O ENTER – QUATORZE ANOS DEPOIS…

O ENTER

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Quatorze anos atrás, 11 de setembro de 2004, às 4hs da madrugada, hesitei em dar um Enter, iniciando a saga do Basquete Brasil. Não por receio de não ser compreendido, ou mal compreendido, haja vista meus sempre contestados posicionamentos e pontos de vista, mas pelo forçado afastamento das quadras, pelo distanciamento movido pelas decepções e pelas injustiças cometidas com o basquete pátrio, pelo avesso sentimento ao que de pior vinha se apossando do comando do grande jogo nesse imenso e pobre país. Pensei muito, e considerei ser profundamente injusto guardar só para mim o pouco que sei e  amealhei pelas andanças da vida, sempre estudando, pesquisando, e trabalhando muito, dentro e fora das quadras, nas salas de aula, do primário à universidade, nos clubes, nas seleções, aqui e lá fora.

A primeira matéria ali estava, na brilhante tela já a algum tempo, como me enfrentando, mais um dos incontáveis desafios que enfrentei por toda a vida, ganhando e perdendo, mas sempre aprendendo, sempre transferindo o saber, sempre buscando novos rumos, novos desafios.

Fui a cozinha e peguei uma xícara de café, voltei ao escritório, e lá estava a página incólume, brilhando, e uma imagem me desafiando com um sorriso no canto da boca, olhando bem dentro de meus próprios olhos.

Não vacilei, e com firmeza e determinação dei o ENTER, e graças aos deuses nunca me arrependi de tê-lo feito.

Amém.

Foram 1477 artigos publicados, 5527 comentários autenticados (o anonimato é vedado à publicação), e 478.049 visulizações diretas no blog, em 14 anos de atividade contínua.

RESPECT…

 

Toca o telefone, e a voz do outro lado é incisiva – Como é Paulo, resolveu jogar a toalha? – Silencio, e rebato –  Ainda não, mas pensando bem, o que inspira a escrever cara, se nada, absolutamente nada acontece de realmente importante? Enfeitam o santo com prendas, bolas incrementadas, comércio de camisas estrangeiras, tiaras e pulseiras, estrangeiras, tênis grifados, estrangeiros, clínicas com estrangeiros, dançarinas estrangeiras, artigos técnicos estrangeiros, largamente copiados e copidescados por certa mídia dita especializada, agindo e interagindo como se lá estivessem, inclusive sugerindo e opinando receitas técnico táticas aos gringos, os mesmos que só ouviram ligeiramente falar do Neymar, e que não estão nem aí para pitacos terceiro mundistas, mas que não abrem mão de teimar dominar um mercado num país de mais de 200 milhões de incautos consumidores de um mercado que inicia sua decadência lá mesmo, na matriz…

Continuarei aqui na trincheira, tomando conhecimento de algumas manifestações inteligentes que, teimosamente ainda chegam em parcos emails, como este:

Nome andre dias
Email andre.mattedi@ufba.br
Telefone
Menssagem Caro prof. Paulo Murilo,

A entrevista publicada com o técnico Larry Brown no Bala reitera várias de suas teses!

– Que lembram posições, conceitos e formulações teórico práticas larga e profusamente publicados neste humilde blog, a mais de 12 anos, incansável e repetidamente, na esperança sempre presente de poder, ao menos por uma vez mais, poder repetir a fugaz experiência no NBB2, e que somente agora constata a utilização rudimentar dos mesmos, por um ou outro estrategista mais disposto a algo diferenciado, ousado, e com a dose de inteligência que os norteava desde sempre, bem ao contrário de uma declaração do nóvel comandante rubro negro, no O Globo de 19/8/18, pág 51, quando afirma – (…) Eu me sinto preparado para estar aqui. O elenco que o Flamengo montou é moderno, com jogadores capazes de fazer mais de uma função e atléticos, capazes de correr a quadra inteira. São inteligentes dentro da quadra, que é uma característica do basquete atual (…) , discurso que de imediato levanta uma questão – Não era inteligente o basquetebol que antecedeu sua augusta presença, seu genial e fantástico conhecimento do grande jogo? Pena que nos seja negada corporativamente a oportunidade de   antepôr na quadra uma primária e mais do que nunca inteligente resposta, que sempre existiu e aconteceu num não tão distante passado do grande jogo em nosso país, interesseira e politicamente escamoteada por uma geração de estrategistas colonizada pela inalcançável matriz, que nos quer somente ancorados em seus interesses comerciais, jamais os técnico táticos, tendo como anteparo as discrepantes barreiras econômicas, sociais, educacionais e culturais que nos separam, e que continuarão a nos separar, ou não?…

Também sinto saudades dos grandes e profícuos debates que ocorreram nestes 14 anos de Basquete Brasil, inclusive com excelentes jornalistas, como este com o Giancarlo Gianpetro, agora replicado, num momento em que se faz necessário, pois exprime a faceta mais inteligente no âmbito do grande jogo aqui praticado, que nunca deixou de existir, contrariando o posicionamento acima externado, negando o exigido respect pela tradição histórica do grande, grandíssimo jogo por nós praticado desde sempre…

Amém

ENCRUZILHADA E OPÇÕES…

terça-feira, 6 de agosto de 2013 por Paulo Murilo 2 Comentários

Tenho me divertido muito nos últimos dias com a leitura de alguns blogs sobre o futuro técnico e tático do nosso basquetebol, muito mesmo. Como que num estertor terminal de um conceito que todos professam, profundamente lastreado no sistema único de jogo com suas posições estratificadas de 1 a 5, cujas nomenclaturas bailam de armador puro a finalizador, escoltas de várias matizes, alas de força ou de finalização, pivôs light ou heavy, toda uma setorização que beira ao ridículo, mas que se sustenta através o pragmatismo funcional de uma forma de jogar com domicílio no hemisfério norte e canhestramente copiado por estas colonizadas plagas, vide a quase absoluta migração da mídia especializada para os lados dolarizados da NBA, cujos tentáculos se voltam para o nosso país em busca de um mercado deslumbrado e ávido em consumir tecnologias de ocasião, seja lá as que forem…

Nunca li tanto conhecimento, vasto e aprofundado (?), sobre o grande jogo, mas o de lá, não o daqui, divulgado em todas as mídias, muito bem patrocinadas e financiadas, numa ascendente influência e dominação que deveria preocupar seriamente nossas lideranças desportivas, e mesmo as educacionais.

Então, a tendência analítica do que aqui se pratica técnica e taticamente, presa que está aos cânones mais do que solidificados do tal e absurdo sistema único (e tem gente que jura com os dedos em chifre, que está mudando, evoluindo…), é de simplesmente avaliar e comentar o que vêem sob a ótica do que sabem, ou pensam saber sobre o mesmo, unicamente o mesmo.

Temos então, no caso da seleção masculina adulta, opiniões que se concentram, não na condição do conhecimento e domínio técnico dos jogadores selecionados sobre os fundamentos, os diversos sistemas, a leitura de jogo, e sim do que são capazes de produzir em suas posições de 1 a 5 (acho que bem mais do que 5…), como peças estanques de uma engrenagem a serviço de um esquema formatado e padronizado (aí está a ENTB para confirmar…), e não um corolário de conhecimentos que os tornariam aptos a novos experimentos táticos, e por que não, estratégicos.

Neste ponto sugiro a releitura do artigo aqui publicado e muito bem comentado Papeando com o Walter 2…(Artigo 600), no qual muito do que deveríamos saber e dominar sobre a dupla armação se torna básico pela tendência, mais do que evidente, de que seja essa uma das opções do técnico Magnano em seu profícuo trabalho na seleção, assim como, forçado pela desistência dos grandes pivôs de choque convocados, e que optaram pela NBA, volta seus olhos para aquele outro tipo de pivô, da nossa sempre lembrada e vitoriosa tradição, os de velocidade, flexibilidade, e acima de tudo, multifacetados.

Sem dúvida alguma teremos de ir de encontro a esse novo (?) tipo de pivô, melhor, ala pivô, e para meu gosto, pivô móvel, rápido dentro do perímetro, ágil na recepção dos passes, flexível no drible, nas fintas e nos arremessos de curta e média distância, assim como na defesa antecipativa, veloz e inteligente, e que ao se deslocar permanentemente ganha em impulso extra para os rebotes, que muito além do impacto físico, prioriza a colocação rápida e espacial nos mesmos, vencendo em muito a lentidão e peso dos tão amados “cincões”, e o mais importante de tudo, jogando de frente para a cesta.

No amalgamento dos armadores com esses novos arietes, se destina a nossa retomada, o soerguimento de uma tradição vencedora que muitos teimam em omitir, pois pagariam o preço de tornarem a conhecer a nossa história, e não a dos outros, com a finalidade de nos impingi-la goela abaixo, como a verdade a ser seguida, digerida, sacramentada.

Sugiro também a releitura do artigo O que todo pivô deveria saber, que muito elucidaria a correta forma de atuar e jogar de um jogador de tal importância inserido num correto sistema de jogo, aberto e democrático.

Mas Paulo, e as bolinhas de três, nossa “grande arma”, como é que ficam?

Numa equipe jogando da forma acima citada, bolas de três suplementarão o sistema, e não o tornarão escravo das mesmas, numa inversão de prioridades, e sim na busca da precisão, que é o objetivo maior a ser alcançado, além de eliminar de vez aquele tipo de jogador pseudamente “especializado” que é facilmente encontrado em determinadas e repetidas zonas da quadra, parado e acenando em busca de um passe que o torne imprescindível… Importante é saber para quem…

Enfim, acredito estarmos no limiar de uma grande escolha, ou a manutenção da mesmice endêmica que nos tornou escravos de um sistema absurdo e anacrônico, até mesmo para seus inventores lá de cima, ou a busca e encontro de algo não tão novo assim, mas que nos tornariam proprietários de um modo de jogar o grande jogo absolutamente único, e quem sabe, vencedor…

E não perdendo o bonde da história, me pergunto curioso e instigante onde andarão o Cipolini, o Gruber e o Murilo nessa convocação, já que os mais ágeis, rápidos e flexíveis pivôs móveis que possuímos e à disposição? Onde?

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

 

2 comentários

  • Giancarlo Giampietro08.08.2013· 
  • Olha, professor,
  • como não há identificações de quem seja ridículo, corre-se o risco de vestir uma carapuça que não seja a sua, mas… Já que um dos termos citados no artigo é um que já utilizei recentemente ou costumo utilizar, não tem como não se sentir atingido. Fica bem claro. Então vamos lá, vestindo.
  • “Armador puro”.
  • Bem, “puro”, no meu conhecimento limitado da língua, é um adjetivo. Adjetivo que, desta maneira, viria para qualificar o substantivo “armador”, da mesma forma que “ágil”, “alto”, “magro” e até mesmo “pesado”. Não se trata de uma conotação “ala-de-força”, ou algo assim. “Qualificar”, para mim, não quer dizer “petrificar”, “amordaçar”, ou “estratificar”.
  • A intenção do termo “puro” é indicar que estamos falando de um armador classudo, muito mais preocupado em ajudar seus companheiros, daqueles com vocação natural para a coisa, mesmo, que nascem com essa propensão. Sabemos que existem esses tipos por aí e alguns deles infelizmente nunca pegaram numa bola de basquete na vida – ou na de handebol, vôlei ou futebol, ficando no meio do caminho por mortes ou outras decisões econômicas. É gente que nasce com um dom, com uma qualidade que dificilmente vai ser ensinada em treinos de fundamentos ou estudo de DVDs. Você melhora, mas tem limite.
  • Esse armador puro pode ser muito mais preparado em fazer o time jogar do que um Larry Taylor, um Nezinho ou um Arnaldinho, mas isso não quer dizer que ele não vá finalizar, rebotear, defender, correr, sorrir ou espirrar. Isso me parece algo bem simples de entender.
  • Além disso, pensando em gramática, na essência, se somos contra nomenclaturas, o ideal seria abstrair tudo. Não demoraria a chegarmos a uma conclusão de que nem “armador”, nem “pivô”, nem “ala”, nem “ala-pivô móvel” fazem sentido também. Não deixam de ser todas essas nomenclaturas, posições ou funções? Guards e/ou forwards? Etc. etc. etc. O quanto isso é ridículo ou não? Tudo depende do ponto de vista, e não importa se estamos falando de técnicos, jornalistas ou meros curiosos. Não nos esqueçamos que há gente de esquerda e direita que acha realmente ridículo, para não dizer estúpido, o ato de pingar uma bola com a mão e atirá-la ao cesto. Que o esporte é o circo.
  • Ideia com a qual obviamente não concordamos.
  • * * *
  • Quanto a outras colocações um tanto escrachadas no que se referem a NBA, me sinto no direito de preservar minhas questões particulares – adiantando apenas que, não, não ganho dólares da liga, nem tenho conta nas Ilhas Cayman. Uma pena? Vai saber, que o destino nos julgue mais pra frente.
  • Mas o ponto importante aqui: o senhor não sabe qual a rotina dos outros jornalistas (“blogueiro” seria só uma posição), que ganha o que e de quem para tocar a vida adiante. São pontos essenciais para se considerar antes de fazer qualquer tipo de comentário. Tenho certeza de que a vida de um jornalista do Jornal do Commercio difere da que um rapaz do jornal A Tarde leva, ou do Zero Hora, ou da Folha, ou do correspondente brasileiro de El País. Pelo simples fato de que as realidades são diferentes, envoltas por lutas (não confundir com bandeiras) diferentes no dia-a-dia. Que veículo investe em quê? Quais são os objetivos?
  • De todo modo, o espaço é sempre público e pode-se questionar ideologias e meros gostos. Porque fulano escreve sobre basquete, não é obrigação nenhuma que outro da mesma espécie vá assinar embaixo de tudo que lê. Abomino o corporativismo. Então há, claro, espaço, sim para críticas, correndo sempre o risco de nos tomarmos pela arrogância. Há quem seja limitado no entendimento, há quem seja limitado para pontuar um texto. Cada um lida com as limitações do jeito que dá, por vezes sem sucesso.
  • Da minha parte, nunca fui um nacionalista, o que não quer dizer que não goste do meu país, a despeito das sacanagens de sempre que nos atormentam. Não obstante, também não me apego a fronteiras. Não vou deixar de ler Dostoievski ou Raymond Chandler para viver só de Machado de Assis (meu autor preferido) ou me apeagar a um Paulo Coelho. Vale o mesmo para cinema, teatro, música, sociologia, antropologia. E o basquete?
  • Acredito que paixões, conhecimento, estudo extrapolam qualquer fronteira. NBA, Irã, China, África, Austrália… Pouco importa, se é basquete, tou dentro. Do contrário, levando o raciocínio a sua origem, o Brasil nem mesmo teria de se meter a jogar um esporte inventado, ao menos oficialmente, por alguém de nome Naismith.
  • * * *
  • Como o artigo é rico, e a saraivada não para, tenho mais observações a serem feitas.
  • Sobre a análise de jogos, não vou entrar no mérito de quem é melhor ou faz melhor, porque para isso está muito claro e sempre dei links de artigos seus em textos no blog.
  • Só me incomoda um pouco, e aqui falo até mesmo como leitor, o fato de que, aparentemente, apenas o seu conceito de jogo seria possível ou factível para o basquete brasileiro – ou mesmo o basquete como um todo. Se as críticas ao “sistema único” são factíveis e, mais que isso, válidas, adotar apenas o sistema que o senhor defende também seria bastante limitado, não? Esta é A Maneira Correta de se jogar?
  • Claro, diante da pasteurização predominante (o que não significa 100%), o que o senhor propõe seria diferente. Mas esta, imagino eu, não é também a única alternativa possível para Brasil, Japão, Jacareí ou New York Knicks. Não creio que toda cabeça pensante concorde.
  • Segundo: se um time pratica determinado basquete, é natural que as pessoas vão comentar esse basquete praticado. Ir além e propor outras coisas tornam artigos maiores. Sempre melhor oferecer algo diferente, original – o que não quer dizer autoral também.
  • Mas isso não invalida o comentário acerca de determinado jogador ou time. No caso de Lucas Bebê, realmente é de se pensar se ele não poderia ser um jogador muito mais completo. Por outro lado, se o técnico pensa que sua função é coletar rebotes e proteger o aro, por que alguém haveria de avaliá-lo de outra maneira? Existe um contexto mais factual, material que precede e/ou acompanha análise.
  • * * *
  • Por fim, um blog, uma coluna, um texto, um folhetim, um panfleto, um programa de TV… Todos eles podem ter enfoques diferentes. Há quem faça mais entrevistas. Há quem se dedique a crônicas. Há aqueles que escrevem de modo chato para um, de modo “genial” (palavra da moda) para outros. Não existe o que é certo, nem errado neste caso. Cada um na sua, cada macaco no seu galho. Volta, comenta, lê e, neste caso, responde quem quiser.
  • Segue a vida.
  • Abs,
  • Giancarlo.
  • Basquete Brasil09.08.2013·
  • Olha Giancarlo, muito legal seu comentário, e o que mais me alegrou foi o fato de ter sido essa a primeira vez nos nove anos desse humilde blog, a ter um comentário/resposta jornalístico de tal ordem e valor, provando com sobras sua real finalidade, a de discutir aberta e democraticamente o grande jogo em toda a sua dimensão e importância, onde a discordância fundamentada torna sadio o debate, trazendo em seu corpo a busca incessante do conhecimento e do nem sempre provável consenso, encaminhando-o ao encontro do almejado bom senso.
  • Então, discordando ou não, exercitemos uma tréplica, que de acordo com sua vontade se estenderá ou não para mais adiante.
  • Carapuças a serem vestidas inexistem no texto, pois a mencionada setorização se prende ao aspecto posicional, onde variadas terminologias visam exclusivamente a formatação e padronização de uma maneira única de ensinar, treinar e jogar o grande jogo, negando ao mesmo a generalidade tática que o tornou complexo e belo de praticar e assistir.
  • O termo armador puro foi ouvido pela primeira vez por mim através uma definição que o velho Togo Renan fazia a armadores da época, em particular o Fernando Brobró, o Barone e o Peixotinho, a qual não concordava, mesmo vindo do grande e mítico técnico. Logo, os termos que enumero definem a mencionada setorização, e não aqueles que fazem uso deles em seus comentários.
  • Por outro lado, em nenhum dos mais de mil textos publicados fui contrário às várias funções que são assumidas e desenvolvidas pelos jogadores, e sim que os mesmos se fixem em uma ou duas, como o exigido pelo sistema único, mas que sejam preparados e treinados em todas, mesmo que no transcorrer do processo técnico tático a que estão ligados optem, ou sejam orientados a determinados papéis, mas sempre aptos a exercerem os demais quando solicitados, com um mínimo de eficiência possível.
  • E na busca dessa pluralidade é que pude desenvolver e estudar sistemas de jogo autorais, por que não se verídico, na luta arduamente travada para que tal busca pelo novo, pelo inusitado, servisse de mote técnico comportamental para todos aqueles envolvidos na função de soerguer o grande jogo entre nós.
  • Além do mais, nunca, em tempo algum de minha longa vida, impus ações e comportamentos a quem quer que fosse, principalmente os técnicos, mas que procurassem desde sempre um caminho todo seu, único, se possível autoral.
  • Logo, quando menciono armadores e pivôs móveis estou definindo uma estratégia de ação, e não um corolário de funções, aquelas que você menciona não fazerem sentido como nomenclaturas de funções e posições, inclusive as minhas duas, se levadas ao termo, podendo inclusive, serem taxadas também de ridículas, no que concordo. Para mim a verdadeira posição de um jogador é a 12.345, com as devidas capacitações e oscilações inerentes à mesma.
  • Continuando, não vejo como escracho, críticas que faço a insinuante penetração da NBA em nosso país, que se mantida e desenvolvida da forma que se apresenta, fatal e historicamente tenderá ao esmagamento das tentativas que façamos para soerguer o basquetebol nacional, cada vez mais esvaziado de bons articulistas, de eficientes e determinantes jornalistas, fazendo com que o peso de sua influência dolarizada e globalizada não encontre barreiras que se imponham a tais desígnios, e nesse ponto também não podemos ignorar que tal estratégia de mercado fatalmente transitará pelos portais midiáticos que apoiam e patrocinam seu projeto de ação, e que de forma alguma o beneficiará com a gratuidade comercial.
  • Muito bem sei e avalio a função profissional de um jornalista, a qual também pertenço, por formação, mesmo lutando algumas vezes na arte de pontuar um texto (olha a carapuça aí, prezado colega…), mas reconhecendo suas agruras e eternas dificuldades, não só profissionais, como éticas, acima de tudo.
  • Num ponto somos discordantes de fato, pois sou profundamente nacionalista, atitude a que cheguei após percorrer e conhecer quase todo esse nosso imenso território, sempre trabalhando e estudando, assim como percorrer o de outros muitos países, igualmente estudando e trabalhando, pois se bem me recordo, somente uma única vez o fiz em turismo, e mesmo assim por conta de uma conferência em Portugal, que me destinou passagens para esse único evento. Todo esse conhecimento e descoberta, me fez convicto do inesgotável potencial desse nosso país/continente, rico e poderoso por seu diverso gentio, por sua unidade linguística (única no mundo e sua grande força), e por sua herança de paz e amizade, aonde o grande jogo chegou um dia a ser a segunda paixão esportiva de seu povo, inquestionavelmente.
  • Mas assim como você, jamais neguei acesso à literatura, música, cinema, dança e teatro internacionais, mas sempre privilegiando o nosso, sempre.
  • Num ponto, sou intransigente, a forma como a NBA se impõe no mundo, com sua mensagem dominante e política, pois é a única modalidade de desporto coletivo realmente internacional praticada e amada pela população americana, a tal ponto que faz com que seu governo a apoie sem maiores restrições como embaixadora de sua influência dominante, e que inclusive vem sutilmente afastando e protelando da mesma o temível fantasma dos escândalos ligados ao doping, em ações e intervenções desenvolvidas pelo senado americano, mas que inexoravelmente alcançará esse nicho privilegiado muito em breve.
  • Finalmente, o ponto crucial de sua intervenção, muito especial, aliás:
  • (…) Só me incomoda um pouco, e aqui falo até mesmo como leitor, o fato de que, aparentemente, apenas o seu conceito de jogo seria possível ou factível para o basquete brasileiro – ou mesmo o basquete como um todo. Se as críticas ao “sistema único” são factíveis e, mais que isso, válidas, adotar apenas o sistema que o senhor defende também seria bastante limitado, não? Esta é A Maneira Correta de se jogar?(…)
  • Ora, prezado Giancarlo, parece que você ou não leu, ou esqueceu muitos dos artigos aqui publicados sobre esse instigante assunto, a dupla armação e os três pivôs móveis, quando através, textos, vídeos, fotos e estatísticas provei e comprovei na teoria e na pratica o sistema proposto, mas nunca, em tempo algum considerei-o único, absoluto para o nosso basquetebol, e muito menos para a modalidade como um todo, e sim como uma proposta balizadora e experimental que servisse de partida a outras propostas, outros sistemas, outras concepções de jogo, fugindo do conceito único que tolhe o desenvolvimento do grande jogo, aqui, e por que não, lá fora também, vide que a pequena revolução instaurada pelo Coach K nas seleções americanas veio duas décadas após eu mesmo, Prof. Paulo Murilo, ter iniciado os estudos, desenvolvimento, treinamento e execução dessa proposta aqui mesmo, em terras tupiniquins, e jamais reinvidicando patentes, já que produto natural do desenvolvimento harmônico de um jogo diferenciado por sua complexidade e inesgotável criatividade, sendo passível de evoluções paralelas além fronteiras.
  • Quando bato e insisto em novas concepções técnico táticas para o nosso basquetebol, viso prioritariamente o combate à imitação pura e simples, ao aprendizado osmótico, vício contraído por muitos de nossos técnicos, jovens ou veteranos, assim como a reverência e aceitação passiva de modelos que não nos dizem respeito como povo, como nação, mesmo em se tratando de uma modalidade esportiva, quer queiram muitos, ou não, que concorre para o aprimoramento acadêmico de nossos jovens, onde a premissa de utilização de um único sistema de jogo, rouba dos mesmos a mais importante parcela de seu desenvolvimento, a capacidade criativa, livre e democrática do livre pensar, amar e jogar o grande jogo, o jogo de suas vidas.
  • Terminando, concordo plenamente que toda e qualquer mídia deve poder se expressar diferentemente, sendo essa uma das razões que originaram esse nosso muito bem vindo debate, onde a liberdade e a responsabilidade sejam preservadas e defendidas pelo preço que tivermos de pagar desde sempre.
  • Muito obrigado pelos comentários e críticas Giancarlo, e espero que divergências não nos afastem dessa humilde trincheira, aberta a todos que defendem a plena liberdade de expressão.
  • Um abraço.
  • Paulo Murilo.

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Comentário:

VOLTANDO UM POUCO NO TEMPO…

Tem certas ocasiões em que realmente vale a pena voltar um pouco no tempo, como este artigo publicado em 2/2/2007, que estaria atual neste tempo que estamos vivenciando, onde o mérito é sistematicamente suplantado pelo arrivismo, o escambo, e as ações entre amigos e apaniguados. No desporto não poderia ser diferente.

Amém.

 

 

FRAGMENTOS…

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007 por Paulo Murilo–  2 Comentários

Mexe daqui, futuca dali, e de repente, do meio de uma tremenda papelada salta um pequenino recorte de jornal, publicado no O Globo de 8 de junho de 2006, que se reporta a um testemunho do Sr.Geschwindener, capitão da seleção alemã de basquetebol nas Olimpíadas de Munique-72, que há 12 anos atrás iniciou o treinamento do ala Dirk Nowitzki, então com 16 anos, e que foi considerado o melhor jogador do Mundial-2002 em Indianápolis. O interessante em seu trabalho foi a inclusão de algumas atividades extras, tais como esgrima, remo, balé, guitarra e saxofone. Perguntado sobre em que Nowitzki pode melhorar, Geschwindener respondeu: Arremesso. E provavelmente aspectos intelectuais, mentais e psicológicos. Obviamente, Não refinou muito a defesa. Mas diminuímos esta lacuna nos últimos dois anos- declarou ele.

Como Dirk é considerado por muitos o melhor jogador do mundo, tais declarações e colocações de seu técnico inicial, aquele que o introduziu nos fundamentos do jogo, define um campo de influência com tal ordem de importância na formação do jogador e cidadão, que muitos duvidarão de tais afirmativas. Dança, remo, esgrima e música? O que é isto? Só pode ser invenção e autopromoção. E o máximo do absurdo, aspectos intelectuais? Filosofia? O cara é maluco! Pois é, caros técnicos brasileiros, isso é o usual na formação de um jovem atleta no velho mundo, pois cultura e educação se coadunam magnificamente com atividades desportivas, com a música, com a dança. Algum técnico brasileiro já tentou incluir a dança no treinamento daqueles jovens muito altos, e por isso muito descoordenados? Não? Pois saibam que funciona muito bem, já que ritmo é a base de um bom trabalho de pernas. E que o remo desenvolve o trabalho de equipe, e que a esgrima apura os reflexos, e que um instrumento musical aguça a disciplina. Mas, para que todas essas bobagens se temos a perfeita solução dos problemas de formação? Temos a peneira! E estamos conversados. Retorno o papelzinho para uma caixa mais segura, e deixo-o lá como prova inconteste de que bons técnicos de formação existem nesse mundão que gravita por fora de oportunas, desleais e ineptas peneiras.

Vou ao site Rebote, sempre muito boa leitura, e me debruço sobre um texto Do Rodrigo Alves sobre o Boston Celtics. Muito bom e bem alinhavado, e que culmina com sugestões ao Danny Ainge, superintendente da equipe, para o soerguimento do atual e falido plantel no campeonato da NBA. Mas algo ficou faltando. Talvez a existência do Rebound, site congênere publicado nos states com as matérias do Rebote nacional, para que o Danny tivesse a oportunidade de ler as sugestões, se é que o faria, ainda mais de um articulista brasileiro.E ai me deparo com uma evidência que me assustou. Um ótimo jornalista, articuladíssimo, e trabalhador, direcionando grande parte de seu talento a um basquetebol de sonho, de quimeras, quando o daqui se debate com a ausência de talentos como ele, que foi tão presente nos mundiais do ano passado, e que fizesse tão brilhantes análises, como a de hoje, sobre as equipes que disputam nosso campeonato tupiniquim. Como amaria tê-lo na trincheira,como bem definia o Melk, nessa luta sem muito ibope pelo nosso basquete, que pela ótica dos irmãos do norte é tão inexpressivo que sequer merecerá a presença dos mesmos no Pan, um verdadeiro chute no nosso traseiro, fato que ainda não foi analisado e comentado por nenhum site que se dedica ao basquete lá de cima.

Dois pequenos fragmentos de nossa realidade, mas que me fizeram pensar bastante, e sonhar com dias melhores. Amém.

 

2 comentários

  1. Rodrigo Alves05.02.2007·
  2. Caro professor,Um abraço,
    Rodrigo Alves
  3. Obrigado pela citação, e pode ter certeza de que eu também gostaria de estar mais presente na trincheira nacional. O “problema” é que, por dever de ofício na Globo.com, sou escalado para comentar os jogos da NBA. E como costumo levar qualquer trabalho muito a sério, boa parte do meu tempo de pesquisa, estudo e análise é dedicado ao que acontece nos EUA. É claro que tento não deixar o nosso basquete de lado, mas acabo não conseguindo (por simples questão de tempo) acompanhar os jogos do Nacional com a mesma freqüência. Eu até poderia palpitar, mas correria o sério risco de, vez por outra, deslizar em clichês e idéias prontas, defeito que me incomoda muito nos chamados “comentaristas de estatística”. Pode acreditar, contudo, que não se trata de deslumbramento ianque ou desprezo pelas nossas cores. Continuo me esforçando para aumentar a bagagem nacional e, quem sabe em breve, entrar de vez na trincheira.
  4. Basquete Brasil06.02.2007·
  5. Prezado Rodrigo, na realidade o que sentimos falta é de bons e bem intencionadaos jornalistas,que cubram com pleno conhecimento o dia a dia do nosso basquetebol, que nos esclareça e aponte o caminho das pedras,aquele que somente é trilhado por quem conhece.Seu trabalho,
    seu esmero e seu posicionamento, já o faz de de muito um componente da trincheira,
    faltando somente u’a mais amiúde presença
    Um abração, Paulo Murilo.

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Comentário:

O ONTEM, O HOJE, E O AMANHÃ…

Me dei um tempo, até pensei prolongá-lo definitivamente, pois sinto cansaço extremo frente a tanta mediocridade, consubstanciada pela massacrante mesmice endêmica que nos agrilhoou, creio que por mais um ciclo olímpico, espelhada nessa vitória da seleção sub 21 no sul americano concluído no domingo passado, não que eu não a parabenize, já que conquistada na casa dos hermanos, vencendo-os por duas vezes de forma inconteste, onde bons e promissores jogadores se destacaram, lutando com denodo e entrega, mesmo que amarrados e sucumbidos por um sistema único globalizado, irmanado agora à moda dos longos arremessos, numa cópia canhestra do que pior se faz lá fora, ou fazia, já que severamente contestada pelo progressivo desenvolvimento e aplicação de defesas potentes no perímetro externo, premissa essa solenemente negada por nós em campeonatos onde as estrelas mais cobiçadas são as estratosféricas bolinhas e as enterradas monstros, produtos de ausências defensivas em ambos os perímetros, desde a formação de base, cujo resultado mais recente aconteceu em terra hermana…

Definitivamente adotamos a convergência como estratégia de jogo, seja ele qual for, independendo de faixa etária, sexo, ou qualquer que seja as classificações possíveis, mesmo que contundentemente criticada pelo selecionador master, Petrovic, em sua primeira entrevista dada em terra tupiniquim, quando afirmou não compreender a enxurrada de arremessos de três adotada e praticada no nosso basquetebol, com a mais plena anuência de treinadores e estrategistas, responsáveis e coniventes, coroada agora no sub 21 campeão, dirigida pelos seus dois assistentes técnicos, que passaram um recado mais do que claro do que pensam a respeito, já que aplicado em quadra, vencendo a competição, sugerindo um determinismo contrário ao posicionamento técnico tático do croata, numa contundente repetição do que ocorreu com seus dois antecessores, estrangeiros como ele, ficando em suspenso uma solene indagação – Perante a importante conquista, mudará seu posicionamento de décadas no basquetebol europeu, ou aderirá saltitante a moda imposta, ou sugerida por seus mais diretos colaboradores?…

No jogo final de domingo, enquanto a equipe argentina se desdobrou nas coberturas externas contestando os longos arremessos de nossos brazucas, conseguiu se manter à frente do placar, no entanto, acumulou muitas faltas pessoais nas tentativas de barrar o forte jogo interno dos bons e fortíssimos alas pivôs brasileiros, fator este determinante para sua derrota, já que no quarto final perdeu sua força reboteira, deixando-se vencer por 8 pontos, e sem nunca ter tentado marcar os pivôs pela frente, que é a certeza mais absoluta do que acontecerá nas competições mais duras daqui para diante, já que aos poucos a realidade de que trocar possibilidades de penetrações que valem 2 pontos, ao longo de uma dura partida, se torna mais rentável do que abrir a porteira dos 3 pontos, pela quantidade que forem as tentativas…

E os números não mentem, ao contrário, escancaram a dura realidade de uma forma midiática de jogar, onde a evolução natural de técnicas defensivas, sem a menor dúvida, estancarão essa hemorragia autofágica promovida por quem ouviu o galo cantar e se encontra perdido sem saber de onde ele vem, afinal de contas copiar o que aparente e rapidamente dá certo, cai melhor do que ir fundo no grande jogo, algo desconhecido e tabu para a maioria daqueles que se intitulam estrategistas, já que técnicos e professores não o são, de forma alguma, ao omitirem seus saberes, principalmente no ensino dos fundamentos do grande jogo…

E os números? Aí vão:

– Nos 6 jogos classificatórios (tentativas certas e erradas das equipes):

– 2 pontos – 156/324   48,1%

– 3 pontos – 102/297  34,3%

– L Livres  – 97/133 72,9%

– Erros      – 136 22,6 pj

– Nos 4 jogos mais significativos – Argentina-(2),Uruguai e Chile (Idem):

– 2 pontos –   83/224 37,5%

– 3 pontos –   59/171 34,5%

– L Livres  – 66 / 86 76,7%

– Erros      – 75  18,7 pj

– Jogo final:

– 2 pontos –    36 / 73 49,3%

– 3 pontos –    21 / 60 35,0%

– L Livres  – 25 / 33  75,8%

– Erros      – 25

 

O que eles dizem? Que na classificação, a presença das fracas equipes do Paraguai e Peru, fizeram aparecer mais arremessos de 2 pontos (48,1%), suplantando os de 3 (34,3%), mas mesmo assim, no jogo contra o Uruguai, vencido por 3 pontos, a seleção nacional arremessou 15/34 de 2 e inacreditáveis 17/43 de 3, continuando sua saga artilheira perpetrando 38 bolinhas contra o Chile (vencido por 4 pontos), e 30 contra a Argentina, vencendo por 12 pontos. No jogo final, a seleção arremessou 29 bolas de 3, e a Argentina 31, sendo este o único jogo em que a equipe arremessou abaixo de 30 nas indefectíveis bolinhas. Vejam que nas três tabelas o percentual de bolas de 3 se mantêm praticamente igual, ou seja, para cada 10 bolas arremessadas de fora do perímetro, somente 3,5 caem, num desperdício de energia ofensiva que, se bem administrada por defesas bem treinadas e postadas, anularão a tão decantada supremacia das bolas de 3, ação que a Argentina conseguiu nos três quartos iniciais da partida, cedendo no quarto final pela perda de seus homens altos na defesa interna, já que na externa vinham se saindo além da expectativa. E nesse ponto vale lembrar as continhas que tanto divulgo nos artigos antes publicados, ou seja – se a seleção substituísse a metade das bolas perdidas de 3 pontos por tentativas trabalhadas para os 2 pontos, venceria as mesmas partidas com diferenças que beirariam os 20 pontos, economizando esforço físico com eficiência pontuadora de 2 em 2, e se somarmos a estes números os graves erros nos fundamentos do jogo (com números acima de 16 na maioria dos jogos), onde as falhas nas contestações defensivas não são computadas (se fossem apontariam uma catástrofe a cada jogo), concluiremos que continuamos a trilhar o mesmo caminho obscuro e nem um pouco inteligente que nos lançou no limbo técnico tático que tanto nos prejudicou no concerto internacional, culminando na autopromoção burra e incompreensível de uma liderança revolucionária na concepção de um modernoso basquetebol, escravo vicioso da cópia canhestra de uma forma de atuar tecnicamente restrita a muito poucos jogadores, detentores de uma técnica superior e quase exclusiva no manejo direcional de uma bola de basquetebol, lançada de longas distâncias, fator este que ilustra com precisão alguns trabalhos e pesquisas acadêmicas muito sérias, nas quais incluo a tese doutoral “Estudo sobre um efetivo controle da direção do lançamento com uma das mãos no basquetebol”, defendida em 1990 na FMH/UTL de Lisboa, de minha autoria, com alguns tópicos aqui publicados, e ainda sem estudos que a contradigam na esfera internacional até a data de hoje…

Por que a menciono? Pelo simples, simplíssimo fato de que, frente ao desastre estratégico. a curto, médio e longo prazos, nada fazemos na preparação de base e nas quadras da elite, para evitarmos um equívoco tão descomunal, aquele de nos acharmos imbatíveis no jogo exterior, com seus “afastamentos e aberturas” e imprecisa artilharia se convenientemente contestada, caminho que começa a ser trilhado pelas melhores escolas de fundamentos mundiais, e que nos relegará a praticantes arrivistas de tiro aos pombos, sem a contrapartida de sólidos fundamentos e de preciso e forte jogo interior como opção primeira, postergando a bolinha infalível ao seu lugar de direito, como um recurso complementar, e não principal de uma equipe que preza o coletivismo agregador e uníssono, antítese do que praticamos…

Poderíamos começar pela salvação dessa geração de bons jogadores, reunindo-os numa equipe espelho, fonte de estudos práticos de uma séria ENTB, mantida pela CBB, participando do NBB, dando a seus jovens integrantes um treinamento sólido e evolutivo nos fundamentos básicos, destinando horas do dia para seus estudos em boas instituições de ensino médio e superior (oportunidade de uma relação da CBB com instituição privada de ensino, dividindo despesas), fator básico para seu futuro após os anos de competições, abrindo oportunidades, inclusive, para concluir sua formação em escolas do exterior. Seria uma conjugação de interesses esportivos, educacionais e culturais, inédito em nosso país, servindo de exemplo para o desporto escolar e universitário, clubístico também, pois após a cessão de um ou dois de seus jovens por no máximo duas temporadas, os teriam de volta mais maduros, e tecnicamente embasados, com tempo precioso de ação prática, e não esquecidos nos bancos de equipes recheadas de nomões escorados contratualmente em minutos a ser jogados, manipulados por interesses de agentes e franquias agregadas ao status quo vigente…

No vértice desta retomada, uma ENTB realmente representativa, e não avidamente buscada pela mesma coligação que domina o grande jogo desde sempre, ativando e desativando na mesma velocidade, associações de técnicos majoritariamente de um mesmo estado, alijando os demais de seus projetos hegemônicos e monetariamente atrativos, onde o comando baila pelas mesmas mãos, trocando somente as siglas que as denominam, esquecendo que o espírito de qualquer escola que se preze passa pelos conhecimentos de ontem, que sedimentam o hoje, e projetam o progresso para o amanhã, não importando de onde venham, onde o trabalho alicerçado pelo mérito, em tudo e por tudo, deveria ultrapassar os interesses, as trocas, e os favores requeridos por quem quer que fosse, prestigiando a qualquer custo o processo democrático e o direito ao contraditório, cernes do progresso equânime e constitucional de todos os envolvidos no processo de ensinar a ensinar. aprender fazendo, estudar e pesquisar todas as questões inerentes ao grande jogo, obrigatoriamente presencial, com apoio suplementar virtual. Assim deveria se constituir uma verdadeira Escola Nacional de Técnicos de Basquetebol.

Amém.

Fotos – Divulgação CBB, CABB, reprodução da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

  

A CRÔNICA DE UMA VIDA…

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Faz um mês que nada publico neste humilde blog, e para ser bem franco, muito pouco poderia ter escrito, muito menos pensar seriamente basquetebol, sem me repetir ad infinitum, frente a endêmica mesmice imposta ao grande jogo desde sempre…

Talvez (palavra ícone deste nosso tempo),  ou quem sabe, reportando a um incoerente Petrovic, afirmando em sua primeira entrevista que não entendia, e não aceitava  a enorme quantidade de arremessos de três pontos perpetrados por nossos jogadores, mas, no entanto, permitindo 5/25 bolas de três na derrota contra a Venezuela (72×56), e uma convergência na vitória contra a Colômbia (98×71), quando arremessaram 20/37 bolas de dois pontos e 16/34 de três, em nada alinhado a seu posicionamento inicial em terra tupiniquim…

E que dizer, pela milésima vez, sobre os números finais das quatro partidas do playoff que decidiu a Liga Ouro, quando foram lançadas 160/292 (44,7%) bolas de dois pontos, 60/207 (28,9%) de três, e 154/224 (68,7%) em Lances livres, acrescidos de uma média de 25 erros de fundamentos por partida? Absolutamente nada…

Quanto a ciranda das “peças” e estrategistas no âmago das franquias, agora somados aos “managers caboclos e caipiras”, todos mancomunados com a mesmice endêmica que os fazem existir, já que pareados “filosoficamente”,  técnica, tática e administrativamente, não vale mais a pena perder tempo com nenhum deles…

Tenho me dado um tempo junto aos filhos, aqui e lá fora, vindo a pouco de uma passeio fantástico por uma Europa antiga, tradicional, mas que tenta se renovar, quando aqui sequer pensamos em simplesmente, crescer…

Oito anos atrás me dei um tempo, o publiquei, e agora o republico, pois nada mudou no grande jogo, e que, infelizmente, se encontra atual.

 

ME DEI UM TEMPO…

terça-feira, 1 de junho de 2010 por Paulo Murilo–  18 Comentários

Me dei um tempo, precisava muito, não por cansaço físico, mas porque necessitava me situar com rigor ante a reviravolta que dei assumindo a direção de uma equipe da LNB, e numa situação de alto risco técnico, já que última classificada e muito depreciada.

Substituir o blog pela equipe não seria algo que desejava, já que profundamente arraigado aos princípios que nortearam a criação do mesmo, a luta pelo soerguimento do basquete em nossa terra, sob todos os aspectos, do político ao técnico tático, e sempre primando pelo respeito e a ética.

Foi então que resolvi postar o dia a dia do preparo da equipe, num trabalho que encontrou respostas positivas no seio dos jovens técnicos, e de todos aqueles que amam o grande jogo.

No entanto, nossa participação se encerrou, após 49 dias de muito sacrifício, perdas, derrotas e vitórias inquestionáveis e redentoras, mas não suficientes para nos afastar da última colocação na Liga.

Mas algumas conquistas foram determinantes, principalmente a utilização de sistemas ofensivos e defensivos diferenciados dos restantes membros participantes do NBB2, e que comprovaram serem eficientes, apesar do pouco tempo de treinamento. Muitos desejaram ver jogos da equipe em vídeos, aficionados e mesmo jornalistas, aos quais oferecí dois exemplos no blog( e que me custaram imensas preocupações e trabalho), aceitos e elogiados pelos primeiros, e decididamente omitidos pela maioria dos segundos, os mesmos que ansiavam assisti-los.

E o mutismo dessa imprensa altamente especializada tem uma explicação que prima pela simplicidade, não tinha, a grande maioria, a menor idéia do que assistiram ( se é que o fizeram…), já que profunda e irremediavelmente engessada e compromissada com o sistema único e divino de jogo utilizado em nosso país, calcado e colonizado pelo éden sagrado e desejado por todos, o World Championship basketball da NBA, pelo qual muitos são pagos e patrocinados ( o DraftBrasil foi o único site interessado no assunto).

E como o Eurobasket, aos poucos vem perdendo sua independência técnico tática por força do trator financeiro da matriz americana, haja vista a última final vencida pelo Barcelona, com um basquete cópia fidedigna do sistema único, inclusive nas interpretações arbitrais, antecipamos o que ocorrerá no próximo Mundial onde o reino dos jogadores 1, 2, 3, 4 e 5 ainda fluirá majestoso por um longo tempo, imutável.

Não à toa os argentinos subverteram a ordem olímpica e mundial a bem pouco tempo, mas aos poucos foram sendo engolfados pelo sistema único, fruto da mais bem urdida campanha publicitária de que se tem notícia na história do esporte, cujo peso político econômico não tem paralelo nos tempos modernos, juntamente com a religião mundial do futebol.

Estamos vivendo a decisão do NBB2, com jogos que raiam ao inconcebível, onde somente nos três últimos do play off final 201 arremessos de três foram tentados, ou 603 pontos possíveis, numa impossibilidade técnica de vê-los convertidos, numa média de 67 por jogo, furtando do mesmo o mais primário sistema coletivo, o princípio de equipe, o princípio do jogo. E todos, assim como as demais equipes da Liga, utilizando o sistema único.

Ainda conceituamos jogos de baixíssima qualidade, como exemplos de técnica apurada, numa proposital confusão onde se misturam emoção e agressividade, mas tudo em nome da preservação do status quo, onde jogadores, técnicos e muitos jornalistas se aliam para o bem comum, o monopólio do mercado de trabalho, no qual um sistema único, padronizado e de conhecimento de todos, garante as trocas de equipes e de regiões, viabilizando curtos espaços para treinamentos e pré temporadas, pela similitude de ações, e mesmo de sinalizações de jogadas, numa cumplicidade que raia ao absurdo.

E o público ignaro, aceitando e difundindo tais princípios, promove seus preferidos dentro das posições de 1 a 5, estratificadas pela rigidez do sistema, onde o 1 é o armador, o 2 é o armador arremessador, o 3 é o ala, o 4 é o ala-pivô, e o 5 é o pivô ( última classificação dos narradores da sportv), variando na votação para os melhores do anos da LNB que classifica os jogadores em 1 o armador, 2 o ala-armador, 3 o ala, 4 o ala-pivô e 5 o pivô.

E quando a LNB me contatou para que eu designasse os melhores da minha equipe, a fim de que os mesmos pudessem ser votados pelos demais técnicos para os melhores do ano, designei-os como 2 armadores e 3 pivôs móveis, ou se quisessem, 3 alas-pivôs, o que deixou meu interlocutor embaraçado, já que fora do padrão, do sistema único, no qual, tenho a certeza, ele encaixou os jogadores que designei.

E veio a convocação para o Mundial, onde a discussão inicial e monocórdia é de que o Huertas é o 1, e seu reserva o Valter, e que o Alex e o Marcelo são 2, e que o Guilherme é o 3, o Spliter 4 e o Nenê 5. E o Varejão? Ah, esse será um ótimo 6, seguindo o bonde do “padrão mundial”.

Mas se o exemplo fugaz do meu humilde Saldanha merecesse um mínimo de estudo e consideração por parte dos “entendidos”, assim poderia jogar a base da seleção, com Huertas e Valter de armadores puros, e Spliter, Varejão e Nenê de pivôs móveis, não fosse o Nenê em sua origem pré-engorda um ala poderoso e atlético (Aliás, essa era uma das intenções do Moncho, em entrevista na TV logo em sua chegada). Vejam e analisem os vídeos que postei e tentem visualizar o óbvio, uma forma sugerida de jogo diferenciado, e que adaptado, ou na forma apresentada, tumultuaria profundamente as equipes adversárias, também engessadas e viciadas num sistema altamente previsível, por ser único.

Mas Paulo, e aqueles que só sabem( ou pensam saber…)arremessar de três, como ficariam? No banco, ou em casa, vendo que é perfeitamente possível vencer jogos e campeonatos de 2 em 2, com a maior precisão dos arremessos de curta e média distâncias, onde os de três se constituiriam num recurso pontual, e não a base de uma equipe, como se transformou o basquete brasileiro, e agora o internacional também.

E muito mais grave do que os acontecimentos extra jogo no Nilson Nelson de Brasília, onde a não permissão de qualquer público dentro da quadra em momento algum, antes ou depois dos jogos, evitaria o espetáculo hediondo a que todos assistimos ( onde não absolvo alguns jogadores do Flamengo em agressões gratuitas, pois deveriam estar nos vestiários, ato contínuo ao término de uma partida nervosa e agressiva, numa ação de comando, inexistente na equipe, mas que poderá beneficiá-la numa bem provável inversão de mando de campo, no caso de uma quinta partida…), é o fato inquestionável de que transformamos o grande jogo, numa competição absurda e irracional de arremessos de três, demonstrando e exemplificando aos jovens ser esse o caminho a ser seguido, onde os fundamentos deixam de ter importância na medida em que de 10 tentativas de 3, se converta uma ou duas bolas, pois se assim todos se comportam, a começar pelas estrelas(?), por que então não tentar?

Mas lá no Saldanha, se obtiver os patrocínios prometidos, garanto que nada disso ocorrerá, mesmo que sozinhos neste grande e imensurável deserto de idéias e coragem para enfrentar novos caminhos e concepções, rompendo as ditaduras de um sistema único e dos arremessos de três.

Amém.

 

18 comentários

  • Douglas Stapf Amancio02.06.2010· 
  • Merecido o descanso professor.
  • Tomara que dê certo o patrocínio para o Saldanha e através do seu blog o senhor nos presenteie com mais aulas de como se treinar uma equipe de basquete e continue fazendo meus finais de semana mais interessante com um diário aqui em seu blog.
  • Gostaria também de que comentasse as finais da NBB.
  • Um abraço e bom repouso.
  • Leandro Areco02.06.2010· 
  • Gostei dessa análise que o Senhor fez do sistema “engessado” que toma conta do basquete brasileiro. A divisão 1-5 na minha opinião só funciona nos EUA. Bem lembrado o fato de que a Argentina utilizou por muito tempo o sistema 2-3 (Sanches/Ginobili/Nocioni/Scola/Oberto) além de Hermann/Delfino/Kammerichs para dar suporte. Será que funcionaria assim no Brasil? Splitter, Nenê e Varejão são muito lentos para serem pivôs móveis… seria como?
  • No mais, bom descanso Professor!!!
  • Basquete Brasil02.06.2010· 
  • Prezado Douglas, me parece que as coisas vão cominhando razoavelmente para o Saldanha, e que a equipe se mantêm compromissada com o trabalho realizado, originando boas perspectivas para o proximo NBB. Com o reinicio dos trabalhos, penso não um diário sobre a preparação, mas uma resenha semanal mais detalhada e ilustrada com fotos, graficos e eventualmente com videos. Vamos estudar uma maneira mais pratica para exequibilizar esse projeto. Quanto às finais do NBB, tenho implicitamente feito alguns comentários nos artigos publicados, principalmente sobre a orgia dos arremessos de três. Um abraço, Paulo Murilo.
  • Basquete Brasil02.06.2010· 
  • Prezado Leandro, você me pergunta se o Nenê, o Spliter e o Varejão poderiam se adaptar como pivôs moveis, se na sua opinião os mesmos são lentos. Discordo da mesma, pois o Spliter e o Varejão são na realidade alas pivôs de formação, e o Nenê o era quando foi “modificado” para se transformar num pivô de choque, o que não deu certo e o magoou fisicamente bastante.No entanto, nesse sistema não necessariamente os três tenham de ser velozes por igual, já que funções reboteiras têm de ser levadas em consideração. E não só os três exerceriam tais funções, já que temos outros alas pivôs ágeis e flexiveis atuando no país. Seis deles comporiam duas trincas que se revezariam em “n” situações, e mesmo formações, sempre servidos e alimentados por duplas de armadores de qualidade. Em síntese, seria esta uma excelente oportunidade de apresentarmos algo inusitado para fazer frente à mesmice técnico tática que está implantada no mundo do basquetebol internacional, e cujo alto grau de imprevisibilidade tática se chocaria com o jogo, também altamente previsível do sistema único praticado pelas demais equipes.
  • Um abraço, Paulo Murilo.
  • Gustavo03.06.2010· 
  • Eu nunca tinha lido uma reflexão sobre basquete que viesse acompanhada de uma reflexão anti-capitalista. Muito interessante.
  • Me faz lembrar de movimentos como o slowfood.
  • Será que foi lançado agora o movimento slowbasket?
  • Certamente revolucionário, visionário.
  • Por favor, continue escrevendo e faça uma conta no twitter para podermos acompanhar suas reflexões durante os jogos.
  • Como diz o Paulinho da Viola: Faça como um velho marinheiro. Que durante o nevoeiro. Leva o barco devagar!
  • Guilherme de Paula03.06.2010· 
  • Não tenho dúvidas que se trata de um dos textos mais importantes da história de nosso basquete.
  • Parabéns pela potência e pela análise, professor.
  • Sou suspeito, você sabe, mas achei, outra vez, brilhante.
  • Um abraço
  • Basquete Brasil04.06.2010· 
  • Antes de serem reflexões, se constituem em conceitos amalgamados e sedimentados ao longo dos anos de estudos, experimentações, pesquisas e muito, muito trabalho, prezado Gustavo, desde as divisões de base até as adultas, desde as escolas até o magistério superior, e sempre estudando e discutindo democraticamente o grande jogo. Slowbasket? Quem sabe se uma degustação refinada e sofisticada não se constituisse numa bela viagem pelo magnetico mundo da bola laranja, tão coisificado e mediocrizado por gente que no fundo o odeia, por não dominá-lo, não compreendê-lo.
  • Sim, continuarei a escrever sobre esse amor incontido, verdadeiro e puro, o amor ao esporte como mecanismo educacional, como veiculo de cidadania.
  • Twitter? como adotá-lo se sua conotação basica é a Fastnoticia? Prefiro a Slownoticia, pensada, pesada e equilibrada, brotando de um teclado antigo, como de uma Olivetti classica, originando textos simples, objetivos e profundamente pensados.
  • E como Paulinho da Viola descreveu sua amada Portela, como “um rio que passou por sua vida”, assim também descrevo a emoção perene e fascinante representada pelo basquete na minha.
  • Um abraço, Paulo Murilo.
  • Basquete Brasil04.06.2010· 
  • Guilherme, ninguem é suspeito por professar honestamente um conceito de verdade, que pode, não, que é sempre composto de três vertentes- a nossa verdade, a do outro, e certamente a verdade verdadeira, como resultante da discussão, do dialogo, do bom senso. Mas, infeliz e comumente, certas verdades afloram de uma só vertente, o que as tornam discutiveis, por unilaterais, e muitas vezes aprovadas sem discussão. E este é o caminho que desaprovo, dai a provocação ao dialogo, permanente e democratico, mas quase sempre, ou na maioria das vezes, solitario e amargo. Fico profundamente triste, mas prossigo na luta, entrincheirado permanentemente contra a omissão, o maior pecado de nossos dias, eivados do mais abominavel egoismo.
  • Um abraço, Paulo.
  • Andre Neto04.06.2010· 
  • Professor, concordo que poderíamos utilizar o sistema de dupla armação na seleção e vejo que temos peças para tal. Só discordo quanto à formação proposta. Não deixaria Leandro de fora desse time. Ele poderia formar a dupla de armação com Huertas, não acha? Acredito que, com ele, teríamos até uma gama maior de alternativas ofensivas, dada a sua superioridade neste aspecto em relação ao Valtinho.
  • Pedro04.06.2010· 
  • Professor Paulo, gostaria que você analizase a equipe do Flamengo, que é uma equipe que concentra seu jogo nas invidualidades e nos arremessos de 3 pontos. E pode se tornar tri-campeã nacional, você acha que o esse êxito que eles vem obtendo é pelas defesas fracas das outras equipes ou pelo fato de serem excepecionais na sua maneira de jogar ?
  • Basquete Brasil04.06.2010· 
  • Como deixar o Leandro de fora prezado André? Uma equipe nacional é composta de 12 jogadores de alto nivel(assim deveria ser…), prontos para jogar 40, 30, 20, até um minuto, e repito, sempre no mais alto nivel. Os cinco que exemplifiquei foi uma base de pensamento, um posicionamento referencial, onde armadores o são de verdade, puros e irretocáveis. O Leandro, para mim, sempre foi um armador, mas deslocado para uma dessas posições hibridas de arremessador, marcador, e até velocista, como muitos o definem, lá mesmo na meca sagrada. Claro que, numa concepção de jogo como essa, muita gente tida como referência técnica sobraria, já que são outras as exigências, os posicionamentos. Enfim, novos rumos, novos tempos. E isso não é mudado de repente, daí a minha certeza de que tudo continuará intocado, inclusive o posicionamento do excelente Leandro. Um abraço, Paulo Murilo.
  • Basquete Brasil04.06.2010· 
  • (…)”que é uma equipe que concentra seu jogo nas individualidades e nos arremessos de 3 pontos. E pode se tornar tri-campeã nacional(…).
  • Melhor analise do que essa impossivel, prezado Pedro.
  • Agora, quanto ao exito ser reflexo de pessimas marcações, ou pela excepcionalidade de seus jogadores, somente lembro que, na ausência de um sistema defensivo grupal por parte de uma equipe,sempre florescerá as habilidades do oponente que ataca, por mais mediocres que sejam, ou bons de ofício. Excepcionalidade só poderia ser realmente reconhecida quando anteposta a defesas de verdade, atestando, ai sim, um padrão de excelência. Um abraço, Paulo Murilo.
  • Gil Guadron05.06.2010· 
  • John Wooden, murio ayer.
  • Considerado el mejor entrenador que jamas haya existido, el ex-entrenador de la Universidad de Los Angeles ( UCLA ) murio ayer.
  • Coach Wooden fue un extraordinario filosofo, un educador , y por supuesto un extraordinario entrenador de basquetbol,gano 10 campeonatos Universitarios en NCAA .
  • Alguna vez le preguntaron si estaba orgulloso de que un gran numero de jugadores de la UCLA, estuvieran pre-seleccionados al equipo olimpico de USA y el respondio : ” que de lo que realmente estaba orgulloso era de la cantidad de profesores, abogados,doctores y otro tipo de profesionales en que la inmensa mayoria de sus ex-jugadores se habian convertido, pues a UCLA se llegaba a estudiar. Que el basquetbol deberia de ser una escuela para la vida, mas alla del deporte”.
  • Tuve la oportunidad de aprender de el, alla temprano en los 70’s, cuando aun yo vivia en El Salvador.Posteriormente viviendo ya en USA asistiendo a sus Clinicas en mi ciudad adoptiva, Chicago.
  • A los jovenes entrenadores les recomiendo leer del Coach Wooden :
  • — Practical Modern Basketball –, originalmente publicado en 1966, con ediciones posteriores. Es un libro clasico que deberia ser obligatorio en la biblioteca de todo entrenador, tan valido ayer como tan valido hoy.
  • — John Wooden’s UCLA OFFENSE , este libro incluye un DVD –, publicado el 2006.
  • Ambas obras estan escritas en Ingles.
  • — La Piramide del Exito — en Idiona Español. Editorial Peniel, Buenos Aires, Argentina. Posee un concepto filosofico tipico del gran maestro que fue.
  • Les dejo con estos pensamientos del Coach Wooden:
  • “Este mas preocupado con su caracter, con su personalidad que con su reputacion, porque es su caracter quien usted realmente es , mientras que su reputacion es apenas lo que otros piensan de usted”.
  • ” Usted no a tenido el dia perfecto sino no a hecho algo por alguien, que lo mas seguro es que jamas se lo agradecera”.
  • ” Todo lo que le pido es que ponga el maximo de su esfuerzo, y eso solo usted lo sabra , de tal manera que al finalizar el partido, y al margen del resultado, usted debe tener su frente en alto “.
  • Rezo una plegaria por Coach Wooden, de quien aprendi no solo basquetbol, a enriquecerme como ser humano , a ser mejor entrenador de basquetbol.
  • Descanse en paz , maestro.
  • Gil Guadron.
  • Basquete Brasil05.06.2010· 
  • Amigo Gil, seu texto é o artigo de hoje no Basquete Brasil. Obrigado.
  • Paulo.
  • Gustavo06.06.2010· 
  • Caro Professor, hoje houve mais uma prova desta incapacidade criativa do basquete campeão brasileiro.
  • Um jogo com pouquíssimos pontos e muitos arremessos de três. Quase que uma loteria.
  • O Universo levou, mas do começo ao fim do jogo não conseguiu romper uma simples marcação zona rubro-negra 2×3.
  • Gostei da reflexão sobre o Twitter, mas ainda assim valeria uma conta sua por lá pelo menos para divulgar as novidades do blog.
  • E que bom que esta reflexão está avançada, é uma novidade brasileira ou já há pessoas pensando nisso à nível mundial?
  • Basquete Brasil07.06.2010· 
  • Olhe prezado Gustavo,também fiquei muito triste pelos baixos indices técnicos da partida. Arremessarem 56 bolas de 3, e cometerem 26 erros computados( fora os que não foram…)é constrangedor demais. Já nem toco mais no assunto zona 2-3, e a incapacidade das nossas equipes para enfrentá-las, quando desde sempre teimei em mostrar e demonstrar como fazê-lo, sempre calcado na máxima guerrilheira do “dividir para destruir”, tarefa mestra para as infiltrações, jamais o jogo de contorno.Mas este é a chave mestra para os arremessos de 3, logo…
  • Mas o que realmente me preocupa é o fato de mais da metade da seleção brasileira ter estado na quadra, às vésperas de um Mundial, todos passando o recado de como atuarão, e do paredâo que o Magnano terá de demolir, ou escalar…
  • Quanto às resenhas semanais prometidas durante o preparo da equipe para o NBB3, nem desconfio se é inédito no mundo, pois não conoto primazias neste assunto. O que importa é a informação didático pedagógica que elas possam transmitir, principalmente para os jovens técnicos, nada mais.Um abraço, Paulo Murilo.
  • Laline Oliveira09.06.2010· 
  • Professor Paulo, faço votos de que o sr. possa continuar atuando em equipes do basquete brasileiro nos presenteando e nos fazendo SEMPRE refletir sobre o jogo de basquetebol. Para mim e outros colegas daqui que estamos fora do país a algum tempo estudando, suas reflexões são sempre motivadoras e nos fazem acreditar num futuro melhor para o basquete no nosso país, com um caminho longo, mas que valerá a pena.Ai, como eu gostaria de ver o senhor frente a uma de nossas seleções nacionais, orientando nossas jovens atletas, essas sim tão carentes de uma formação completa.
  • Bueno, por aqui despeço-me lhe desejando felicidades e parabenizando-lhe pelos excelentes comentários sempre.
  • Um abraço
  • Laline Oliveira
  • Basquete Brasil10.06.2010· 
  • Fico imensamente feliz com os votos a mim dirigidos, prezada Laline, e pode estar certa de que contunuarei a escrever o que sinto sobre o grande jogo, sempre.Quanto à dirigir uma seleção brasileira, de a muito deixei de acreditar nessa possibilidade, pois somente possuo o conhecimento e a longa experiência, muito pouco no que concerne a indicações que não primam pelo mérito. Mas seguirei no comando do Saldanha, agora numa temporada com principio, meio, e fim.Torça pela equipe e por mim também. Um abraço,Paulo Murilo.

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Comentário: 

 Paulo Murilo – Sabemos muito bem e tristemente como tudo terminou.

Foto – Com o filho João David em Madrid (Clique duplamente na mesma para ampliá-la)

 

 

“AS PEÇAS” (FROM ROME)…

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Tirei o dia para descansar, depois de mais de 110 km percorridos a pé por ruas antigas e novas, ruínas e modernas avenidas, museus, restaurantes, praças e tudo o mais que um visitante ousa usufruir aos 78 anos, ao lado do filho de 36, em plena vitalidade, porém paciente com um ritmo nada peculiar a sua idade. E lá fomos nós trilhando caminhos em Madrid, Lisboa, Dublin, Paris, Florença, e agora Roma, a caminho de Valência, de novo Madrid e volta ao Rio para mim, e Dublin para o João David, num mês repleto de descobertas e excelente convivência, a ser repetida, quem sabe, para o ano…

Com seus conhecimentos profissionais, o João me privilegiou com sinais televisivos pelos dois computadores que levamos, nos quais as notícias pátrias não faltaram, assim como os jogos do NBB e da NBA quando solicitados, permitindo que esse humilde blog se mantivesse atualizado, fatores que me satisfizeram plenamente…20180606_151520

Por conta desses avanços tecnológicos, pude manter o relacionamento com os poucos leitores que ainda se mantêm assíduos nas discussões e comentários, e muito bem sei de outros que o visitam velada ou anonimamente, num exercício de mão única que já me acostumei nos últimos 15 anos de vida dessa longeva e teimosa trincheira de resistência a estupidez, que permanece baloiçando sobre a cabeça do grande jogo (como a espada de Dâmocles), pronta para liquidá-lo, uma vez que o odeiam por não compreendê-lo, sequer jogá-lo como deveria ser jogado…

O basquetebol está tão apequenado por essa corriola de pseudos benfeitores, aspones e agregados, que os verdadeiros artífices do grande jogo agora são tratados de “peças”, que como as de máquinas são trocadas a cada fim de temporada, repondo posições e insatisfatórias atuações pelos endeusados estrategistas, notórios dirigentes e agentes, valorizando ou desvalorizando a todos num mercado alimentado por empresários que priorizam os rápidos resultados, e não projetos com prazos definidos, e uma mídia ávida pelo modismo técnico tático que, nem de longe e com raríssimas exceções, domina a informação, com o mínimo necessário para formar opiniões públicas esclarecidas e de real e evolutivo interesse da modalidade…

“Peças” são jogadas de um lado para o outro, num desleal tabuleiro a serviço da insana busca pela notoriedade de estrategistas que, ano após ano, repetem o mesmo discurso incensado e deificado pela mídia, ávida pelas migalhas de um sucesso com cartas marcadas pela combinação de “peças” que se encaixam automaticamente, num único tipo de engrenagem, a do sistema único, onde vez por outra surge uma nesga de “genialidade”, como a da moda, a chutação de três, valorizando aos píncaros seus pseudos introdutores e “peças” especiais…

Modas vão e vêm, num ciclo repetitivo na história, umas permanecem um bom tempo, outras nascem e somem rapidamente, e essa da chutação pouco vingará, pois lá na matriz, de onde 99 em 100 estrategistas daqui copiam até o tamanho e formato dos calções (notaram que bem mais curtos agora?…), terá seu merecido arrefecimento pelo simples fato de que já está sendo contestada em todos os quadrantes fora do perímetro, conforme demonstram as estatísticas dos últimos jogos do playoff final da grande liga, e que, teimosa ou interesseiramente, nossa mídia estabelece ser o erro ofensivo, e não o acerto defensivo, fato que qualquer razoável observador atesta sem dúvidas. Mas claro, logo agora que a equipe das multidões está a poucos passos de ingressar no seleto clube dos Curry’s boys, com seu novo estrategista contratado berrando aos ventos que “seu estilo paulistano” será continuado e elevado com “peças” escolhidas a dedo para dimensioná-lo e capacitá-lo a todos os títulos que disputar, como reconhecer que, técnica e cientificamente, são muito poucas aquelas “peças” que dominam os longos arremessos, mesmo lá na sagrada matriz? Baixar um pouco o facho seria, a essa altura, algo a ser considerado, ou não?…

Logo mais, se me der alguma vontade (serão 3 da madrugada aqui em Roma), tentarei ver o quarto jogo do playoff americano, onde a artilharia do Warriors, mesmo já bastante e seriamente contestada, ainda assim poderá ser suficiente para vencer a equipe do “vovô” LeBron, que na sua idade ainda dá os seus pitacos de excelente jogador que é, jamais um gênio, mas não suficiente para definitivamente transformar um jogo coletivo em individual, como alguns têm tentado na duas últimas décadas, inclusive por aqui. Quem sabe na próxima…

Amém.

Fotos – Arquivo pessoal. Clique duas vezes nas mesmas para ampliá-las.

A REVOLUÇÃO RUBRO NEGRA (FROM ROME)…

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Depois de um dia cansativo visitando o Museu do Vaticano, com sua monumental Capela Sistina, voltei ao hotel praticamente me arrastando, pois foram, segundo o pedômetro digital do meu filho, 11 km de incessante caminhada entre salões de beleza absoluta, e riqueza material e iconográfica de tirar o fôlego, valendo cada passo dado, mesmo ressentido pelo extremo cansaço…

Tomo um revigorante banho, faço um pequeno lanche, e acesso os blogs que costumo percorrer, mesmo em viagem, e num deles, o Bala na Cesta, ouço o podcast com o técnico campeão do NBB, Gustavo de Conti, de onde pinçei alguns depoimentos, que em tudo e por tudo, consubstanciou todos as críticas que fiz ao seu trabalho no campo profissional, jamais no pessoal, pois como sabemos se trata, assim como eu, de um professor de educação física e técnico com qualificação superior, onde princípios éticos tem de ser respeitados, mesmo perante fortes divergências que possam ocorrer, as quais mantenho, mesmo na presença inconteste de seu título nacional, que é o fator definidor e definitivo do sucesso em nosso inculto país, principalmente por parte da mídia, que se alimenta basicamente do mesmo, não importando muito sua significação cultural ou educacional, pois a fundamentação mercadológica tem maior peso por tudo que esteja envolvido pelo desporto como profissão, do sucesso, e acima de tudo, dos títulos…

Ao vencedor os louros e a glória, aos perdedores…as batatas. Foi com esse raciocínio frio e objetivo, que transcorreu a entrevista, na qual dois pontos foram abordados, e que definiram o autor e a obra – O primeiro foi a óbvia revelação de que perante um basquetebol em que as defesas são muito fracas, o estilo de jogo do “chutar e chutar estando livre” foi incentivado e treinado fortemente, onde, pela velocidade imprimida não facultava pensar muito, e sim reagir velozmente perante a ausência defensiva. – Segundo, com exceção do pivô DuSommers, todos os demais tinham plena liberdade de chutar sempre que pudessem e se sentissem desobstruídos defensivamente, que era o lugar comum encontrado. Logo, a grande revolução que foi desencadeada à sombra dos exemplos do Warriors e do Huston, e que segundo ele, também de algumas equipes europeias, foi o fator decisório ao implantar esse estilo de jogo, aplaudido pelos midiáticos como de extrema coragem e sabedoria absurdamente vitoriosa…

Esqueceram porém que, agora mesmo na matriz, a chutação de fora já está sendo contestada com maior vigor, e que somente aqueles poucos que realmente são especialistas nos longos arremessos, ainda conseguem pontuar com precisão, e onde a quantidade de bolinhas falhadas crescem a olhos vistos, e as estatísticas aí estão atestando a cada jogo da grande liga. Claro que não se trata do caso tupiniquim, onde por um longo tempo adiante, conviveremos com defesas frouxas e até inexistentes, pelo simples fato de que nossa formação de base começa pecando exatamente no aspecto defensivo, entre outras e lamentáveis falhas nos fundamentos básicos do jogo…

O desafio rubro negro, que apesar dos grandes investimentos não vence a duas temporadas, contará com essa possibilidade importada dos jardins paulistas, totalmente calcada na falência defensiva da maioria das equipes da LNB, acrescida agora de nomes de maior peso na sua formação de quadra, e nada mais óbvio do que contratar o corajoso e destemido introdutor do “formidável e revolucionário chega e chuta”, que dispensa videos de preparação, muita conversa, diálogos, centrando o treinamento no binômio velocidade e tiro livre aos pombos, e logo agora que o decano dessa “filosofia”acaba de se aposentar (mesmo?…)

Fim da entrevista e aplausos dos entrevistadores, com exclamações de “genial”…

Paro e penso (ações que a nova revolução dispensa nos jogadores), o que nos aguarda se ‘isso” aportar oficialmente (já que oficiosamente lá está) em nossas seleções, inclusive as de base, pois segundo o genial desbravador, uma das suas funções preferidas, mesmo quando não solicitado pelo empregador, é a de prestigiar e orientar a formação de base (ou administrar “peneiras”com jovens advindos dos verdadeiros e sempre esquecidos formadores locais, ou mesmo de fora), e é nesse ponto que me arrepio só de imaginar oficializada, não mais a mesmice endêmica técnico tática que nos esmaga e humilha, mas sim a chutação desenfreada (agora promovida a sistema de jogo) e absurdamente oportunista, produto direto e natural da mais endêmica ainda, ausência defensiva em nosso indigitado basquetebol, que é o que não ocorre, com a mais absoluta certeza, com países que enfrentaremos mais adiante nas competições internacionais, e aí quero ver e testemunhar  como vai se comportar a tal de “revolução”……

Paro e penso um pouco mais na absoluta covardia que se perpetua no âmago do grande jogo em nosso imenso e desigual país, órfão do mérito e escravo do colonialismo cultural daqueles de dentro e fora das quadras, que pensam e afirmam a existência do grande jogo concomitante ao início de suas vidas, revigorando em mim, num crescendo inamovível, a vontade de continuar nesta humilde trincheira batalhando uma luta ainda não perdida, a boa luta, aquela que me faz pensar o quanto ainda posso mostrar a esse corporativismo que se apossou do basquetebol nacional, como vencê-lo nas quadras, defendendo e atacando, treinando e preparando jogadores pensantes e proprietários de sistemas de verdade, nossos, dentro da nossa realidade, exatamente como fiz no NBB 2, inclusive contra o agora revolucionário campeão nacional, e o campeão daquele NBB, vencendo-os…

Mas Paulo, segundo ele e seus contemporâneos, hoje o grande jogo mudou, pensa-se menos e corre-se mais, corando de vergonha e nojo aqueles que corriam menos e pensavam suas ações inteligentes sobre a cultura inalienável do grande, grandíssimo jogo, desde sempre, deixando uma questão no ar – Caminhamos celeremente de encontro ao jogo instintivo, onde o livre pensar é dispensável, levitando no vácuo da ignorância absurdamente consentida? Pensem e escolham, pois sempre será esta a minha pensada e coerente resposta…

Amém.

Fotos – Arquivo pessoal. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

O QUE NOS AGUARDA (FROM ROME)…

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Toda vitória final deve ser enaltecida, por isso parabenizo o Paulistano pela conquista do NBB 10, merecida e inconteste, principalmente pelo coerente alinhamento com o atual panorama do basquetebol nacional, onde o “chega e chuta” parece ter encontrado seu nicho de sucesso encastelado nos Jardins Paulistas, e quem sabe um pouco adiante, nas seleções nacionais, da base a elite, sem dó e a mais comiserada piedade, pois, capacidade, inventividade, criatividade e inconformismo passaram a ser as qualidades básicas para a implantação de um sistema de jogo, que apesar de se sagrar campeão, é o que de mais retrógrado poderá acontecer com o nosso combalido grande jogo…

Mas algo deve ser dito sobre o jogo de ontem que decidiu a competição, a começar pelo fato de que o vencedor e campeão convergiu mais uma vez (foram 19/31 arremessos de 2 e 11/32 de 3, contra 16/39 e 10/30 respectivamente por seu adversário), atuando com o claro objetivo tático de privilegiar os arremessos de 3, encontrando um oponente que “pagou para ver” seus longos arremessos, assim como, ao reconhecer a incapacidade operativa de um sistema de jogo inexistente, decidiu emular nas bolinhas, culminando, ao faltarem dois minutos, estando seis pontos atras, que o Larry Taylor atravessasse a quadra por três vezes seguidas, para desferir três petardos na corrida, falhando irresponsavelmente, quando se investisse nos dois pontos, provavelmente empataria a partida. Ironicamente porém, foi um curto e singelo DPJ de dois do Elinho que sacramentou a vitória e o campeonato…

Indo um pouco mais fundo, que capacitação é exigida de um técnico para liberar todo e qualquer arremesso de três, por parte de qualquer um de seus jogadores, em qualquer situação de jogo?

Que inventividade pode ocorrer num tipo de ação ofensiva, em que qualquer jogador se considera capacitado nos longos, imprecisos e temerários arremessos de três?

Criatividade? Como conotá-la em uma forma de jogar o grande jogo exatamente com sua mais completa ausência, pois chutar de fora, espaçar jogadores, passou a definir excelência ao confrontar ausentes defesas?

Inconformismo? É o estado em que me encontro ao ver prosperar algo vazio de inventividade, criatividade, capacitando competências técnico táticas que muito pouco auxiliarão o grande jogo a sair do profundo poço em que se encontra, já que arrivista, descompromissado e aventureiro para com o mesmo, ao copiar canhestramente a matriz, no que de pior ela representa, arrastando a vassalagem para o descomunal fosso em que inevitavelmente cairá, como os imensos impérios que desapareceram sem data precisa, num repente, onde estertoraram em sua incomensurável  riqueza e efêmera grandeza …

IMG-2160Agora mesmo me deparo com magníficas ruínas aqui nesta monumental Roma, protagonista do mais vasto império da antiguidade, hoje impressionantes ruínas, preservada como um alerta para o que nos aguarda, inexoravelmente. Modismos e pseudas genialidades no grande jogo também seguem os mesmos princípios…

Amém.

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QUEM MUDOU O JOGO? (FROM FIRENZE)…

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Discussão quilométrica na grande rede, iniciada no blog Bala na Cesta, sobre melhores de todos os tempos, sobre influências dos mesmos no destino do grande jogo, quem deles o mudou, mas que na realidade nada, absolutamente nada mudaram, exceto um, Hank Luizetti, lá nos idos de 1927, atuando pela Stanford University, num “antes e depois” definitivo, mudando o jogo em sua essência, e não por modismos coreográficos, estéticos ou midiáticos…

O que fez Luizetti para merecer tal primazia? Elevou um jogo até aquele momento praticado linear e horizontalmente, verticalizando-o muito acima do solo, através o arremesso em suspensão, o jump shoot, hoje generalizado e comum, porém revolucionário àquela época, real e decisivamente mudando o jogo para a forma como ele é hoje praticado. Tudo o mais se torna irrelevante a comparações, a não ser a busca frenética e doentia que assalta o mundo moderno pelo mais promocional e vendável produto possível, transformando o atleticismo exacerbado, a velocidade acima do raciocínio, e a habilidade circense nos parâmetros divisores de água na discutível definição dos melhores, na mais ainda discutível procura daqueles que mudaram o jogo, numa procura despropositada e inútil…

Um jogo é realmente mudado quando passa a ser jogado de forma tecnicamente contrária ao que vinha sendo praticado, coletiva e individualmente, e não pelas habilidades, mesmo consideradas geniais, de alguns jogadores diferenciados pelo talento e privilegiada constituição física…

Logo, acabemos com as controversas discussões  que nada somam ao grande jogo, e nos dediquemos a melhoria do mesmo em nosso país, e não incensando uma liga que pratica um outro jogo, cada ano menos prestigiado por sua própria gente, numa corrida insana para transformá-lo de um jogo coletivo em individual, que acontecendo, aí sim, mudaria seu sentido, exatamente como conseguiu Hank Luizetti nos idos dos anos vinte…

IMG_1948Arremessos, suas técnicas, seu ensino e treinamento, principalmente nas longas distâncias, foram temas que estudei com afinco, e pesquisei academicamente, onde o fator “mudança de jogo” jamais foi sequer cogitado, e sim, considerando a melhoria técnica do jogo existente, individual e coletivamente falando…

Amém.

Fotos – Arquivo pessoal. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

A ETERNA ESPERANÇA (FROM PARIS)…

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Os dias passam rápido quando viajamos, pois muitas são as novidades, atrações, belos passeios, visitas obrigatórias a museus, experimentações culinárias, mil fotos, pequenos vídeos, tudo isso na companhia do filho mais jovem que aqui vive, numa europa antiga e tradicional, mas plena de tecnologias, tradições, dignas de serem conhecidas e visitadas…

A gostosa correria não permitiu que eu pudesse acessar o terceiro jogo do playoff entre Paulistano e Mogi, mas tomei conhecimento dos números do jogo, os quais não me surpreenderam nem um pouco, a não ser por um pequeno pormenor, foi a primeira vez que o Paulistano não convergiu, pois arremessou 10/32 de 2 pontos e 15/29 de 3, contra um Mogi que investiu no jogo interno com 23/43 de 2 e 10/28 de 3, me parecendo ter perdido, por mais uma vez uma partida contra o Paulistano ao permitir cinco bolas a mais de 3, com certeza com muito pouca ou nenhuma contestação eficiente, no que vai se tornando uma rotina de sua equipe e das demais que ainda não aprenderam a jogar contra artilharias de fora, e por conseguinte perdendo, até o dia que aprenderem a defender, com técnica e inteligência…

Honestamente não acredito que aprendam, pelos vícios adquiridos em longos anos de permissividade defensiva, e pelo inconteste fato de que seus estrategistas não estão nem aí para suas deficiências, pois findo o campeonato simplesmente promovem  a troca das peças que julgam carentes nos fundamentos por outras mais nominadas, num mercado de baixo nível ético e profissional, pois partem do princípio de que jogadores adultos nada somam com os fundamentos, pois em sua distorcida ótica, eles nada aprenderão de novo, num erro brutal de julgamento, confirmando cada vez mais que o verdadeiro problema é o de não saber ensiná-los, pois pouco mais sabem do que eles…

Pranchetas é a primordial questão que estará em julgamento agora, na reformulação de algumas das equipes, onde as exibições pirotécnicas de “vasto conhecimento” tático é grafado nas mesmas, para delícia de dirigentes,  mídia e de muito torcedores, avalizando um conhecimento muitos furos abaixo do mínimo exigido de um técnico na acepção do termo…

Esperanças para sábado, num jogo que poderá ser decisivo e finalizar o campeonato? Creio que pouco mudará, a não ser que mudem sua forma de pensar o grande jogo como uma competição de “tiro aos pombos”, e se convençam de uma vez por todas de que defender com denodo, e atacar com a cabeça e não com as pernas, metódica e friamente, é o único caminho que conheço para atingir uma performance aceitável, e quiçá vencedora, que é o mínimo necessário a ser perseguido…

Consegui assistir os últimos jogos dos playoffs semifinais da NBA, e que tal o que sempre publiquei sobre a brutal anomalia dos chutes de 3 na grande liga, e por consequência nas ligas muito menores dos países que a seguem? Desastre total, exceção feita aos grandes e verdadeiros especialistas na arte altamente precisa dos arremessos de 3, que mesmo assim pouco tem levado suas equipes a vitória, onde o vovô LeBron (33 anos mesmo?…) partindo ferozmente para a cesta classifica sua equipe para lá de medíocre ao playoff final. Que tal?…

20180530_134239Hoje, na despedida aqui de Paris, fui ao Louvre, monumental Louvre, depois de bater pernas por essa bela cidade, onde a arte e o conhecimento humano chegou aos píncaros do humanismo que conhecemos, onde o desporto galgou degraus evolutivos dignos do gênero humano, e que na presença de algumas obras imortais de arte, coloquei humildemente o ofício de ensinar, ao qual dediquei toda uma vida, em cheque, concluindo que fiz o melhor que pude, estudei o que me foi permitido, pesquisei na medida dos meus valores e possibilidades, e apliquei o pouco que aprendi da forma mais honesta e dedicada possível, que foi o que fizeram muitos dos mestres que ali estão na forma de suas telas, esculturas e livros. Não sou um deles, mas me sinto perto de seus ideais e amor ao seu ofício, o de passar as novas gerações a esperança em dias melhores…

Logo mais estarei em Florença, e ao final em Roma, na caminhada de um pouco mais de conhecimento e esperança nos homens…

Amém.

Fotos – Arquivo pessoal. Clique nas mesmas para ampliá-las.