada por você, assim como as varias tentativas dos armadores na busca infrutífera pelo apoio veloz dos grandões visando os corta luzes. Enfim, a equipe não foi preparada nos exercícios específicos e repetitivos de meia quadra, a fim de obter a coordenação necessária ao sucesso do sistema, e mais claro ainda, pela não convocação de jogadores mais indicados para aquelas situações de jogo, onde a velocidade e as técnicas de ataque de frente para a cesta se tornam imprescindíveis.

  • Quanto ao Balkman, Rodolpho, já imaginou o sistema que proponho realizado pelo quinteto escolhido como a seleção da Copa, com ele, o Scola, Ayon, Campazzo e Barea? Brigaria com qualquer das seleções desse Eurobasket linear…

  • Um abraço, Paulo Murilo.

  • Henrique Lima15.09.2013·

  • Professor, mencionei exatamente isso quando assistia ao jogo !

  • Impressionante como posições 1,2,10,105,40 viraram mais importantes do que:

  • Armador – Ala – Pivô.

  • O simples nunca é contemplado.

  • E o pior, tínhamos na transmissão um professor universitário né ?

  • Um forte abraço !

  • Obs:

  • Apenas corrigindo e fazendo jus ao porto riquenho !

  • O nome do ala de Porto Rico é RENALDO BALKMAN.

  • Blackman foi outro jogador, armador excepcional em seus tempos de NBA, em especial Dallas Mavericks.

  • Panamenho e chamava Rolando Blackman, considerado por muitos, um dos melhores jogadores da história do Mavs.

  • Basquete Brasil15.09.2013·

  • Já corrigi o nome do jogador, Henrique, obrigado.Quanto aos comentaristas, aqui para nós, deve ser muito difícil para eles reconhecer que o disco arranhado já está causando constrangimento…

  • Um abraço, Paulo.

  • Flávio16.09.2013·

  • Sempre aprendendo com os Posts do grande mestre Paulo Murilo, aqui fico no aguardo do livro que com certeza será de grande valia para o grande jogo, e ajudará muito os professores que atuam com aquelas crianças que não conhecem o basquetebol, mas estão sedentas por conhecimento!

  • Basquete Brasil17.09.2013·

  • Bem Flavio, se vai ajudar aos professores e técnicos só o futuro dirá, já que será um livro clone do que aqui sempre postei, orientado ao estudo, e principalmente, ao pensar séria e profundamente o grande jogo.

  • Um abraço, Paulo Murilo.

ALICERCES DE BARRO…

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“Paulo, a LDB recomeçou, e você nada tem a dizer?” clama o leitor pelo email, doido para inflamar um teimoso debate que sustento desde sempre, suscitando um único numero – 543!

543? Isso, 543 erros de fundamentos somente nas doze partidas da primeira rodada, o que dá uma média de 44.5 erros por partida, numero este de deixar você petrificado na cadeira, imaginando o que poderá vir daí para frente…

Mas Paulo, são jogadores muito jovens, alguns ainda com 17 anos, e o desconto por isso?

Como desconto, se muitos deles já atuam no NBB, alguns inclusive na segunda temporada, e numa categoria (até 22 anos) em que já deveriam, pelo menos, dominar os fundamentos do jogo, e não pousarem de praticantes dos sistemas de jogo mais “avançados” que lhes são empurrados goela abaixo, sem fundamentação mínima para sequer entendê-los em suas minúcias e particularidades, já que o domínio corporal e a bola se tornam obstáculos para a maioria deles? …

Que tal conotar então esse enorme número à melhoria defensiva das equipes, o que acha? Falso, pois tivemos jogos, como o Náutico x Tijuca, com um placar de 98 x 79 (não me fale de defesa com placares assim…)para os nordestinos, onde as duas equipes juntas cometeram 68, isso mesmo, 68 erros ( 32 e 36 respectivamente), num recorde de envergonhar equipes sub 15…

Veja isso, analise e tente concluir algo, que o farei um pouco mais adiante, senão concluir, melhor ainda reiterarei pela enésima vez o quanto ainda teremos de padecer para atingir um patamar técnico decente:

– Titãns     31     Paulistano     22 –   53     (40 x 60)

– Uberl.     18     Flamengo      19 –   37     (51 x 63)

– Curitiba  16     Pinheiros       16 –   32     (68 x 69)

– Sport      14    Botafogo         28 –   42     (93 x 52)

– GNU       22   Moji                 13 –   35     (46 x 88)

– Brasilia   14    Macaé            19 –   33     (48 x 61)

– Blumen.  21   Taubaté           19 –   40     (47 x 62)

– Nautico   32   Tijuca               36 –   68     (98 x 79)

– Regatas  20   Minas               27 –   47     (60 x 64)

– Anapolis  23   Franca             22 –   45     (46 x 68)

– Limeira    14    Joinville           34 –   48     (82 x 46)

– Ceará      33    Bauru              22 –   55     (62 x 60)

Ai estão os números da primeira rodada de uma competição que, em sua evolução competitiva, deverá elevar, e muito, os erros de fundamentos, sem levar em conta o mais importante de todos, os arremessos, cuja contagem e tabulação deixo para os “especialistas”, principalmente no que tange aos de três pontos, assunto muito em moda atualmente…

Então, ao olharmos fixa e detalhadamente a relação acima, e que se refere a erros de passes, perdas de bola na recepção, na finta e no drible, nas andadas e conduções, vem logo ao primeiro plano analítico, serem os mesmos aqueles que integram o bôjo de qualquer ação coletiva, em jogadas de dois, de três ou de toda a equipe, cuja colimação só se torna possível se isentas dos mesmos, utilizados que deveriam ser da maneira mais correta possível, fruto de longos anos de aprendizagem e treinamento, até o ponto em que se tornam extensões naturais do gesto desportivo, coordenado e irmanado ao raciocínio tático exigido pelas contingências técnicas, mentais e espaciais do jogo, onde somente os mais preparados se situam na execução e domínio do mesmo…

A equação então se torna de uma simplicidade extrema, na qual o maior ou menor  sucesso de uma movimentação tática, tanto ofensiva como defensiva de uma equipe será diretamente proporcional ao maior ou menor domínio que a mesma exerça sobre os fundamentos básicos do jogo …

Concluindo, torna-se impensável projetarmos evolução técnico tática de nossa base, se continuarmos a apresentar números realmente preocupantes apresentados numa sub 22, que deverão ser bem maiores nas divisões que a antecedem, criando uma barreira praticamente intransponível a toda e qualquer evolução em sistemas de jogo de ataque e de defesa, utentes exigentes e dependentes dessa estratégica fundamentação…

Recentemente as seleções sub 15, tanto a masculina, como a feminina venceram seus sul americanos, e espero que continuem essa evolução depois de uma tenebrosa fase de perdas para argentinos, uruguaios e até venezuelanos nas categorias de base, porém, com convincentes ganhos no dominio dos fundamentos, a fim de que possamos lá na frente superarmos os trágicos números que nossos sub 22 vem apresentando na LDB, consubstanciando com qualidade novos e arrojados sistemas ofensivos e defensivos de jogo, na tentativa de quebra dessa mesmice endêmica formatada e padronizada que tanto nos prejudicou e nos afastou do cenário internacional nas duas últimas décadas. Espero e torço ardentemente que consigamos…

Amém.

Foto – Divulgação LDB.

 

SUBLIME OBSESSÃO…

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Lá pelas tantas, durante um pedido de tempo, o técnico de Mogi brada – “Quero a zona bem aberta, bem aberta”…- Deduzo que o pedido era para, mesmo estando na zona, deveriam os jogadores contestarem de mais perto a enxurrada de arremessos de fora da turma da casa, o que óbviamente não conseguiam por suas frágeis fundamentações defensivas, propiciando que ao final seus algozes contabilizassem 14/38 nos três e 16/24 de dois, invertendo definitivamente a lógica convergente, que daqui para diante, define para essa equipe as bolinhas de três como alvo predominante do jogo, e as de dois como arremessos complementares, e para aquelas equipes que adotam ou vierem a adotar tão tresloucado “sistema” de jogo…

Porque tresloucado “sistema”?  Primeiro, por se fundamentar numa pretensa especialidade finalizadora, de jogadores que fazem da alta frequência  dessa modalidade de arremesso seu objetivo primário de jogo, face a defesas ridículas, inábeis e irresponsáveis fora do perímetro (onde a zona se torna risível…), e as estatísticas se apequenam na proporção direta das distâncias alcançadas, vide os arremessos de dois com 66.6% (16/24) dos vencedores…

 

Segundo, que numa análise fria e restrita aos fatores de técnica e precisão, oito foram os jogadores de Bauru que arriscaram nas bolinhas, com resultados sofríveis na maioria dos casos, onde Taylor (0/4), Fisher (1/4), Alex (1/8), Hettsheimer (2/6), Gui (1/3), não se comparavam com os verdadeiros especialistas da equipe, Jefferson (3/6) e Day (4/5), e um improvável Murilo (2/2), num louco caleidoscópio que apresentou 24 perdas nos três pontos, aspecto este que a incapacitada equipe mogiana não soube aproveitar em seu benefício, na tentativa de duelar na mesma moeda com um lamentável 7/28, quando poderia ter tentado uma escalada de 2 em 2 para se situar razoavelmente no jogo, face aos bons pivôs que possui. Mas não, o que importava era o ser alvejada de três e retribuir da mesma forma, com uma diferença, a de que Bauru caprichava um pouco mais na defesa externa, principalmente sobre o Shamell, sem uma resposta idêntica sobre o Day e o Jefferson.

 

Terceiro, o fator preocupante ante a expansão dessa nova vertente originada pela mais total aversão defensiva de nossos jogadores, que não encontram uma resposta formativa e elucidativa por parte de técnicos que teimam, ou não sabem corrigir tais carências nos mesmos, armando sistemas defensivos individuais ou zonais, para jogadores deficientes no posicionamento técnico defensivo, exigindo superação e garra, quando o básico, as técnicas de marcação são negligenciadas, e sem as quais nenhum sistema adotado funcionará, por mais suor que for derramado…

 

Me preocupa o fato de nossos pivôs estarem se lançando nessa aventura, lembrando o “gênio” ( para a imprensa deslumbrada…) Hettsheimer na Olimpíada, onde foi contestado firmemente em suas tentativas, e pelo fato do Day não ser nacionalizado (apesar de ser beneficiado pelo bolsa atleta do ME…) como o medíocre Taylor nas absurdas bolinhas…

 

Essa é uma crescente tendência em nosso basquetebol de elite (?), sinalizando às divisões formativas de base um caminho absurdo, que será contestado fortemente por nossos adversários no campo internacional, e sem a competente resposta, face à nossa mediocridade defensiva, e a realidade da constituição das equipes por agentes, dirigentes e DVD’s, onde técnicos submissos na garantia de seus empregos, aceitam passivamente tais situações que, no caso de falhas dentro da quadra, encontram na substituição pura e simples de jogadores o antídoto “salvador”, sem a preocupação de correções nos fundamentos básicos, inconcebíveis em se tratando de um mercado de jogadores “prontos”, seja lá qual for o significado dessa prontidão…

 

Aqui do meu canto morro de rir com tanta estupidez, e ao meu lado, num singelo bloquinho de papel, tenho anotado nomes de jogadores que sabem defender, individual e coletivamente ( somente dois no NBB…), verdadeiros craques dentro da zonas de definição, principalmente a lá de fora, onde a maioria dos “nomões” midiáticos que ai estão nada sabem, ou mesmo nunca se interessaram em saber algo, já que “especialistas” nos três, numa comunidade que professa contritamente uma sublime obsessão, aplaudida e incensada por eles, isso mesmo, os estrategistas, de hoje e sempre, e uma  mídia hiper especializada…

 

De qualquer forma, parabenizo o Bauru pela conquista, torcendo que fico para que repensem o “novo sistema”, indefensável quando se deparar com defesas de verdade, e o pior, despreparado taticamente pela ausência da prática constante do jogo interno, que exige dedicação permanente e repetitiva em situações reais de jogo, em todos eles, e não uma exibição feérica dos ótimos pivôs que possui, fora de sua área de atuação, onde serão cruciais na Copa America e, por que não, na seleção…

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessarem as legendas.

 

 

 

 

COMO O PREVISTO…

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E não deu outra, quase uma extensão do artigo de ontem, quando três dos semifinalistas, dois na justa medida e um aproximado, partiram para uma convergência atroz, onde números não conseguem amenizar uma realidade que se impõe velozmente, sinalizando um caminho, que se implantado, cobrará juros de monta mais adiante, principalmente nas divisões de base, que se espelham nessa elite equivocada e midiaticamente comprometida…

 

Nos dois jogos em Bauru, 36/106 bolinhas foram disparadas (33.9%), contra 73/136 arremessos de dois pontos (53.6%), com praticamente 20% a mais de precisão, com 63 erros de pontaria, menor que os 70 de três, num desperdício lamentável de tempo e esforço grupal. Os lances livres apresentaram um melhor índice, com 78/107 tentativas, ou 72.8%. No entanto, os erros de fundamentos permaneceram na assustadora marca de 49, que em jogos de marcação para lá de frouxa (permitindo a avalanche dos três), preocupa muito no critério “qualidade de jogo”…

 

Bauru, mesmo vencendo acima dos 40 pontos, e sem a mais remota necessidade do “chega e chuta”, já que tinha o domínio absoluto dos garrafões, se permitiu um 13/34 de três contra 21/33 de dois, que segundo as continhas que venho pregando, se substituísse metade das bolas perdidas de fora do perímetro por tentativas de dois pontos, agregaria no minimo mais 20 pontos, dando oportunidade para que seu jogo interior se firmasse em situações reais, fator importante na rodagem dos novos valores que deveriam atuar  “lá dentro”…

 

No segundo jogo, a convergência às avessas, onde uma equipe do tradicional modo argentino de jogar, adotou a emergente “estratégia tupiniquim”, ante um Mogim apático na defesa externa, cometendo um 15/28 de dois pontos e 13/35 de três, enquanto seu adversário se continha mais em  22/39 e 9/26, respectivamente, suficientes numa vitoria apertada no tempo extra, quando a bola decisiva do Shamell se constituiu num quase sempre esquecido DPJ frontal…

 

Destas duas experiências práticas, poderemos depreender um raciocínio primário, fundamentado em continhas, simplórias continhas aritméticas, onde vencerá a final de amanhã aquela equipe que se dispor a agir com energia defensiva fora do perímetro (contestando mais para alterar a trajetória dos arremessos, que o bloqueio dos mesmos…), sem recear as penetrações, que se bem monitoradas, encontrarão anteposições no miolo defensivo, onde o 1 x 1 defensivo deva ser levado com competência e técnica ( na verdade, defender exige 90% de técnica e 10% de suor e esforço, e não ao contrario como a turma do “vamo lá” apregoa…), e que no ataque privilegie a precisão que é alcançada na medida que as distâncias se reduzam, provocando faltas e rebotes ofensivos mais bem posicionados, deixando as bolinhas restritas a conclusões oriundas de passes de dentro para fora do perímetro, permanente e pacientemente, na busca do momento ótimo e oportuno, e não midiático e falsamente eficiente, para de 2 em 2, 1 e 1, e eventualmente de 3, consiga o laurél desejado…

 

São fatores técnicos e táticos verossímeis, planejáveis e treináveis à luz do bom senso e da inteligência prática, muito além das ininteligíveis pranchetas proprietárias, ou divididas por nervosos dedos no afã de determinar razões e pontos de vista, nas quais se confundem conhecimento e engôdo, numa proporção aritmética, também…

 

Amém.

 

 

 

FALANDO DE CONVERGÊNCIAS…

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(…) “Sei da importância do jogo coletivo e interno. Isso está na minha formação como jogador e filosofia de jogo, mas temos jogadores hoje na equipe diferenciados tecnicamente e com potencial de fazer 40 pontos num quarto, como no jogo de Brasília na fase anterior da Liga Sul-Americana (sendo 10 bolas de 3 pontos). Não podemos tirar essa arma da nossa equipe, mas temos que achar um equilíbrio e saber fazer a leitura e ter estrutura tática e conceitos para variar o jogo quando for necessário. Treinamos, falamos, editamos as situações táticas, tiramos o jogador no jogo, mas o tempero (a arma) está na mão do jogador e no momento do jogo. Essa leitura só melhoramos com treinamentos e jogos. Quanto a se incomodar com a crítica, respeito as opiniões, mas aprendi desde os 15 anos, quando iniciei no adulto de Franca, que fazemos sempre nosso máximo e as vezes isso não corresponde às expectativas dos outros. Isso é normal, o importante é nós termos nossa consciência tranquila do que realizamos.(…)

 

Numa boa entrevista cedida ao jornalista Fabio Balassiano no seu Bala na Cesta, o técnico de Bauru assim respondeu a uma pergunta sobre o excesso de arremessos de três pontos praticado por sua equipe no NBB7, cujo trecho acima pincei por considerá-lo importante e relevante ao atual momento por que passa o grande jogo em nosso país, com a célere escalada do jogo convergente que vem sendo praticado, não só por sua equipe, mas muitas outras da liga, exemplificando para os mais jovens que se iniciam, um caminho ambíguo e potencialmente falho, pois os induzem a uma forma de jogo equivocada e danosa ao desenvolvimento harmônico e desejável no domínio dos fundamentos do jogo, todos eles, preteridos que estão sendo pela “especialização” nos longos arremessos, que junto às enterradas conotam midiaticamente a essência do jogo, como apregoada insistentemente pela crítica especializada, num desserviço brutal a causa do jogo bem aprendido, treinado e jogado, principalmente na formação de base…

 

No entanto, ficou faltando algo em sua entrevista, algo sobre defesa, que em sua formação de jogador e posteriormente técnico teve no excelente Pedroca um exemplo a ser seguido exatamente nesse básico fundamento, que notabilizou inúmeras formações francanas por ele dirigidas, e que se vivo fosse, duvido que não pressionasse e contestasse com rigor essa hemorragia de bolinhas aventureiras e altamente imprecisas, que tem brindado a todos aqueles que pouco entendem a sutil logica do grande jogo, em seu permanente desafio de otimizar cada ataque realizado, com conclusões precisas, equilibradas e vencedoras, sem o enorme desperdício de energia e talento em perdas que em media vem atingindo 50-60 erros por jogo, fora os fundamentos que deixam de ser praticados frente a ‘facilidade” do “chega e chuta” ora em crescente ascensão…

 

Mesmo possuindo grandes especialistas de três, como explica na entrevista, tal fato prejudica em muito o desenvolvimento em reais situações de jogo, das ações internas, que nem os melhores “rachas” conseguem emular, deixando no vácuo uma plêiade de oportunidades. únicas e irrepetíveis, preciosas que se tornariam quando frente a equipes defensivamente mais bem preparadas, principalmente no plano internacional, fértil cenário que sua equipe almeja percorrer…

 

Guerra é um dos bons técnicos que possuímos, e um administrador exemplar, vide seu trabalho em Bauru já por longos anos, e que durante o primeiro congresso de técnicos no NBB2, me impressionou muito com sua aula de organização clubística, a tal ponto de terminada a mesma, e  públicamente, me inquiriu pelo fato de não ter formulado perguntas, ao contrário das demais exposições de técnicos, e ao qual respondi que o que havia aprendido naquele momento não daria espaço a perguntas, e sim aprendizagem…

 

Com a equipe e a organização que competentemente implantou em Bauru, fazer com que jogue na busca permanente da otimização ofensiva, deveria deixar de lado o desperdício lúdico e equivocado do jogo convergente, muito a gosto da mídia e de uma parcela de pseudos conhecedores do grande jogo, porém indo de encontro a uma forma diferenciada de produzir resultados compatíveis à qualidade de adversários no plano internacional, sinalizando um caminho pelo qual nossa seleção pudesse se pautar, com responsabilidade e coerência…

 

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.