QUEBRANDO GRILHÕES…
O leitor Caio, ao enviar seu comentário acerca do artigo O Básico Plantel, publicado em 6/2/12, anexou ao mesmo uma entrevista do grande técnico Bob Knight, cedida ao site da ESPN, sobre a equipe da Universidade de Missouri no campeonato da NCAA dessa temporada, onde discute um tema por demais controvertido entre nós, a dupla armação, e num torneio onde, mais do que nenhum outro, prima pelas tradições técnico táticas mais enraizadas nas concepções de jogo de seus muito bem preparados e estudiosos técnicos.
Por aqui, já começam a espocar, ainda de maneira bastante tímida, algumas intromissões neste assunto, muito mais adaptadas ao sistema único, do que numa aberta e objetiva tentativa de contestá-lo no seu âmago.
Iniciativas como a elaboração de Seleções da Rodada feitas pelo blog da LNB, nas quais a dupla armação é devidamente reconhecida, numa tentativa de dinamizar nossa arcaica e engessada forma de jogar, parece que aos poucos vem chamando a atenção de um pequeno universo de técnicos, dos mais jovens, da possibilidade efetiva de se olhar o grande jogo de um prisma diferente daquele que nos é impingido a um longo e insosso tempo.
E porque teimosamente bato nessa tecla visionária, mas com o peso da praticabilidade na quadra de jogo, a um longo e solitário tempo, senão pela esperança de nos vermos perante uma renovada, não inédita, forma de ver, estudar, pesquisar, aplicar algo que nos tornasse proprietários de um sistema, que em tudo e por tudo, difere da mesmice a que nos escravizamos à sombra da mega liga, a NBA? Ela mesma que começa a ser contestada em sua forma de jogar, vide os exemplos dos Suns e dos Mavericks na conquista da temporada passada…Em dupla armação e pivôs hábeis e velozes.
Mas não basta vermos e copiarmos formas diferenciadas de jogar, como a da Mizzou, descrita pelo grande Knight, ou dos Mavericks, onde um Dirk assinalava 40 pontos sem um único arremesso de três pontos, ou mesmo um Saldanha no NBB2 de injusto aniquilamento, pois tais mudanças exigem metodologias específicas, didáticas adequadas, escudadas num rigoroso e minucioso emprego dos fundamentos, que são ações indissociáveis, e que exigem um grande e persistente conhecimento para serem exequibilizadas, estando ai o mais destacado fator restritivo às mesmas, a negativa, ou receio da maioria dos técnicos em sair de suas bem acomodadas situações, quando também contam com o apoio da maioria dos jogadores, auto especializados(?) nas rígidas posições de 1 a 5.
Fico imaginando um Magnano, que além de excelente técnico se mostra um eficiente professor, quebrando de uma vez por todas os grilhões do sistema único, preparando a seleção para Londres, partindo de uma base, hipotética base com dois armadores puros e três pivôs, todos muito rápidos e jogando de frente para a cesta, com amplo domínio das tabelas, defendendo e contestando nos perimetros com vigor e coragem, jogando de dois em dois pontos, onde o aproveitamento estatístico de cada ataque em muito supera os de três pontos, tendo para os eventuais e se necessários arremessos de três, jogadores realmente especialistas nos mesmos, e não arrivistas extemporâneos e aventureiros.
Temos jogadores que possibilitasse tal tarefa? Sim temos, aqui e lá fora, bastando somente que se rompam definitivamente os reinados de delfins e cardeais, dando lugar ao novo, ao ousado, ao corajoso, ao inusitado.
O que teríamos a perder voltando nossas vistas às futuras gerações que nos representarão em 2016?
Amém.
NOTA-A ESPN retirou o video de seu site, o que considero lamentável. No entanto, nos brinda com excepcionais e imperdiveis atrações, como Mundiais de Bobsled e Esqui Alpino…