UM ARTIGO IRRETOCÁVEL…

Acabo de ler um artigo exemplar do Henrique Lima publicado no DraftBrasil em 13/9/10, com o sugestivo título –30 anos sem culhão? – numa clara referência às recentes declarações do agora entronizado no Hall da Fama da FIBA Oscar Schimidt, sobre a participação brasileira nesse e em anteriores mundiais e olimpíadas.

O Henrique disseca toda a trajetória das seleções brasileiras masculinas nos mundiais e olimpíadas a partir da conquista do campeonato mundial de 1963 no Rio de Janeiro, com argumentações e fatos irretocáveis, que põe em cheque as extemporâneas afirmações do grande jogador.

Não comentarei o artigo, que como afirmei, é irretocável, e aconselho fortemente a todos aqueles que conhecem, e aqueles que pensam conhecer as verdades do nosso basquete, a lê-lo com atenção e acima de tudo, isenção.

Mas para não perder o jeito, a mania de sempre acrescentar um toque a mais de informação, e com as devidas desculpas ao Henrique pela intromissão, sugeriria um sub titulo agregado ao seu magnífico artigo, também escrito após declarações do mesmo Oscar – Detalhes

Acredito que ambos reflitam e forcem reflexões sobre as “verdades” do grande jogo entre nós.

Parabéns Henrique, jornalismo de primeira.

Amém.

Adendo – Ao clicar no artigo- 30 anos sem culhão- espere pacientemente pela veiculação do mesmo, pelo fato do blog original ter saído do ar. PM.

MUNDIAL- O DÉCIMO QUARTO DIA: A PROVA DEFINITIVA…

Numa entrevista reportada pelo jornalista Murilo Garavello, no site UOL Esporte de 12/9/2010, em Instambul, o técnico campeão mundial Mike Krzyzewski, o coach K, afirmou:

“Me tornei um técnico muito melhor depois que comecei a aprender com grandes técnicos que há no basquete internacional. Com os grandes jogadores, com as grandes equipes. O mundo é grande demais, há muitas pessoas boas”.

E para este campeonato mundial, que acabou de vencer, o que realmente o coach K aprendeu, a fim de levar sua jovem equipe ao lugar mais alto do pódio?

Antes de aprender algo, descobriu admirado que existia vida basquetebolistica além das fronteiras de seu país, e que a diferença das regras alteravam em muito as concepções do jogo, o que explicava a perda da hegemonia americana no cenário mundial, sem nunca ter perdido sua grandeza no cenário interno de sua grande nação.

Também descobriu que a modalidade de jogo praticada na NBA em nada se parecia com a praticada na FIBA, ou seja, pelo restante do mundo, e que tal diferenciação colocava em perda acentuada o prestigio e a liderança americana no jogo que inventaram e difundiram mundo afora.

Foi sensível ao fato de que jogadores estelares da NBA, face a extenuante rotina de seus campeonatos e contratos milionários, que a maioria deles se sentiam na obrigatoriedade de priorizar, estava limitando em muito a constituição de equipes de qualidade para os enfrentamentos internacionais, em mundiais, pré olímpicos e olimpíadas, com um mínimo de treinamento e preparação para aquelas competições, e que urgia um planejamento razoável a fim de que o país pudesse ser representado com uma boa margem de sucesso nas mesmas.

O comprometimento dos jogadores à causa da representatividade condigna aos princípios qualitativos da tradição do basquete americano, passou a ser a senha de todo o trabalho, que se iniciou na olimpíada de Pequim, e se viu confirmado no mundial ontem encerrado, e que terá continuidade para a olimpíada de Londres.

No entanto, algo ocorreu ao coach K que consubstanciou todo o seu trabalho, principalmente para este mundial, a ausência dos grandes astros, principalmente os grandes pivôs. E neste estágio de seu conhecimento sobre o basquete internacional, que confessa ter descoberto através os grandes técnicos e equipes de outros países, principalmente os europeus, é que formulou uma estratégia técnico tática antítese do que desde sempre floresceu em seu próprio país, e sendo implantado no resto do mundo, o sistema único de jogo, com suas normas técnicas e sua setorização e especialização de jogadores de 1 a 5.

Este sistema, nascido e divulgado pela NBA, através sua gigantesca influência universal, dada às carências da equipe em seu comando nas posições onde as grandes equipes mundiais eram fortíssimas, principalmente no jogo armado, cadenciado e coletivo, fez com que mudasse radicalmente a forma de jogar e atuar taticamente de sua equipe.

E a mudança foi radical no sentido formal da constituição de uma equipe americana, principalmente universitária, que é o segmento a que pertence dirigindo a longos anos a Duke University. Simplesmente aboliu os sistemas, as jogadas e as posições de 1 a 5. Convocou jogadores que em suas equipes profissionais eram setorizados nas posições 1, 2 e alguns 3 e 4, e montou uma estrutura em campo formada por jogadores armando fora do perímetro, e outros transitando em velocidade por dentro do mesmo, na maioria das vezes iniciando as ações ofensivas com todos abertos, obrigando os pivôs adversários a tentar acompanhá-los em velocidade e longos deslocamentos afastados da cesta, provocando um verdadeiro caos nos sistemas defensivos, desmontando-os pela imparável força de seus fundamentos irretocáveis, e dos arremessos mais irretocáveis ainda de seu grande jogador, Kevin Durant.

Provou o coach K durante todo o campeonato que, uma equipe proprietária de sólidos fundamentos, ágil, rápida e firmemente atuante na defesa, supera outra mais bem armada e cadenciada, mas sem o domínio completo dos fundamentos do jogo.

A única arma com alguma possibilidade de equilibrar o jogo contra uma equipe com tais características, é a cadenciação proposital e sistemática, tentando não permitir que a velocidade americana se imponha, fazendo valer todo o seu arsenal de fundamentos regiamente praticados.  E somente uma equipe o conseguiu em parte, quase vencendo-a, a brasileira, que perdeu o jogo exatamente por não ter a mesma base de fundamentos da mesma, principalmente nos momentos finais da partida.

E ao final da competição, algumas questões se sobrepõem à realidade dos fatos desencadeados pelo grande técnico.

Primeiro, o que poderemos esperar de mudanças técnico táticas depois de assistirmos a pulverização de sistemas complexos, codificados e comandados de fora da quadra por técnicos coercitivos, pela simplificação e sintetização das formas de jogar, através a simplória proposta de jogar única e exclusivamente ao amparo dos fundamentos de defesa e ataque em seu estado puro?

Segundo, ao constatarmos de que a grande farsa setorial e especializada de jogadores, como compartimentos estanques dentro das equipes, originou um basquete voltado à mecanização, quase uma coreografia, que encontra e reflete nas pranchetas sua máxima expressão, frente à simplicidade sofisticada de uma equipe mestra e maestra na pratica e utilização letal dos fundamentos do grande jogo, praticamente revertendo às origens do mesmo?

Terceiro, como reformular conceitos arraigados a princípios técnico táticos que se sobrepõem ao ensino primal dos fundamentos do jogo na base de nossa formação, após exemplo tão significativo dado e apresentado por uma equipe campeã mundial?

Finalmente, como conciliar tão necessárias mudanças no ensino do grande jogo, que são partes integrantes de conceitos didáticos pedagógicos de alguns dos grandes mestres existentes no país, esquecidos e minimizados pela CBB e pela novel ENTB/CBB, trocados pelos que professam  padronizações e formatações, firmemente alinhados ao sistema único, agora desmontado e desmistificado pela pequena revolução desencadeada pelo coach K e sua equipe mestra nos fundamentos e de livre criação, campeã mundial?

São todas questões que teremos de equacionar com planejamento, dedicação e extremo bom senso, caso contrário corremos o sério risco de, por mais uma vez, perdermos o bonde da história, com uma diferença, a de que desta vez será definitivo, tendo como um triste começo a palidez cadavérica do  outrora sagrado uniforme verde e amarelo de nossas seleções.

Amém.

MUNDIAL-O QUINTO DIA: AS FALHAS DEFENSIVAS…

Observem com atenção e frieza as três fotos acima, que muito além de se constituírem matéria jornalística (são fotos oficiais da FIBA), demonstram com exatidão os reais motivos da derrota frente aos eslovenos, pois refletem nossas maiores falhas defensivas.

Dentro do sistema único de jogo utilizado por 23 das 24 equipes neste mundial, um fator defensivo é comum a todos os concorrentes, a opção em defender uma ação interior entre uma anteposição simples, ou uma dobra, pois nada supostamente mais fere um sistema defensivo em seu orgulho, do que ser rompido por arremessos de curta distância, na forma de uma bandeja, ou um gancho curto. Parece que a moral de uma equipe se torna discutível se for superada seguidamente em arremessos curtos, daí o esforço em evitá-los com anteposições duplas, e até triplas.

No entanto, discutível ou não essa moral, a verdade crua é que cada finalização desta somam somente 2 pontos, e não 3, quando o cercado atacante inteligentemente abre um passe para fora do perímetro para que um companheiro seu arremate de 3 pontos, livre e equilibradamente.

Se ao abdicar de uma imponderável dobra, uma equipe opta em contestar um arremesso de 3 pontos, estará cedendo ao atacante somente a possibilidade, que pode ser obstada, de conseguir 2 pontos, os quais poderão ser compensados mais adiante por conclusões do mesmo valor, já que mais precisas pela proximidade com a cesta.

Mas não é, quase sempre, o que vemos em nossa equipe, que ao se preocupar em evitar os arremessos curtos, deixa em completa liberdade atacantes de grande precisão fora do perímetro, que de 3 em 3 pontos se distanciam firmemente no placar, tornando as ações reativas difíceis e na maioria das vezes, descontrolada.

Somente um sistema defensivo baseado na flutuação lateralizada poderia suprir tal deficiência, que é uma variação da defesa linha da bola, pouco ou nada utilizada por nossa equipe.

E foi esse o panorama defensivo da partida, principalmente no segundo quarto, pródigo, juntamente ao último quarto, em arremessos de 3 pontos, resultantes atraentes das sucessivas dobras que nossa equipe teimosamente executava, pois em nenhum momento da partida nos antepomos aos longos e precisos arremessos eslovenos, avalizando decisivamente nossa real incapacidade de bloqueá-los eficientemente.

A similitude ofensiva de ambas as equipes, gerou algumas situações dignas de analise, principalmente quanto à nossa armação, que entregue inicialmente ao Huertas, prosperou até o momento que o bom jogador começou a receber dobras defensivas bastante enérgicas, chegando a perder a bola em duas delas, que em momento algum foram punidas com faltas, o que o tornou irritadiço, e por conseguinte, muito menos eficiente e algo desconcentrado pelo descontrole emocional. Seu substituto, Nezinho, apesar de manter um ritmo razoável no ataque, falhou muito nas anteposições dos arremessos de três da equipe eslovena, comprometendo bastante sua eficiência.

Falhamos bastante e estrategicamente no ataque, ao optarmos pelos arremessos longos, em vez de insistirmos no jogo interior, ação esta bem utilizada no quarto inicial, quando provocamos importantes faltas pessoais nos altos pivôs eslovenos.

Mas nada comparável ao terceiro quarto, quando paralisamos o ataque esloveno, incapacitado por uma defesa por zona clássica, não por não saberem atacá-la, mais sim pela brusca quebra do ritmo ofensivo que vinham exercendo nos dois quartos iniciais.

E neste precioso momento da partida, que não soubemos ter paciência de equilibrarmos o placar com cestas de 2 em 2, e não através tentativas imprecisas de 3, somente conquistadas no último quarto por um Marcelo Machado inspirado. Mas ai não tivemos o tempo a nosso favor, e bem mais, o bom senso técnico tático totalmente comprometido por uma formação de equipe falha nas convocações, principalmente no concernente aos armadores.

Logo mais, contra a Croácia, para vencermos precisaremos otimizar três pontos: – Jogarmos intensamente o jogo interno, visando cestas mais precisas, e provocando faltas dos defensores.

– Evitarmos ao máximo as dobras, a fim de termos tempo e espaço para as contestações aos arremessos longos dos croatas.

– Selecionarmos energicamente os arremessos e os arremessadores de longa distância, reservando àqueles que realmente o dominam, a incumbência de executá-los, e somente eles.

Enfim, nos situamos numa encruzilhada em que velhos erros devem ser minorados ao máximo, sob pena de voltarmos bem antes do tempo, e que na próxima competição saibamos convocar e organizar uma equipe à parte de interesses e jogadas políticas, pois o preço a ser pago é sempre muito alto e irreversível.

Amém.

MUNDIAL-O TERCEIRO DIA:A ESTRATÉGIA…

No Mundial da Espanha em 1986, a Argentina venceu os Estados Unidos na segunda fase do campeonato por 74 x 70. Os americanos, que foram os campeões (Tyrone Bogues, de 1,59m era o armador, lembram-se?), formavam uma equipe extremamente rápida, e com excelentes jogadores universitários, alguns deles seguindo carreira na NBA, como David Robinson, Sam Elliot, e  Bogues, entre outros.

Lembro este confronto por um detalhe especialíssimo, a quebra da velocidade americana, pelo jogo altamente cadenciado que os argentinos imprimiram para vencê-los, em tudo semelhante ao que a seleção brasileira realizou hoje em quadra, quase vencendo a partida, e por um placar semelhante, 70 x 68, e mais, sob o comando de um técnico argentino, que bem deve ter lembrado daquele jogo.

No artigo de ontem, mencionei-(…) No terceiro quarto do jogo de hoje contra os eslovenos, quando estes começaram a impedir os arremessos de três americanos, mesmo defendendo por zona, vimos quão indecisos e ineficientes se tornavam, exatamente por ainda estarem vinculados a resquícios individualistas advindos da realidade profissional em que militam(…), e que foi a estratégia do Magnano, não num terceiro quarto, mas durante todo o desenrolar da partida, freando o ímpeto americano, obrigando-os ao jogo de meia quadra, onde seu atual modo de jogar, fora dos padrões NBA, ainda não se consolidou como um sistema confiável, apesar de inovador para os padrões ortodoxos que seguem.

A estratégia funcionou no plano coletivo, lastreada por uma potente e mutável defesa, ora individual, ora zona, dentro de um ritmo lento de jogo, onde somente um fator destoou decisivamente, os erros de fundamentos, principalmente passes e dribles, além da ainda teimosa insistência de arremessos de três em horas e momentos inoportunos, dando aos americanos as oportunidades de contra atacarem com a eficiência que os levaram à vitoria. É fundamental que lembremos que nos 2min finais do quarto decisivo, tentamos quatro vezes seguidas os arremessos de três pontos, e a diferença era de dois pontos a favor dos americanos, num momento que bastariam dois arremessos de dois pontos para vencermos. Falta de experiência e vivência? Não, falta de fundamentos, que se avolumou de tal ordem que o Magnano simplesmente ignorou os armadores Nezinho e Raul, preferindo eleger o Leandro para a posição, na ausência para descanso do Huertas.

Então, para que manter os dois na seleção, quando deveria ter levado um outro bom armador, que sem dúvidas temos no país, e mais um bom pivô, que muita falta nos tem feito pelas lesões dos pivôs selecionados?

Perdemos uma excelente oportunidade de vencermos uma partida importantíssima para a classificação, visando adversários menos qualificados na etapa seguinte, fator que não se deve subestimar num torneio de tal envergadura.

Nas duas próximas partidas, contra a Eslovênia e a Croácia, sabedores que somos do competente e disciplinado modo de atuar destas equipes, constituídas de jogadores muito altos e técnicos, manteremos o modelo de jogo hoje apresentado? Ou, simplesmente voltaremos à artilharia de três, repetindo erros de passes e dribles, todos motivados pela nossa falha endêmica nos fundamentos?

Sem dúvida nossos jogadores são talentosos, e quando bem dirigidos apresentam boas performances( apesar do sistema único…), que estariam em um outro patamar se deixassem a arrogante evidência de se sentirem plenamente preparados, quando na realidade deveriam voltar um pouco no tempo e tornarem a se exercitar nos fundamentos, com afinco e sincera vontade de aprender e melhorar. Mas para isso terão de ser incentivados e cobrados a fazê-lo, sem distinções de qualquer origem, e por quem tem competência e conhecimentos para ensiná-los. É sem duvida alguma, o que nos falta para elevarmos nosso prestigio e respeito dentro do cenário do basquetebol mundial, além de buscarmos novas formas técnico táticas de jogar, mais de acordo com nossas capacitações.

Torçamos para que o Magnano encontre o ponto ótimo da equipe, levando-a aos bons resultados, e que para o futuro exerça sua prerrogativa de selecionador, não admitindo, em hipótese alguma indicações e convocações equivocadas, como algumas nesta seleção, agora tão escancaradas ao vivo e à cores. Desejo, sinceramente, sucesso no seu trabalho.

Quanto ao Coach K, se arrisca, mesmo inovando( o que é muito bom para o basquete) e sendo um senhor técnico, a cair do…anel( que na realidade, são dois…)

Amém.

VAMO LÁ!…

Sábado agora começa a festa na Turquia, de onde emergirá o novo campeão mundial. Favoritos? Alguns bons candidatos, mas nenhum absoluto. O padrão único de jogo, modelo mais do que testado NBA, imperará de forma quase absoluta, com uma única e irônica exceção, e logo quem, os Estados Unidos.

Sim senhor, enquanto o resto do mundo se digladiará com as mesmíssimas armas ofensivas, como que adquiridas no imenso super mercado  da NBA, onde os posicionamentos de 1 a 5 são referenciados e comparados pela mídia mundial, num prét a porter globalizado, a seleção do país que implantou esse modelo cegamente seguido e copiado pelos demais participantes da competição, jogará de forma antagônica ao que sempre pregou, e por conta desta mudança radical, se colocará como seriíssima candidata ao titulo maior.

Coach K, utilizando dois armadores puros, e mais dois para o revezamento, segue o posicionamento clássico do basquetebol universitário americano, de situar em quadra sempre dois armadores, assim como dois alas e um pivô dominante. Mas eis que o grande técnico se  priva exatamente dos grandes pivôs, e resolve escalar e convocar mais alas, passando a atuar com dois armadores e três alas-pivôs ágeis e de grande velocidade, contrastando e confundindo seus adversários com tamanha ousadia. E o mais impactante nesta formação, é o fato inconteste de que seus adversários terão de escalar um terceiro pivô para fazer frente aos três americanos se movimentando celeremente no perímetro interno, exatamente nas funções de um pivô clássico, só que com mobilidade continua e veloz x 3!

Vencerá o campeonato jogando dessa forma? Não ouso afirmar que sim, mas que dará uma trabalheira insana às defesas adversárias, ah, isto sim, dará, e muita. Se somar a esta característica ofensiva uma defesa sólida e agressiva, ai sim, vencerá com certeza. Ou seja, mantendo o conceito imutável de que uma ofensiva muito bem estruturada só será factível sob o manto de uma mais sólida ainda defesa, não terei dúvidas em conceder aos americanos a posição de favoritos ao titulo.

Quanto à equipe brasileira, somente um grande e decisivo reparo, todo voltado à nossa incorrigível tendência de nos deixar levar por nomes, lobies e donos de posições, quando deveríamos nos interessar por ações concretas na quadra, nos treinamentos, não de algumas equipes, mas sim de todas elas, de onde deveriam emergir os convocados para uma seleção nacional, por mérito e competência, e não por marketing e auto promoções. O contrario destas simples medidas pode ser bem medido pelos percalços de diversas origens e formas que sempre nos assaltam quando da formação de nossas equipes nacionais. No entanto, os fatores políticos desportivos teimam em retardar tão necessárias conquistas, a da independência e justa convocação dos melhores a qualquer momento, assim como os que os dirigirão e orientarão.

Agora, o mais engraçado dessas histórias e tendências técnico táticas aqui ressaltadas, foi o simples fato de que a solução americana a um problema de ausência de grandes pivôs, foi desenvolvida, provada e comprovada por uma das equipes da LNB durante o NBB2, o Saldanha da Gama, que no returno da fase classificatória mudou toda uma imposição coletiva na forma de jogar o grande jogo, apresentando exatamente o conceito da dupla armação e três pivôs móveis com bastante sucesso, que claro, ficará convenientemente distante do NBB3 com a opção do CECRE (ex-Saldanha) em se fundir numa parceria com a Metodista São Bernardo de São Paulo, dispensando de uma só tacada toda a equipe e seu técnico, abraçando altaneira a solução majoritária do sistema único de jogo imposta pelo parceiro paulista, que em cinco rodadas de seu campeonato regional só venceu uma partida, até agora…

Mas para que fique bem marcada sua breve e impactante presença no NBB2, com suas propostas inovadoras e corajosas, ai estão os links dos jogos aqui postados anteriormente, como provas irrefutáveis do quanto somos também capazes de estudar, pesquisar, preparar e treinar boas equipes no país, sem a necessidade de importarmos técnicos que aqui chegam a peso de ouro sobraçando o velho e indefectível sistema único de jogo. Se ainda fosse o Coach K com sua corajosa revolução, vá lá, mas 6 por meia dúzia? Quem viver verá, infelizmente.

Amém.

1-      Saldanha x Brasília

2-      Saldanha x CETAF

3-      Joinville x Saldanha

O MEU AMIGO GIL…

O meu amigo Gil, técnico em Chicago, me enviou esse artigo na data de seus 63 anos, como o melhor presente que recebeu, não agora, mas em quase toda a sua vida de treinador. Divido-o com todos vocês, jovens técnicos de meu país, sugerindo ser este um dos temas a ser estudado, com afinco, na ENTB/CBB.

Gil Guadron, Wooden su influencia

Parabéns pelos seus 63 anos de maravilhosa vida.

Amém.

PS-Na foto, o Gil é o primeiro à esquerda, em Loyola, Chicago, com o técnico Jim Whitesell e um jovem treinador de El Salvador.(clique na foto para ampliá-la)
PS2- Clicar duas vezes no titulo do artigo.

ESTRANHA DUALIDADE…


Estranha dualidade a que senti ao assistir a partida decisiva entre Brasil e Estados Unidos na Sub 18, pelo site do Fiba Américas. Se por um lado a bela surpresa de ver jovens talentosos enfrentarem os donos da casa de igual para igual, e até se impondo em diversas fases do jogo, numa prova indiscutível do enorme talento que sempre ostentamos pelas quadras do mundo, pelo outro, a tristeza contrastante à euforia que se fez e se faz presente nos comentários da mídia e dos torcedores em geral, no que classificam “do vice que vale ouro”, “da derrota heróica”, numa demonstração do quanto uma frustração de longa data tenta se redimir ao vencermos os rivais do sul, e perdermos a final para os rivais do norte, omitindo a grande ( até agora…) verdade de que poderíamos ter vencido, e por boa margem, se…
Se não caíssemos na armadilha americana, tradicionalmente fundamentada em ótimos defensores, quando ao sentirem que não poderiam enfrentar e derrotar um jogador diferenciado como o Lucas, cestinha até o início do terceiro quarto ( faria mais dois pontos até o final) com 20 pontos e 12 rebotes, resolveram evitar que a bola chegasse a ele em alta frequência, optando na dobra defensiva e sistemática em cima do armador Raul, antenados que estavam na liberdade que o mesmo ostentava em quadra centralizando o jogo em si mesmo, numa demonstração de alta técnica individual, que naquela situação de decisão de um titulo, deveria ter sido posta a serviço, integralmente, ao fator de desequilíbrio do jogo, o Lucas.
Se do banco tivesse vindo a ordem determinante de que, dada a supremacia do Lucas por sobre a defesa americana, e a incapacidade da mesma em pará-lo, que os esforços da equipe, principalmente nos 6 minutos finais, quando liderávamos o placar por 10 pontos, fosse centrado no mesmo, e não na exibição de alta técnica do Raul( excelente jogador, mas que precisa aprender a ler melhor o jogo), que apesar da mesma perdeu duas jogadas ao ser dobrado, num momento de definição do jogo.
Se naqueles minutos finais não optássemos pelos arremessos de 3, para tirarmos uma diferença de 4 pontos, perfeitamente alcançável através simplórios arremessos de 2, como fizeram os americanos, e de preferência bem perto da cesta, lugar cativo do Lucas.
Se o técnico ( que poderá vir a ser bom com mais tempo e experiência) não tivesse se comportado naqueles momentos finais, mais como um torcedor ao lado da quadra, quando o recolhimento e a observação arguta o levaria à atitude óbvia de centrar o jogo no único jogador que realmente fez os americanos temerem o pior, daí terem tomado a atitude descrita acima.
Se tivéssemos escalado mais um armador , no lugar de um dos alas, a fim de que o poder municiante ao grande pivô ficasse garantido em todos os quadrantes do perímetro externo, e não dependente das penetrações seqüenciais e fortemente bloqueadas do nosso único armador, e de temerários arremessos de 3, como fizeram os americanos quando atacavam.
Se, ao serem tomadas tão primárias decisões, estaríamos hoje ostentando um título de verdade, e não um de “campeão que não foi”, onde até desculpas de “roubo e garfadas de arbitragem” tentam disfarçar nossas deficiências técnico táticas, quando ainda estamos presos e agrilhoados a um modo absurdo de jogar, tornando-nos presas fáceis de técnicos que dirigem equipes frutos de um trabalho de base sério e diversificado, e fundamentalmente sólido.
Sem dúvida esses jovens que lá estiveram são bons, alguns muito bons, mas ainda bastante afastados da realidade para 2016, se, não dermos a todos eles um embasamento realmente sólido, através fundamentos do jogo e muito, muito trabalho, pois talento dentro da quadra têm de sobra, faltando ainda evoluirmos bastante do lado de fora da mesma, mas nada que uma boa escola de treinadores pudesse suprir até 2016, o que não prevejo com essa que está nascendo de trás para frente.
Que, apesar de todos nós ficarmos orgulhosos pela luta e pela coragem da rapaziada ( não são mais meninos…), fica bem claro que, dentro das exigências que compõe uma final de campeonato daquela importância, jogado na casa do adversário mais forte e tradicionalmente vencedor, fomos nós que perdemos, e não eles que venceram, pelos nossos erros crônicos e a eterna, cansativa e já desgastada realidade de teimarmos na negativa de nós mesmos, resgatando o que fomos num passado não tão distante assim, bastando que fujamos urgentemente do pastiche de um basquete na oposição de nossas necessidades, que sempre primou pelo inusitado e pela criatividade latente e pulsante no âmago de nossos jovens.
Que nossos técnicos evoluam muito mais centrados nessas valências diversificadas, e não na teimosia colonizada de um basquete repetitivo, monocórdio, previsível e que privilegia as estelares individualidades , quando as mesmas teriam de beneficiar o grupo, a equipe como um todo.
Mas, quem sabe, um dia chegaremos lá, torço por isso.
Amém.

AS SUB’S E OS FUNDAMENTOS…

Terminada a temporada para nós, dois aspectos me vêm à mente como os mais importantes que enfrentamos. Primeiro, o grande desafio de encontrar uma equipe desmotivada e entregue às suas limitações técnico táticas, frutos de uma preparação equivocada, já que centrada num sistema único empregado por todas as equipes, como um padrão a ser seguido obrigatoriamente, mas sem contar com jogadores mais qualificados que as demais, naquelas posições chaves do tal sistema, conhecidas e estratificadamente determinadas como posições 1, 2, 3, 4 e 5, que num raciocínio lógico nos leva a conclusão de que jogadores mais especializados naquelas posições, comporão aquelas equipes mais categorizadas, setorizadas, como numa linha de montagem, onde cada peça específica faça funcionar as engrenagens daquele sistema único. Melhores peças, melhores equipes, numa gradação qualitativa que decresce na medida do poder econômico de cada um dos participantes, no mercado padronizado de jogadores.

Como resultado dessa realidade, encontramos, como encontrei, jogadores pretensamente especializados naquela lastimável cronologia de 1 a 5, ignorantemente implantada de vinte anos para cá, onde os fundamentos do jogo foram “setorizados” por posições, como se cada um daqueles jogadores professassem e empregassem aquelas habilidades especificas exigidas pelo abominável e restritivo sistema único.

O outro e decorrente aspecto, foi o alto grau de convencimento a que foram instados todos estes jogadores, de que aquele pequeno arsenal de conhecimentos fundamentais eram suficientes, se bem repetidos, para a manutenção de suas estratificadas posições, aquelas de 1 a 5, numa limitação, ai sim, criminosa, pois era a garantia do sistema e sua coercitividade nas mãos e pranchetas de muitos, talvez a maioria, dos técnicos nacionais, que infelizmente abrangiam todas as categorias, da base à elite.

Frente a tais e indesmentíveis fatos, baseei todo o treinamento da equipe em  70% de fundamentos, e os restantes 30% em um novo e diferenciado sistema de jogo, onde todos os jogadores teriam participação igualitária na aplicação de suas habilidades, assim como em seus posicionamentos, tanto dentro, como fora dos perímetros, aqueles limitados pela linha dos três pontos.

E então, quando vejo as nossas seleções sub’s (15, 16, 17, etc ), aquelas que serão as abastecedoras de novos e promissores talentos para as seleções adultas, se manterem dentro de critérios que beneficiam o sistema, e não o maciço preparo nos fundamentos, cada vez mais voltadas às especializações de 1 a 5, como num terrível e castrador moto contínuo de mediocridade e desconhecimento do grande jogo, me pergunto do fundo do meu ainda parco conhecimento, do muito ainda que tenho de aprender, me pergunto- Até quando, meus deuses? Até quando?

Sistemas têm de seguir uma indiscutível imposição, a de que jamais funcionarão sem um alicerce poderoso e bem plantado, o pleno, absoluto e decisivo apoio dos fundamentos do jogo, a ferramenta prima de todos eles, exceto um, o que empregamos, onde cada uma das cinco posições ao se especializar em dois ou três fundamentos, quando deveriam dominar todos, garante para a maioria dos técnicos  a arma coercitiva que os mantêm num comando de fora para dentro das quadras, improdutivo para a modalidade, mas altamente vantajoso na manutenção de seus princípios, e por que não, empregos, e não só em nosso país, como muitos outros do chamado primeiro mundo. As exceções compõem os países que lideram o basquetebol do nosso tempo, e dos passados também, onde fomos importantes um dia.

Temos de repensar urgentemente nossas seleções sub’s, colocando-as nas mãos de técnicos experientes, estudiosos e com muita estrada rodada, e não nas mãos púberes de candidatos ao nada, pois as experiências válidas são aquelas intensamente vividas, jamais as sonhadas, e muito, muito menos as políticas e apadrinhadas.

Quando em nossas andanças nos últimos dois meses pelas quadras da LNB, espalhava cadeiras por onde evoluíam jogadores treinando fundamentos, não só dava seguimento a um hábito aceito pela equipe, como induzia todos aqueles jovens que nos assistiam a pratica sistemática e diária dos mesmos, como base e sedimento do nosso diferenciado sistema, e dos outros também.

Melhoramos? Sem dúvida alguma, os resultados comprovam. E como melhoraríamos todos se nos habituássemos a pratica dos fundamentos, indistintos a todos os jogadores, altos e baixos, armadores, alas ou pivôs, do mini ao adulto, numa cruzada que nos redimiria de anos e anos escravizados a sistemas anacrônicos, pranchetas e muito papo furado, aquele de quem pouco sabe e entende do grande, grandíssimo jogo.

Amém.

FOTOS – Treinos em Vitória, Joinville, Londrina e Baurú, respectivamente. Clicar para ampliar.

O QUADRAGÉSIMO NONO DIA – INDO MUITO ALÉM DO POSSÍVEL…

Ao chegarmos a Londrina no fim da tarde de ontem, três dos nossos principais jogadores, os armadores Rafael e João, e o pivô André, apresentavam um quadro agudo de desarranjo intestinal, motivado pela péssima alimentação ingerida ao longo da estada de 6 horas no aeroporto de Curitiba, e pelo enorme desgaste do restante da equipe, ocorrido durante o duríssimo jogo em Joinville, fatores estes que me obrigaram à suspender qualquer atividade técnica em quadra, preservando um mínimo de  descanso e reposição eletrolítica para o jogo final da temporada.

Na manhã de hoje, já podia vislumbrar o que ocorreria daqui a um pouco durante o jogo, o desgaste inamovível e irreparável, além do estado de fraqueza que aqueles três jogadores apresentariam durante um jogo tão importante para nós todos

E foi exatamente o que ocorreu, além de um outro fator técnico comportamental que nos fez  perder um jogo equilibrado até o meio do quarto final, uma atuação desastrada da arbitragem dentro de um critério assustador, “a arbitragem caseira”, que culminou com uma falta técnica inexistente, pois foi por mim testemunhada a dois metros de distancia, por parte do pivô Amiel, jogador voluntarioso e capitão da equipe, que por suas posições criticas tem de muitos árbitros uma vigilância que transcende a área das leis do jogo, envolvendo a relação pessoal, o que é contraproducente para uma arbitragem isenta. Tentei intervir para acalmar os ânimos, com paciência e lucidez, a fim de evitar o prosseguimento da contenda, tanto que mantive o Amiel em quadra apostando numa volta à calma de sua parte, mas o grande estrago já tinha se instalado.

Na continuidade do jogo o previsto se tornou realidade, pois uma característica básica da equipe, sua forte e antecipativa defesa cobrava daqueles três jogadores uma performance tolhida pela fraqueza física, produto do desarranjo intestinal mencionado ao inicio do artigo.

Foi nessa fase que as faltas se intensificaram dentro dos garrafões, principalmente entre os grandes pivôs, sem que as mesmas fossem coibidas pela arbitragem, como determinam as regras do jogo. E aqui cabe uma pequena explanação de algo ocorrido antes do jogo, logo que cheguei bem cedo ao ginásio. Entre instalações de equipamentos, placar, computadores, noto que uma pequena equipe de TV se instala atrás do meu banco de reservas, praticamente ao nível do solo, utilizando um tripé para a câmera de vídeo. Pergunto se era a equipe que iria gravar o jogo para que suas copias fossem endereçadas à LNB, e as duas equipes participantes. Antes um pouco deste diálogo, notei dois mezaninos no meio do ginásio, ocupando espaços ideais para uma excelente e elucidativa (se necessária…) captação de imagens, com os detalhes necessários para análises, tanto em relação às técnicas empregadas pelas equipes, como para um estudo critico sobre situações de arbitragem. Tive a resposta afirmativa por parte de um agressivo “jornalista” (duvido que o fosse…) de que aquele era o melhor lugar para o trabalho de qualidade profissional que se propunha realizar. Considerei junto a ele que uma câmera JVC no formato Mini VHS já não se constituía num equipamento profissional, e que muito antes do seu pretenso apuro técnico, as imagens teriam de atender os requisitos de enquadramento que propiciassem possibilidades de estudo e observações de detalhes, somente possíveis se captadas de um posicionamento bem acima da quadra de jogo ( Fui durante muitos anos cinegrafista profissional, sendo inclusive formado em jornalismo áudio visual pela ECO/UFRJ), que acredito ser uma exigência da LNB, comprovada por todos os vídeos a nós endereçados de todos os jogos em que participamos. Não fui ouvido nem considerado, e o produto que me foi entregue após o jogo é simplesmente inacreditável, não só pela lamentável qualidade (?) técnica, como pelo criminoso enquadramento, que simplesmente torna impossível qualquer análise das situações técnico táticas apresentadas pelas equipes, como, e principalmente, retira toda e qualquer possibilidade de análise critica sobre TODAS as ações direcionadas a arbitragem do jogo. Erros de fato e de direito são varridos às considerações de qualquer espécie pela ausência de imagens elucidativas e conscientemente omitidas para estudos e correções presentes ou futuras. Lamentável.

Fica então solta no ar para muitos analistas, a retórica envolvendo “desculpas”pela derrota, o não saber e admitir perder, etc, etc. Mas esquecem que para uma competição que pretende ser considerada de alto nível, a validade das imagens de todas as manifestações envolvidas e decorrentes da mesma, se tornam de transcendente importância, pois através das mesmas, de seus testemunhos gráficos é que poderemos atingir o progresso pretendido.

Foram todos os jogos em Londrina gravados desta mesma maneira, alguns, ou somente este? Creio que caberiam às doutas comissões técnicas e de arbitragem da LNB responderem, para o aprimoramento das futuras competições. Quanto a mim, fico no vazio da experiência única e indefensável de não poder corrigir aspectos técnicos de minha equipe, assim como impossibilitado e manietado de contestar critérios que julgo falhos e muitas vezes tendenciosos em algumas arbitragens, a começar pelo conhecido e divulgado critério da arbitragem caseira.

Foi um jogo em que a única taça em jogo era uma prosaica e vetusta lanterna, talvez a continuidade ou não de um patrocínio, ou de uma participação para a próxima liga, mas sem dúvida alguma, itens que não mereceriam ter um documento que os avalizassem.

E no fragor da luta, registrada ou não, olho para a quadra e vejo meus armadores exauridos pela perda de líquidos básicos, olho para o banco e constato o mesmo panorama, a defesa se esvai, o ataque trava, viro-me para o Wahington, meu diligente assistente e digo, não dá…como não deu.

O que mais posso dizer? Ah, que o sistema funcionou muito bem, principalmente contra zona, que os jogadores se empenharam ao limite, que a equipe de Londrina é uma boa equipe, com excelentes jogadores, que, no entanto, não puderam ser obstados pela fragilidade defensiva de meus jogadores, limitados pelo cansaço, limitados pela doença. Desculpas, não, fatos, somente fatos, fatos estes que não posso sequer rever, fruto de uma filmagem… bem deixa para lá, pois vida que segue, com o sabor do dever cumprido, digna e honestamente.

Fim de uma etapa, começo de outra?

Amém.

FOTOS – Enquadramento da filmagem feita em VHS  do jogo

– Equipe do Saldanha da Gama – 2009-2010

O VIGÉSIMO SEXTO DIA – O JOGO…

Como jogamos bem hoje, como lutamos e perseveramos, como suprimos no limite da resistência aqueles que não estiveram junto a nós, mas perdemos, ao final do último quarto, contra uma equipe que venceu a pouco os grandes da competição, e que não ultrapassou os 70 pontos, mas perdemos, o que nos tornam, a mim e os jogadores, alvo dos descrentes de que algo de renovador possa transcender a mesmice técnico tática a que nos habituamos nos últimos 20 anos, mas infelizmente perdemos, quando uma vitória nos redimiria de tanta incompreensão e imediatismo vindo daqueles cuja mediocridade arrasa mentes e espíritos abertos, e que não se cansam do que fazem.

Que pena a não divulgação pela TV de um jogo, de uma peculiar maneira de jogar, senão diferente, eficiente, democrática, criativa, onde jogadores aprendem a ler o jogo de verdade, onde se ajudam e discutem os melhores caminhos, errando algumas vezes, mas indo de encontro às soluções sem pranchetas e controle coercitivo de fora para dentro da quadra, onde o técnico os assessora e aconselha, e não escravizando e bitolando.

Iremos continuar, treinaremos muito, trabalharemos sem limitações, para em breve, ou um pouco mais adiante, estarmos realmente prontos e plenamente donos de um sistema que nos caracterizará, nos identificará como uma equipe a ser respeitada e digna de ser apreciada.

Amanhã reinvidicarei um pequeno equipamento de vídeo, e reforçarei o pedido de alguns apetrechos de madeira que desenhei para auxiliarem no treinamento, principalmente de arremessos. São muito simples e eficientes, e que muita falta nos fazem. Enviarei também um pedido à LNB para que nos permita colocar o vídeo de um de nossos jogos aqui no blog, para que os jovens técnicos do país o avaliem, comentem e discutam sua validade, ou não. Seria uma ótima oportunidade que a Liga daria aos mesmos, tão carentes de informação de qualidade.

Ainda mantenho as esperanças de que a administração possa solucionar de vez o impasse com os jogadores que não disponho para treinamento e jogos desde a volta de São Paulo, e que tanta falta nos fizeram contra Franca e Araraquara, e que também farão neste fim de semana contra Bauru e Assis.

Mas apesar das derrotas, sinto que algo nos tem empurrado de encontro a estes novos tempos, patrocinados por um sistema de jogo que aceitaram e lutam para incorporá-lo definitivamente em sua s ações e em seus comportamentos, e da melhor forma que é desejável, como base de uma equipe, de uma verdadeira equipe.

Perdemos, mas em breve não perderemos mais, pelo menos da forma que nos tornam alvo do descrédito e da mais absoluta falta de visão de todos aqueles que se acham donos do grande jogo, já que pasteurizados e colonizados irremediavelmente. Busco e todos buscamos um verdadeiro sentido de equipe, solidificado no terreno fértil dos bons sistemas de jogo, e de um espírito de união que nos leve de encontro a vitoria, e a conseguiremos.

Amém.

Adendo 1 – Aos juízes da Liga.

Em 1972 publiquei na Revista Arquivos da EEFD/UFRJ um artigo sobre a defesa linha da bola, onde mencionava a enorme dificuldade em convencer os juízes das ações não faltosas na marcação frontal dos pivôs. Somente quando professor convidado nos cursos de formação de juízes da FBERJ, lecionado aspectos técnicos dos fundamentos do jogo, é que pude vagarosamente provar a ação não faltosa. Hoje esse tipo de marcação pode ser exercida livremente, e por conta desta evidência é que apelo aos juízes maiores atenções nas ações extremamente faltosas embaixo das cestas, onde o aspecto físico em muito transcendem o técnico, em evidente prejuízo ao basquete brasileiro. É bom lembrar que os critérios atualmente empregues nos aproximam aos padrões eminentemente físicos adotados e praticados na NBA, quando nossos esforços deveriam ser dirigidos aos padrões FIBA. São situações e atitudes que deveriam ser devidamente discutidas, estudadas e aplicadas corretamente nos nossos campeonatos, onde técnicos poderiam ajudar nos esclarecimentos, como os fiz alguns anos atrás  nos cursos de formação de juízes no Rio de Janeiro.

Paulo Murilo.