VAMOS FALAR SÉRIO?…
Passaram alguns dias após o encerramento da Copa America sub 16 feminina, onde a seleção do país conquistou o vice campeonato, mas somente agora me dispus a escrever algo sobre o feito, brilhante, por sinal, com algumas jovens bastante talentosas, porém anárquicas tecnicamente…
Bem, não devemos esquecer que antes de tudo sou um técnico do grande jogo, com larga experiência desde a formação de base, até as divisões superiores, que sempre defendi a fundamentação básica, não importando idades, níveis e posições de jogadores (as), e que considero táticas e sistemas de jogo somente factíveis ancorados em fortíssima preparação dos fundamentos do jogo, sem os quais nada, absolutamente nada acontece, principalmente na elite…
Por sorte consegui sintonizar dois jogos da equipe brasileira na internet, contra os Estados Unidos e o Canadá na final. No entanto, até o jogo com as americanas, coletei alguns dados inacreditáveis acontecidos nos jogos contra a Venezuela, Cuba e Canada, ou sejam:
– Arremessos de 2 – 69/186 – 37 %
– Arremessos de 3 – 13/62 – 20.9%
– Lances Livres – 39/80 – 48.7%
– Rebotes – 59.3 pj
– Erros – 21.3 pj
Ou seja, uma equipe que falha bastante nos fundamentos, sendo que no principal deles, os arremessos, simplesmente não o sabem executar com um mínimo confiável de precisão…
Veio o jogo com os Estados Unidos, que claro, de posse destes dados subestimou claramente as meninas patrícias, que valentemente partiram para a mais escancarada pelada, marcou em cima as posudas americanas, que quando acordaram no terceiro quarto para reagir, não o conseguiram, amargando um inesperada e nada prevista derrota…
Porém, algo esclarecedor, a soma do que produziu a jovem equipe nacional neste jogo, com os três anteriores, assim resultando:
– Arremessos de 2 – 95/244 – 38.9%
– Arremessos de 3 – 17/88 – 19.3%
– Lances livres – 47/93 – 50.5%
– Rebotes – 220 – 55 pj
– Erros – 75 – 18.7 pj
Comparando com a primeira compilação, poucas diferenças aconteceram, onde os dados nos arremessos se mantiveram muito abaixo das médias usuais, assim como o elevado número de rebotes, frutos da volúpia de arremessos pelas equipes, onde defesas inexistiam, exceto nesse jogo por parte das brasileiras, muito mais pelo duro embate, muitas vezes faltoso (as americanas cobraram 16/25 lances livres, contra 8/13 das nossas), que as atordoou de forma decisiva, e uma minima diminuição nos erros de fundamentos, que mesmo assim, para uma seleção nacional (mesmo sendo sub 16), é muito elevado…
Taticamente, um sopro do sistema único foi esboçado continuamente pela prancheta da jovem técnica, mas o passivo comportamento defensivo americano encorajou a jovem seleção a partir para dentro do perímetro interno de uma equipe nitidamente cônscia de que venceria quando quisesse, sendo seriamente punida por isso, apesar dos nossos desnecessários 4/26 nas bolinhas…
No jogo final contra o Canada, as brasileiras perderam por 1 ponto (72 x 71), tentando um absurdo 9/30 nos três pontos, quando poderiam, se bem treinadas nos fundamentos, dar seguimento às 59 tentativas de 2 pontos (foram 16/59, contra 20/58 das canadenses que tentaram 5/19 nos três), que fatalmente traria a vitoria e título, trocado pela insânia juvenil das bolinhas, muito cedo para dar continuidade ao “moderno basquetebol” que pensam praticar, num colossal erro de avaliação para um futuro idêntico ao que aí está implantado, correria e chega e chuta a não mais poder, incentivado pela campanha ignorante de uma certa mídia que preconiza o abaixamento da cesta, a fim de que a essência (para ela…) do jogo, as enterradas e os tocos, e por que não, as bolinhas, definam o nosso modo de praticar o grande jogo, minúsculo para essa turma que não o entende e conhece, mas que teima em fazer a cabeça dos jovens que iniciam em sua prática, além, é claro, claríssimo, do apoio irrestrito de uma geração de técnicos, digo, estrategistas, que não abrem mão dos cordéis com que tentam manipular marionetes em quadra, e não prepará-los (as) para, com o embasamento dos fundamentos individuais e coletivos, irem de encontro ao verdadeiro jogo, aquele do livre pensar responsável, criativo e técnico, que são os elementos fundamentais para a perfeita leitura de jogo, cerne do princípio da ação coletiva e abnegada, caminho para o mais profundo conhecimento do grande, grandíssimo jogo…
Amém.
Foto – Divulgação Fiba America.