MUDAR É PRECISO, E RÁPIDO (ARTIGO 1200)…

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Gostaria imenso que nesse artigo 1200 pudesse discorrer sobre algo de muito positivo para o nosso basquetebol, mas acredito honestamente que, dificilmente, superaremos a má fase em que nos encontramos se, de uma forma até certo ponto radical, não nos unirmos em prol de seu soerguimento em bases firmes e pensadas, em oposição à mixórdia que ai está escancarada à frente de todos, infelizmente.

Em 2009 publiquei dois artigos muito pouco comentados, pelo simples fato de se reportarem a evidências mais do que reais, palpáveis, irretocáveis, mas que ao não serem contestados como deveriam ser, indicavam duas possibilidades, a de não serem considerados factíveis, ou produtos de uma teoria conspiratória, mas que ao longo do tempo se caracterizaram fielmente pelo que ocorre tragicamente hoje no âmago da modalidade, precisa e cirurgicamente falando.

Dou um espaço agora para que os leiam, pois em caso contrario a leitura deve ser encerrada por aqui mesmo, apesar de sua marca de 1200 artigos publicados ininterruptamente. Leia-os aqui e aqui.

Muito bem, o que poderemos então apreciar sobre os assuntos expostos, senão o fato a muito defendido nessa humilde trincheira, de que o maior problema existente em nosso mal tratado basquetebol, é o técnico, pois o administrativo foi, é, e será por um longo tempo crônico, enraizado e  ciclópicamente concretado através décadas de continuísmo político, de interesses escusos e convenientemente velados e protegidos.

A derrama de recursos públicos lá está anunciada pela promessa, hoje cumprida, de um profissionalismo caboclo, eivado de apadrinhamentos e ações entre amigos, e conhecidos também, desde que alinhados à politica da terra arrasada com os recursos públicos abundantes em vésperas de um insidioso e insensível 2016…

Técnico, pelo fato, também irrespondível, de que omitimos da cena brasileira os verdadeiros professores e técnicos, imolados por uma geração que se apossou do grande jogo, exatamente  na esteira dos conchavos e escambos propiciados pela nova realidade “profissional” daqueles que, antes destes, se apossaram do poder federativo e confederativo, tornando-os executores do que aí está criminosamente estabelecido, e quase impossível de ser arraigado…

Mais técnico ainda, pela simplicidade de uma, não, da maior de todas as evidências, a derrocada na formação de professores e técnicos desportivos no país, a partir do momento em que a grande maioria das escolas de educação física se transferiram dos centros de formação de professores, para os de formação da área da saúde, culminando na drástica diminuição curricular específica ao magistério e a técnicas desportivas, substituídas em massa pelas de foco médico, culminando com a triste realidade de estarmos hoje formando, não professores e técnicos plenos de conhecimentos didático pedagógicos, e sim paramédicos de terceira categoria, utilizados pela indústria do corpo a preço vil, aquela que movimenta cerca de 25 bilhões anualmente, e para a qual, atividades educacionais e desportivas na escola jamais serão bem vindas, pois retirariam de seus lucros toda uma formidável parcela de jovens utentes, frequentadores de suas holdings espalhadas pelo país e em fenomenal e imparável desenvolvimento…

Mais técnica ainda, quando vemos uma boa ideia como a ENTB ser parte integrante da mesmice endêmica e cruel do que está estabelecido em nossa realidade basquetebolistica, onde os vícios corporativistas e as padronizações e formatações dão as cartas, sedimentando uma visão unilateral do que deveria ser democraticamente universal, sobre técnicas, táticas, e acima de tudo, formação de base.

Fala-se agora em associação de técnicos, objetivo que defendemos e pelo qual lutamos a mais de 40 anos, desde 1991, quando em São Paulo durante o Mundial Feminino, sugerimos e participamos na criação da primeira associação de técnicos, a ANATEBA, segunda no mundo, atrás da americana que já existia desde 1925, mas à frente das hoje vitoriosas associações espanhola e argentina, e depois em 1995 a BRASTEBA, ambas afogadas pelo poderio político e econômico da CBB, pois foram fundadas com a premissa da participação de todos aqueles professores e técnicos interessados em suas existências, em debates e encontros públicos, e não como hoje se apresenta, como iniciativa de um fechado grupo ligado a LNB, ou seja, fazendo parte do corporativismo que não abre mão do território e mercado de trabalho conquistado, nem sempre de forma meritória, onde o contraditório é omitido e convenientemente expurgado…

Mas como nem tudo é desilusão e tristeza, um pequeno vídeo do jornalista Alexandre Garcia no programa Bom Dia Brasil coloca o professor ante a maior de todas as evidências, esta sim, irretocável e estratégica para o país, onde o fator educacional acadêmico, artístico e desportivo, teria de ser o grande fundamento da nação, basicamente quando aspira um lugar de destaque internacional através sua maior riqueza, seu povo, seus velhos e principalmente, seus jovens, tão esquecidos e mal tratados.

Amém.

Vídeo – Programa Bom Dia Brasil da Rede Globo.

 

QUE O ÚLTIMO APAGUE A LUZ…

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O pivô que entra livre de frente para a cesta, um espaço enorme à sua frente para tentar algo mais seguro e eficiente, faltando ainda 6seg, nem pisca e manda o seu recado de fora, e erra…

 

Esse é o espírito coletivista de uma seleção que enfrentará os americanos em casa no próximo dia 16, com uma semana de treinos a realizar, para que se encontrem, se ajudem, se agrupem, e acima de tudo, que tentem jogar como uma verdadeira equipe, mesmo a segundos de um jogo ganho, mas em equipe, sempre…

 

Conseguirão? Torço para que sim, senão…

 

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

 

 

 

FALANDO DE FLUIDEZ…

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Não me parece ser tão difícil, ou complexo assim, analisar o jogo em Buenos Aires, se nos pautarmos por um argumento, ou melhor, uma evidência que salta aos olhos de quem entende, ou procura entender, minúcias técnico táticas do grande jogo, a começar pelo aspecto consistência de equipe…

 

Que honestamente falando, pouco existe, e que varia brutalmente conforme são escalados alguns jogadores, que ora ou não se entendem, mesmo sob a égide de um sistema de jogo, que creio fortemente treinado, porém, fraca e convincentemente entendido e aceito…

 

São armadores que fogem sistematicamente do foco das ações ofensivas, se perdendo em passes lateralizados ou se escondendo atrás da defesa oponente, assim como pivôs indo ao perímetro externo armar jogadas, numa inversão de valores preocupante, pelo primário fator de que a existência de um sistema organizado peca pelo básico, a inconsistência, gerando por conseguinte, uma ausência de fluidez que precede o imobilismo tático…

 

Escolhi cinco, das muitas fotos que captei da transmissão televisiva, que demonstra tal imobilismo, preocupante às vésperas da grande competição, e que não poderá ser sanado somente pela disputa sequencial de amistosos, nem sempre favoráveis, e sim pelo forte e dinâmico treinamento em busca da fluidez desejada.

 

Poderia também discorrer sobre os platinos, sua forma harmônica de atacar e defender em massa no garrafão, assim como sua constância e firmeza no jogo externo, principalmente na precisão de seus arremessadores, mas creio ser o mais importante nos reportarmos aos nossos óbices, pois será na correção dos mesmos que poderemos alcançar o patamar de lídimo concorrente a um bom posicionamento em um torneio mundial, mesmo que se autoconvidando a um preço elevado, fora os seguros nebebianos…

 

No entanto, ao considerarmos que agora temos na equipe os jogadores longamente reclamados pelos aficionados do grande jogo, principalmente seus grandes pivôs, mesmo não relacionando outros bons jogadores esquecidos na convocação, e mantendo outros que já não ostentam condições técnicas para lá se encontrarem, podemos avaliar o quanto de trabalho ainda deverá ser estabelecido e praticado, a fim de que a equipe, num todo, consiga chegar na Espanha com uma razoável margem de coletivismo, necessário e vital para os enfrentamentos que se deparará em escala crescente e sem volta, se desejar estabelecer uma continuidade até onde puder, ou tiver competência para ir…

 

E se fluidez tática é o nosso objetivo primal, reporto-me a uma entrevista que o jornalista Fabio Balassiano do Bala na Cesta fez comigo em 3/3/2010, por conta de minha ida para a direção da equipe do Saldanha da Gama no NBB2, onde justifico o sistema de jogo utilizado, com dupla armação e três pivôs móveis, respondendo, inclusive, a uma questão colocada sobre os atuais pivôs que defendem a seleção para esse mundial, deixando no ar uma idéia, agora bem real, do que poderia  ser adaptado, ou utilizado pela mesma, em se tratando de fluidez sistêmica, que sugiro ser vista e analisada através o video que apresentei na época, de um dos jogos daquela equipe, e o quanto poderia inspirar a seleção sobre o fator que tanto vem sendo discutido, o da fluidez ofensiva, conseguida através um sistema proprietário e até agora único, já que coercitivamente esquecido…

 

Nele, podemos aquilatar como o comportamento entrosado e de mútua ajuda de armadores, pode influenciar decisivamente no municiamento de pivôs em constante movimentação, ora abrindo, ora se infiltrando no âmago defensivo de seu adversário, complementando arremessos seguros, pois de curta distância, e uns poucos de longa, e sem limitar as ações vindas do perímetro externo (nesse jogo, contra Joinville, o armador Muñoz fez 28 pontos, sem deixar em nenhum momento de exercer sua função armadora…), e onde a característica de unidade se materializa na fluidez de um sistema bem treinado, assimilado, discutido e aceito por todos, indistintamente (e só foram 49 dias…), através jogadores de pouca projeção midiática, deixando no ar a seguinte pergunta – Como seria com os nominados e talentosos jogadores que aí estão vestindo nossa outrora gloriosa camisa, como?…

 

Colocada a questão, que tal responderem ao desafio que fiz no artigo 1000 desse humilde blog?…

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e terem acesso às legendas.

 

 

 

O COLETIVISMO CAPENGA…

Chego ao Maracanãzinho depois de 12 anos de ausência, cruzo na entrada com o Bial que me cumprimenta e menciona o mar de gente que nos lembrava os tempos antigos, lá mesmo, no atual “Templo do volei”, que um dia foi o do basquete…

Ficou bonito e confortável, ficando eu e meu filho prontos para o espetáculo prometido…

Que não aconteceu, e o pior, por pouco não terminava em derrota para uma desfalcada e muito nova equipe argentina, que se perdeu ironicamente pela ação intempestiva de seu mais veterano e graduado jogador, o Nocioni, que a poucos minutos do término do quarto final, propiciou seis lances livres seguidos do Leandro (converteu 5) motivados por duas técnicas suas, além da falta pessoal. Estabelecida a diferença crucial, bastou a equipe nacional administrar o ritmo para vencer o confronto, que…

Meus deuses, ainda vai custar muito para ocorrer um arremedo de coletivismo, principalmente por parte da turma que atua no perímetro externo, totalmente comprometida pelo individualismo (e sem a fundamentação exigida pelo mesmo), e equivocada na leitura e escolha dos arremessos mais precisos, quase sempre optando pelas bolinhas, que não caíram como desejavam (foram 3/18)…

Dentro do perímetro, perdemos a enorme e rara chance de fazer deslanchar efetiva e decisivamente os bons pivôs que temos, e inclusive preparar aqueles mais novos (como fizeram os hermanos) num confronto bastante intenso e duro, mesmo com a ausência do Scola, por dois e contundentes motivos. Um, pelo individualismo exacerbado do Larry, Leandro e Raul, tendo somente o Huertas como foco das poucas assistências dadas aos pivôs, vide as inúmeras vezes em que os mesmos ocupavam a armação bem fora de suas posições no interior do perímetro, para eles mesmos “armarem” situações de ataque. Por outro lado, a trinca de alas, Marcelo, Marcos e Alex, se esbaldou na chutação de fora, quando poderia, ao penetrar mais fundo, propiciar arremessos mais precisos e assistir os pivôs com mais frequência.

Mas para tanto, obrigatoriamente deveria haver uma movimentação de todos, assíncrona ou sincronicamente agindo, obrigando o permanente deslocamento dos defensores argentinos, o que propiciaria espaços mesmo na zona pretensamente congestionada do garrafão, e não alguns se situarem estaticamente como assistentes privilegiados ou corners players, muito em moda hoje em dia, para aqueles que se consideram especialistas nos longos arremessos, e que na realidade não o são, além de não dominarem o drible e as fintas em progressão, o que talvez explique suas opções em sempre se situarem bem lá fora. O pior, é termos jogadores que assim agem com mais de 2 metros, que poderiam ser valiosos nos rebotes ofensivos, além, é claro, de converterem preciosos 2 pontos de cada vez se assim os tentassem, pois de 2 em 2 poderiam esticar o placar, e não se perderem em 15 tentativas de suados ataques aventurando-se nas famigeradas bolinhas…

Somemos a tudo isso, as inúmeras perdas de curtos arremessos por parte, principalmente do Spliter, pelo fato de finalizar suas tentativas com erros de direcionamento motivados por sua falha empunhadura, fator que o diferencia de seu companheiro no Spurs, o Duncan, perfeitamente alinhado no domínio do eixo diametral da bola no momento final que a lança a cesta. O pior, é não vermos dentre os 14 membros do batalhão altamente especializado nas minúcias do grande jogo que envolve a seleção, um sequer que corrija tal deficiência, que aliás é de razoavelmente fácil solução…

E poderíamos ir muito mais além nessa análise, mas prefiro que aqueles poucos que prestigiam esse humilde blog, percorram com aguçado interesse as imagens que virão a seguir, as quais mostram muito do que ainda precisamos conquistar para regressarmos a elite do basquete internacional, começando com um melhor critério nas convocações, pois alguns que lá estão irão comprometer seriamente o desenvolvimento da equipe, exatamente pelo seu comprometimento com a mesmice endêmica que nos tem assaltado desde sempre, sustentada muito mais pelos seus nomes, do que pelo real dominio técnico, a começar pelos fundamentos do grande jogo…

Torço enormemente para estar enganado, mas desconfio que não…

Amém.

 

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e terem acesso às legendas.

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O ÁPICE DA CONVERGÊNCIA…

“Pôxa Paulo, o sul americano comendo solto e você nada, nadinha?

Olha amigo, com tanta “fera” comentando até minúcias que honestamente desconheço, que falta faço? E mesmo que tentasse me ombrear com a “especializada”, que mais poderia acrescentar, senão, talvez, uma ou outra colocação escrita, ou gráfica, com a minha proverbial ranzinzice de veterano que não aceita (e jamais aceitou) tanta mediocridade que afoga o grande jogo, injusta e renitentemente?

Mas velho, pelo menos uma pincelada, monocrômica até, de leve…

Tá bem, vamos lá, mas só uma pincelada…

Não vi os jogos contra a Argentina e a Venezuela (estava ajudando minha filha Andrea em seu IV Congresso Brasileiro de Dança Moderna, algo bem mais técnico e belo que as peladas institucionalizadas que imperam por aí…) , mas analisei os números, manjados, os de sempre, principalmente quanto a eterna hemorragia, jamais estancada das bolas de três, como numa afronta deliberada e profundamente estúpida, burra até…

Consegui assistir(?) o do Uruguai, que foi uma lástima, pois em absoluto percebi algo que se comparasse a uma equipe treinada, organizada, minimamente preparada para uma competição internacional, e com uma retumbante novidade, um sistema com dois pivôs e três armadores, numa clara, direta e incisiva, pois deliberada, opção pela convergência, pela priorização das bolinhas de três, que nessa partida consumou 18/25 de dois pontos e inacreditáveis 6/28 de três, e que irônicamente conseguiu vencer em duas esporádicas finalizações embaixo da cesta no minuto final da partida, numa tácita confirmação de ser esta a concepção tática de seu trei…,digo, estrategista…

Também foi tentado o sistema de dois armadores e três pivôs, assim como em toda a partida sempre estavam em quadra dois armadores, numa claríssima demonstração de “inovações” pretendidas, porém profundamente equivocadas, pois desenhar, ou pranchetar tais formações que exigem um profundíssimo conhecimento do “como” fazer uma equipe se comportar coletiva e harmonicamente dentro dessas concepções avançadas de jogo, e que são, com a mais absoluta certeza, desconhecidas por essa geração de estrategistas ligada xipófogamente ao sistema único. E quando afirmo não conhecerem o “como” fazer jogar, basta o simples fato de vermos o resultado dos especializados testes, treinos físicos e de força, além dos rachões de praxe, resultarem na bagunça, triste e lamentável, que temos visto acontecer em nossas seleções, para avaliarmos com isenção e muita certeza que, com tal liderança estaremos roubados para 2016, com ou sem os “detalhes” previamente inseridos nos espertos álibis premonitórios que já se desenham no horizonte…

Somemos a este sombrio cenário ao pavoroso ensaio que se desenrola nos mais sombrios ainda, bastidores do nosso tecnicamente indigitado basquetebol, sobre a efetivação de uma associação de técnicos, que segundo o técnico Lula Ferreira “existe, mas não funciona”, e que logo para mim, se não funciona, inexiste, e sendo que a mesma jamais foi prioridade para nenhum dos luminares que se apossaram do controle técnico do grande jogo, mas que se afigura como um politico instrumento, mais um, na busca do domínio completo da modalidade, na forma de um clubinho entre amigos comprometidos com o que aí está, sacramentado e cristalizado, quando deveria ser amplamente discutida em caráter nacional, ocupasse o tempo que fosse necessário para sua consecução, já que estrategicamente básica e fundamental. No entanto, vejo o velho e acalentado sonho, que tentei por duas vezes tornar realidade, começar a se transformar em mais um instrumento da mesmice endêmica em que foi transformado o basquetebol, em sua organização de base e em sua formulação técnico tática desde sempre.

Voltando ao jogo em si, e suas anárquicas e equivocadas “soluções” táticas, acompanhem as fotos que ora posto, como prova inconteste do muito que ainda temos de aprender sobre a grande arte de formar, treinar e fazer jogar uma verdadeira equipe, em toda a sua dimensão de coletivismo e produção individual, totalmente voltada ao bem comum, no qual estará inserida se orientada e comandada por quem realmente entende o que está fazendo, de verdade, de verdade mesmo, e não apoiado sob o manto do corporativismo vigente…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e ter acesso às legendas.

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OS CONSELHOS…

 

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Na semana passada a LNB organizou mais um encontro técnico com a turma que dirige o basquete brasileiro desde o banco, sempre os mesmos, com um ou outro candidato referendado por todos, e outros que, mesmo sem equipes continuam a dar as cartas, inclusive sendo eleitos para compor o conselho técnico da entidade, provando que o corporativismo segue impoluto e férreo, sem deixar qualquer brecha para opiniões, votos discordantes e dissidentes.

Mas Paulo, essa sua critica não se fundamenta no fato de, por mais uma vez, não ser convidado a participar, apesar de ter dirigido uma das equipes da liga? Não, pois em caso de lá estar participando criaria um contraponto isolado, órfão em apoio e consideração por parte da turma, afinal, fora o Marcel que, por obra e graça de um daqueles pequenos milagres que hora e meia acontecem, estará daqui para diante compondo o plantel de técnicos da mesma (espero que mantenha suas convicções técnico táticas ante a mesmice endêmica que enfrentará…), minha presença soaria à esquerda de tudo que preconizam para o grande jogo no nosso imenso e injusto país, numa resolução que prima pela mais absoluta vontade majoritária, aquela que não se permite enfrentar contraditórios (os milagres não contam…), por mais profícuos que possam ser, já que agregam sugestões e opiniões de fora de seu hermético sistema.

No entanto, algo me preocupou sobre maneira, o fato de ter sido colocado em evidência para discussões, a criação de uma associação de técnicos, velha aspiração presente nesse humilde blog, que sempre a defendeu desde que iniciou sua publicação dez anos atrás.

Me preocupou pelo fato de que uma associação deste porte e importância vital venha a ser constituída no seio da LNB, organizada pelos conselhos que a dominam, com as mesmas e carimbadas figuras desde sempre, quando deveria ser constituída de forma autônoma e independente, desligada técnica e administrativamente de federações, confederação e ligas, a fim de que pudesse se legitimar ao galgar etapas fundamentadas na confiabilidade e credibilidade de suas ações, créditos e políticas voltadas ao desenvolvimento do grande jogo, dissociada de grupos e instituições compromissadas com políticas próprias e muitas vezes inidentificáveis.

Num tempo atrás intuí, sugeri, planejei e participei da criação das duas primeiras associações nacionais de técnicos, a ANATEBA e a ABRASTEBA, assim como a primeira estadual, a ATBRJ, todas finitas, exatamente por estarem próximas a órgãos federativos e confederativos, numa ligação que as levou a extinção, por não concordarem com suas politicas vigentes.

Uma ação de caráter nacional tem de ser implementada no intuito de ser criada uma associação de técnicos. amplamente discutida, se possível em cada estado ou região do país, a fim de que a mesma represente a realidade do grande jogo entre nós, e não a fundação de um outro clubinho onde vigorará o que vemos acontecer e se repetir em nosso dia a dia, uma irretocável e exclusiva “ação entre amigos”, similar às rifas que povoam nosso destino esportivo.

Espero que prevaleça o bom senso, se é que ele ainda vigora ou ainda teime em existir…

Amém.

 Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

DO GIL (E QUE ASSINO EMBAIXO)…

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Do último artigo aqui publicado, retiro esse comentário do Gil Guadron para ser o artigo de hoje, e espero que, frente a atualidade e importância do mesmo, sirva de leitura no curso de nível III que a ENTB promove esta semana em São Paulo, pois reflete em toda sua extensão a problemática inserida no comportamento técnico tático de nossos técnicos de alto nível, e mesmo os candidatos a sê-los. Bom proveito…

 

  • Gil Guadron11.07.2014 (6 dias atrás)

  • Coach Geno Auriemma. Entrenador de UCONN campeon NCAA, y entrenador principal de la seleccion femenina USA , campeona mundial y oro Olimpico.

  • Gil Guadron , apuntes personales.

  • — Es usted el tipo de entrenador que enseña jugadas, o es usted el tipo de entrenador que enseña a su equipo a jugar basquetbol ?

  • Son dos cosas bien diferentes. A mi equipo le digo constentemente ” no estoy interesado en enseñarles nuevas jugadas . Estoy interesado en enseñarle a usted como jugar basquetbol “.

  • Piense en dos o tres equipos de sus liga . Cuando juega contra ellos , la extraordinaria defensa que aplican contra de su equipo no permite que sus sistema de ataque funcione .

  • Si se pregunta porque.. es porque su ataque es predecible !

  • Le aconsejo que si eso le sucede, es mejor que vaya pensando como hacer que sus jugadores juegen libremente, ajustandose , adaptandose a las circunsntancias del partido.

  • Algo en que pensar :

  • Cuando usted ve jugar a jovenes jugando en la cancha del barrio , observa la cantidad de puntos que anotan… hasta que ” alguien ” tristemente decide — enseñarles como deben de jugar —.

  • El ego de algunos entrenadores no permiten que los jugadores juegen como seres pensantes.

  • Tenemos en nuestra liga a un entrenador que si sus jugadoras no ejecutan diez pases antes de tirar… le da un ataque al Corazon . Otros que señalizan a sus jugadoras constentemente etc.

  • Me pregunto si verdaderamente se necesitan tal numero pases para ejecutar un buen tiro, o que que las jugadores no funcionan sin — el cerebro a la vera de la cancha para orientarlas .

  • Sera que desean que todos sepan que es un gran entrenador y puede hacer que sus jugadoras ejecutan las jugadas como si el fuera el director de la orquesta sinfonica ?.

  • En lo particular me opongo a ese libreto !!

  • Porque muchos jovenes son temerosos de jugar ? probablemente tiene que ver bastante con quien es el entrenador . pues si los jugadores no tienen temor de jugar, son los que tienen excentes entrenadores , quienes les dan la confianza de que simplemente juegen.

  • Los buenos entrenadores les dejan jugar , interrumpen al minimo para que — sientan el flujo del partido / o juego , que tomen decisions — , y despues les enseñan alguna cosa que los jugadores podrian ejecutar mejor.

  • Es importante que sus jugadores crean que puden intentar algo que su instinto les dice que es lo correcto y que frente a ello usted como entrenador no se enojara .

  • Creamelo si usted hace eso, cuando sus jugadores hayan jugado por usted por un par de años seran jugadores pensantes y muy dificil de jugar contra de ellos.

  • Me encanta jugar contra equipos que cada vez que ven algo diferente, tienen que chequiar primero con su entrenador antes de actuar.

  • En sus entrenos no tema si luce — un desorden organizado –, en donde solo usted sabe lo que esta pasando.

  • Los jugadores que toman la idea del juego libre, de actuar de acuerdo a las cirscunstancias son los jugadores que reaccionaran efectivamente cuando el partido esta complicado.

  • Es importante que usted cree, permita , produzca ese tipo de atmosfera en sus entrenos , pues produce jugadores analiticos, razonadores .

  • Acaso no le gusta jugar contra un equipo en donde el point guard dribla hasta el cabezal del area pintada … pasa la pelota a un ala, va a colocar una pantalla al lado alejado de la pelota… y usted, es decir su equipo no se lo permite !!

  • Le invito a que reflexione sobre lo anterior, y produzca jugadores pensantes…

Em Tempo – Creio que este artigo reflete bastante todo um posicionamento aqui descrito pedagógica e didaticamente desde que esse humilde blog foi criado 10 anos atrás, quando sempre contou com o apoio e magnifica colaboração do professor Gil Guadron desde Chicago, através artigos e comentários de grande valor.

Foto -Na foto, o Gil é o primeiro à esquerda, em Loyola, Chicago, com o técnico Jim Whitesell e um jovem treinador de El Salvador.(clique na foto para ampliá-la)

Amém.

 

A TRISTE REALIDADE…

 

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Conversando com meu filho pelo skype desde Dublin, ele me relata a manchete do Times local – “Alemães constroem escolas, hospitais e ainda fazem goals”-

Igualzinho ao que fazemos aqui, exceto os goals…
Tragédia, tsunami, fim dos tempos? Não, somente incúria, arrogância, impostura, corrupção, omissão, e acima de tudo, covardia e uso de um povo privado de educação, saúde, segurança e cultura, bens que se assegurados e desenvolvidos bloqueariam muito do que o faz sofrer em seu sacrificado dia a dia.
Numa competição esportiva de tal magnitude, não tivemos o básico, os jogadores, competentes técnicos, estratégia, sistemas de jogo, preparação e treinamento compatível ao seu patamar de grande vencedor de outras copas, mas sobraram os desperdícios, os desvios, os megálomanos projetos, a política rasteira, a mentira, a triste e dolorosa mentira…
Daqui a um pouco mais teremos uma Olimpíada, calcada no mesmo cenário, só que multiplicado por tantas modalidades que se defrontarão em nosso solo, financiadas por nossas parcas e suadas riquezas, desviadas de seus cidadãos para os bolsos de oportunistas e ladrões, onde o planejamento desportivo se perde e esvai pelos ralos da incompetência e criminosa apropriação de recursos negados aos seus jovens, em saúde, educação e cultura.
Sem dúvida faremos uma enorme e deslumbrante festa, para os outros, que aqui aportarão em busca das medalhas resultantes de suas políticas voltadas ao desporto como fator e vitrine de seu desenvolvimento, e não uma prova cabal de nossa ignorância e arraigada colonização, mantida por aqueles que nos vendem e aviltam desde sempre.
Também daqui a dois meses, compareceremos a um Mundial onde compramos uma vaga, eliminados que fomos vergonhosamente sem uma vitória sequer, dando continuidade a um projeto técnico que nos arrasou e humilhou de duas décadas para cá, sem vislumbre de que algo pudesse ou teria sido feito na formação de base, muito ao contrário, servindo-a de moeda de troca e compadrio político no preenchimento de currículos tão mais falsos e enganosos como todos aqueles que se locupletam com ela.
Duas classificações a mundiais foram recente e bisonhamente perdidas para os famigerados “detalhes”, figura mítica ligada ao fracasso que nos tem perseguido, fruto do corporativismo vigente entre aqueles que decidem técnica e taticamente o preparo de nossas seleções de base, e somente possível ante a inexistência de uma forte, presente e técnica associação de técnicos, de técnicos, e não provizionados profissionais de não sei o que, pois de basquetebol pouco ou nada sabem que extrapole de suas midiáticas e lamentáveis pranchetas…
Agora mesmo, o técnico para o sul americano menciona numa reportagem do Databasket de 5/7/14: “É muito bom ver que os movimentos das jogadas estão saíndo quase que naturalmente. É importante que os jogadores continuem lendo os diagramas com as jogadas para que elas sejam cada vez mais assimiladas. Gostei muito dos treinos e vamos continuar aprimorando na próxima semana”. Como vemos, “jogadas saindo quase naturalmente” tornam-se sinônimo de eficiência, mas que na realidade são de pleno conhecimento de todos os jogadores, selecionáveis ou não deste país, pertencentes a que divisão for, nos âmbitos municipais, estaduais e nacionais, e mais ainda, em ambos os sexos, já que presentes no sistema único conhecido e praticado por todas, onde chifres, punhos, camisas, ombro, pinquerrols, compõem um monocórdio repertório que se repete ad infinitum, mudando uma ou outra denominação para parecer diferente…
Tal afirmação vem provar o quanto de dependente terá de ficar a equipe aos cadarços manipuladores de fora para dentro da quadra, sistematicamente manobrados através o gestual teatralizado e as incursões pranchetadas, quando a mesma deveria se comportar responsavelmente pelo conhecimento e leitura do jogo, nos momentos em que as jogadas acontecem, e que nunca se repetem, como resultante de ações voltadas a criatividade e tomadas de decisão, tornando factível os sistemas adotados e baseados no pleno dominio dos fundamentos do jogo, sem os quais os mesmos e prancheta nenhuma neste mundo poderá exequibilizar.
Mas pera lá, fundamentos? Ora meu caro Paulo, o negócio é Academia, malhação, ou você está por fora?
Desculpem, mais sempre ‘me situo como técnico, professor, antiquado, bem sei…
Mas o impactante desta semana no mundo do grande jogo foi a declaração do técnico/presidente de uma equipe da LNB: “Nao conseguimos dinheiro para contratar um treinador. Sendo assim, o torcedor terá que aguentar o Rinaldo como técnico por mais uma temporada, no mínimo”…
No entanto sobrou dinheiro para três americanos, e quem sabe lanche e banho no hotel, em caso de uma derrota fora do esperado…
Finalmente, Uberlândia monta um time a imagem de seu supervisor, para depois contratar um técnico espanhol vindo do Paraguai para dirigí-lo, ou administrá-lo?
Amém.

AS PRIORIDADES…

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Uma seleção brasileira inicia sua preparação para o Sul Americano masculino, e a primeira imagem que temos da mesma é essa ai de cima, ou seja, puxando ferro, e põe ferro nisso pela quantidade de anilhas em um teste, agora imaginem quando for exercícios para valer…

O engraçado (ou trágico…) é que o jogador retratado foi o líder de rebotes do récem terminado NBB6, saltando mais do que qualquer um para conseguir a façanha, e agora, parece, que querem que o mesmo encoste seu umbigo no aro, algo risível e absolutamente impróprio em uma seleção dos melhores, ou quase isso…

Sou do tempo em que o inicio de um treinamento de seleções se baseava em técnica dos fundamentos individuais e coletivos, aprimorando-se fatores de ordem física em intervenções pontuais visando a manutenção da forma dos convocados, que claro, a obtinham em seus clubes, pois o tempo reduzido de treinamento não permitia perdas de tempo com algo que deveria ser obrigatório, mas que se transformou em uma “etapa” imposta por “métodos avançados” de preparação física através aqueles que aos poucos se situam como os verdadeiros (?) “fazedores” de atletas, quando na realidade precisaríamos de jogadores, simplesmente isso, jogadores…

Mas para tanto, torna-se imperioso que técnicos reassumam sua responsabilidade maior, a de liderar todo o processo formativo, dividido e parcialmente perdido para uma confraria de profissionais que vem impondo a inversão de prioridades técnicas e táticas por condicionamentos físicos, como base de uma equipe de competição, não só da elite, como na formação de base, situando-a como fator primordial da mesma…

Não por acaso o que assistimos nos dias de hoje, onde atletas disfarçam jogar basquete, correndo barbaramente, saltando no teto, impactando como rinocerontes, mas jogando muito pouco, pensando menos ainda, onde a presença da bola para alguns atrapalha mais do que ajuda, onde o conhecimento dos fundamentos é negligenciado, onde a leitura de jogo padece de cegueira coletiva, é que atestamos o quanto de equívocos tem punido o grande jogo entre nós, quando o físico antecede e supera a técnica e o bem jogar, sem falar na brutal carga e seus danosos esforços em articulações e tendões daqueles infelizes, que tem sido responsável pelo encurtamento na carreira de muitos deles, vide a galopante safra de lesões em nossos  cada vez mais jovens e promissores talentos…

Mas as seleções continuarão a ser balões de ensaio e experimentos na pseudo arte de forjar atletas, roubando um tempo precioso da arte maior da pratica intensa dos fundamentos, em todas as suas nuances individuais  e coletivas, e na introdução de sistemas de jogo objetivos e realmente inovadores, na valida tentativa de fugir da mesmice endêmica que professamos desde sempre, quando da coercitiva implantação do sistema único em nossa forma de jogar.

Por tudo isso é que não conoto seriedade nessa forma de trabalhar, desacreditando sua real validade ante a força, aquela eficiente e desejada força, fruto dos duros exercícios dos fundamentos individuais e coletivos, única forma de validar e fazer acontecer os sistemas de jogo escolhidos para compor o arsenal de uma equipe, e sem os quais tornaremos repetitivos os pequenos desastres que nos tem assaltado, até o momento em que tornemos a priorizar as técnicas do grande jogo e os técnicos de verdade, aqueles que assumem sua liderança, e não se submetem aos caprichos dos “fazedores” de atletas. aliás, muito mal feitos e ao contrario do que afiançam, frágeis e quebradiços…

Amém

Foto – Divulgação CBB.

 

COLORADO SPRINGS…

 

 

“Como uma equipe pode sair de dois tempos técnicos seguidos e perder a bola numa reposição de fundo de quadra, não consigo entender”

abandonados

Esse o comentário do narrador da Fiba Americas após a perda de bola da seleção brasileira, faltando 6seg e estando dois pontos atrás no marcador, após o acumulo de dois tempos seguidos pedidos pelos técnicos em confronto, selando a terceiro derrota seguida na fase de classificação (72 x 69 para a Republica Dominicana), a perda de uma das quatro vagas ao Mundial sub19 de 2015, e destinando a seleção a disputa das classificações de 5o lugar em diante, como vem sendo de praxe…

A foto acima foi reproduzida do artigo Abandonados, publicado pelo Henrique Lima em seu blog O Jogo Não Para, retratando o primeiro dos dois tempos seguidos ao faltarem 19seg para o fim da partida, cujo relato vale a pena ser lido.

É mais do que certa e esperada a enxurrada de desculpas vindas da comissão técnica, dos supervisores, administradores, diretores, principalmente quanto a falta de tempo para um treinamento mais aprimorado, mais jogos preparatórios (claro que internacionais…), etc, etc. Mas, em absoluto tocarão no aspecto puramente formativo dos jovens jogadores, que mais do que nunca necessitavam aprender, praticar e fixar os fundamentos do jogo, desenvolverem-se através os drills, aprimorando os fundamentos coletivos de ataque e defesa, e serem apresentados a sistemas que ressaltassem suas habilidades, sua criatividade, sua noção coletivista e participativa, numa evolução ascendente a correta leitura do grande jogo, e não acorrentados e manietados a um sistema controlado de fora para dentro da quadra, e presos a delirantes rabiscos em pranchetas que nada dizem ou acrescentam técnica e taticamente, a não ser se prestarem a refletir quimeras e empulhações de seus proprietários, que simplesmente sumiriam na ausência das mesmas, já que destituidos do maior dos dons de um verdadeiro professor, técnico e líder, a credibilidade de suas ações pedagógicas, didáticas e emocionais, mas garantidos pelo apadrinhamento e pelo corporativismo a que pertencem desde sempre.

Creio que é chegada a hora de reconhecermos o fracasso dessa política protecionista e covarde para com o basquete brasileiro, entendendo-se de uma vez por todas que o mais importante não é o tempo estendido de treinamento o fator aprimorador de um grupo de jovens, e sim a qualidade do que lhes é passado e ensinado, por pessoal que realmente entenda e domine profundamente a arte do treinamento, lapidada por muitos anos de estudo, pesquisa, trabalho estafante e integral, aspectos que jamais cursos de nível III com quatro dias de duração conseguirão preencher, sequer arranhar, pois a experiência válida é a vivida, sofrida, abnegada e evolutiva…

Se porventura a entidade máxima do basquete no país, e outras ligadas ao desporto em geral quiserem dar o salto que nos falta para alcançarmos competitividade para 2020 (2016 já é passado…), deveriam começar reunindo em torno de uma grande mesa, em cada região desse imenso e injusto país, aqueles reais, competentes e lutadores especialistas na formação de base, para num imenso brain storming alcançarem e formularem objetivos factíveis dentro de nossa realidade econômica e social, para que no âmago das escolas, clubes, associações e federações brotasse uma nova realidade fundamentada em atividades abertas a todos os jovens, num processo natural de massificação, envolto em princípios e conceitos realistas, democráticos e liderados por cabeças pensantes e atuantes, com longos e longos anos de estrada, que balizariam os novos professores e técnicos em suas funções, e não o que assistimos nestes tristes tempos, quando estes lideram projetos inconsistentes e equivocados, protegidos pelo Q.I. do favorecimento político e mafioso.

Então, perante a tantos fracassos escorchantes e humilhantes, que não venham culpar os “detalhes”, pois muito mais culpados do que  aqueles que escolhem e indicam, o são os que aceitam inconsequente e interesseiramente, dirigir equipes nacionais sem o preparo necessário para fazê-lo, o que os tornam responsáveis pelos resultados, sem desculpas de qualquer espécie.

Mantenho meu posicionamento de muitas décadas, o de que sempre tivemos bons e maus dirigentes, mas que não formam e treinam jovens no grande jogo, mas que também tivemos bons e ótimos formadores e técnicos, hoje esquecidos e afastados por uma geração formada em escolas de educação física, onde o ensino desportivo representa 1/5 de currículo, e 4/5 voltados à formação de paramédicos de terceira categoria, ah, e personal trainings, numa inversão de valores e competências que nos tem levado ladeira abaixo aqui e lá fora, capitaneados por conselhos regionais e federal, braços garantidores da indústria do corpo que manipulam 25 bilhões anuais, e aos quais não interessa a educação física e os desportos na escola, onde uma clientela adolescente encontraria sua educação física e mental, privando-a da mesma, o que se torna impensável para holdings que já investem nas classes C e D da população através academias a 49 reais mensais.

O grande jogo necessita se reestruturar, buscando nos mais capazes as matrizes de seu soerguimento, evitando as aventuras vegonhosas e constrangedoras, como a que assistimos agora em Colorado Springs.

Amém.