TRÊS PARÁGRAFOS…

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Fiquei sem internet ontem, agora corrigida, com pouco tempo (são 12:30hs) para maiores comentários sobre o quarto jogo entre Paulistano e Bauru, mas que em quase nada mudaria a partir do artigo anterior, onde somente um fator poderia ser analisado, o de que, segundo o depoimento de um dos estrategistas envolvidos nessa decisiva partida, a semana de intervalo teria sido importante para aprimorar a sintonia fina de seus sistemas de jogo, no que depreendi serem, pela milésima vez aprimorados os chifres, punhos, polegares e tudo o mais que compõem o repertório de todas as equipes do NBB, sem que nada de realmente inovador tenha sequer a mínima chance de ser instaurado, pois não passa, também sequer de raspão na cabeça pensante (?) de qualquer um deles, inovações que não lhes dizem respeito, muito mais pela aceitação tácita da mesmice endêmica que patrocinam em concordância unificada, do que a libertadora coragem de injetar algo realmente impactante, renovador, autêntico e proprietário, derrubando de vez a mediocridade niveladora das equipes da liga. Exatamente por essa realidade implantada nestas três décadas de declínio técnico tático, é que assistiremos o mesmo do mesmo, mas claro, recheado de emoções, bolinhas em profusão, tocos mirabolantes, e os “monstros” transcendentais de praxe. Porém, uma fresta de esperança poderá se tornar realidade, na medida que uma das equipes, pelo menos, cadenciar e conter sua volúpia chutadora, atuando pacientemente no perímetro interno com insistência e perseverança, mas me parece que seria pedir demais por sobre um cenário estratificado e engessado existente desde sempre…

Leio que CBB e LNB aos poucos vão encontrando meios de convivência pacífica, partindo de acôrdos sobre a organização de campeonatos a muito esquecidos pela mentora master da modalidade, como os das categorias de base, fundamentais para o soerguimento do grande jogo, até agora mantido em razoável evidência pela LNB com seus NBB´s e a LDB (sub 22). Resolveram setorizar seus esforços destinando a LNB os campeonatos já estabelecidos do NBB e da LDB, e os das sub´s 14 até 19 com a CBB, além da Liga Ouro, divisão de acesso ao NBB, e por último reintegrar a LFB a CBB. Somente uma importante reparo a mencionar, no caso de que realmente essa combinação de tarefas seja levada a sério, como deveria sê-lo, o de que pelo lado da CBB fosse implantada, conjuntamente com a ENTB, uma completa e radical reforma de princípios técnicos e administrativos em suas concepções, fugindo de vez com a padronização e formatação imposta pela turma que habita o mundo NBB, dando forma e oportunidade a outros profissionais de todo o país esquecidos pelo corporativismo técnico lá existente, originando um novo patamar de excelência na formação de técnicos e jogadores polivalentes, em que o merecimento meritório se sobreponha aos interesses dos muitos que empobreceram o nosso basquetebol, a tal ponto que se viu brecado pela FIBA, num precedente doloroso e de difícil, mas não impossível, superação. Uma CBB que ressurja na busca de uma melhor e justa formação democrática inovadora de base, fornecendo bons e equilibrados valores para uma Liga Ouro, uma renovada LFB e excelentes seleções de base, dirigidas por técnicos experientes de verdade, em tudo e por tudo justificaria sua existência, honrando seu passado brilhante e vencedor. Menciono um trecho de uma matéria publicada no O Globo de 5/6/17 na coluna Conte algo que não sei, do entrevistado Adam Lowe, que afirma: (…) Objetos feitos há centenas ou milhares de anos podem mudar o jeito de pensar no presente e têm potencial para orientar comportamentos no futuro.(…)

Me perguntam ao telefone o que achei, ou estou achando das finais da NBA entre o LeBron e o Curry. Respondi – Nada, não me diz respeito, pois por conhecer de muito aquela liga, me convenci que nada tem a nos acrescentar de factível, a começar pelo aspecto econômico, fator delimitador para a não incursão aos demais fatores, como o técnico, formador de base e tático também. Por ser um outro jogo, somente jogado lá, e infantilmente sendo tentado ser estabelecido entre nós é que me faz ausente de suas reais intenções neste imenso, desigual e colonizado país.

Amém.

Foto – Arquivo pessoal.

OPORTUNA FREADA…

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Pisou no breque, arremessou 12 bolas a menos de 3 do que seu oponente (8/23 por Bauru e 12/35 por Paulistano), priorizou o jogo interno (27/33 contra 16/39), deixando a insidiosa convergência a cargo da turma da capital, e por conta desse óbvio e adiado expediente, venceu Bauru o terceiro jogo, reacendendo suas chances de permanecer na disputa com reais chances de levantar o caneco, a não ser que a equipe da capital resolva seguir a mesma fórmula, no que se beneficiaria bem mais, por ter uma formação mais eclética, apesar da juventude, e possuir um poder de rebote bem mais amplo do que seu adversário, principalmente nos de ataque, muitas vezes inaproveitados pela ganância da chutação de fora, que em algumas oportunidades se repetiam duas ou três vezes no mesmo ataque, num desperdício juvenil e inconsequente, imperdoável numa decisão de campeonato…

E sob estes fatores, se sobressai a ainda falseada qualidade de alguns jovens armadores, imaturos no domínio dos fundamentos, substituindo sua segura aplicabilidade por uma voracidade individualizada que os cegam na leitura espacial do jogo, onde a visão angular, que os guiam de encontro as enormes barreiras defensivas que os antepõem, anula a fundamental e estratégica visão periférica, a arma mais poderosa na distribuição correta das assistências críticas em espaços diminutos, habilidade que os qualificam como verdadeiros e eficientes executores dos sistemas ofensivos de uma bem treinada equipe, sem, no entanto, prejudicar suas capacidades pontuadoras, que deveriam ser seletivas e rigorosamente inerentes aos sistemas em si. O que vemos, preocupados, é o nascedouro de uma nova geração de “mosquitos elétricos”, sempre a frente, por sua irrefreável e nem sempre inteligente velocidade dos demais componentes de suas equipes, um pouco menos velozes pela estatura e porte físico, onde a fluida sincronia que os deveriam unir, se rompe pela assincronia motivada pelo descompasso de sua errática armação. São jogadores corajosos e impulsivos, que agradam os torcedores e narradores, mas que, de forma bem ampla, arrastam sistemas de jogo a limites de impraticabilidade se não forem muito bem orientados, principalmente na adequação lógica e coerente de seus velozes deslocamentos às verdadeiras necessidades de suas equipes, e não as de si mesmos, exigindo treinamento intenso, e acima de tudo, absolutamente competente…

Então, rumando para o quarto jogo no sábado vindouro, com a equipe de Bauru já tendo quebrado um pouco a insânia dos três, vencendo por conta disso o jogo que o manteve na disputa, tem agora o Paulistano de seguir algo correlato, fugindo o quanto puder da convergência que tanto o desgasta física e emocionalmente, agindo coerentemente pela valorização de cada ataque, reforçados pela boa defesa que vem empregando, fator também aplicado por Bauru neste jogo em particular que venceu, para quem sabe, possamos assistir um verdadeiro jogo de basquetebol, e não o pastiche ´praticado até agora, por todas as quinze equipes deste NBB9, onde a desenfreada “artilharia de fora” e os “monstros” midiáticos de ocasião, o marcaram seriamente como peladas consentidas por todas, que contrapõem a seriedade exigida por uma liga de tal importância, noves fora as lastimáveis, e mais midiáticas ainda, pranchetas, que “não falam”, mas poluem sobremaneira a dignidade do grande, grandíssimo jogo, nesse enorme e injusto país…

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

A SÉRIA PREOCUPAÇÃO II…

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P1150125O primeiro jogo da série final no NBB9 foi no sábado, e pelo que vi não me deu vontade nenhuma de escrever, pois de nada adiantaria analisar uma partida que a mídia classificava de brilhante, vibrante, de alto nível, resgatando o verdadeiro basquetebol brasileiro, com uma garotada abaixo dos 21 anos jogando como veteranos, como estrelas, deixando a certeza de que o futuro que se avizinha será uma grata realidade, e a dura constatação do que assisti constrangido e temeroso pela falsa e ufanista imagem da tal grata realidade…

Pensei então do que tem adiantado minhas análises, perdidas num mundo artificial e enganoso de situações técnico táticas, que de forma alguma referendam tanta e fartamente documentada evolução do grande jogo entre nós, onde a palavra absoluta de ordem é o desvario convergente dos arremessos de dois e três pontos, a mesmice larga e endemicamente implantada pelo sistema único de jogo, com suas padronizadas e universalizadas jogadas, idênticas para todos, equipes, jogadores, téc…digo, estrategistas e mídia especializada, com o aval de dirigentes, agentes, empresários e torcidas em geral, irmanados na crença de que é assim que devemos atuar, da formação de base até a elite, já que, na certeza de todos, é a maneira que se joga no mundo, principalmente pela matriz, que investe pesado nesse modelo hegemônico, deixando sua marca na mente perversamente colonizada de seus iludidos seguidores, principalmente os mais jovens…

No entanto, teimosa e solitariamente, prevejo uma catástrofe de dimensões bastante graves para o soerguimento sustentável e possível do grande jogo no país, pois a base garantidora desse processo se esvai na continuada mediocridade arrivista e aventureira de muitos, quase a maioria, dos responsáveis que ainda se mantém no comando do mesmo, absolutos, e que não encontram, ou não deixam florescer toda e qualquer tentativa de renovação autêntica e independente, face ao forte corporativismo que exercem livremente, quando se situam como começo, meio e fim de todo o processo, eliminando toda e qualquer possível dissidência…

E teimosamente lembro que, nesse “magnífico e fantástico” jogo foram cometidos 29 (15/14) erros dos fundamentos mais básicos, acima da média de 27,2 nesse campeonato, e que assombrosamente as duas equipes convergiram em seus arremessos, quando o Paulistano perpetrou 12/27 nos de 2 pontos e 13/37 nos de três, ficando Bauru com seus 17/36 de 2 e 7/32 de 3, perfazendo as duas juntas 29/63 nos 2 pontos e 20/69 nos 3, ou seja, foram perdidos 34 tentativas de 2 e (isto sim é absurdamente lamentável|) 49 de 3!!! Em outras palavras, foi o mais autêntico “tiro aos pombos” em vez de um jogo de basquetebol, fato que previ com sobras nos dois artigos antecedentes a esse, e em muitos outros nestes 13 anos de Basquete Brasil…

Um outro e emblemático fator deve ser levado em alta conta, o de serem os dois estrategistas dessas equipes finalistas, apontados como o créme de la créme da nova geração nacional, ambos que foram assistentes do hermano na seleção nacional, juntos ao do Flamengo, os responsáveis confessos nesta hemorragia autofágica dos arremessos de três, claro, consentidos pela ausência de defesa exterior organizada, abrindo os duelos, onde vence o que acertar a última bolinha, para depois apagar as luzes e levantar o caneco, maldade esta que desafio ser concretizada quando, segundo seus proclamados desejos, estiverem, juntos ou não, dirigindo a seleção nacional, frente a seleções internacionais de peso, que de forma alguma negarão o direito de intervir fortemente com suas eficientes defesas dentro, e principalmente fora de seus perímetros, forçando nosso deficiente e primário jogo individual, refém dos 27,2 erros em média nos fundamentos na liga principal (imagino a média na formação de base, seja ela masculina ou feminina), a um confronto desigual, como o que vem ocorrendo sistemática e repetidamente nas competições de vulto em que temos participado desde muito, fator que inviabiliza a consecução de qualquer sistema de jogo, por mais simples que seja, pelo singelo fato de que de há muito relegamos ao mínimo o básico e estratégico ensino dos fundamentos, trocando-os por sistemas e jogadas tuteladas de passo marcado, peladas disfarçadas em treinos de “ritmo de jogo”, enterradas e bolinhas de três, ah, não esquecendo jamais as midiáticas pranchetas, alter ego e convenientes álibis da turma de estrategistas jovens e veteranos, que aí está, torcendo, gesticulando e aplaudindo de fora quando as bolinhas caem, coagindo e pressionando arbitragens quando elas se negam a cair, mas muito pouco preocupados com os erros contornáveis (se corrigidos, ou mesmo ensinados) de seus jogadores, mas que serão solucionados trocando-os por outros na próxima temporada, pois onde já se viu ensinar adulto a dominar os fundamentos, onde? Para isso existem e pululam os agentes, os empresários, muitos dirigentes, para os quais o objetivo maior é o campeonato, independentemente de quem se mata lá dentro para conquistá-lo…

E por cima disso tudo, vem um representante da nóvel ATBB, que sucede a APROBAS, ambas associações de técnicos e direção majoritariamente paulistas desde sempre, reivindicando liderança nacional, cobrar da nova administração da CBB um anterior ajuste com a direção que se foi, de que caberia a mesma a organização técnica e formulação de material didático da ENTB, exatamente para manter sob domínio o rígido e unilateral corporativismo que tanto discuto aqui pelo Basquete Brasil, onde a palavra final das técnicas e sistemas de preparo de equipes do país, assim como a formação técnico, tática e pedagógica dos futuros técnicos em níveis de I a III, continue em seu domínio, com seus cursos formadores de 4 dias, responsáveis pela pobreza e mediocridade do que implantaram desde sua criação, que ao ser inaugurada foi presidida por um preparador físico, e não um professor e técnico de basquetebol, como deveria ter sido, para desenvolver um projeto diversificado, plural e democrático…

São situações anacrônicas como estas que colocam e dimensionam o grande jogo, num patamar tão inferiorizado ante o concerto internacional, de onde está afastado pela FIBA, com fortes e sérios argumentos de gestão, entre vários, onde se inclui a baixa qualidade da ENTB, sem atuação desde 2014, quando já era dirigida pela mesma turma que volta a reivindicar sua continuidade diretiva, o que seria um inqualificável erro de percurso, onde ironicamente, até a experiência hermana de trinta anos é mencionada, como algo a ser copiado, esquecendo serem outros e diversificados os parâmetros sócio administrativos e educacionais que nos diferenciam. Já se faz tardia uma mudança radical desta liderança trintona, dando oportunidade a outros e novos posicionamentos, originando o princípio do contraditório, porta de entrada do salutar processo democrático de que tanto precisamos, para o soerguimento técnico sustentável do grande jogo neste enorme, desigual e injusto país.

Amém.

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Video – Facebook.

 

 

 

 

A COZINHA QUE DEFINE…

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Saldanha_x_VV_1904saldanha-1case-saldanha_da_gama-foto_gilson_borba-f5fotoagenciaSaldanha_x_VV_16Criou-se no mundo do grande jogo no país a premissa de que, fora do sistema único que empregamos sofregamente a três décadas, nada mais viceja, a não ser a confirmação sistemática de tudo que emana da matriz do norte que deve ser conceituada como palavra final, como diretriz de via única, custe o preço que for, da formação de base a elite, nada podendo ser contestado, seja no âmbito técnico das equipes, seja na esfera da crítica, todos mergulhados de cabeça e de espírito no que de melhor convier para o progresso da modalidade, claro, na opinião formatada e padronizada de todos eles, menos e solitariamente, da minha…

Que, dando de frente a um parágrafo do artigo do jornalista Fabio Balassiano publicado em 22/5/17 no blog Bala na Cesta, a seguir mencionado:

(…)Sem a menor cerimônia, Bauru fechou o garrafão para impedir as cestas “de pertinho” e deu o perímetro para o Pinheiros arremessar. Como que dizendo “aqui dentro você não entra, então se quiser pontuar na gente vai ter que chutar de fora”.(…).

Fez com que me reportasse a uma curta, curtíssima, porém bem sucedida experiência que tive no Saldanha da Gama no NBB2, quando no oitavo treino de meia quadra 5 x 5, interrompi o duelo furioso entre defesa e ataque, para enfatizar a todos os que atacavam naquele momento – Guardem bem, e não esqueçam ou se omitam  de que é bem aqui, dentro, no miolo, no coração da defesa que farão os ´pontos decisivos, entendendo agora o porquê de tantos exercícios de dribles, passes e arremessos que realizaram, e muito realizarão dentro desse exíguo espaço, na cozinha do adversário, onde as conclusões são mais seguras, de 2 em 2 e de 1 em 1 pontos, pois nada arrefece e desbasta uma defesa do que se vê liquidada e vencida “ aqui dentro” e “bem de pertinho”, minando sua moral e auto reconhecida solidez…

E assim foi feito e entendido, por todos, sem exceções, ao som dos choques corpóreos, das inevitáveis pancadas, com um dos lados atacando com dois armadores e três homens altos permanentemente enfiados lá, “na cozinha”, numa louca, porém disciplinada movimentação aleatória e ao mesmo tempo consciente dos valores da improvisação, degrau mais alto do conhecimento técnico que exerciam dentro de seu sistema proprietário, enquanto do outro, tudo faziam, a meu pedido, para tornar estéril toda e qualquer movimentação dentro do sistema ofensivo que optamos desenvolver, como que nos adiantando ao comportamento defensivo de nossos futuros adversários, e por se tratar de um sistema híbrido, por ser o mesmo utilizado tanto contra defesas individuais, como as zonais, indistintamente, talvez variando somente quanto ao ritmo de jogo, e que para ser desenvolvido e treinado exige grande conhecimento técnico, tático, e coragem suficiente para aplicá-lo em toda sua essência inovadora, nada mais…

Infelizmente, depois de um belo recomeço em São Paulo, viu-se a equipe alijada de três de seus melhores jogadores, para enfrentar duas semanas de derrotas, algumas delas que não aconteceriam se sua unidade não tivesse sido quebrada daquela forma, mas, que um pouco adiante, reformulada em seus limitados recursos humanos, pode mostrar a muitas das poderosas equipes daquele segundo campeonato da liga, inclusive a campeã, como defender dentro e fora dos perímetros, dentro da mais irrestrita linha da bola, flutuando lateral e jamais longitudinalmente à cesta, e atacar com força e inteligência, jamais ultrapassando o limite seletivo dos 10/15 arremessos de 3, concluindo a maioria de seus pontos de 2 em 2 e de 1 em 1, “lá dentro” e “bem de pertinho”…

Duvidam? Então vejam, e não esqueçam, se realmente se interessam pelo grande jogo, aquele que foi jogado um dia de forma diferenciada em nosso país, de verdade, lamentando somente me ter sido vedada a continuidade do mesmo. Por que? Por quais motivos? Saberão responder?

Vencendo as limitações de um grande jogo.

Pensando o futuro – O grande jogo. toda sua essência inovadora

Uma data para recordar.

O desafio.

Me despedindo.

Amém.

Fotos – Minha homenagem aos grandes jogadores do Saldanha da Gama no NBB2, a quem tive a grande honra de dirigí-los. Clique duplamente para ampliá-las.

 

 

 

AS PELADAS MONUMENTAIS…

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P1150102P1150108Foram dois jogos praticamente iguais, o terceiro e o quarto disputados do playoff, quando a equipe de Bauru empatou a série com o Pinheiros, mesmo tendo iniciado com duas derrotas, adiando o resultado final para o quinto jogo, de uma forma previsível, menos para seu oponente, que simplesmente se deixou abater ao aceitar duelar nas bolas de três, naqueles momentos em que o jogo interno deveria se impor, como a solução mais primária naquelas circunstâncias em que ambas as equipes tentaram subir suas defesas a fim de contestarem mais efetivamente os longos arremessos…

Bauru empatou a série convergindo com 18/33 nas bolas de 2,  e 15/32 nas de 3 no terceiro jogo, quando o Pinheiros atingiu as marcas de 20/35 e 6/23 respectivamente, com a defesa externa da turma do  interior se mostrando bem mais eficiente que a da capital, quando pudemos observar que as efetivas 9 bolas de 3 a mais pesaram bastante no resultado de um jogo em que perderam 10 lances livres contra 3 de seus oponentes, e onde ambas as equipes cometeram 32 erros de fundamentos (16/16), retratando um jogo de baixo índice técnico sob quaisquer argumentos que possamos evocar. Pois bem, veio o quarto jogo e o que vimos foi a repetição do que ocorreu no anterior, onde a teimosa insistência pelo jogo externo pautou a partida, porém com algo bem específico, comum em toda a série, a mais completa ausência de um jogo coletivo interno coerente e bem planejado para espaços menores, e claro, treinado por ambas as equipes, o qual se restringia a abertura de quatro, e muitas vezes dos cinco jogadores, a fim de terem espaço para as penetrações do mais alto caráter individual, visando as bandejas, e raramente os arremessos de média e curta distâncias, os tão esquecidos DPJ´s, e onde se faziam sentir os drásticos efeitos da ausência técnica nos fundamentos do drible, das fintas e das conclusões sob forte anteposição (haja vista os 31 erros nos fundamentos 14/17), e em situações básicas, como a de finalizarem uma bandeja ou um curto arremesso, com a mão mais próxima do aro, quando deveria ser a mais afastada, como definem as boas execuções dos fundamentos de arremessos, principalmente para os mais altos, numa falha primária, produto de uma formação deficiente de base, nunca corrigida, ou minimizada nas categorias adultas, como se fosse proibitivo aprender os fundamentos do jogo…

O vencedor da série enfrentará no torneio final o Paulistano, cuja equipe também se destaca pelo apetite voraz nos 3 pontos, sendo estas equipes, junto com a eliminada do Flamengo foram as líderes convergentes deste NBB9, e desde já podemos antever um “tiro aos pombos” desenfreado, a não ser que, num rompante corajoso e evolutivo (o que duvido que ocorra), uma delas opte por jogar organizada e preferencialmente dentro do perímetro interno, reservando os arremessos externos para aqueles momentos e situações em que o equilíbrio e razoável liberdade, torne a execução passível de alto controle por aqueles jogadores que realmente são especializados no mesmo ( não os que o adversário “paga para ver”), e que a contar nestas equipes, são muito, muito poucos…

Defesa externa contestatória, interna bem situada à frente dos pivôs, e melhor ainda nos rebotes, e ataque primando pelo sentido coletivista com passes de fora para dentro, visando pivôs em constante movimento, assim como todos os demais componentes da equipe, ocupando e mantendo junto os defensores com seus deslocamentos, origem de espaços necessários às penetrações, e consequentes passes de dentro para fora do garrafão, são os pontos básicos a toda equipe que realmente se candidate a ser campeã,  e não estabelecendo o caos ofensivo e defensivo que nos tem brindado a maioria das equipes, em peladas monumentais eivadas pelos 26,7 erros de média nos fundamentos por partida, e a hemorragia crônica de bolinhas, originando convergências absurdas, emoldurando um cenário que em hipótese alguma deveria representar um basquetebol de tanta tradição de qualidade quanto o que foi praticado por tantas gerações que engrandeceram o grande, grandíssimo jogo entre nós.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

Nota esclarecedora – Por falha de edição, o texto ontem publicado tornou incompreensível alguns parágrafos, fato para o qual peço desculpas aos leitores. PM.

FUTURO DE 3, SERÁ?…

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P1150093Que me desculpem os leitores deste humilde blog, mas antes, bem antes de ser torcedor ufanista e festeiro do grande jogo, sou um técnico e professor profundamente ligado ao mesmo, e por isso, e por obrigação profissional, analista frio e objetivo do que realmente se passa de prático dentro de uma quadra de jogo, não só no presente momento, mas projetando num incerto e desconcertante amanhã, principalmente quanto aos fatores técnicos e táticos, hoje extremamente deficientes, e com certeza mais adiante, muito mais desconcertante ainda, face a fragilidade inconteste e indiscutível da fundamentação básica de todos aqueles envolvidos na modalidade, dos técnicos aos jogadores, incluindo também dirigentes e muito da mídia especializada, unidos em torno de uma farsa, que de forma alguma representa os reais fatores responsáveis por seu desenvolvimento harmônico no seio da juventude deste enorme e injusto país…

Acabamos de assistir a classificação do Paulistano para as finais do NBB9, vencedor por 3 x 0 na disputa contra o Vitória, com números finais estarrecedores, pois desnuda com grande precisão as brutais carências que se abateram sobre o nosso indigitado basquetebol, preso e manietado por um corporativismo atróz, escudado numa mesmice endêmica técnico tática, que nos afastou do concerto internacional, culminando com a suspensão pela FIBA das competições internacionais, num rude e sofrido golpe às nossas pretensões de soerguimento e progresso na modalidade…

E quais números foram esses Paulo?

Numa decisão de semifinal em 3 jogos, foram lançadas por ambas as equipes, 103/201 bolas de 2 pontos (51.2%) e 60/211 de 3 (28.4%), sendo que na terceira e definitiva partida foram perpetrados 34/65 lançamentos de 2 e 16/66 de 3, onde podemos observar que 50 ataques de 3 foram desperdiçados ( na soma dos três foram 151), pela absolutamente falsa premissa de que praticamos o basquete da atualidade, quando na verdade, o ferimos de morte, frente a inexistência de qualquer interesse em defender o perímetro por parte da grande maioria das equipes da liga, inclusive programando algumas para “pagar para ver” as aventuras de fora, agora celeremente disputada por pivôs, ávidos em participar na pontuação de suas equipes (?), já que lá embaixo somente terão a bola na briga dos rebotes que sobram das falhas da artilharia de fora, se sobrarem, e um ou outro passe para batalharem sozinhos no 1 x 1 de praxe e de ré…

A equipe vencedora convergiu violentamente, 50/91 (54.9%) nos 2 pontos e 38/107 (35.5%) nas famigeradas bolinhas, e 45/57 (78.9%) nos lances livres, demonstrando tacitamente o quanto de desperdício de técnica e esforço físico obtiveram praticando o “basquete moderno”, “like warriors”, esquecendo, no entanto, sua pobre média de 15.6 erros de fundamentos somente nessa semifinal, fatores que, inclusive, possivelmente pouco poderão incidir em sua busca pelo título, face a outra realidade com que se confrontará nas finais, a de que muito pouco esforço contestatório lhe será oferecido, pela absoluta deficiência defensiva de seus possíveis adversários, também comprometidos com a volúpia de fora e a pouca insistência pelo jogo interior, como se deparou frente a seu oponente nessa semifinal, que mesmo não convergindo nos arremessos, teve nos seus três americanos uma equipe dentro da equipe, onde aberta e declaradamente  atuavam juntos nos momentos cruciais dos jogos disputados, numa aposta às avessas de seu estrategista, quando num determinado momento do jogo final os conclamou a comparecerem com seu jogo, pois precisava dele, fato enriquecido pelo comentarista televisivo, quando cobrou resultados dos investimentos da equipe na tríade ianque, valorizando por demais a vitória da jovem equipe paulista, com somente um hermano em sua formação…

Enfim, creio ser um equívoco monumental essa tendência suicida pelo jogo de fora, originando ausências fundamentais de atacantes dentro do perímetro ofensivo interno, incentivando o jogo dos 3, com seus arremessos especializados e de elevado risco, que deveriam somente ser concretizados em condições do mais absoluta equilíbrio físico e mental, ocupando espaço precioso no jogo de 2 em 2, e de 1 em 1, pela elevação do número de faltas conseguidas, que se bem jogado atingiria pontuações acima dos 85 pontos, com menores desgastes pela otimização de cada ataque, sobrando energia para ser empregue em defesas mais sólidas e velozes, incentivando o aprimoramento dos fundamentos necessários ao desenvolvimento do jogo próximo e físico, esquecidos pela prevalência do jogo exterior, que dispensa certas e cansativas exigências técnicas no embate progressivo rumo a cesta, com ou sem a posse da bola, instrumento de trabalho tão mal manipulado e dominado pelos adeptos dos longos arremessos, mal sabedores  do como e dos porquês  de seu volúvel e instável comportamento, pelo simples fato de ser uma esfera, o corpo sólido de mais difícil manipulação e domínio…

Teremos daqui a um pouco o terceiro jogo da outra semifinal, entre Bauru e Pinheiros, com equipes que pouco convergiram nos dois jogos, mas que erram demais nos fundamentos (foram 60 erros nos dois jogos), e que no caso do Pinheiros, apresenta uma particularidade aproximada a do Vitória, a dos americanos que jogam entre si em determinados momentos do jogo, individualizando em demasia, fator esse que se dirimido, muito poderá reforçar o poderio ofensivo interno da equipe, por se tratar de dois excelentes condutores e passadores de bola, além de fortíssimos nas finalizações, que se bem entrosados com o todo da equipe, pressionará bastante seu oponente, cuja força maior se fundamenta na larga experiência de alguns de seus nominados jogadores, que sendo adeptos das bolinhas, não estão alcançando o êxito esperado nas mesmas, quem sabe, por estarem sendo bem contestados pela turma da capital, ou, não se situarem bem sintonizados com as estratégias vindas do banco, o que se pôde notar na quadra após pedidos de tempo, quando situações táticas não são levadas em conta nas execuções projetadas e pretendidas…

Preocupa-me sobremaneira essa tendência convergente cada vez mais presente em nossas equipes, mesmo as de formação de base, sem um mínimo embasamento adquirido no ensino e prática dos fundamentos do grande jogo, numa trágica opção que ameaça nos afundar cada vez mais, principalmente quando, num momento de transição e renovação por que começamos a passar, fiquemos inferiorizados técnica e taticamente frente àqueles países que conotam a máxima importância na formação quantitativa e, acima de tudo, qualitativa de seus jovens jogadores. Espero que tenhamos tempo suficiente para reestudarmos  nosso, até aqui, fragilíssimo posicionamento.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

REESTRUTURANDO?…

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P1150035Num dos primeiros tempos pedidos pelo técnico do Vitória, no primeiro jogo do playoff semifinal contra o Paulistano, ele admite ter errado ao orientar a equipe para que fechasse o garrafão ao forte jogo interno do oponente, pagando para ver nos arremessos de três do mesmo, fator que beneficiaria sua equipe nos rebotes e consequentes contra ataques, um ponto forte de seus jogadores. Ironicamente, foram três arremessos longos de um dos pivôs do Paulistano, que decretaram os nove pontos de diferença, 93 a 84 na sua vitória na casa do adversário, uma boa vantagem técnica, podendo fechar a série em sua casa nos dois jogos a seguir como mandante…

Claro que outros fatores também incidiram no resultado do jogo, onde foram cometidos 30 erros de fundamentos (17/13, um absurdo), com o vencedor convergindo brutalmente nos arremessos (15/29 nos 2 pontos, e 13/34 nos 3), pois não encontrava contestação pelos adversários, com seus três americanos muito mais interessados no ataque, jogado claramente entre eles, do que defender sua cesta, apostando no poderio ofensivo que pensavam ostentar, até o momento em que abandonaram o jogo interior, para duelar nas bolas de três, onde  se perderam, principalmente nos rebotes ofensivos…

Honestamente, perder um jogo semifinal disputado ponto a ponto, em seu ginásio, permitindo que seu adversário perpetrasse 34 bolinhas é uma aberração defensiva imperdoável, pois se contestassem a metade das mesmas, venceria a partida com folga, bastando fazer as continhas, ou não?…

No outro jogo semifinal, os brasileiros do Bauru perderam para o Pinheiros com seus dois americanos, com nossos brazucas fazendo coro de fundo de palco, mas que apresentou, pelo menos, algo de positivo, não convergiram (23/38 de 2 pontos e 12/29 de 3 para o Pinheiros, contra 22/40 e 9/22 respectivamente para o Bauru), fator que vem se tornando raro nos jogos da liga, mas mantendo a terrível regularidade nos erros de fundamentos, inaceitáveis nesse nível, 26 (11/15), 1,7 abaixo da média nesse campeonato, números constrangedores e reveladores, principalmente se focarmos as futuras seleções nacionais…

Os quatro estrategistas lançaram na mesa, digo,quadra, o compêndio de jogadas que formam o sistema único de jogo, utilizado por todas as equipes da liga, composto das formações chifres (de diversos tamanhos, direções e formas), idem para os punhos, polegares, picks, hangs, camisas, especiais, flex, e sei lá mais quantas, todas “exaustivamente” treinadas (uma ova que são…), como apregoam os narradores e comentaristas de plantão, mas ocultando o fator crucial para a exequibilização de todas elas, o fato inconteste e indesmentível, de que a grande maioria de nossos jogadores não possuem fundamentos básicos necessários para colocar em prática tanta sapiência tática, sobrando para a turma ianque, que mesmo sendo do terceiro nível de seu país, os tem muito mais sob controle do que os nossos, inclusive aqueles que muito jovens  são instados a concorrer no draft da NBA, quando deveriam ser orientados ao circuito universitário, que inclusive garantiriam um diploma superior mais adiante, como o fazem a Austrália e o Canadá desde muito, e com claros reflexos em suas seleções nacionais, ou mesmo, se a ganância de seus agentes o permitissem tentar o solo europeu, menos rentável, talvez mais rico culturalmente, porém dentro da nossa realidade latina…

Mas algo se impõe com um realismo tocante, as tentativas de reestruturação das equipes que se viram afastadas das finais da liga, na busca de reforços para a temporada vindoura, onde posições que não corresponderam, de 1 a 5, deverão ser substituídas de 1 a 5, num rito que se repete ano a ano, temporada a temporada, onde cada vez mais se insinuam os estrangeiros “qualificados”, pagos em dólar, para atuarem no sistema que professam ano após ano, temporada após temporada, como simples peças de reposição, automáticas, como automáticas deverão ser suas atuações, todos e em conjunção a estrategistas e suas midiáticas pranchetas, demonstrando serem incapazes de aprimorar seus atuais elencos, dotando-os de melhores fundamentos, e acima de tudo, sistemas proprietários, inéditos e inovadores de jogo, a fim de dotar seus jogadores dos valores mais relevantes em qualquer planejamento que se preze, a contínua evolução do trabalho coletivo, agregador e confiável, motores do sucesso e da fluidez tão ansiada, tão perseguida, mas somente alcançada com competência, conhecimento e superior dedicação, e não simplesmente trocando-os como peças descartáveis de um injusto tabuleiro…

Agora mesmo, na segunda partida, o Paulistano venceu o Vitória (82 x 72) arremessando 14/24 bolas de 2 pontos e 15/36 de três, repetindo o primeiro jogo, naquele aspecto mais instigante do mesmo, a incapacidade defensiva no perímetro externo ante essa hemorragia inestancável que tanto aflige o grande jogo neste país, sinalizando equivocadamente aos nossos jovens ser esse o caminho a ser trilhado, num erro estratégico gigantesco, que nos cobrará pesados juros quando se depararem com defesas de verdade, sem a habilitação mínima exigida para superá-las.

Amém.

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O VÍCIO AUTOFÁGICO…

 

P1140820Muito bem, chegamos às semifinais do NBB mais disputado e eletrizante de sua curta história, segundo opinam e escrevem os especialistas da matéria, com a decantada supremacia dos jovens técnicos, e dos mais jovens ainda talentos que se destacaram dentro da quadra, alguns já se considerando aptos para o draft/NBA, sucedendo a falência dos quase inexpugnáveis favoritos, com seus veteranos e experientes jogadores e técnicos, mantidos por investimentos muito mais vultosos dos que a partir de hoje disputam os playoffs decisivos antes do playoff final…

No entanto, não são mencionados e convenientemente analisados, como teriam de ser, alguns dados expressivos e bem particulares referentes ao campeonato, comuns a todas as equipes, como o fato relevante de todas elas jogarem de forma idêntica, ao utilizarem o sistema único ofensivo, e ausentes, de uma forma quase unânime, do sentido defensivo fora do perímetro, o que ocasionou, pela nona vez consecutiva, a implantação genérica da convergência entre os arremessos de 2 e 3 pontos, culminando na orgia desenfreada dos longos arremessos, como se todos os jogadores, agora incluídos os pivôs, fossem especialistas neste complexo e  exclusivo lançamento, campo restrito a uns poucos e ungidos jogadores, e porque não, incentivados pela jovem turma das pranchetas…

Mesmo com a elevada quantidade de tentativas falhadas, todas as equipes se utilizaram das famigeradas “bolinhas”, equilibrando de certa forma, a perda do grande esforço físico despendido a cada ação ofensiva de todas, fator que poderia ter sido largamente compensado se culminassem em arremessos médios e curtos, que pela lógica, alcançam maior eficiência do que os longos, onde os erros se situam diretamente proporcionais às maiores ou menores distâncias em que são  efetuados, mas a maioria preferiu duelar, ao preço que fosse…

Então, de certa forma, ou mesmo submetidos ao sensato princípio de que se todos caminham por uma mesma estrada, num mesmo e compassado rítmo, chegarão todos ao mesmo destino, porém atingindo a meta primeiro, aquela equipe que, das duas hipóteses possíveis, opte em correr com mais intensidade dentro do padrão comum, mantendo o comportamento tático das demais, ou busca uma outra forma de jogar, atalhar, ou mesmo inovar, a fim de situar suas oponentes em situação de difícil defesa, face a uma mudança tática que quebre a mesmice em que todas se encontram desde sempre, sem dúvida vencerá a contenda…

E que mudança, ou mudanças, poderiam ser essas, que mesmo tendo sido timidamente utilizadas por algumas delas, não encontraram a firmeza necessária para serem realmente assumidas, como um novo e relevante padrão de jogo a ser desenvolvido por nosso claudicante basquetebol? O relegado e quase sempre esquecido jogo interior, suprido e mantido pela movimentação contínua e fluida de todos os jogadores, alimentados por uma verdadeira e sólida dupla armação, e presença permanente nos rebotes ofensivos e defensivos, num jogo de posições tão importante quanto a contestação fora do perímetro, dois dos mais importantes fatores que definiriam vitórias nessa reta semifinal de campeonato…

Jogar e agir diferenciadamente a essa altura da competição seria uma atitude corajosa e surpreendente, pois incomum ao nosso formatado e padronizado basquetebol, cuja maior contradição é aquela que a mídia especializada omite em seus comentários, a de que mesmo os mais jovens técnicos, que pela idade deveriam ser aqueles que mais inovassem, são os que mais se apegam a mesmice endêmica estabelecida de muito entre nós, quando deveriam ser os que investissem mais por novos caminhos, mas não o fazem, já que produtos de uma formação pouco compromissada com o histórico técnico, tático e acima de tudo, estratégico do grande jogo, onde sistemas do seu enorme e rico passado deveriam ser incluídos nas postulações do presente, face a sua transcendental importância e conteúdo, bastando estudá-lo, pesquisá-lo e aplicá-lo como método e conceito, e jamais como estilo, como comumente o fazem …

Quem focar e concentrar seu jogo no interior defensivo de seu adversário, segurar a ganância estelar e midiática das tentativas nas bolinhas de três, inclusive nos contra ataques, diminuindo o número de ataques falhos, se posicionar fortemente nos rebotes, onde coletivamente se ajudem nos bloqueios, se esmerar nas contestações verticais fora do perímetro e, tiver a sabedoria (nada juvenil…) de ir de 2 em 2 e 1 em 1, estabelecendo vantagem no marcador, já que economizando esforços físicos e mentais ofensivos, pontuando com mais precisão pelas médias e curtas distâncias escolhidas, sem dúvida alguma levará imensa vantagem no cômputo final, a não ser que, habituada ao vício autofágico que aí está escancarado a todos, se desgaste e se arrebente numa competição de tiro aos pombos, onde o último a acertar, apaga a luz, levando, ou não, o caneco para casa…

Amém.

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UM POUCO(OU MUITO) MAIS DO BASQUETE BRASILEIRO…

Nas muitas décadas que adotei o basquetebol como um dos motores propulsores da minha vida profissional (sem dúvida o mais amado), em paralelo com a carreira acadêmica, onde as disciplinas que lecionava tinham tudo a ver com o desporto, naquele seu ponto mais fulcral, que era o ensinar a ensinar, onde as conceituações pedagógicas se inserem nas didáticas específicas, nas práticas de ensino, e mais adiante nas tecnologias educacionais, conquistas advindas desde a introdução da computação na realidade do mundo moderno, quando adotei um princípio que me foi passado pelo inesquecível professor Armando Peregrino na UFRJ – “Paulo, tudo que você aprender e adquirir de conhecimento teórico e prático, transmita a seus alunos, absolutamente tudo, pois estará dando o passo decisivo em sua evolução, abrindo caminho para novos conceitos, novos e instigantes rumos, pois só os medíocres guardam e se blindam em torno do pouco que sabem”, ou pensam saber…

Foi o que fiz e pratiquei por toda uma vida dedicada a ensinar a ensinar, num investimento sem garantia de volta, nem reconhecimento, aquele imediatismo tão valorizado nestes tempos corridos e pouco pensados, mas sabedor que, bem lá na frente, possivelmente frutos brotariam, mesmo não sendo testemunha presente e agraciada…

Por que tal preâmbulo Paulo, o que afinal você está querendo dizer? Simples, bem simples, estou lembrando que, apesar do passar do tempo, jamais esqueço de quem e como aprendi o pouco dos saberes que enriqueceram minha vida, aqueles mesmos saberes que passei aos meus alunos, jogadores, colegas,amigos e filhos, aqueles saberes que hoje ainda teimo em adquirir, transmitir, e tornar a adquirir…

O Basquete Brasil é a prova mais recente desse posicionamento professoral, no qual jovens e veteranos professores e técnicos encontram pontos a serem permanentemente discutidos, estudados, e por que não, pesquisados também, pois dizem respeito a fatos teóricos e praticamente aplicados, no ontem, no hoje, e certamente no amanhã, pois evoluir com a experiência vivida do passado, sua confirmação prática no presente, e sua projeção estudada, aplicada, adaptada ou modificada no futuro, certifica sua fundamental qualidade…

Desde sempre propugnei pela “intensidade defensiva”, como um dos fundamentos básicos do grande jogo, onde as técnicas individuais de defesa se equiparam às de ataque,  em sua complexidade e especificidade, quando ações físicas e mentais se combinam na execução de movimentos de fina sintonia, somente adquiridos através um longo, penoso, sacrificado e muito bem orientado treinamento, onde o “fazer falta tática” se torna sinônimo de incompetência de quem a pratica, e maior ainda de quem a ordena acontecer, abrindo mão do ato de ensinar técnicas específicas para que não ocorra, pois infelizmente, o que mais vem acontecendo  nos jogos seniores, e na formação de base, é a orientação “estratégica” da “falta tática”, como ação corriqueira e natural do jogo, num erro monumental e de sérias consequências, pois destrói de saída toda a condição de formalizar uma defesa unida, coletiva e realmente combativa, alicerçada na técnica de cada um de seus componentes, e não violentada pela somatória das faltas que devem ser utilizadas para parar a ofensiva oponente, recurso que evolui a cada temporada da liga maior, incapaz de desenvolver defesas individuais realmente eficientes, como essa que publiquei anos atrás, e que pretensamente beneficia elencos mais robustos de valores, inflacionando-os, aumentando o estoque de faltas a disposição da desvirtuada função defensiva, ora em voga no  arsenal tático dos estrategistas de ocasião…

Assim como nos sistemas defensivos, tais falhas de formação e informação estão presentes também nas ofensivas, quando são reivindicadas as ações sequenciadas, as que geram “fluidez dos sistemas” e suas jogadas, onde todos os jogadores se encontram em permanente movimentação, bem ao contrário do que vemos comumente acontecer, onde um ou dois jogadores interagem, frente aos demais estáticos, situados em posições fora do perímetro, aguardando um passe para efetuar os tenebrosos arremessos de três, erro colossal, por não se tratarem a maioria deles, especialistas naquele tipo de arremesso, aliviando a carga defensiva de se movimentar continuamente, fator que abriria espaços internos importantes, gerando a anulação de qualquer tentativa de fluidez ofensiva da equipe como um todo, emulando compartimentos estanques, e não comunicantes, como deveria ser feito…

Em decorrência, falar ou tentar estabelecer o que venha a ser “ataque controlado”, se perde no óbvio, pela ausência consciente de movimentações que levam a fluidez, pois quase sempre esse arremedo tático nasce e morre nas mãos de armadores pouco competentes na arte do drible ambidestro, das técnicas do DPJ, e do arremesso longo confiável sob contestação, além de se encontrarem amarrados à pobreza franciscana do sistema único, levando-os a individualização exacerbada e descerebrada, que nem a “rotatividade incessante de jogadores” oferece um paliativo minimamente aceitável, frente a enxurrada progressiva de erros nos fundamentos mais básicos do jogo, como demonstram as estatísticas deste playoff, com a média de 27,7 erros por jogo, sendo que em um deles, Franca e Paulistano, vencido pelo segundo por 69 x 66, perpetraram o absurdo número de 40 erros (19/21), constrangedores e inconcebíveis em uma divisão de elite (?)…

Mas não faltam fartas e fortes emoções para o público torcedor presente ou ligado na mídia televisiva e na web, mote agarrado com unhas e dentes por esguelhados e ufanistas narradores, complementados por comentaristas que em sua maioria se omitem de sua verdadeira função, a de relatar e explicar o que realmente acontece, técnica e taticamente, e não o que fantasiam no intuito de “valorizar” um pífio espetáculo de erros e brutais equívocos, em nome de uma inexistente “técnica superior” no campo de jogo, e bem pior fora dele, onde encenações, coerções, palavrões e jogo midiático, abundam triste e impunemente, e que encontram neles a simplória explicação de que se tratam de situações “normais” de jogo, logo desculpáveis e aceitas…

É um quadro desestimulante Paulo?  Sim, infelizmente esse é o padrão vigente, fruto de décadas de subserviência a sistemas de jogo que não nos dizem respeito, mas adotados pela extrema facilidade da cópia deslavada de um outro jogo praticado e sustentado por uma realidade técnico econômica diametralmente oposta a nossa, em todos os aspectos que se possa analisar, e que, infelizmente, se tornou comportamento corriqueiro pela maior parte daqueles que deveriam ensinar o grande jogo, de acordo com as nossas particularidades econômicas, materiais e sociais, estudando e aplicando técnicas didático pedagógicas específicas a nossa realidade de país carente nesses campos, tornando necessário o estudo sério e objetivo para enfrentar tais e importantes limitações, sem, no entanto, perder a busca pelo preparo de qualidade mais correto possível, cujos objetivos serão difíceis, porém não impossíveis de serem alcançados. Para tanto, urge o estudo e o preparo de estratégias factíveis a nossa realidade, a fim de prepararmos melhores professores e técnicos, dando um basta a “geração espontânea” de estrategistas sobraçando pranchetas tão  midiáticas, como suas estéreis e vazias mensagens do nada, do absolutamente nada…

Amém.

Vídeo – Reprodução da Tv de um pequeno exemplo de impropriedade diretiva.

ESSE É O BASQUETE BRASILEIRO MINHA GENTE!!…

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“Fantástico, espetacular, esse é o basquete brasileiro minha gente!!!” bradava o narrador a poucas horas atrás, num jogo entre Mogi e Vitória, onde seis jogadores americanos, três de cada lado, botavam a bola embaixo do braço, desligados dos estrategistas e suas pranchetas indecifráveis, vazias e ridículas, numa orgia desenfreada de bolas de três e algumas penetrações eficientes, garantidas pelos bons fundamentos que possuem, assessorados de longe pelos quatro brasileiros que lá estavam compondo os quintetos, como mandam as regras, auferindo muito pouco da insânia peladeira estabelecida pelos gringos, esfregando na cara de muitos uma verdade irrefutável, a de que pouco importa falar inglês, macarrônico ou não com eles, pois quando resolvem se apossar do jogo, o fazem na maior, sem meias medidas, vão lá, decidem o que e como fazer, e estamos conversados, para gáudio do estrategista vencedor posando de tático magistral, e o muxoxo do outro, carpindo ter perdido um deles para as cinco faltas, no momento crucial que estabeleceram para fechar o duelo na frente do marcador…

Foi um 3 x 3 no melhor estilo da nova modalidade de basquetebol, que até a FIBA reconhece e patrocina, e que aos poucos vai se chegando a outras equipes do NBB, preenchendo o ideário lapidar da turma estrategista em sua maioria, cujo sonho acalentado é se reconhecer “capaz e preparada” para o salto maior, a de liderar americanos, submetendo-os aos seus fantásticos conhecimentos técnicos e táticos, falando ou não seu idioma (quem sabe com um intérprete ao lado…), porém esquecendo um simplório detalhe, o de que eles não ligam a mínima, no máximo disfarçando interesse e atenção, claro, não arriscando seu dolarizado salário…

Basta ver e ouvir as instruções, e com enorme esforço tentar decifrar os garranchos tabulares, para de pronto, observando feições, caras e bocas dos caras, para definir com grande precisão os comportamentos que se sucederão dali para diante na quadra de jogo, ações e atitudes diametralmente opostas ao que viram e ouviram, se é que entenderam alguma coisa, para partirem para o que sabem e adoram fazer, jogar o jogo da maneira deles, descompromissados com sistemas que não lhe dizem respeito, pois tolhem sua criatividade e ousadia, algumas vezes até irresponsáveis, em ações e atitudes equivocadas, vencendo ou perdendo partidas, ao seu jeito, e não em função de pretensiosas pranchetadas de ocasião…

Confrontando toda essa brincadeira com coisa séria, alguns bons jogadores nacionais ainda tentam atuar da melhor forma que compreendem e sabem do grande jogo, mal treinados e pouco ou nada ensinados nos pormenorizados meandros dos fundamentos, porém corajosos e sequiosos de aprendizagem para valer, e não tomando carona nas mesmas pranchetas esnobadas pelos irmãos do norte, que nem mesmo seu idioma natal é capaz de traduzir o que são obrigados a testemunhar, ali, dois passos à frente das mesmas, mas a quilômetros de distância de sua mais razoável compreensão…

A continuar toda essa encenação de saltimbancos de arrabalde, muito em breve teremos narradores e comentaristas aos berros, enfeitiçados pela emoção gritarem – “This is the true basketball NBA in our country, fantástico, espetacular minha gente, great!!!”

Será que é o que queremos e merecemos, será? Já temos as fraquinhas e descoordenadas dançarinas, mascotes que nada agregam, cantores que desafinam, narradores ufanistas e comentaristas pouco ligados ao jogo, mais preocupados com o aspecto comercial e festivo junto a telespectadores mais festivos ainda, americanos que fazem o que bem entendem, juízes e estrategistas microfonados, mas não temos o mais importante, o jogo nas escolas e clubes do país, bons e bem formados professores e técnicos ensinando correta e seriamente nossos jovens, dirigentes que queiram realmente administrar com competência a modalidade,  e o mais importante, a vontade e disposição política de agregar o pouco que ainda dispomos, e não dividir por força de animosidades e divergências pessoais ou não, iniciativas razoavelmente implementadas neste inóspito deserto de idéias que tem se mantido no âmago do nosso infeliz basquetebol por mais de trinta anos. Unir forças, discutir planos e projetos, convergir e divergir democrática e civilizadamente o que de bom subsiste entre nós, creio ser o caminho menos pedregoso que, afinal, teremos de trilhar para o soerguimento do grande jogo.

Em tempo, um fator técnico que não pode ser esquecido, mais um, o de que “nunca na história (ainda bem que do basquetebol…) desse país”, convergimos tanto nos arremessos de 2 e 3 pontos e em erros de fundamentos, como nos jogos desse playoff, provando mais uma vez que, infelizmente, o fundo do poço ainda está bem distante para ser atingido, e sempre na companhia das infames pranchetas em seu eterno e inamovível plantão. Haja paciência, deuses meus…

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.