O MASCOTE…

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Uma das coisas mais detestáveis que pode acontecer na avaliação de uma técnica é a soberba, quando não a dominamos. -“Temos talvez o melhor garrafão do mundo, que o teme e respeita”…

 

Humm, temer certamente (não talvez…)pode não ser o caso, porém respeitar, com certeza, mesmo que, apesar do respeito seja destroçado como foi, tanto defendendo, como atacando, frente a um temente e respeitado garrafão espanhol, nada soberbo, mas acima de tudo, mortal…

 

E qual o seu segredo para tanta eficiência, senão a mobilidade, a fluidez de suas ações de entrada e saídas de bola, medidas e alimentadas por uma armação metódica, cirúrgica, e pontuadora também, principalmente nas longas bolas, em nenhum momento contestadas, como num carrossel multi facetado de habilidades e domínio pleno dos fundamentos do jogo, do drible junto ao corpo, às fintas milimétricas, do passe objetivo, da defesa linha da bola antecipativa, somados a um conceito coletivista que a nossa seleção ainda custará um bom par de anos para alcançar, isto se começar a trabalhar a base nesse sentido, senão jamais…

 

Falar de números bem medidos e avaliados, melhor ir lá no Giancarlo Gianpetro para encontrar uma análise correta e lúcida do que ocorreu em Granada, e do que poderá vir a ocorrer daqui para frente se não mudarmos algo de muito importante na prática do grande jogo entre nós, a cultura do básico, do essencial, do avaliado frente aos fatos, e não a cultura do “monstro”, da enterrada como “o momento maior do jogo”, do toco como o “fator que levanta a torcida”, esquecendo que bons e precisos arremessos, de dois mesmo, ganham jogos, assim como os lances livres que só valem um, e os jovens precisam saber e serem induzidos a isso, e não a rompantes midiáticos…

 

Em hipótese alguma podemos repetir o que foi realizado em termos de defesa exterior como no jogo de hoje, ainda mais quando os servios são muito bons na longa distância, e no jogo interior também, onde terão de ser marcados à frente e em dobras, e mais ainda, quando teremos de atacar em permanente movimentação, dentro e fora do perímetro, evitando ao máximo a saída dos pivôs de sua área de influência direta, e tendo a permanente ajuda próxima do ala da vez, seja o Marcos ou o Alex, e por que não, juntar os três grandes pivôs em trocas sucessivas bem lá dentro, no âmago da defesa servia, servidos por dois armadores rápidos, incisivos, bons passadores e pontuadores, também…

 

Ilusão, alucinação basqueteira, ou uma chamada a uma realidade que não pode, não deve ser adiada em nome do que? Reserva tática? Rotação obrigatória pelo cansaço? Rigidez de princípios táticos? Nào esquecer que se trata de uma Copa de tiro curto, onde o não se arriscar pode levar ao fracasso, onde o cansaço pode e deve ser adiado, onde os objetivos não podem ser limitados pela mesmice, pelo temor ao novo, ao inusitado…

 

Temos uma falha, uma monumental brecha escavada pela convocação política e marqueteira, que apresenta como resultado maior sermos a única seleção do torneio com um mascote no banco, e que é o representante maior de uma associação de jogadores em tudo e por tudo afinada com a cúpula da CBB, e vítima de uma política de capitanias hereditárias que de a muito deveriam ter sido extirpadas de nossas seleções, terreno quase proibido às renovações, aos jovens talentos perdidos ano após ano, em nome de “nomes” midiáticos e protegidos, e muitas vezes dirigidos e liderados por amigos da realeza cebebiana, hoje presente nas tribunas de Granada como lídimos representantes do caos institucionalizado que implantaram na alma do grande jogo, ínfimo para eles, desgraçadamente…

 

Para minha tristeza, sinto não prever melhores caminhos para essa seleção, a não ser que movida por algo bem superior emerja da mesmice crônica em que se encontra, e parta para algo mais superior ainda, a implantação urgente de algo realmente… corajoso e inovador, e sem temer os riscos inerentes ao mesmo…

 

Amém.

 

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FREIO DE ARRUMAÇÃO…

 

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Houve um jogo do Brasil contra o Irã nessa Copa Mundial, e foi como se não tivesse ocorrido, haja vista a fragilidade, ingenuidade até, da equipe oriental, que ao inicio do terceiro quarto praticamente se arrastava em quadra, mais passando a bola para as mãos brasileiras do que entre seus jogadores.

Então, num gesto de magistral sentido político esportivo, o hermano escala uma equipe NBB, com todos aqueles que na mais objetiva das realidades, não ousa escalar de saída contra as “feras” do torneio, naqueles momentos mais difíceis e pontuais, não mesmo, e mais, duvido que ainda o fará, a não ser ante o espectro das limitações por faltas pessoais, seja obrigado a fazê-lo, já que os convocou…

Logo, não cabe aqui qualquer análise tática, a não ser a comprovação de que o modelo crônico de jogar o grande jogo, da forma como aqui se joga, lá estava muito bem representada nos quartos finais, ante um moribundo fantasma de equipe, deixando no ar uma questão – Jogaríamos com aquela escalação da forma como jogamos contra… Ora, escolham o adversário, até mesmo o Senegal…

Um pouco depois alguns jogadores americanos resolveram treinar contra os turcos, levando seu grande técnico a tomar uma resolução inédita com sua equipe, mantendo uma equipe básica, sem mexidas a partir do terceiro quarto, quando reencontrou o sentido da competição, sem concessões de treino ou rachão, e colocou a contagem bem lá para cima, como deveria ser numa Copa dessa dimensão, mostrando a seus jogadores quem realmente decide e define estratégias naquele poleiro…

Logo mais jogaremos contra a Espanha, torcendo para que não se repita o triste encontro em Londres, pois em se tratando de uma competição mundial, mesmo desportiva, resultados outros que não a vitoria suada e enérgica dentro da quadra, deveriam sequer serem cogitados, em nome da ética e da lisura entre verdadeiro desportistas.

Amém.

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DANDO O QUE PENSAR…

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Gostaria firmemente que a grande maioria daqueles que postam opiniões, conceitos, críticas e sugestões pela rede, dos articulistas aos leitores, anônimos ou não, que o fizessem criteriosamente, sem o apelo da emoção e das preferências clubísticas e pessoais, mas simplesmente técnicas, ou táticas se mais versados na modalidade, ou mesmo se pautando pelo bom senso, justo e realista…

 

Para tanto, sugiro veementemente que passada a pressão inicial do jogo, o revejam, se mais detalhistas, em câmera lenta, a fim de captar situações que, pela velocidade das ações, passam despercebidas pelos menos experientes, claro, exceto aqueles que dominam a fundamentação do grande jogo, e que posso adiantar, não são os notórios estrategistas de plantão…

 

Então, qual ou quais fatores permitiram à nossa seleção auferir um resultado favorável no início de uma dura competição, enfrentando uma rival dilacerada por ausências de muito peso, ao contrário da nossa, completa, segundo seus responsáveis?…

 

Dois foram os fatores preponderantes à vitória, a saber:

 

– O domínio do garrafão defensivo, em muito beneficiado pela opção francesa pelo jogo interno com excesso de preciosismos nas definições de jogadas, claramente direcionadas à provocação de faltas pessoais dos nossos grandões, e que ocorreram, porém em menor número do que esperavam, e que não encontraram contra partida em seu próprio garrafão, vide os números de lances livres cobrados por ambas (13/16 franceses, 14/24 nossos, com sua proverbial falência executiva, 58%!!), numa claríssima opção pelo jogo de exclusão com vista aos tão importantes e determinantes rebotes, empatados nas defesas, e prioritários, para nós no ataque (4/26 deles, 16/26 do lado de cá), com um pormenor determinante, o dito “jogo sujo” de nossos gigantes, numa ação muito bem concatenada de mútua ajuda nos bloqueios físicos de proteção à bola, fundamento coletivo muito bem executado pela trinca da NBA, afinada com as enormes exigências a que são submetidos naquela poderosa liga, vamos conceituar assim, “varreção” de oponentes no momento dos rebotes, foi o fator primeiro de nossa supremacia pela posse da bola, e que seria mais contundente não fosse nossas conhecidas falhas nas oposições e contestações fora do perímetro, e que graças aos deuses encontrou na determinação francesa pelo jogo de choque interior, a oportunidade que nos foi oferecida para encaminhar a vitoria, justa por sinal.

 

– Em decorrência direta da enorme batalha sob as cestas, um espaço generoso se abriu para os armadores, dos dois lados, que economizaram suas bolinhas (6/19 deles, 5/16 nossas) em prol da alimentação do jogo interno, até o momento em que o mesmo se tornou congestionado, não pela ansiada fluidez, mas pelo imobilismo tático nosso, e o preciosismo nas conclusões deles…

 

Exatamente nesse pormenor é que se fez presente o oportunismo do Huertas, com suas curtas conclusões e lances livres definitivos, demonstrando, por mais uma vez, ser o sistema tático brasileiro ainda muito crú nos deslocamentos interiores de nossos grandes pivôs, deixando poucas opções externas, pela indefinição tática nas ações conjuntas dos armadores, muito afastados entre si, provocando, em muitas oportunidades, o deslocamento de um dos pivôs para fora do perímetro a fim de tentarem corta luzes, que poderiam perfeitamente serem executados pelos armadores, mantendo os homens grandes em suas estratégicas posições, o mais próximo possível da cesta.

 

Enfim, veio a vitória importante para uma classificação às quartas, mas deixando dúvidas quando confrontados com defesas mais fortes e pressionadas, assim como quando se depararem com ofensivas mais bem distribuídas entre ações externas e internas, quando o espírito coletivista tão comemorado, encontrará sua redenção, ou não…

 

Em tempo, fica no ar uma instigante pergunta, ou colocação, ao fato da presença quase clandestina em quadra do Marcelo e do Guilherme, que ocupam um espaço precioso a novos jogadores, realidades concretas esquecidas na convocação, soando e falseando em muito os critérios “técnicos” de uma convocação equivocada, por política, que bem parece ser…

 

Espero que a seleção se encontre, ou encontre o coletivismo apregoado aos ventos, basicamente quando se defrontar com a turma mais pesada mais a frente, de verdade…

 

Amém.


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NOTA IMPORTANTE – Somente posto esse artigo agora (14:15) pela queda da internet em minha região desde a noite de ontem, desculpem.P1060751-001P1060758-001P1060760-001P1060767-001

OS “NOVOS CONCEITOS”…

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Do elenco brasileiro que vai disputar a Copa do Mundo da Espanha, três jogadores chegam à competição com status de estrelas da equipe. E todos da mesma posição. O trio de pivôs da NBA Tiago Splitter (Spurs), Nenê (Wizards) e Anderson Varejão (Cavs) promete dar muito trabalho às defesas adversárias. O moral está tão elevado que o técnico Rubén Magnano conseguiu implementar um novo conceito de jogo ao diminuir o número de arremessos do perímetro, passando a ser mais presente dentro do garrafão.

Como antídoto ao tripé, os oponentes tendem a observar mais esse setor e achar uma forma de não deixá-los jogar dentro da área pintada. Para não se tornar previsível e facilmente marcado, o Brasil vem treinando bastante a rotação de seu quinteto, fazendo a bola passar pelos “grandalhões” e ser devolvida rapidamente aos armadores ou laterais. Na cabeça de Magnano, esse tipo de lance será recorrente nas partidas, o que os tornam verdadeiros armadores.

– Com certeza, as equipes vão entrar em quadra pensando no garrafão do Brasil e, taticamente, vão tratar de fechá-lo. Esse garrafão tem que ter habilidade de fazer o time jogar. Curiosamente, o jogo pode vir de dentro para fora, ele vão fazer o retorno de jogo, falo entre aspas, pois não sei o que vai acontecer. Nem sempre vão pontuar, mas serão armadores. Assim como nossos jogadores têm que passar (a bola) para o garrafão, eles lá de dentro têm que ter a leitura de passar a bola para os que estão desmarcados – declarou Magnano.(…)

(Matéria do Globoesporte.com de 28/8/2014)

 

Como vemos, um “novo conceito” de jogo está sendo implementado pelo galardoado hermano junto à seleção que estréia amanhã na Copa do Mundo da Espanha contra a França, e que como ele mesmo afirma, diminue o número de arremessos do perímetro, passando a ser mais presente dentro do garrafão, conceito esse que de forma alguma me é desconhecido, ainda mais quando o desenvolvi e o utilizei nos últimos, vamos ser frugal, trinta anos, e que apresentei na breve experiência junto ao Saldanha da Gama no NBB2, tendo, na medida de minhas limitadas possibilidades econômicas, veiculado artigos e vídeos aqui publicados nesse humilde blog, onde nesses últimos quatro anos de afastamento compulsório das quadras, “teimei” à exaustão pelo aproveitamento de seus princípios inéditos em confronto com a mesmice endêmica de nossa formatada e padronizada maneira de jogar, sem qualquer resposta, inclusive quanto aodesafio que fiz quando do artigo 1000 aqui publicado.

Mas claro, agora, frente ao ineditismo tático formulado pelo comando de nossa seleção, gostaria de, por mais uma vez, colaborar com a mesma, da forma mais honesta e sincera possível, sugerindo a todos que revejam um dos vídeos daquela incrível equipe que dirigí nos idos de 2010, com sua, ai sim, inédita proposta de jogo, relacionada ao que hoje executa a nossa equipe nacional, para que analisem com isenção as definitivas, porém sutís, diferenças que ocorrem dentro do perímetro, no que concerne à movimentação dos homens altos, no âmago do sistema defensivo que enfrentavam, fator determinante de seu sucesso, e que deveria ser estudado frente às fugidias e pouco convincentes aberturas dos grandes pivôs, não como uma comparação de cunho negativo, e sim, como uma prova inconteste de sua exequibilidade prática e definitivamente estratégica, pois possibilita de forma concreta o jogo ambivalente, ou seja, de fora para dentro e vice versa, propiciando grandes e formidáveis espaços para os tiros de média, e até os de longa distâncias, quando pertinentes…

No conteúdo do recente artigo – Falando de Fluidez –  faço menção a todos esses pormenores, aos quais agrego o video que sugeri ao início, e onde se encontram lá presentes alguns dos componentes dessa equipe que agora nos representa na Copa, torcendo para que se inspirem, por pouco que seja, de algo que foi provado em quadra, na competição, e não no imaginário de uma possibilidade tática, que muito pouco tem de agregada a um novo conceito…

Espero ter ajudado, de longe e do coercitivo exílio…

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

PITONISMOS E ACHISMOS…

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Vai começa a briga, e das boas, já que se trata de um Mundial, de um Mundial, e não de um NBB administrativamente em positiva evolução, porém técnica e taticamente estratificado e profundamente equivocado…

Nossa seleção, falando franca e honestamente, é deficiente em muitos aspectos de técnica individual, e equivocada em concepção de equipe, apesar do ufanismo torcedor que posta, anonimamente em sua maioria, comentários na mídia especializada, corroborando, ou não, matérias publicadas por seus editores, muitas vezes raiando o limite de conhecimentos do grande jogo, aspecto este, que mesmo sendo professor e técnico a mais de cinco décadas, não ouso, sequer penso, ultrapassar…

Mas outra é a nossa realidade, ainda mais com a cornucópia ilimitada de informações, pareceres, estudos e análises soltas, até em nuvens, pela galáctica rede, à disposição de todos, cultos ou neófitos, explanarem e divulgarem opiniões e relatos da mais alta complexidade técnica e tática, porém ao largo de uma realidade, a do âmago das quadras, da formação a elite, na travessia de anos e anos dedicados a arte de ensinar, educar e ajudar no desenvolvimento humano no contar das horas, dias, meses anos décadas, necessárias para atingir objetivos, muitas vezes inatingíveis, pela precariedade de uma realidade longe, muito longe, de se dedicar social, política e humanamente pela educação de nossos jovens, e que é o fator primal de todo o processo, onde pitonismos e achismos se tornam anacrônicos em si mesmos…

Nossa seleção tem graves problemas, deficiências crônicas que em tempo algum foram corrigidas, fora ou dentro de seleções, seguindo um principio quase dogmático, de que jogadores adultos nada mais devem acrescentar ao que conhecem de técnicas individuais e coletivas, a não ser levá-las ao grau de excelência dentro da realidade tática que lhes é exigida, que sendo padronizada os formatam, ou mesmo modelam, adequando-os às filosofias dos estrategistas que os dirigirão…

Por tudo isso, poucos são aqueles que dominam o epicentro de seus corpos, defendendo em equilíbrio estável e instável; atacando em desequilíbrio controlável, única forma de aliar velocidade e alternância direcional; correr e parar com controle similar; saltar sem se projetar lateralmente; girar espacialmente após rebotes; pivotear e mudar de direção alternando velocidades; bloquear antecipadamente e não no momento da ação; coordenar saltos e deslocamentos com as visões verticais e periféricas, fundamentais para o domínio temporal e espacial; arremessar sob controle preciso do eixo diametral da bola, base crítica para seu correto direcionamento, e que independe do posicionamento estético ou não de seu corpo; domínio ambidestro da bola no drible e suas vertentes direcionais e rítmicas, fatores inerentes às fintas e mudanças de direção, quanto ao conhecimento e pleno domínio dos fundamentos do jogo…

Portanto, sem esses conhecimentos, sistema tático nenhum, por mais simples e primário que seja, obterá sucesso, já que as exigências necessárias para sua execução não serão atendidas pela fragilidade no domínio e controle dos fundamentos, tornando-o estéril e equivocado…

Nosso pretenso poder defensivo, frente a equipes de maior peso, correrá o risco de rompimentos decisivos, pois o Marcos, Marcelo, Huertas, Raul, Leandro e Guilherme, são inconstantes e frágeis no trabalho de pés e controle posicional defensivo, acarretando uma grande carga de cobertura interna dos grandes pivôs, que correm o sério risco de se pendurarem de faltas por isso, gerando também um acumulo externo por parte do Alex e do Larry, notoriamente melhores defensores do que aqueles…

Ofensivamente, frente a um cenário compensatório, ou não, relacionado às nossas opções defensivas, um outro fator se revela preocupante, a localização posicional dos homens dentro do perímetro interno, nitidamente atuando de costas para a cesta, em posições altas e baixas, e vindo sistematicamente fora do perímetro para bloqueios, sem trocarem de posições entre si, e muito menos tendo  um outro alto ala participando dessas trocas internas, quando muito em pontuais deslocamentos paralelos a linha final, ou mesmo bem fora do mesmo, que é o que parece virá a ser tentado pelo Rafael para os longos arremessos, quando ele seria primordial no diálogo direto com os dois pivôs, todos próximos a cesta, para de 2 em 2 pontuarem com mais segurança e precisão, e inclusive e fundamental, estarem no foco dos rebotes, e em vantagem numérica, fator que desencadearia muito trabalho e preocupação com as faltas para nossos adversários, principalmente os europeus…

Também ofensivamente, a falta de um diálogo eficaz e tático entre armadores e pivôs em movimento (se assim se mantivessem todo o tempo de jogo…) torna nosso ataque, na maioria das ações, altamente previsível e marcado com relativa facilidade, onde as dobras se tornam decorrentes pela obviedade de atitudes destituídas de criação coletiva, voltadas que são, teimosamente, de caráter individualista, principalmente através o Leandro, Larry e Raul, sem contar com o mais do que provável aperto por que passarão na vinda da defesa ao ataque em armação única, prato apetitoso para as fortes defesas europeias e americana com que nos defrontaremos…

Logo, podemos concluir com duas ponderações, a de que neste complexo jogo, pitonismos perdem sua fantasiosa relevância, pelo simples fato de não conterem qualquer embasamento técnico e tático, frente a nossa proverbial fragilidade na formação de base, e ante escolas que privilegiam desde sempre esse fator, propositalmente escamoteado, já que formatado, padronizado e implantado por uma geração de estrategistas de produtos prontos, estejam deficientes ou não na fundamentação do jogo, onde o tempo a ser “perdido” em correções não compensa nem enriquece  currículos forjados pelo corporativismo que os unem em grande maioria…

Outra, a de que a insidiosa e escorregadia indústria do achismo técnico e tático, fruto de uma patética ignorância do que venha a ser o profundo e verdadeiro conhecimento do grande jogo, sequer se interesse pelo longo e sofrido caminho das pedras do estudar, pesquisar, ensinar e desenvolver, com seu acidentado e inóspito cenário de certezas e incertezas, avanços e retrocessos, pequenas vitórias e grandes derrotas, apêgo e desapêgo a idéias e sonhos, mas decisivo em seu percurso para o progresso e sedimentação de um processo de vida, onde o mérito é a chave para um corajoso e alentador trajeto.

Enfim, teremos nossa auto convidada seleção em mais um Mundial, fruto de uma realidade da qual não podemos fugir e omitir suas carências, e bem representar o que atualmente somos, mas que infelizmente não representa o que deveríamos ser, de verdade…

Amém.

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PROJETANDO…

 

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Está perto, muito perto de iniciar a Copa na Espanha, com as equipes mais categorizadas em final de preparação para uma competição onde paradigmas deverão ser ultrapassados, principalmente quanto ao indefectível sistema único, sendo vencido pelo jogo livre, intuitivo, lógico, e formalmente definido pelo absoluto domínio dos fundamentos do jogo, que aliados ao poder físico e atlético, à velocidade, e à fluidez permanente e incansável de todos os jogadores envolvidos, decretarão o fim de uma era de um jogo setorizado, voltado aos duelos 1 x 1, dos mastodontes lentos e previsíveis, do imobilismo tático, e quem sabe e pelo qual torço enfaticamente, pelo decisivo decréscimo da ditadura de fora para dentro das quadras, centradas no exibicionismo desenfreado de divas estrategistas com suas midiáticas pranchetas grafando nadas colossais e indecifráveis hieróglifos, em nome de uma auto importância mais imposta do que real, fictícia e equivocada. Aliás, alguém viu prancheta nas mãos do grande técnico americano?

Dentro de nossa rinha, uma equipe com a mais do que anunciada, pois sedimentada, rotação de oito jogadores, já que os quatro restantes jamais deveriam lá estar, frente a fragilidade técnica e física de que são possuidores, mas lobisticamente fortes e poderosos, deixando pela estrada outros jogadores mais qualificados, principalmente quanto aos sistemas adotados pelo hermano, voltados para a defesa forte e intenso jogo interior, que ainda fica a dever, em parte pelo pouco entrosamento entre armador (es) e os homens altos dentro do perímetro, prejudicando em muito a tão desejada fluidez ofensiva.

Mas esse é o carma que teremos de enfrentar, onde os maiores adversários não serão nossos oponentes, e sim nós mesmos, por vícios adquiridos em anos de incúria e falsas lideranças. Mesmo assim, e quem sabe, algum milagre possa vir a ocorrer, apesar de particularmente não acreditar que ocorra, infelizmente…

Mas Paulo, nada sobre o jogo contra o Irã? Mas que jogo cara, ainda mais contra um bando de neófitos em torno de uma montanha carente dos mínimos requisitos técnicos para atuar nesse nível, concedendo a ilusão, ou o ouro dos tolos, pela diferença de 40 pontos no placar, a uma seleção profundamente equivocada? Foi um rachão que amam de montão, só isso…

Por essas razões oremos aos deuses, torcendo para que estejam de bom humor, senão…

Amém.

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TRÊS PARÁGRAFOS…

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Fizemos um primeiro tempo bastante intenso e com muita qualidade, no qual colocamos em prática um basquete bastante coletivo. Como o Brasil é uma equipe mais baixa, não conseguimos manter o mesmo ritmo no segundo tempo e demos uma caída na condição física e na tática do jogo. Mas conseguimos fazer um trabalho de revezamento da equipe e foi uma experiência maravilhosa – analisou Zanon.(Globoesporte.com).

Jogando contra a seleção da Turquia hoje, a equipe feminina brasileira, que se prepara para o Mundial, perdeu por 66 x 48 (19 x 18, 14 x 13, 18 x 6 e 15 x 11, perdendo todos os quartos) convertendo 31 pontos no primeiro tempo e 17 no segundo, ou sejam, 48 pontos em uma partida internacional, e o técnico ainda o classifica como “uma experiência maravilhosa”? Só pode estar brincando, e o pior, com coisa muito séria, uma seleção nacional, onde divide sua genialidade com a equipe masculina do S.José, numa dualidade de competências inimaginável a um trabalho sério e responsável. Como vemos e atestamos, mérito (ou QI) é isso ai…

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No torneio da Eslovênia, a equipe brasileira masculina venceu a equipe da casa na prorrogação, por 88 x 84, num jogo eivado de oscilações, bem ao estilo de uma equipe sem personalidade coletiva, mas que apesar de tudo tenta manter seu forte jogo interno no ataque, e lampejos defensivos de boa qualidade. Rodando seus três pivôs nebebianos, em conjunto com os alas Marcos e Marcelo, e eventualmente o Alex, dentro do perímetro interno, que apesar do frágil apoio de armadores que pouco se entendem fora do mesmo, quando se perdem em infindáveis dribles e sinalizações desconexas, ainda conseguem se impor pela voluntariedade e presença física nos rebotes, hoje presentes (14/28), superando os eslovenos que conseguiram 33 (5/28), num embate que decidiu a partida onde deveria ser decidida, lá dentro, embaixo da cesta apesar de um lastimável 14/31 nos lances livres e 6/16 nos três pontos, em tudo compensados pelos 28/56 dentro do perímetro nas bolas de dois. E nesse ponto é que residem as chances da equipe na Copa Mundial, que seriam reforçadas se uma dinâmica e permanente movimentação dentro do perímetro fosse implementada, assessorada por uma dupla armação de verdade, trabalhando em proximidade, principalmente nas levadas de bola vindas da defesa, ponto em que as equipes mais categorizadas explorarão no caso de usarmos um único armador, com certeza. O fato de baixarmos um pouco a estatura da equipe, seria bastante compensada pelo maior e mais eficiente confronto defensivo, o que ocorreu hoje, principalmente no segundo quarto, mas que não foi levado adiante, pelo simples fato de não termos levado, ou convocado, jogadores melhores e mais aptos para essa função, prejudicando em muito a rotação nesse importante e fundamental setor. Enfim, uma réstia de luz apareceu no fim do túnel, não como uma esperança campeã, mas sim, uma busca de encontro ao bom senso técnico e tático, tão esquecidos ultimamente.

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Finalmente, após o jogo da seleção americana contra o Porto Rico, fica no ar uma pergunta que direciono aos “estrategistas” do grande jogo do país – Qual, ou quais, os sistemas de jogo adotados pelo técnico americano em sua impactante equipe? Sistema Único, Motion Offense, ou simplesmente Fundamentos individuais e coletivos? Acertou quem apontou esse último, base de tudo no grande jogo, e suficiente para vencer e derrubar qualquer sistema que não conte com o pleno conhecimento e domínio dos mesmos, e que nos é vetado por um significativo número de prancheteiros e patéticos performáticos midiáticos de beira de quadra, onde as poucas exceções não contam…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e do Globoesporte.com. Clique nas mesmas para ampliá=las.

 

 

 

 

 

A CLÁUSULA PÉTREA…

Não percamos mais tempo analisando o óbvio, que aliás, foi muito bem exposto pelo Giancarlo Gianpetro em seu Vinte Um, num artigo penetrante e lúcido, ao qual poderia somente agregar a cláusula pétrea que dá nome a esse complementar artigo.

E qual seria, prezado Paulo?

Observem detidamente as fotos aqui postadas, e confiram, ou mesmo contestem a dita cláusula, mas não omitam ou esqueçam que, a dias do inicio da Copa Mundial, a terra de ninguém em que foi transformada a perene distância que separa, oblitera e divide armação e movimentação interna, somadas a um exasperante imobilismo, criador de uma desabitada zona ofensiva (?), se petrifica, imutável em sua existência a cada dia mais presente, como numa realidade sem volta, pois carece de um mínimo de correção, aquela que poderia exequibilizar a tão almejada fluidez entre jogadores permanentemente conectados e calibrados em seus deslocamentos, bloqueios, cruzamentos, trocas de direção, paradas e partidas, dribles, fintas e arremessos bem escolhidos, equilibrados e amparados por um posicionamento estratégico nos possíveis rebotes, preenchendo com suas presenças aquela grotesca terra em que vem sendo transformada e dicotomizada as ações externas das internas, como que um enorme abismo sendo aberto entre esses dois espaços, que deveriam ser, na realidade, um só, indivisível, correlato e interdependente.

O preenchimento do mesmo, através a dinâmica e permanente movimentação técnica e tática, é o óbice, talvez o maior em que nos deparamos, pois situa em dois polos distintos e afastados o elemento mais crucial relacionado à fluidez de uma equipe, a ocupação permanente do espaço, trazendo para o mesmo, e também em constante movimentação, a defesa adversária, que somente poderá ser batida e contestada se deslocada, e não tê-la permanentemente como assistente privilegiada de nossa fraca e estéril realidade ofensiva.

Creio que defensivamente a seleção compromete bem menos do que seu tatibitati ataque, distante, desintegrado e comprometido pela cláusula pétrea de sua formação, o imobilismo…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e ter acesso às legendas.

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O GIL ESTEVE LÁ…

 

O Gil Guadron esteve no jogo do Brasil contra os Estados Unidos em Chicago, e a meu pedido fez algumas considerações a respeito do que considera ser básico na pratica do grande jogo, mesmo a nivel de seleções nacionais. Ei-las:


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La  importancia  de  los  fundamentos.

 

Asisti  al  ” United  Center ” con  mi  nieto

 de  13  años  de  edad,  y  la  pasamos   muy  bien.

 

Me  llamo  poderosamente  la  atencion   la   explosividad  en  los  movimientos ,  y  dominio  de  los  fundamentos  del  equipo  de  USA .

 

Sobre  los  fundamentos  , me  atrevere  a  mencionar   algunas  ideas  para  fortalecerlos  sin  importar  el  nivel  de  basquetbol  en  el  que  usted  entrene :

 

1  –  Los  fundamentos  no  son  parte  del  basquetbol….  son  el  basquetbol !!

 

Solamente  atraves  del  dominio  del  tiro, el  drible, la  vision  perisferica, los  deslizamientos  defensivos , equilibrio  etc.  se  puede  llegar  a  tener  un  buen  equipo  de  basquetbol.

2  –  Haga  que  todos  los  jugadores  entrenen / dominen   los  fundamentos  del  basquetbol.

Como  entrenador  debe  hacer  que  sus  jugadores  trabajen / entrenen  en  todos  los  fundamentos  ;  pues  si  un  jugador puede  hacer  solo  una  cosa  excelente…  es  apenas  un  jugador  de  basquetbol  incompleto.  Ese  joven  jugador  alto  un  tanto  descoordinado, haga  que  practique  el  drible  y  demas  fundamentos.

 

 

3  –   Que  los  ejercicios  tengan  aplicacion  en  un  partido.

 

Tan  pronto  el  jugador  pueda  ejecutar  un  movimiento, vaya  a  ejercicios  que  combinen  varias  destrezas  que  reproduzcan  realidades  del  partido.

 

4  –   Corrija  inmediatemente..  mantenga  la  calma, ofrezca  informacion  de  como  hacer  las  cosas !!! .

 

Jamas  permita la  ejecucion  equivocada  de  un  fundamento   y  utilize las  tecnicas  de  correccion  inmediatamente; para  ellos  es  sugerido .

 

No  pierda  el  tiempo enojandose  con  el  jugador !!!…  en  lugar  de  eso :

 

1  –  Felicite  al  jugador  por  lo  que  hizo  bien, por  el   esfuerzo ,

 

2  –  Digale  al  jugador  como

debe  de  ejecutar  el  movimiento, y

 

3  –  Despidalo  con  palabras  de  aliento.

5  –  Practica  continuada.

 

La  destrezas  motoras  se  aprenden  practica

ndo  y  no  escuchando  largos  discursos .  Sea  breve  en  sus  intervenciones  de  retroalimentacion…  no  trasforme  un  entreno  de  60  min.  en  uno  de 35  min.

 

6  –  Practiquelos  a  la  velocidad  del  partido.

 

La  rapidez, la  explosividad  en  la  ejecucion  de  los  ejercicios  debera  ser  parte  de  estos , y  usted  como  entrenador  deben  estar  atento  a  que  los  ejecuten  con  la  correcta  postura  corporal …  pieza  fundamental  en  la  explosividad  /  rapidez  de   los  movimientos.

Respetuosamente.

 

Gil  Guadron

Bastante sintomático, não?

Amém.

Foto – Divulgação LNB.

 

O DISCURSO COLETIVISTA…

Num jogo em que o Marcelo e o Guilherme entraram e saíram da quadra sem que ninguém no ginásio os notassem; que os armadores perdessem todos os duelos 1 x 1 com os americanos e atuassem pifiamente no apoio logístico ao jogo interno; que o Marcos em momento algum disputou uma bola sequer embaixo das cestas, ou tivesse chance de disparar suas bolinhas de fora; que por mais uma vez os grandes pivôs viessem jogar fora do perímetro, atuando isolados, e mesmo assim pontuassem com relevância, e que nossa defesa se situasse abaixo do mínimo permitido em um jogo de tal importância, é que podemos aquilatar o quanto de problemas enfrentará o hermano para tentar equacionar, principalmente quanto a uma rotação seriamente comprometida pela falha convocação, ao deixar para trás jogadores que, ao menos, poderiam somar para a equipe no plano físico, frente a fragilidade nesse aspecto por parte de alguns veteranos, nitidamente convocados pelos nomes e pressões midiáticas.

O tão decantado discurso de que o confronto se situaria entre o coletivismo brasileiro e a individualidade americana, ruiu exatamente pela coletividade americana, onde seus jogadores se complementavam através o enorme domínio que ostentam nos fundamentos do jogo, os individuais e coletivos, enquanto os nossos se perdiam em individualizações equivocadas e premidas pelo baixíssimo conhecimento daqueles mesmos fundamentos ostentados por seus oponentes, que se atuassem em pleno, como o farão certamente na Espanha, teriam levado o placar para muito mais do que os 20 pontos de diferença alcançados…

Enfim, creio que tenham ficado bem expostas as grandes dificuldades da seleção, a ausência de uma fluidez ofensiva que una e torne interdependente as ações fora e dentro do perímetro, através uma constante e dinâmica movimentação de todos os jogadores, e o sentido de cobertura defensiva, somente possível a esse nível, com a execução de flutuações lateralizadas à linha da bola, nunca longitudinais a cesta, propiciando as ajudas fundamentais ao sucesso de um sistema defensivo de qualidade, ainda mais com a presença de bons pivôs, ainda muito dispersos no jogo de rebotes, onde as mútuas ajudas os tornariam verdadeiramente eficientes.

No entanto, como imagens explicam mais do que palavras, acompanhem as aqui postadas para compreenderem o quanto de trabalho terá de ser dispendido em treinamento (e não rachões…) até o inicio da grande competição mundial. Assim torço e espero…

Amém.

 

Fotos – Reproduções da TV. Cloque nas mesmas para ampliá-las e acessarem as legendas.

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