A MESMICE CONFRONTADA…

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E de repente já não me sinto tão sozinho nessa inglória luta, depois de garimpar o texto abaixo do técnico Marcus Hygino curtido pelo Miguel Palmier (dois que jamais se esconderam ou se camuflaram no anonimato) no Facebook, fazendo eco ao que publico a anos nesse humilde blog, apontando o verdadeiro fator que nos tem levado ladeira abaixo nas competições internacionais de relevo, e não esses torneios meia boca contra equipes que se encontram em aeroportos, jogando em ginásios semi desertos, num carrossel de mesmice técnica que bem reflete nossa realidade, da base a elite, onde a criatividade, o improviso consciente e o coletivismo baseado nos fundamentos, nos sistemas corajosos e inovadores, se perdem na mediocridade e ausência quase total de sólidos conhecimentos sobre o grande jogo, por parte de uma geração de estrategistas com suas midiáticas pranchetas que expõem o seu real, confiável e convincente domínio dessa complexa modalidade, ou seja, muito, muito pouco, quase nada…

Somemos a essa indiscutível evidência o apoio indesculpável de uma mídia surda e cega aos palavrões cada vez mais frequentes nos pedidos de tempo, acompanhados de gritinhos e esgares “motivacionais”, folclóricas dancinhas ao lado das quadras, insufladas e propositais pressões nas arbitragens, levando um perigoso e irresponsável recado a torcidas cada vez mais agressivas, completamente ao largo dos princípios éticos esportivos inerentes ao grande jogo desde sempre. E nesse ponto, vamos ao texto do Marcus:

O que acontece com os técnicos de basquete que atuam no Brasil? Pude ver, praticamente todos os jogos do NBB, tanto na Band, quanto no Sportv. Não sei se algum de vocês escutaram falar do termo, “TUDO JAPONÊS”, pois é, as equipes da NBB, com raríssima exceção por causa de um ou outro jogador, utiliza muito bem esse jargão! Que isto? Se mudar todas as equipes de camisa, vamos observar que todos, mas absolutamente todos fazem a mesma coisa. Não se vê um contra ataque, não se vê uma transição bem feita, não se vê nenhum jogo sem bola, não se vê nenhuma equipe abrindo espaço no 5 x 5, só se vê finalizações descabidas e totalmente erradas pro momento do jogo, equipes em quadra sem tesão de jogar, pivot toda hora saindo pro chute, feio, tudo muito feio! Com raras exceções( por isto que o Marcelinho Machado jogará até os 60 anos), jogador não sabe nem utilizar o passe adequado, driblam em demasia e todo final de ataque, digo TODOS OS FINAIS de ataque são fechados em 1 x 1! E para finalizar, avisem a todos os técnicos que a utilização da “PRANCHETA”, não é obrigatório, é um recurso de auxílio em situação especial! Passa a ser ridículo e cômico, como em todo tempo técnico, só passam orientações na dita cuja!

Creio que nada mais precisa ser dito…

Amém

Foto – A imagem do caos. Reprodução da TV.

 

E TUDO CONTINUA E CONTINUARÁ IGUAL, LAMENTAVELMENTE…

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Não tem sido fácil para mim manter essa abstinência de artigos sobre o grande jogo, mas é que estava sendo doloroso demais externar a mesmice endêmica em que ele foi afundado, documentando uma outra mesmice crítica aqui nesse humilde blog, a de que nada mudou, e nem mudará, se dependermos da tradicional e da nova geração de estrategistas que enganam e se escondem por trás do biombo travestido de prancheta, mais midiática do que de importância realmente técnica, a não ser para seus equivocados utentes…

E o mais emblemático é assistirmos o beneplácito da crítica especializada, sempre pronta a absolver a garranchada exposta nas mesmas, para mais adiante confessar que a grande maioria dos “atentos e interessados” jogadores, simplesmente não cumprem nada do que é lá rabiscado, lambuzado e diligentemente apagado com as costas daquelas mãos sôfregas e tatibitates…

E é nesse ponto que sugiro algo didaticamente interessante e elucidativo, que pranchetassem sobre folhas soltas, como nas antigas tabuletas de presença  dos bedéis de escolas, para que ao final dos jogos pudessem admirar, quem sabe, entender eles mesmos o que perpetraram nos seus caóticos pedidos de tempo, folhas ordenadas cronológicamente por um dos incontáveis assistentes refestelados nos bancos, como auxiliares privilegiados na pressão das arbitragens, como documentos que muito esclareceriam (?) certas atitudes e decisões quando nas revisões videografada pós jogos, e que para melhor entendimento justificariam, ou não, a enxurrada de palavrões e reprimendas ditatoriais e infantis em adultos, muito dos quais, pais de família…

Joga-se o NBB9 como jogaram os de 1 a 8, iguais, monocórdicos, com uma ou outra ilustração, como a da moda atual, o fator “intensidade”, aquele que concede primazia à equipe que supere pelo diferenciado esforço físico o sistema de jogo utilizado por todos igualmente, na tentativa de equalizar, e mesmo superar, a maior qualificação de jogadores nas estratificadas posições de 1 a 5, chaga que nos aflige e corrói técnica e taticamente desde sempre, determinando a ascendência de dirigentes, agentes, empresários e técnicos coniventes com o sólido corporativismo que implantaram para protegerem-se de inovações que ponham em risco seu sagrado e fechado mercado…

E pensar que bastaria uma ou duas equipes que se diferenciassem na forma de ver, sentir e jogar o grande jogo, de preferência formada por jogadores pouco ou nada ranqueados, dos muitos e muitos que existem nesse enorme e injusto país, dirigidos e orientados a sistemas diferenciados, que os tornassem proprietários de uma nova forma de atuar, reagir, criar e improvisar por sobre algo perfeitamente tangível, existente e factível, porém, vedada aos medíocres, aos omissos, aos osmóticos que simplesmente copiam, atuam e se comportam como vedetes intocáveis, midiática e politicamente, onde, com pouquíssimas exceções, pululam desde as categorias de base até a elite, posudos, e profundamente equivocados sobre suas pseudo importâncias e influências sobre os mais jovens, reservando aos mesmos o palavrório de baixo calão que expelem nas transmissões televisivas, explicadas e relevadas pelos comentaristas e narradores como “explosões normais de jogo”, numa absurda e imperdoável conivência…

Por tudo isso, e por ter tido um dia a oportunidade de atuar na liga, e dar seguimento a um comportamento linear desde as categorias formativas por mais de 50 anos, como professor, técnico e agora jornalista, é que me sinto desconfortável em simplesmente assistir e escutar o que jamais admiti, pratiquei e utilizei como mensagem a jogadores e aos mais jovens, para os quais a chave de sua educação passa inquestionavelmente  pelo exemplo dos que comandam, fator básico para o progresso cidadão dos mesmos…

Mesmice técnica e tática endêmica, pranchetas midiáticas, palavrões, gestual circense ao lado das quadras, pressão descabida nas arbitragens e apoio inconteste dos que decidem sobre tantos e discutíveis comportamentos, cansam, ou melhor, se tornam insuportáveis…

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma duplamente para ampliá-la.

                                                                                                                                                                 

TRISTEZAS E FELIZES MOMENTOS…

 

Realmente é muito difícil assistir e compreender o basquetebol que  estamos praticando de uns vinte e cinco anos para cá, e por mais que me esforce, caio no lugar comum da mesmice endêmica desde sempre. É muito triste e desalentadora a realidade que aí está, escancarada, de uma pobreza criativa indescritível, seja sob qualquer  argumento minimamente plausível que tentemos explicá-la

Dois bons exemplos desse impasse podem ser avaliados com razoável precisão, a linearidade sistêmica que se instalou e enrijeceu a todos na maneira uniforme, formatada e padronizada  que desenvolvem o grande jogo entre nós, e a danosa autofagia que tem se abatido por sobre todos nossos prospectos, lançados ainda muito imaturos nos porões do profissionalismo selvagem, onde não conseguem evoluir tecnicamente, pois priorizados pela engorda física e os interesses financeiros de agentes e empresários, adequando-os a valores que na maioria das vezes se chocam com suas realidades técnicas e sonhos juvenis…

Testemunhar um jogador perdido na quadra pela ausência de um simples sistema que o encaixasse no jogo de equipe, e vê-lo devolver velozmente as duas únicas bolas que recebeu no pivô, abrindo mão, ou sendo orientado a não tomar qualquer iniciativa pessoal, mas livre para tocos e enterradas pontuais, sendo avaliado como craque por uma mídia passional, torna-se, sem dúvida alguma, um preito ao desperdício, não só dele, o Bebê, mas de todos os outros que pularam as etapas mais fundamentais de sua formação, que, quem sabe, seja revertida pelos jovens que se iniciam em equipes universitárias americanas, seguindo o exemplo de australianos e canadenses, que já recolhem frutos em suas seleções nacionais…

Por outro lado, assistimos todas as equipes do NBB9 atuarem técnica e  taticamente da forma padronizada que tanto critico, e agora com uma novidade, quando todos os arremessos iniciais de suas partidas são de três pontos, como que preparando o público para a dura realidade que assistirão dali em diante, o que é algo deplorável..

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Mas hoje é um dia muito especial, não só pelo meu septuagésimo sétimo aniversário, mas pela maravilhosa constatação de que, ao contrário da enorme tristeza de me ver (nunca sentir) coercitivamente afastado do grande jogo, vejo e sinto que cumpri com alguma sobra meus deveres de professor, técnico, jornalista, e acima de tudo, pai e amigo de três filhos vencedores em suas vidas privadas e profissionais, onde a Andrea Raw, bailarina, professora, coreógrafa e produtora, vai se tornando referência da dança moderna brasileira. André Luis, designer e publicitário, firme em sua trajetória criativa na americana Novica. João David (Jay Raw), meu caçula que vive na Irlanda a cinco anos, para onde foi em busca de seu sonho como cantor, compositor e líder de sua banda Late Train, além de estar terminando a faculdade de informática e estar trabalhando na IBM. Enfim, são os melhores amigos que um pai poderia ter, ao lado daqueles que privaram, e ainda privam da minha vida de professor e incorrigível basqueteiro…

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Peço aos deuses que ainda me concedam saúde e disposição para continuar a luta pela educação de qualidade, o soerguimento do grande jogo através deste humilde blog, e o livro prometido ao André, que está prestes a ser concretizado, além de um derradeiro pequeno grande sonho, a de voltar a dirigir uma equipe, ação preparada, estudada e pesquisada por toda uma vida. Daqui a pouco almoçarei com a Andrea, feliz e recompensado por tudo, ou quase tudo…

Amém.

Fotos – Arquivo pessoal. Clique duas vezes nas mesmas para ampliá-las.

CENAS DE UM CENÁRIO REPETIDO…

 

CENA 1 –  Ligo a TV para o início do NBB9, jogo de graúdos em  Bauru, com o time da casa recebendo o campeão da liga, o temível Flamengo…

Bola ao alto, e de saída os primeiros oito arremessos são de 3, mas a primeira cesta foi de 2. Prevendo mais uma chata avalanche de bolinhas, pois institucionalizada, troquei de programa e fui assistir algo menos previsível…

Retornei mais tarde ao final de uma segunda prorrogação e fui direto para o levantamento estatístico, e não deu outra, estava lá bem grafado, 18/66 bolinhas de 3 ( 12/37 para Bauru, 6/29 para o Flamengo), onde os especialistas detonaram sua arte mais midiática do que técnica, com 2/10 do Marcelo, 1/7 do Marcos, 3/10 do Alex e 1/8 do Meindl, num jogo vencido a duras penas pelos 12/18 do J. Batista nos sempre relegados 2 pontos (num total de 26/56 de sua equipe), e nos 30/35 Lances livres de apenas 1 ponto cada (com Bauru perpetrando 17/28 nos mesmos), numa partida que perdeu por 3 pontos…

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É duro, duríssimo constatar que o cenário continua inalterado, congelado, estratificado, onde 31 erros de fundamentos são cometidos, parecendo nulas as pré temporadas que fazem para acentuar a mesmice em que vivem, com as pranchetas cada vez mais presentes, asfixiantes, exalando as percepções equivocadas de seus postulantes, a cada temporada mais grudados e confidentes com seus inermes e limitados alter egos…

Eis que recebo um telefonema de um amigo de longa data, que me confidencia – Paulo, aconteceu neste jogo aquilo que você denomina como o “sonho dourado” dos estrategistas, outorgando-os com um tempo para cada ataque a ser realizado , pois as quatro e decisivas ações ao final do tempo regulamentar foram antecedidos de pedidos de tempo, como que monitorando genericamente o comportamento presente no campo de jogo, fator que considero o mais nocivo para o desenvolvimento adulto e pensante dos jogadores (e não marionetes descerebrados), cuja ausência de raciocínio, acuidade mental e física nos momentos de decisão, nos tem cobrado amargamente quando em seleções nacionais…

Claro, claríssimo, que para o grande público “sobram emoções”, mas que nada somam às nossas reais e técnicas necessidades nas grandes competições internacionais (acredito mesmo que essa turma não está nem aí para isso, voltados que estão para seus dotes mágicos de estrategistas, e para seus currículos…), onde nosso previsibilíssimo jogo, se choca com a dura realidade da mais ausente e ansiada criatividade, produto de ações espontâneas e treinadas, jamais tuteladas de fora do campo de luta, através aqueles que se consideram os donos do grande jogo, sem jogá-lo…

Mas Paulo, a maioria, ou quase a totalidade deles jogou, muitos, inclusive saindo direto da condição de jogador para a de estrategista, ou não?…

Sim, é verdade, e o mais insólito é que o fizeram no âmago do sistema único, mantendo-o como a suprema verdade (certamente a única que conhecem) que nos tem esmagado irremediavelmente, e até agora, sem previsível reversão, o que é trágico…

CENA 2 – Ao início da nona temporada da LNB, com seu já bem estabelecido NBB, agora supervisionado por uma NBA cada vez mais inclusa no mercado tupiniquim, subvencionando parte dele no aspecto comercial e de marketing, indicando um caminho que  conhece e domina em seu país de origem, bem diferente da realidade que nos toca, sem a estrutura de base escolar e universitária que os tornam estáveis às oscilações estruturais e econômicas que nos afligem desde sempre, e que deixa num segundo plano outra de nossas maiores deficiências, talvez a maior de todas, a técnica do grande jogo aqui praticado. Ao adotarmos fiel e cegamente o sistema único, originado na grande liga, formatando e padronizando-o, trilhamos um caminho até agora sem volta, monocórdio, instalando e fixando a mesmice endêmica, que só nos faz retroceder ano após ano, década após década, lamentavelmente…

Fica bem claro que dificilmente sairemos desse estágio técnico em que nos encontramos, pois torna-se evidente a força cada vez maior do corporativismo que une a todos, dirigentes, agentes, técnicos,  jogadores, e grande parte da mídia, interessados em manter os espaços conseguidos, numa rasgação de seda disseminada e aceita por todos, engalanando e incensando a mediocridade técnica vigente, envolvendo emocionalmente jogos abaixo da crítica mais benevolente, achando que dessa forma promove e desenvolve o grande jogo entre nós, cometendo o equívoco mais letal, o de omitir sua vulnerabilidade técnica, tática, e acima de tudo, estratégica…

CENA 3 – Me preocupa sobremaneira o processo de estagnação que se instalou técnica e taticamente no nosso basquetebol, fator este desestimulante aos que torcem e assistiam os jogos em busca de jogadas e jogadores de qualidade, uma raridade hoje em dia, com o basquete pasteurizado e medíocre que acontece repetidamente em nossas quadras.

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Agora mesmo, no sul americano de clubes, a equipe do Paulistano perpetrou um dantesco 15/40 nos arremessos de três, e somente 11/27 de dois pontos, deixando bastante clara a opção de seu técnico, digo, estrategista, pelos arremessos de fora, e inclusive, num de seus tempos, arguiu fortemente seus jogadores, mencionando estarem os mesmos com “cagaço” (desculpem…) de arremessar, passando a bola para companheiros marcados, que assim mesmo arremessaram, numa oportuna postura de colocar nas mãos dos jogadores a responsabilidade decisória, algo discutível, pelos 40 arremessos de três, somente possíveis com sua particular anuência, deixando esplícita a incapacidade de sua equipe de decidir “lá dentro”, haja vista as 20 conclusões nesta estratégica área, onde seu vencedor adversário concluiu 34…

CENA FINAL – Decididamente, nada deixa prever que acontecerão mudanças técnico táticas neste MBB9, e os primeiros jogos confirmam essa tendência, repetida, aliás, desde sempre, desde a fundação da LNB. O resultado imediato dessa trágica realidade é o da continuidade corporativista existente, onde a forma atual de jogarmos o grande jogo se tornará praticamente definitiva daqui para diante, sem que qualquer corrente contraditória tenha a oportunidade de se antepor a essa catástrofe, onde a “filosofia” dos arremessos de três, das enterradas “monstros”, e do reinado das midiáticas pranchetas, arautos do vazio técnico tático que nos esclui da criatividade, do improviso responsável, do coletivismo decorrente da simbiose entre técnico e jogadores, aspecto estratégico definidor dos grandes objetivos inerentes a modalidade, da base a elite, na qual a exigência de qualificação superior se torna fundamental, e cuja minimização alimenta o arrivismo e a expansão dos provisionamentos ditos “legais”…     .

Sinceramente, não é a melhor das perspectivas que nos aguardam…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas e nas subsequentes para ampliá-las.

POR QUE NÃO POSSO TRABALHAR, POR QUE?…

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“Como posso contestar os árbitros se vocês não batem pra dentro provocando faltas, como?”

Eis o questionamento de um dos novos técnicos num pedido de tempo em recente jogo de campeonato estadual, a jogadores surpresos com a orientação do mais alto valor técnico e tático implícita na mesma, porém emanada com a “seriedade” de quem, absolutamente, sequer desconfia o que está ali fazendo na direção de uma equipe, da pseuda elite…

Pseuda porque recheada de “nominados” que trocam de camisa a cada ano, patrocinados por agentes e dirigentes “experts” nas entrelinhas do grande jogo, formando “equipes” ensacadas em uma camisa de peso (?), para serem magnanimamente entregues a técnicos, digo, estrategistas, que nada mais farão do que manter um sistema de jogo único, padronizado e formatado, facilitador do entrosamento inter pares, ainda muito mais se consubstanciado com classificações institucionais, como em matérias do site da LNB, nomeando os nove melhores de cada posição no país, divididos em armadores, alas armadores, alas, alas pivôs e pivôs, posicionamentos que embasam e sedimentam o sistema único implantado coercitivamente entre nós, em todas as categorias e divisões, desde a iniciação de base, o qual, com sua pobreza e a mais absoluta ausência de criatividade, a não ser por premiar perolas pinçadas eventualmente, como o questionamento que abriu este artigo, como que referendando a mesmice institucionalizada que se abateu tragicamente sobre nosso infeliz basquetebol…

Em continuidade, o festival de pranchetas, midiáticas, estrelas, mas sujeitas a algumas inovações, como a mais recente, a “introspectiva prancheta”, aquele  momento em que um dos mais notórios estrategistas se posta em silêncio, olhos pregados em sua superfície, vagarosamente rabiscando  linhas, num solene mutismo aos que o cercam, mudos também, até o momento em que o tempo pedido se esgota, e algo é dito aleatoriamente- vamos fazer a 2…

Mudar algo para quê, e porquê, se está tudo bem, dentro do que planejaram para nós, sombreados e tutelados pela matriz, que agora invade nossas TVs com temporada completa, lojas e sites de vendas, programas de entrevistas, e um punhado de especialistas na arte de comentar e divulgar uma irrealidade para nossos padrões sociais, econômicos, educacionais e culturais, enfim, numa entrega abjeta e colonizada. Claro, que alguns mais esclarecidos teimam em se contrapor a tanta interesseira e grotesca bajulação, como um comentário, infelizmente anônimo, que pincei em um dos blogs especializados, quando o assunto era o que deveríamos esperar dos brasileiros nessa temporada que se inicia:

(…)Não devemos esperar nada deles, pois são meros coadjuvantes que a NBA contrata só para divulgar a marca aqui no Brasil. É a maneira mais barata e eficiente que eles encontraram de alavancar a audiência. Alguém acha que os americanos iriam contratar brasileiros?? Seria a mesma coisa que contratar um jogador americano para ser centro-avante de um time da nossa série A. Será que ninguém percebe isso.(…)

E o mais emblemático e constrangedor é ver a transmissão de um jogo decisivo nosso, ao lado de um outro de início de temporada acima do hemisfério, com seu brutal confronto de realidades, públicos, poder e indiscutivelmente, hegemonia, como que dizendo (ou impondo) a nossos jovens qual o caminho a ser trilhado, lamentável e criminosamente falando…

Assisto a tudo isso conjugando um sentimento de pena, com outro de indignação, somados a um derradeiro, a tênue, porém real esperança de que algo ainda poderá ser feito pelo grande jogo entre nós, lamentando, no entanto, não me ser permitido ajudar nessa quase improvável possibilidade, pois afastado sem maiores e convincentes explicações após a curta permanência de onze jogos no NBB2, dirigindo o Saldanha da Gama do Espirito Santo. Por que o fizeram meus deuses, quais explicações, ponderações, avaliações, quais? Idade? Conhecimento? Experiência? Liderança? Comando? Quais? Quem sabe, contestação aberta e direta ao status quo vigente, à mesmice desenfreada que ainda impera, ou o temor infundado frente a mudanças técnico táticas ali sugeridas, será? Creio que sim, pois a utilização à larga da dupla armação e a preferência pelos pivôs ágeis e rápidos se impuseram, e aí estão implantados e aceitos, como resultante da intensa e incansável campanha iniciada por esse humilde blog desde sempre, porém, com uma decisiva e esclarecedora nuance, a de que provei com larga margem de resultados ser possível jogar o grande jogo fora do sistema único, quando naquela competição fiz a equipe atuar com dois armadores e três alas pivôs, tanto contra defesas individuais, como zonais, sem mudanças táticas, tendência que ora se espraia pelo mundo do basquetebol, inclusive na NBA…

Críticas, críticos, imprensa, blogs, entusiastas do grande jogo elogiaram muito aquele trabalho (alguns, inclusive, me colocando como o técnico do ano) de 49 dias em Vitória, que fiz questão de dividir com todos através artigos e vídeos no blog, contando e expondo cronologicamente o corajoso, sacrificado, e inovador trabalho ali realizado. O prêmio? A exclusão sumária, surpreendentemente antevista num congresso de treinadores do NBB após sua segunda temporada num hotel fazenda em Campinas, onde dois fatos foram pontuais e precisos. O primeiro quando um dirigente da LNB me sugeriu sutilmente acabar com o Basquete Brasil, como uma providência necessária de continuidade na direção de equipes da liga. O outro, mais esclarecedor ainda, quando no jantar do último dia o técnico Guerrinha se dirigiu a todos ali presentes dizendo – Tomem muito cuidado, pois se esse cara com uma equipe inferior (opinião dele, não minha…) e no pouco tempo que teve fez o que fez com equipes mais poderosas, imaginem o que fará em uma temporada completa? Proféticas palavras, pois o que se viu dali para diante foi o meu afastamento radical e proposital das quadras, impedindo o exercício profissional a que tenho direito, pela formação acadêmica, estudo, pesquisa e experiência de mais de cinquenta anos, impedindo ganhos salariais fundamentais na complementação de minha aposentadoria universitária,  necessários ao pagamento de dívidas bancárias assumidas oito anos atrás na luta de preservação da minha casa. Aguentei o violento tranco, e o Basquete Brasil ai está no seu décimo segundo ano de luta e perseverança, mantendo sua inquestionável e democrática  independência… 

Porém, muito além da brutal covardia a que fui submetido, maior ainda a perda de uma inusitada e corajosa tentativa de mudar o cenário monocórdio que asfixia progressiva e inexoravelmente o grande jogo em nosso imenso e injusto país, onde os incompetentes continuam no poder desportivo e educacional, onde o objetivo maior é dar continuidade ao progressivo domínio exógeno de insumos tecnológicos, técnicos, táticos, sociais, educacionais, culturais, que não nos dizem respeito, mas que auferem vultosos lucros a seus “cargos de sacrifício”…

No mês que vem farei 77 anos (no NBB2 tinha 70), logo, fora das quadras elitizadas a seis longos anos, porém, mais atual do que nunca, pois desde aquela época, nada, ou muito pouco, evoluiu técnica e taticamente por aqui, muito ao contrário, involuímos para algo impensável a quem ama o grande jogo, ou seja, briga-se num ginásio com torcida única, e briga-se sem torcida nenhuma, numa demonstração tácita de que na ausência de público que possa ser manipulado e jogado contra arbitragens brigam os estrategistas entre eles mesmos, numa atitude que professores e técnicos da minha geração (hoje são poucos, infelizmente, mas aí estão…) não o fariam, pois bem formados e alinhados com o progresso do grande jogo (como sempre estiveram), e não com o exacerbado corporativismo que aí está, atrasado, mafioso, granítico e inamovível…

Gostaria de trabalhar por mais dois anos, com temporadas completas, tendo a possibilidade de dar seguimento ao que iniciei a mais de 50 anos atrás em todas as categorias e divisões no país, e que de certa forma formalizei no Saldanha no NBB2, sendo interrompido num trabalho que, sem dúvida alguma, teria ajudado em muito o nosso basquetebol a evoluir de encontro a um caminho perdido para a mediocridade e pusilanimidade de muitos que aí estão, onde as poucas exceções não encontram apoio e incentivos à luta maior, o soerguimento do grande jogo no país…

E ao final de tudo, uma pergunta se impõe: Paulo, você realmente acredita ser possível na sua idade, num país que tanto maltrata seus idosos encarar tal desafio? Olha, desde que me aposentei na UFRJ, dedico as mesmas oito horas de trabalho diário ao blog, ao estudo, a pesquisa, ao livro, ajudo no que sou solicitado pelos filhos adultos, trabalho nas intermináveis obras da casa, e acima de tudo, tento assistir o máximo de jogos de basquetebol que possa aguentar, e muitas vezes, muitas mesmo, desligo ou troco de canal, pois assistir e escutar (escutar então, é de matar…) a mesma coisa repetidamente cansa, e como…Mas lá no fundo ainda me vejo na quadra, dando treinos, treinos, muitos treinos, ensinando, corrigindo, incentivando, e eventualmente ajudando jogadores nos jogos, que nada mais são do que o mais puro reflexo do treino, do exaustivo e sacrificado treino, onde as dúvidas e os medos são aplainados da melhor forma possível, onde a influência técnica do professor é profundamente exigida, discutida, conversada, pesquisada, e trabalhada a mais não poder, para que no fragor das importantes partidas sejam os jogadores os donos reais das ações, dos sistemas, das jogadas, das improvisações, da criatividade, enfim, do  espetáculo, onde um ou outro pedido de tempo se faça somente necessário no intuito de esclarecer e dirimir uma dúvida, e nada mais do que ficou estabelecido no treino. Contestar arbitragens, jamais, fora ou dentro da quadra, assim como exibicionismos coreográficos movidos pela síndrome da luz vermelha (aquela luzinha que se acende numa câmera em função), na ridícula intenção de mostrar “trabalho e dedicação”, e em tudo por tudo, jamais nomear uma prancheta como biombo obliterador da relação óculo manual entre técnico/jogadores, fator básico e primordial ao sentido coletivista de qualquer equipe que se considere séria e competitiva. Finalmente, me preparar para conter a preocupação dos filhos, a quem, de dedos cruzados atrás do corpo, prometi me dedicar a outros menos traumáticos interesses, promessa que quebraria na maior das satisfações, querendo eles ou não, que não têm exclusividade do meu amor, pois o grande jogo veio algumas décadas antes deles…

Mas engraçado mesmo foi ler um dos parágrafos de um artigo do Fabio Balassiano no seu Bala na Cesta de hoje – (…)Não posso terminar esse texto sem citar Jorge Guerra, o Guerrinha. Técnico de personalidade forte e bastante carismático, ele foi demitido de maneira bizarra antes do NBB passado por Bauru, ficou um ano estudando, tentando montar projetos, vendo a modalidade de longe. Era um desperdício para o basquete brasileiro tê-lo de fora por tanto tempo, mas sempre há um motivo para as coisas acontecerem, né?(…)

Amém.

Foto – Autoral. Última conversa com a equipe do Saldanha, ao término de sua participação no NBB2 em Londrina. Clique nesta e na subsequente imagem para vê-la ampliada.

A RESPONSABILIDADE DO COMANDO…

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(…)”Ser treinador é o meu sonho, vivo isso há apenas dois anos e sei que preciso mudar para continuar evoluindo”.

( trecho final da matéria do Fabio Balassiano no Bala na Cesta)

 Um ditado popular nordestino bem diz –  “quem faz um cesto faz um cento”, e o nosso candidato a treinador não fugiu ao mote popular, coerentemente…

Muito antes de evoluir, precisa aprender, estudar, pesquisar e praticar muito na base da pirâmide, na formação, onde os princípios fundamentais do grande jogo são sedimentados, principalmente para aqueles que afirmam o desejo de ser treinador…

Queimar, saltar essa básica etapa é se condenar a ser exatamente o que sonha, ser treinador, jamais professor, técnico, líder de verdade de uma equipe de alta competição, onde o “eu quero”que façam isso, o “eu quero” que façam aquilo, seja substituído pelo pleno conhecimento dos sistemas através a arte do treino, onde suas etapas são conveniente e profissionalmente treinadas, e ensinadas desde sempre, e não impostas unilateralmente numa midiática prancheta, antítese do que aprenderia junto a longa e laboriosa jornada na formação de base…

E lá chegando, é certo que os adquiridos comportamentos sócio desportivos educacionais não darão oportunidades a rompantes até agora exteriorizados, dando com sobras razão ao mote popular…

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

Vídeo – You Tube.

 

O REINO DA PRANCHETA…

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“Estava com saudade das pranchetas, aliás, o público amante do basquete também deve estar”… ( Comentário do narrador da TV, na rodada inaugural do torneio de Fortaleza ontem).
Realmente preocupante tal comentário, onde inermes pedaços de plástico são requestados como protagonistas midiáticos do grande jogo, quando na realidade não passam de soturnos biombos, fortemente situados entre técnicos (?) e jogadores, encobrindo a mais absoluta ausência de conteúdo técnico tático produto de treinamento, ensino e coesão, a não ser aqueles padronizados e formatados em décadas de mesmice e deslavada cópia inter pares, numa espiral que não cessa de ascender, com intervalos catastróficos, como nos recentes e caseiros jogos olímpicos, onde, pela enésima vez, foram grafadas nas mesmas os herméticos hieróglifos advindos de mentes desprovidas do mais comezinho conhecimento do que venha a ser formar,organizar, treinar e fazer competir uma verdadeira, coesa e unida equipe de basquetebol, cujo coletivismo é algo abstrato para a grande maioria dos que ai estão pousando arrogantemente de estrategistas supremos…
Me envergonham os pedidos de tempo, vazios nas mensagens e correções coerentes e fundamentadas, mas repletas de palavrões, esgares e falsas indignações, fruto do acordo comum e corporativo de uma classe que simplesmente emula uns aos outros, nas poses, nas coreografias ao lado e dentro das quadras, nas reclamações, pressões e coerções nas arbitragens, nos discursos, sendo todo esse lastimável espetáculo circense, aprovado e até incensado por comentaristas e narradores compromissados, em sua maioria, com a falsa imagem que passam, de ser todo esse pastiche, pertencente ao espetáculo, que deve ser preservado e ampliado, para incrementar a popularização da modalidade junto aos futuros assistentes e consumidores, no que me parece estar falhando rotundamente, haja vista as ridículas plateias que se perdem nas vastidões de bancadas vazias nas monumentais arenas, de padrão NBA, como apregoam colonizadamente, gerando o eco que nos tem avisado do ridículo posicionamento pelo marketing de uma atividade desportiva que nos fez grandes internacionalmente, não por toda essa enganação marqueteira, e sim pelos altos índices técnicos que ostentávamos na preparação de base, e nas seleções dirigidas e orientadas por técnicos de verdade, e não papagaios osmóticos de pirata, todos ostentando um saber que imaginam possuir, e tendo em seus sovacos pranchetas, que aqui para nós, acredito saberem mais do que eles todos, juntos e corporativados, em torno da capitania hereditária que dominam desde sempre…
Agora mesmo, nascem duas chapas que tentarão assumir a CBB para o ano, sendo que uma delas já desfila com o apoio de 14 federações e mais a associação de jogadores, voto certo na aprovação de contas da mentora, e vagas em seleções, todas elas eleitoras dos que ai estão a décadas, e que, de forma alguma mudarão alguma coisa administrativa e tecnicamente, ainda mais com as verbas governamentais se ausentando, e dívidas a não mais poder, formada pela turma que pratica o principio dos “ cargos de sacrifício” (será?…), e que avalizaram tudo o que ai está, mas preocupada com os excessos da atual e aceita administração, que está pondo em sério risco seu mandatário e exclusivo controle político, não fossem os candidatos a presidente e vice, parte da engrenagem. E nesse ponto urge uma pergunta – Se uma associação de jogadores tem poder de voto, por que não as de treinadores? Já imaginaram 27 associações estaduais e uma nacional incidindo no colégio eleitoral confederativo? Creio que muita coisa mudaria no universo do basquetebol tupiniquim, ou não?…
Mas o preocupante não se refere a administração, que continuará a mesma na atual conjuntura, já que se tornou rotina o que promulgavam nas assembleias para acertos de contas, mas sim o aspecto técnico, que na acepção de termo, é o fator que define em essência a existência de uma confederação esportiva, que justifica a essência do próprio jogo, que muitos aventureiros e arrivistas teimam em transformar em meio de vida, com seus projetos mirabolantes de gestão e publicidade profissional, marqueteiros circenses que são, e que esquecem que na matriz, essas benesses são lastreadas por princípios e bases educacionais voltadas desde sempre a juventude, nas escolas, colégios e universidades, com verbas próprias, berço acadêmico e político de seu inegável poder, assim como em outros países desenvolvidos na Europa e na Ásia. Aqui, o poder do QI ainda impera solene, onde a burocracia partidária e econômica asfixia o mérito, por mais sadio e genuíno que seja, e que não poderia ser diferente no meio sócio desportivo em que estamos doentiamente inseridos…
Entendendo e compreendendo essa estratégica verdade, podemos avaliar com alguma precisão os porquês de nossos repetidos fracassos no mundo do basquetebol internacional, e desde já aceitar o princípio imutável de que, qualquer mudança conjuntural somente será factível pela influência e introdução exógena, pois a endógena está corroída e agônica, sem perspectivas, ao menos, de salvação. A outra chapa será mais do mesmo, apesar de ser liderada por um técnico, que não acredito alcançar a receptividade necessária…
No meu eterno ponto de vista, maturado por meio século de atividade técnica e professoral, o grande nó górdio de nosso basquetebol, ata e desata no fator técnico, em sua concepção e divulgação, tanto na base, como na elite, que é a resultante daquela. Ao nos desvincularmos da influência do hemisfério do norte, com sua política hegemônica, numa realidade antítese da nossa, daremos um enorme passo para reencontrarmos nossa origem desportiva no grande jogo, assim como, ao lutarmos pelo aprimoramento do ensino desportivo nas escolas de educação física, com a reintrodução massiva de conteúdos técnicos e de formação em seus currículos, numa inversão do que ocorreu quando substituídos pelos da área da saúde, resgatando somatoriamente as disciplinas técnicas e didático pedagógicas, onde o ensinar a ensinar retome sua importância perdida nos últimos 30 anos, consubstanciando a real formação do professor e do técnico, teremos de volta a qualidade olvidada e quase perdida para os atuais “ profissionais da educação física”, bacharelados e provisionados por conselhos estaduais e federal, braços armados para o culto ao corpo, viabilizado pelos mesmos em holdings bilionárias que se avolumam por todo o país, a quem não interessa educação física e desportiva nas escolas, principalmente na faixa do ensino médio, clientela a alto, médio e baixo preços oferecidos a mesma, numa cornucópia financeira de valores estratosféricos…
Como descrevi no artigo anterior, somente acredito em alguma substancial mudança, se a mesma vier de fora para dentro, eivada de personagens advindos do grande jogo, como jogadores, técnicos, professores e mesmo dirigentes, todos beneficiários dos aspectos educativos que amealharam em suas formações junto ao mesmo, vivenciando-o e aprendendo a amá-lo desde sempre, e compromissados na tarefa de estender às futuras gerações, os mesmos princípios éticos, morais e físicos de que foram regiamente beneficiados, mesmo que no caminhar por sobre as pedras do sacrifício e da renuncia…
Quem sabe mais tarde, bem mais a frente, saudemos a volta de mais uma temporada, não pela saudade das pranchetas e seus contumazes seguidores, e sim pelo fato de irmos as quadras para testemunharmos a cada dia o surgimento de algo realmente novo, instigante, provocativo, inédito e verdadeiro, nosso, proprietário, e não uma canhestra copia impingida coercitivamente por aqueles que no fundo, bem lá no fundo, odeiam o basquetebol, por não conhecê-lo em toda sua magnitude e profundidade, como se preza a um grande, grandíssimo jogo que é.
Que algum dos deuses em seu eterno plantão, talvez aquele que gostou praticá-lo, inspire um grupo de notáveis (e os temos, com certeza), saídos do anonimato, para formar uma chapa de real qualidade e compromisso, para tentar, ao menos tentar, junto ao mandarinato eleitor, uma terceira via, que nos guie a dias melhores, ao caminho que desaprendemos a trilhar…
Mas também, lá no fundo, tenho a certeza de que dificilmente conseguiremos mudar, pois torna-se inumano lutar contra leis injustas e de caráter unilateral, o que é um eterno desastre, assim como o sistema e a forma única que jogamos…e claro, o império das pranchetas…
Amém.

Foto – Reprodução da TV.

Nota do Editor – Continuamos a lamentar profundamente que uma das chapas mantenha um pretenso vínculo em seu nome promocional com o Basquete Brasil, esse humilde e democrático espaço, mas que nunca se uniu politicamente a quem quer que fosse, e por isso mantendo sua irrevogável independência jornalística e técnica. PM.

FALAR O QUE?…

 

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– O basquete chegou ao fundo do poço Paulo, afundou de vez, e até intervenção da FIBA vem por ai, que vergonha, que fracasso, que…

Calma amigo, calma. Para começar, a FIBA não tem poder intervencionista em nosso país, nossas leis comuns e desportivas não o permitem, quando muito vêm se informar “quando” a grana devida deverá ser paga, se o for, e se a nossa gloriosa CBB ainda ostenta um resquício de seriedade para organizar e se responsabilizar por campeonatos internacionais, ou mesmo, simples torneios. E aí é que se espantarão, pois de há muito a irresponsabilidade e incompetência se instalaram solidamente por aquelas bandas, terreno fértil para arranjos, escambos e protecionismos descarados, tudo avalizado por federações que mantêm o grupelho diretivo com seus votos “desinteressados”, pois estão todos auferindo “cargos de sacrifício”, masoquistas que aparentam ser, mas não o são, mesmo!…

Nada, caro amigo, que eu não tenha publicado à exaustão nesse humilde espaço, nesse Basquete Brasil, que um já proclamado candidato à próxima eleição na falida confederação, anexou a seu nome de campanha, numa clara e indevida apropriação de uma marca que a treze anos se dedica ao grande jogo. a fim de ajudá-lo em seu soerguimento no país, através artigos e discussões técnicas, táticas, pedagógicas, didáticas e comentários democráticos desde sempre, e jamais se associando a candidaturas e pretensões políticas…

Mas no fundo, há males que vêm para bem, e quem sabe, essa vergonheira que uns poucos nos impõem venha nos redimir de tanta incúria e omissões, inclusive a de todos aqueles que poluem os blogs da modalidade com suas “abalizadas opiniões”, lastreadas sordidamente pelo anonimato, covardes que são ao não exporem suas “honradas e impolutas” identidades, protegidas e encobertas por trás dos diáfanos véus da pior e mais danosa política de bastidores…

Por isso, muito pouco podemos almejar no campo diretivo, que se repete e perpetua através das últimas décadas, até o dia em que leis forem estudadas, deliberadas e discutidas no intuito de aprimorarmos a legislação desportiva no país, ensejando políticas eficientes e factíveis para seu desenvolvimento harmônico e democrático junto a juventude brasileira nas escolas, clubes…

No entanto, mesmo frente a essa dolorosa realidade, um aspecto de formidável relevância ainda pode ser discutido, estudado, desenvolvido e aplicado com boas perspectivas de sucesso, a discussão técnico tática, que tanto nos empenhamos nos últimos anos nesse humilde espaço, e que de alguma forma balizou alguns comportamentos, algumas modificações, algum e bem vindo progresso, pois depende de todos nós, professores e técnicos, que em todas as passadas épocas, sob bons e maus comandos administrativos, sempre propugnaram pela troca de saberes e informações, propiciando belos trabalhos, excelentes equipes, mais excelente ainda trabalho de base, preparando jogadores bem treinados nos fundamentos, num processo interrompido a vinte e poucos anos atrás, quando foi instalado em nosso infausto grande jogo o domínio do sistema único, emanado de uma NBA, emergindo na mente acomodada de uma geração de técnicos voltados ao “alto nível”, abandonando a formação de base, abdicando dos fundamentos, e aderindo em massa às pranchetas, com sua jogadas de passo marcado, marca registrada dessa geração de “estrategistas”, dessa geração de marqueteiros e oportunistas em sua grande maioria, claro que as exceções, que são muito, muito poucas, não contam, mas também, pouco somam no frigir dos ovos…

E uma cabal prova do que exponho está publicado no site da LNB, onde as estatísticas finais de uma LDB jogada para bancadas desertas oferece uma trágica realidade sobre a última etapa de acesso de nossos jovens jogadores ao desporto de alto nível, e que posso exemplificar de maneira simples e objetiva, a seguir:

– Em 40 jogos de suas etapas, foram cometidos 1510 erros de fundamentos ( sem contar os arremessos), numa média de 37,75 erros por partida, o que demonstra o abissal fosso no preparo dos fundamentos de uma faixa etária que os deveria ter sob controle, como os grandes países que lideram o basquetebol internacional;

– Aconteceram 7 jogos com mais de 50 erros de fundamentos (uma catástrofe), 9 jogos com 40/49 erros (uma aberração), 18 com 30/39 (constrangedor), 6 com 20/29 (nível infanto juvenil), e absolutamente nenhum, zero, entre 10/19 erros, que seria a razoável meta a ser atingida, numa tácita demonstração de incúria e irresponsabilidade no preparo fundamental dos jovens jogadores, alguns já apontados como grandes craques que garantirão o futuro do nosso basquetebol, o que duvido muito. Mas não faltaram rabiscos ininteligíveis nas midiáticas e ridículas pranchetas, onde “sistemas e filosofias” de jogo eram demonstradas aos olhares atônitos de uma jovem geração incapaz de exequibilizá-las, por desconhecimento prático e fundamental de como fazê-lo, pois o que importava era a sapiência tática de uma turma que necessita urgentemente voltar ao estudo, a pesquisa, ao preparo didático pedagógico, ao estágio supervisionado, e não ao princípio de aprendizagem osmótica a que se acostumaram, como todo papagaio de pirata que se preza. Se as escolas de educação física substituíram a maioria dos créditos das disciplinas desportivas pelas da área biomédica, despreparando-os ao ensino das mesmas, transformando-os em paramédicos de terceira categoria, ases de manga da indústria do corpo, torna-se estratégica e urgente a reformulação curricular, claro, sem os entraves e ingerências de um comprometido sistema confef/cref com a mesma…

Mas uma sobrinha restou, a ENTB, que mesmo implantada da forma mais precária possível, ainda poderia reverter sua obscura origem, e se transformar em um veículo realmente eficiente, desde que entregue a uma direção e coordenação voltada a diversidade técnica presente neste país continente, mas profundamente ancorada no ensino dos fundamentos, fruto de uma ampla discussão entre os verdadeiros formadores existentes no país, hoje afastados pelo corporativismo implantado coercitivamente desde muito, muito tempo…

Muitos outros fatores poderiam, e deveriam ser discutidos, mas por quem realmente se dispusesse a discuti-los, de cara lavada, em torno de uma gigantesca mesa, no intuito maior de soerguer o grande jogo entre nós, com lisura, conhecimento, responsabilidade e, acima de tudo, vontade de acertar o que aí está, vilipendiado, carcomido, mal cheiroso, corrompido a não mais poder…

Falar sobre olimpíadas, para que, e por que, se refletiu o que temos e o que somos? Quem sabe para nos penitenciarmos pela ausência de verdadeiros e bem planejados objetivos, omitidos pela pobreza cultural e técnica daqueles que deveriam planejá-los e executá-los, mas que não o fizeram, exatamente, por não saberem como…

Falar mais o que, o que? Fico por aqui.

Amém.

Fotos – Autorais feitas no Congresso Brasileiro de Justiça Desportiva, realizado em Florianópolis em setembro de 2015, onde expus alguns dos pontos aqui abordados nesse artigo. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

A FLUIDEZ CONCEITUAL…

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(…)- Ele é um dos técnicos que mais me ajudaram na carreira. Ele me deu liberdade, que era o que eu precisava. Temos uma ótima relação, uma ótima conexão, e fico muito feliz por ter a chance de trabalhar com ele. Ele tem esse sucesso porque é louco. Ele acredita em coisas que ninguém mais vai acreditar. Ele é um motivador incrível. Em seus olhos, você pode ver essa força que o incentiva a cada segundo. Ele dá uma energia incrível. Ele não falou nada (sobre a importância de se chegar a uma final olímpica). Talvez não quisesse colocar muita pressão em nós. Mas você pôde ver em quadra que ele planejou o jogo de forma perfeita. O jeito que jogamos é responsabilidade dele. E ele preparou o time de forma ótima.(…)

( Trecho de uma entrevista dada ao Globoesporte em 20/8/16)

Lendo o depoimento do Teodosic acima, sobre o seu técnico Sacha Djordjevic na seleção da Servia, podemos entender com clareza os porquês da esplêndida fluidez que marca uma equipe que se destaca junto a da Croácia pela ininterrupta movimentação ofensiva, acompanhada de uma forte e combativa defesa, dotando as duas de sistemas de jogo sem similares na competição, exceto pela equipe americana, com seu jogo extremamente atlético e dominadora dos fundamentos básicos do grande jogo…

Os balcânicos também dominam com maestria os fundamentos individuais, e mais ainda os coletivos, dotando-os do instrumental necessário a implantação de sistemas de jogo, onde a movimentação contínua de todos os jogadores se torna fluente, exatamente pela naturalidade e firmeza com que manuseiam a bola, em qualquer situação tática que se apresente no transcorrer de uma partida, seja qual for o adversário, pois sempre terá sob controle uma movimentação consciente e espontânea de todos os jogadores em quadra, numa fluidez técnica admirável, fruto de uma coerente preparação de base…

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Enquanto essas mudanças ocorrem em muitos países, ainda teimamos nos “espaçamentos” ofensivos, estratagema utilizado exatamente por aqueles que falham nos fundamentos, quando precisam de muito espaço para tentarem efetuar dribles e fintas em movimento, incapazes que são de os conseguirem em espaços diminutos, onde a técnica se impõe, e nos quais os arremessos mais seguros, pela proximidade com a cesta, são alcançados, dai a preferência pelas longas tentativas, altamente imprecisas quando efetuadas por não especialistas ,e mais ainda quando contestadas fora do perímetro…

No entanto, a fluidez contínua exige uma alta interação tempo/espaço, onde deslocamentos com e sem a bola atingem limites críticos de coordenação e precisão, que são fatores diretamente proporcionais ao maior ou menor domínio que tenham sobre os fundamentos do jogo, e de como são ensinados e treinados a executá-los, e sem os quais a fluidez inexistirá por conceito implícito, gerando um outro de maior e decisiva amplitude, o da fundamentação básica, introduzida nas divisões formativas, nos mais jovens, como o instrumental de seu trabalho e evolução no grande jogo…

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Agora mesmo a equipe sérvia acaba de ser severamente derrotada pelos americanos na final olímpica, exatamente por ter abdicado de seu jogo controlado, paciente e fluido após um primeiro quarto onde o utilizou, equilibrando a partida. Tentando duelar nos longos arremessos (foram 4/24 contra 10/31 dos americanos), estranhamente deu a seu adversário o acesso direto a duas de suas maiores armas, o domínio dos rebotes ante os falhados longos arremessos, e os contra ataques mortais, convertidos impiedosamente dali para frente. Mesmo assim, não devemos e nem podemos conceituar mal sua forma de atuar, que para o mundo Fiba tem sido exemplar, haja vista sua colocação no âmbito das grandes competições internacionais em que tem participado. Croácia, Espanha e Austrália seguem seu exemplo de uma forma de atuar, onde a permanente dupla armação, e a utilização de três homens altos, atléticos, ágeis e velozes, muito tem feito pela evolução técnico tática do grande jogo, fator que se fez presente em nosso basquete no NBB2, prontamente banido em favor da mesmice endêmica que nos sufoca desde sempre Os americanos, num outro e superior patamar, se beneficiam de uma estrutura exemplar de formação de base em suas escolas, colégios e universidades, alimentando continuamente suas equipes de alto nível no âmbito profissional, de uma maneira única e exclusiva…

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Num outro extremo, nossa  seleção travou exatamente na fluidez, com seu basquete tatibitate, praticado em arranques pontuais, jamais no coletivismo que vem sendo apregoado a cinco anos por uma comissão técnica que, de forma alguma, pode dar continuidade a um projeto falho em todos seus aspectos, do convocatório eivado de equívocos, ao técnico tático, ausente nas correções dos fundamentos (sim,selecionáveis também devem se exercitar profundamente neles, principalmente na elite…), fator básico para a consecução de qualquer sistema de jogo planejado para ela, e que no caso de dissolução, deve atingir a sua totalidade (mesmo!!!), pois em caso de uma passagem de bastão do hermano para um de seus assistentes (ou todos), ficará caracterizada a continuidade do que ai está, escancarada a todos, e mais, se acontecerem “mudanças” no percurso técnico tático por parte do(s) escolhido(s), ficará provada que a comissão não era tão uníssona como se autodefinia, aguardando somente o momento propício para efetuarem o notório tapetebol.*  Num projeto sério e comprometido, iniciam todos, vencem todos ou caem todos, pois irmanados pelo projeto comum, fator indissociável na vitoria e na derrota.

Precisamos realmente mudar esse cenário de uma mesmice aterradora, obtusa, doentiamente repetida, suicida…

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E como tudo tem um começo, que tal voltarmos a envergar a gloriosa e histórica camiseta listrada de verde e amarelo, nossa marca vitoriosa, pois se os argentinos podem numa olimpíada usar a sua listrada azul e branca, por que não podemos, por que? Pelo menos ela jamais foi desrespeitada, abjurada, negada, e sim glorificada pelos verdadeiros campeões, mantendo a mística do mérito e do merecimento para vestí-la, como deveria ocorrer desde sempre…

Mas só a camisa, Paulo?

Bem, tudo do que é errado no basquetebol brasileiro já comentei à exaustão aqui nesse humilde blog, principalmente nas abordagens na formação de base, quando os formandos das escolas de educação física cursam hoje um semestre de cada modalidade esportiva, quando até os anos setenta cursavam quatro, agora substituídas pelas disciplinas biomédicas, influenciados pela ascendência dos centros de ciências da saúde nesses cursos, em vez dos centros de preparação de professores, que foi uma política naquela década implantada visando a fortíssima e bilionária industria do corpo de hoje…

Com professores e técnicos assim preparados, fica comprometida a formação de base desportiva, inclusive na escola, e que muitas vezes são substituídos por ex atletas e jogadores sem o preparo didático pedagógico mínimo exigido, na tarefa especializada de ensinar jovens desportistas. Sem especialistas bem treinados, nada é possível fazer nas divisões de base, e que no caso do basquetebol, muito se esperava da ENTB, que infelizmente se fundamentou nos conceitos técnicos vigentes, negando o novo, o contraditório, no que seria uma verdadeira escola onde a criatividade e o desafio forjaria técnicos e técnicas realmente inovadoras, corajosas, ousadas, proprietárias…

Comando central da modalidade? Não creio que possa ocorrer com brevidade, a não ser que 14 federações resolvam aderir a algo que possa , realmente, mudar um cenário a que todas (ou quase) se acostumaram, nas benfeitorias e escambos, não arriscando uma posição política corporativamente conquistada, logo…

Com a mesmice cronica estabelecida, e fortemente defendida por um corporativismo retrogrado e imune a “novidades”, pouco, ou quase nada podemos esperar acontecer no âmago de uma modalidade que, para alguns, tem de se manter onde está, não oferecendo perigo de voltar a ser a segunda opção desportiva do brasileiro, cujo amor pelo grande jogo vem sendo orientado, canalizado comercial e economicamente para a liga maior, aquela que joga outro jogo, um tanto parecido com o que se pratica no resto do mundo, ao qual estamos sendo tragados, sugados, tendo como ponto central o ganho financeiro, num universo promissor de mais de 200 milhões de habitantes, com as maiores reservas mundiais de petróleo e água, as duas riquezas que pautarão as disputas sócio políticas deste século, amalgamadas pela força incontrolável da informação, onde o domínio, a influência cultural e desportiva tentarão amaciar seus projetos de conquistas no seio de nossa  juventude, órfã de políticas educacionais absolutamente necessárias a manutenção de sua independência como nação…

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É duro constatar em entrevistas televisivas, que a turma do volei de quadra que comanda o esporte de alto nível no país, teima a não mais poder pela segunda preferência junto a população tupiniquim, mesmo sendo desmentida por matérias na imprensa, como no O Globo de hoje (vide reprodução anexa), onde sequer ocupa uma das cinco primeiras colocações na pesquisa, coerente na liderança do futebol, do handebol, desporto colegial por excelência teimosamente existente, até mesmo na forma da “queimada”, da tradição do lazer praieiro das redes de volei, do histórico basquete, o concorrente a ser afastado a qualquer custo, que foi surrupiado politicamente do patrocínio do Banco do Brasil, sem o qual não teria atingido o nível atual que ostenta, mesmo sem investimentos na formação massiva de base, e da ginástica, o patinho feio e abandonado da escola pública, em benefício da industria do corpo milionariamente inserida nas holdings de academias espalhadas pelo país, para as quais não interessa a perda da clientela jovem, se atendidas pela ed.física escolar, tendo o suporte “regulador” dos confef’s e cref’s da vida…

Enfim, abre-se, por mais um ciclo, os tortuosos caminhos para uma modalidade impar em sua complexidade, profunda e das mais inteligentes, e por isso mesmo criativa e libertadora de mentes e personalidades, quase única na formulação consciente de lideres, que por conta desses atributos sempre sofrerá o combate direto, e nem sempre pautado pela lisura e a ética, para seu controle, e se possível submissão, mas que em pequenas ilhas de excelência sempre se manterá vivo o derradeiro sentimento da indignação, grito primal dos quem tem algo a dizer e somar, e não somente tomar e postergar, e mesmo evitar a constitucional obrigação de educar competentemente a nossa juventude.

Que os piedosos deuses nos ajudem…

Amém

(*) Tapetebol, a arte de puxar o tapete dos pés dos inimigos, e dos amigos também…

Fotos – Autorais e reproduções da TV e da mídia impressa. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

EU (NÃO) ACREDITO…

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(…)- Eu acho que nesta partida foram duas equipes, dois rivais e duas gerações que deram o sangue e deram o seu melhor ali, mas teve só um ganhador. Planejamos o sistema tático, mas não contávamos com a performance e o grande que o Nocioni e o Campazzo tiveram. Conhecendo essa equipe e esses jogadores (da Argentina), nós deveríamos ter nos preparado da forma devida – comentou o veterano de 33 anos, citando o ala, cestinha do jogo, com 37 pontos, e o armador, que assinalou 33.(…)

(Declaração do jogador Nenê ao Globoesporte)

Quer dizer que o mais eficiente jogador da seleção afirma não ter a equipe se preparado de forma devida para esse embate, foi isso mesmo? Se foi, qual deveria ter sido a preparação devida, qual? Seria interessante que ele explicasse, ou não?…

Do meu humilde canto, nada de diferente do que relatei no artigo de ontem, acrescentando algumas minúcias contundentes, começando pelo fato do nosso eterno rival ter arremessado 17/42 de três pontos, e 19/37 de dois, numa inimaginável convergência às avessas histórica, em cima de uma defesa exterior absolutamente ausente e omissa, permitindo vergonhosamente que os hermanos detonassem 42 bolas de três, repito incrédulo, 42!!! sem a mais remota contestação, e claro, sob tal bombardeio 17 caíram, e fim…

Do nosso lado, concluímos 29/57 de dois pontos, ou seja, fomos razoavelmente eficientes dentro da cozinha portenha (de onde não deveríamos ter saído), somados aos 9/26 de três pontos, que deveriam ter sido substituídos, pelo menos na metade pelo jogo interno, mais seguro e impactante, auferindo pontos suficientes para vencer a partida, provavelmente no tempo regulamentar, mesmo com os 12 lances livres perdidos…

Mas como refrear um Marcos (0/6), Raul (0/4), para mencionar dois que perpetraram 0/10 de três num jogo desse calibre, em confronto a um Nocioni e um Campazzo, atuando livres e faturando 38 e 33 pontos respectivamente, como?…

Que tal defendendo com alguma competência, no que teria sido uma obrigatória ação tática, ou não?…

Num jogo com 34 erros de fundamentos (15/19), erramos menos, mas que comparados a ausência de contestação sobre as terríveis 42 bolinhas platinas, soam em um tom menor, apesar do teor negativo dos mesmos…

Enfim, defensivamente erramos quase tudo, demonstrando nossa falência nesse básico fundamento, fator que anulou, e sempre anulará todo e qualquer esforço ofensivo que façamos, ainda se somados aos erros individuais de fundamentos de ataque…

Enfim, precisamos entender de uma vez por todas que, propugnar por sistemas de jogo, coletivismo, fluidez, jogadas milagrosas, pranchetas mágicas, e outros penduricalhos midiáticos, jamais substituirão os fundamentos do grande jogo, que delimitam sua estrutura básica, e cujo conhecimento e domínio exequibilizam sistemas e estratégias que se pretenda empregar, e por não termos solidamente estabelecidos tais conhecimentos, é que perdemos para os que os tem, profundamente desenvolvidos.

No mais, decididamente já não acredito que mudanças possam vir a ocorrer, pois nem mesmo os deuses olímpicos acreditam e compactuam com tanta enganação…

Amém.

Fotos – Reproduções ta TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.