(L)INSANIDADE…

Assino dois jornais, O Globo e a Folha, prerrogativa de aposentado com um pouquinho mais de tempo para vastas leituras. Mas penso seriamente em desfazê-las, pois muito pouco de esportes elas contem (futebol não conta…). Política e Mundo podem ser acessados pela Internet, e Arte também. O duro é você bem cedo abrir o jornal na sessão de esportes e dar de cara com a sensação do momento em ¾ de página, o Lin de New York.

Paulo, é noticia de basquete! Mas que basquete é esse, que para ver um jogo ao vivo, como gosto e sempre gostei, tenho de dar um pulinho até a Big Apple, fora as roupas de lã, hotel, botas forradas e…dólares no bolso. Isso, dólares, que é a moeda que os Lebrons e Dwaines da vida ganham aos montões, mas eu, como professor os tenho muito poucos, e mesmo assim, se tiver de gastá-los o farei para visitar o filho caçula que não vejo a mais de ano, em Dublin.

E a TV, não vale?

Subliminar, ou mesmo atingido diretamente no queixo, sinto que estamos sendo “preparados e amaciados” para a entronização pesada da NBA no país, onde até suas camisas, largamente encontradas nas lojas, vendem a grande ilusão aos nossos jovens prospectos de jogadores, em vez das nossas do NBB, raras, ou mesmo inexistentes no grande varejo, e a bola da vez econômica nos concedendo o status de mercado promissor para a grande liga.

¾ de página para o Lin, que até pouco nem os americanos conheciam é dose, e já vejo correspondentes nossos sendo enviados para entrevistá-lo, pois afinal, as colônias orientais abundam no país, além da nossa herança de colonizado contumaz.

Enquanto isso, nossos Silvas e Paixões lutam por verbas minguadas e miseráveis, pois afinal de contas têm de estar preparados para 2016, ou não?

Na contrapartida de doses tão fartas de publicidade (paga?…), mínguam até as notinhas de rodapé, para quando muito somente publicar os resultados da rodada, e nada mais. Colunas especializadas? Nem pensar, a não ser para “esportes” educativos e de pratica popular e acessível, como MMA, e F1,

É extremamente grave que o grande jogo seja “incentivado” dessa forma exógena e invasiva no seio de nossa juventude, enquanto solidificam um vôlei, cujos lideres de forma alguma desejam o soerguimento do basquetebol. Lutas de controle estrangeiro, assim como a F1 também são contemplados regiamente pela mídia, e até pelo governo, e por que não o basquetebol? Afinal, como país do momento, nada melhor do que investir no seu amanhã olímpico, onde, de preferência, um “Dream Team” se consagrará.

Sinto enorme receio pelo futuro do grande jogo entre nós, frente a tanto descalabro e omissão, ante tanta falta de amor às nossas tradições, e falta de patriotismo.

Amém.

Foto-Reprodução. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

QUEBRANDO GRILHÕES…

 

O leitor Caio, ao enviar seu comentário acerca do artigo O Básico Plantel, publicado em 6/2/12, anexou ao mesmo uma entrevista do grande técnico Bob Knight, cedida ao site da ESPN, sobre a equipe da Universidade de Missouri no campeonato da NCAA dessa temporada, onde discute um tema por demais controvertido entre nós, a dupla armação, e num torneio onde, mais do que nenhum outro, prima pelas tradições técnico táticas mais enraizadas nas concepções de jogo de seus muito bem preparados e estudiosos técnicos.

Por aqui, já começam a espocar, ainda de maneira bastante tímida, algumas intromissões neste assunto, muito mais adaptadas ao sistema único, do que numa aberta e objetiva tentativa de contestá-lo no seu âmago.

Iniciativas como a elaboração de Seleções da Rodada feitas pelo blog da LNB, nas quais a dupla armação é devidamente reconhecida, numa tentativa de dinamizar nossa arcaica e engessada forma de jogar, parece que aos poucos vem chamando a atenção de um pequeno universo de técnicos, dos mais jovens, da possibilidade efetiva de se olhar o grande jogo de um prisma diferente daquele que nos é impingido a um longo e insosso tempo.

E porque teimosamente bato nessa tecla visionária, mas com o peso da praticabilidade na quadra de jogo, a um longo e solitário tempo, senão pela esperança de nos vermos perante uma renovada, não inédita, forma de ver, estudar, pesquisar, aplicar algo que nos tornasse proprietários de um sistema, que em tudo e por tudo, difere da mesmice a que nos escravizamos à sombra da mega liga, a NBA?  Ela mesma que começa a ser contestada em sua forma de jogar, vide os exemplos dos Suns e dos Mavericks na conquista da temporada passada…Em dupla armação e pivôs hábeis e velozes.

Mas não basta vermos e copiarmos formas diferenciadas de jogar, como a da Mizzou, descrita pelo grande Knight, ou dos Mavericks, onde um Dirk assinalava 40 pontos sem um único arremesso de três pontos, ou mesmo um Saldanha no NBB2 de injusto aniquilamento, pois tais mudanças exigem metodologias específicas, didáticas adequadas, escudadas num rigoroso e minucioso emprego dos fundamentos, que são ações indissociáveis, e que exigem um grande e persistente conhecimento para serem exequibilizadas, estando ai o mais destacado fator restritivo às mesmas, a negativa, ou receio da maioria dos técnicos em sair de suas bem acomodadas situações, quando também contam com o apoio da maioria dos jogadores, auto especializados(?) nas rígidas posições de 1 a 5.

Fico imaginando um Magnano, que além de excelente técnico se mostra um eficiente professor, quebrando de uma vez por todas os grilhões do sistema único, preparando a seleção para Londres, partindo de uma  base, hipotética base com dois armadores puros e três pivôs, todos muito rápidos e jogando de frente para a cesta, com amplo domínio das tabelas, defendendo e contestando nos perimetros com vigor e coragem, jogando de dois em dois pontos, onde o aproveitamento estatístico de cada ataque em muito supera os de três pontos,  tendo para os eventuais e se necessários  arremessos de três,  jogadores realmente especialistas nos mesmos, e não arrivistas extemporâneos e aventureiros.

Temos jogadores que possibilitasse tal tarefa? Sim temos, aqui e lá fora, bastando somente que se rompam definitivamente os reinados de delfins e cardeais, dando lugar ao novo, ao ousado, ao corajoso, ao inusitado.

O que teríamos a perder voltando nossas vistas às futuras gerações que nos representarão em 2016?

Amém.

NOTA-A ESPN retirou o video de seu site, o que considero lamentável. No entanto, nos brinda com excepcionais e imperdiveis atrações, como Mundiais de Bobsled e Esqui Alpino…

O BÁSICO PLANTEL…

A transmissão da TV argentina estava horrível, falhando bastante em momentos importantes do jogo, mas justiça seja feita, distante da censura que certamente seria exercida por um diretor de imagem, naqueles momentos finais em que sérias discussões eclodiram no banco do Pinheiros, se a transmissão fosse brasileira, pois afinal, para o progresso e incremento do basquete no país, cenas como aquelas devem ser varridas para baixo do tapete, como usualmente o fazem, vide o silêncio atroz do comentarista do Sportv sobre a cena em si, mas que culpou a arbitragem pela derrota ao marcar a quinta falta do Alexandre num momento de reação da equipe, o que realmente ocorreu ao tocar o pulso do atacante argentino.

E o que originou o conflito entre o Marcos e o Fiorotto senão uma desobediência do primeiro a uma instrução veementemente grafada na prancheta (fotos) do técnico sobre uma jogada com a partcipação  dos dois, quando na primeira tentativa o Marcos arremessou em desequilíbrio da cabeça do garrafão, e logo a seguir,  no ataque sucedâneo a uma cesta do Obras, ele preferiu a penetração perdendo a bola no ato de driblar, esquecendo em ambas o pivô bem posicionado perto da cesta, o que o irritou profundamente, resultando numa discussão ríspida, a sua não volta ao jogo, e a reação de desistência do técnico frente ao desequilíbrio emocional de seus jogadores.

Não podemos negar que a intoxicação alimentar de alguns jogadores (o Shamell sequer voltou para o segundo tempo) tenha influenciado na produção da equipe, um pouco contrabalanceada com a péssima participação do armador Osimani, errando passes em demasia, inseguro no drible, parecendo estar tão intoxicado como os brasileiros. Por conta disso os hermanos custaram a engrenar, somente o fazendo quando da entrada dos jovens reservas, que costumam pontuar mais e defender com mais disposição do que os titulares, pelo menos nesse sul americano, numa mostra de efetiva renovação.

Enfim, temos de aceitar o fato de que o Pinheiros tem um excelente time, mas o Obras um excelente plantel, que num torneio de tiro curto como esse é fundamental. As ausências do Morro e do Shamell no segundo tempo, influiu no resultado, assim como a insistente falha na marcação fora do perímetro tem colocado a equipe paulista em sérias dificuldades, inclusive no NBB4.

Foi uma final previsível, pois ainda temos de galgar alguns degraus que nos separam dos argentinos, principalmente na formação de base, tão bem representada pelo jovem banco do Obras, pleno de juventude e talento a ser conveniente e inteligentemente testado no campo de jogo, e não no banco.

Amém.

 

Uma observação– Num jogo cuja velocidade de ações é presença constante, detalhes que chamem muita atenção na indumentária de um jogador, é algo que muito auxilia em sua rápida localização pelos defensores, principalmente em investidas sem a posse da bola. No caso do Marcos, com seu tênis fosforescente (vide foto), isso se torna decorrente no meio de uma coletividade calçando tênis normais. O “estou aqui” não é um bom argumento em situações em que o imprevisto é desejável.

Fotos-Reprodução da TV e Divulgação LNB. Clique nas fotos para ampliá-las.

O NOVIÇO…

-“Se quiserem arremessar oitenta vezes de três arremessem, estando livres, arremessem…”

O placar era o da foto acima, e faltavam uns 5min para jogar. E a equipe não se fez de rogada, perpetrando um 5/29 (17.2%) de arrepiar, estando livres ou não, além de cometer 11 erros na partida.

Não que a equipe de Uberlândia tenha feito algo de diferente, pois os números se aproximam bastante para ambas as equipes, nos arremessos de dois (23/37  para os mineiros, e 22/39 para os paulistas), nos de três (7/25 e 5/29 respectivamente), e nos lances livres (20/25 e 14/22), com o mesmo número de rebotes (34 para cada), e nos erros (8 e 11).

Um arremesso de dois, dois de três e seis lances livres a mais garantiram a vitoria dos mineiros, num jogo que teve duas etapas decisivas para o Uberlândia, o começo com o Coelho ( muito jovem, talentoso, mas que ainda comete erros básicos nos fundamentos, principalmente nos passes), e a vinda para seu posto do Collun, que ao contrário da opinião do comentarista do Sportv, é sim, com toda certeza, um armador de mão cheia, firme, seguro, ótimo defensor, e também pontuador quando necessário. Armando em dupla com o Day, e servindo seus ótimos pivôs, rápidos e atléticos pivôs, o Cipolini e o Gruber, restabeleceu o equilíbrio da equipe, que se ressente muito da ausência do Valter, que compõe o grupo mais homogêneo taticamente da liga.

Do lado paulista, a saída por contusão do seu americano, prejudicou a armação da equipe, mas continuava com um forte grupo nos rebotes e no jogo interior, que ao ser abandonado pela insânia dos três, viu ruir suas possibilidades de vitoria.

Nesse ponto, valeria à pena sugerirmos umas continhas (sem trocadilho…), a saber:

– A equipe paulista errou 24 bolinhas de três (72 pontos tentados e perdidos), numa derrota de 14 pontos. Se tivessem trocado a metade do desperdício de três por arremessos de dois, através o jogo interior e mesmo as penetrações, poderia ter alcançado 24 pontos em 48 possíveis, correto? Ora, perderam o jogo por 14 pontos, desnudando o terrível erro na instrução recebida por seu noviço técnico,   descrita no inicio desse artigo, pois em cinco minutos e de dois em dois pontos, poderia encostar e até vencer a partida, e mais seguramente ainda, se agisse dessa forma desde o começo da mesma.

Logo, muita caminhada sobre pedras terá de ser percorrida pelo noviço técnico, começando por um maior comedimento fora da quadra na relação com a arbitragem, e o espalhafato coreográfico, que retira de seu foco os detalhes mais ínfimos do jogo, aqueles que definem e decidem partidas, desviando-o do centro das sutis decisões, onde instruções como a que foi exarada, perde o sentido técnico tático em uma partida de uma liga superior.

Jogos difíceis e detalhados são vencidos com a cabeça fria, vamos assim dizer, a começar pelos seus lideres, o de fora e o de dentro da quadra, cuja sintonia sempre será interrompida pelos rompantes nervosos e enfurecidos, que são as situações ansiadas e bem vindas pelos ocasionais adversários.

Amém.

Foto- Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

BEM COMPARANDO…

VISITANTE (Flamengo)- 11 x 11

LOCAL (Obras)- 12 x 6

UMA QUESTÃO DE PODERIO (?)…

 

Fotos-Marcelo Figueras.

Clique duplamente nas fotos para bem, muito bem ampliá-las…

O QUARTETO VERMELHO…

Só pude ver a metade do terceiro e um completo quarto período do jogo em Córdoba, onde o Pinheiros decidia a liderança da chave com o anfitrião Atenas.

Jogo ruim, com incontáveis desperdícios, onde a defesa da equipe brasileira simplesmente não compareceu, ante um Atenas apenas burocrático, que apesar de manter dois armadores experientes em quadra, o Labaque e o Sucatzky, não imprimiam o ritmo desejado de jogo, cabendo ao americano Melvin as melhores iniciativas.

A partida foi se arrastando, até que no inicio do quarto final os argentinos impuseram um 12×0 nos paulistas, que a muito custo, e liderados pela individualidade do Shamell, encostaram e empataram a um minuto do final.

Deste momento em diante é que testemunhamos algo de inacreditável numa competição deste nível, quando nos dois tempos finais pedidos pela equipe paulista, o quarteto trajado de vermelho que a comanda, viu-se engolfado pela interferência de alguns jogadores, que em português e espanhol definiam estratégias para a reposição dos laterais a que tinham direito, sob os olhares e alguns balbuciamentos do quarteto vermelho, nitidamente constrangido e praticamente posto de lado na discussão de cúpula. Mais do que lógico, nada do que foi confusamente discutido poderia dar certo, como não deu, e jamais dará, enquanto o direito primaz do comando não for restabelecido, ou mesmo estabelecido, como ponto fulcral e básico de uma equipe pertencente à elite do basquetebol brasileiro.

Que me perdoem os técnicos brasileiros, mas imagens impactantes como aquelas, onde jogadores discutem desordenadamente o destino de uma partida em seus segundos finais, agindo como se técnico algum estivesse ali presente e posicionado para as instruções (eram quatro…), é algo que em hipótese alguma pode ocorrer, pois se a moda se espalhar (o que não duvido muito…) veremos acontecer situações onde um pontual conflito será a menor conseqüência originada das mesmas, o que será catastrófico para o pleno soerguimento do grande jogo em nosso caótico país.

O primado do comando é extremamente difícil e solitário, cabendo ao mesmo delegar poderes ou não, e certamente, no caso do desporto, ser estruturalmente estabelecido no treino, onde sistemas são minuciosamente estudados, treinados e aplicados na pratica diária e estafante, colocando seus jogadores de frente para as reais situações que enfrentarão com suas minúcias e detalhes, para que na hora da verdade  saibam como agir e atuar, evitando exatamente o que vem se tornando lugar comum, a discussão anárquica e aleatória sobre o que e o como fazer nos momentos de decisão, pois nesses fundamentais e decisivos momentos o comando se torna, por direito e conquista, indivisível.

Amém.

O XERIFE…

Jogo empatado a vinte segundos de seu final, último ataque para a equipe do Pinheiros, tempo pedido, o técnico pouco fala, pois o que se vê é um jogador argentino distribuir instruções, seguido pelo selecionável cestinha brasileiro, e calados se mantiveram os técnicos, o principal e o reserva, digo, assistente, e lá se foram para a decisão planejada e discutida, quando…

Calado tinha convenientemente ficado o americano durante os discursos, e calado ao receber a bola agiu como sempre o faz, no impulso estritamente individualista, e nesse caso em particular, absolutamente aventureiro, sua marca pessoal.

Até aquele momento havia convertido 26 pontos, nenhum dos quais produtos de arremessos de três (tentou por três vezes e errou), se depara num 1×1 com seu conterrâneo, pela lateral, terreno de sua preferência, com tempo mais do que suficiente para uma firme e pensada penetração em busca de um único ponto necessário para a vitória de sua equipe, onde poderia, pela grande habilidade de que é possuidor, conseguir marcar os dois pontos através um DPJ, ou uma bandeja, e quem sabe mais um por falta recebida, ou simplesmente cobrar dois lances livres, nos quais possui grande eficiência, após ser parado, com toda a certeza de que o seria,  por uma falta pessoal. Três possibilidades óbvias e ao alcance de suas virtudes de grande e eficiente finalizador em curtas, e por isso mais precisas distâncias, como deveria se comportar um jogador responsável, de alta categoria e linhagem, inserido numa equipe de alta competição.

Mas não, calado ficou durante a caótica e indesculpável balburdia em portunhol no tempo pedido, mas não corretamente utilizado por nenhum dos técnicos na língua que fosse, guardando para si a decisão mais incorreta naquela situação, mas sabendo que se falhasse uma prorrogação já estaria garantida, logo, sair como herói soava bem naquela altura, além, muito além de sedimentar seu status de verdadeiro xerife,  longamente estabelecido na equipe, e bem acima de quem pretensamente pensa comandá-lo.

E a “bolinha” lá de fora arranhou o aro, mas caiu, para júbilo de todos aqueles que o viram como o inconteste herói, como aquele que culminou a jogada jamais planejada pelo comando, ou por seus companheiros, e sim de sua própria, arriscada e aventureira lavra, onde o “dar errado” se perdeu nos abraços e afagos de todos, num clímax que bem representa o micro cosmo do nosso basquete, aquele no qual a “sorte” define destinos e rentáveis continuísmos, muito mais vantajosos do que a simplória e desnudada competência meritória, penduricalho de um basquete basicamente movido e mantido pelos vivíssimos e inteligentes (por que não?) xerifes de plantão.

Quanto ao jogo? Ora, o que importa frente a um glorioso final como aquele. Ou deveria importar? Creio que o sorriso e o olhar matreiro do formidável Shamell ao final do jogo, durante a entrevista respondida em português, depois de ser abordado caipiramente em inglês, explicitou em estéreo e à cores, o que representa para ele jogar o grande jogo nesse caótico país, uma independente, personalíssima, e muito bem paga farra sem fim.

Enquanto isso, o estelar Flamengo…

Amém.

Foto-Divulgação LNB.

AMBIENTE DE RACHÃO…

Alô Paulo, tirou férias do blog? Não, estive acometido de uma crise renal, e você sabe quão doloroso um cálculo pode se tornar. Mas aos poucos a saúde vai se restabelecendo, a ponto de tomar coragem para assistir um massacre em forma de jogo, como o Brasília e São José.

Massacre, como? De tudo que possamos conceituar como algo parecido a uma partida de uma liga superior, a começar pelos primários erros nos fundamentos, terminando com a mais completa demonstração de desprezo tático, principalmente aqueles emanados pelos técnicos, jamais seguidos pelos jogadores, todos eles, de ambas as equipes, como num tácito acordo comportamental, preocupante e corrosivo.

Nos fundamentos, nada mais chocante do que a visão equivocada da pancada como forma e opção de defesa, visão essa rompida pelas sucessivas falhas individuais e coletivas durante toda uma partida com 52 arremessos de três, 26 para cada equipe, e 48 faltas (25/23) pessoais, provando mais uma vez a incapacidade defensiva fora do perímetro de nossos jogadores, e sua agressiva volúpia dentro do mesmo, somado a 20 erros (9/11) de passes, andadas e perdas de bola.

Mesmo atuando permanentemente com dois armadores na quadra, a equipe do São José o fazia no sistema único, onde um armador principal era o responsável por todas as ações ofensivas, no caso o jovem Fischer, talentoso e promissor, mas que adquiriu o erro mais comprometedor para um armador, o de atacar dando as costas para seu marcador, obliterando dessa forma grande parte de sua visão periférica, além de se tornar vitima de dobras seguidas e muitas vezes fatais, situações estas que seriam minoradas se recebesse apoio próximo e constante do outro armador na quadra, claro, se posicionado como tal, e não como um ala aberto tradicional, decorrência do sistema único empregue por sua equipe.

Além do mais, sua ambição pontuadora evita um maior apoio a seus pivôs, principalmente o Murilo, que esquecido no perímetro ofensivo interno, veio para o externo para tentativas de três (3/5), quando deveria ter sido mais explorado em sua verdadeira posição, principalmente no decisivo quarto final.

No entanto, ironicamente, no último lateral cobrado por um Guilherme que deveria ser o receptor e não o autor do mesmo, o erro mais primário num passe foi cometido, o de fazê-lo paralelo à linha final, propiciando a interceptação por parte do Fischer, que a partir daí definiu a partida com uma bandeja e um arremesso de lance livre, numa compensação a alguns e sérios erros cometidos por ele no transcurso do jogo.

No aspecto tático, o caos organizacional foi a tônica do jogo, onde o “chegar e chutar” foi explorado ao máximo por ambas as equipes, ocasionando uma espiral de erros assustadora, preocupando pelo fato de ainda não conseguirmos evoluir para sistemas de jogo que primem pela amplitude criativa, dissociada da mesmice endêmica a que nos mantemos atados às vésperas do encontro olímpico em junho na cidade de Londres.

Não podemos mais nos manter nesse “ambiente de rachão”, pois o preço a ser pago poderá vir a comprometer seria e irremediavelmente nossa atuação olímpica, após 16 anos de ausência motivada exatamente por isso, jogar o grande jogo como se pequeno e insignificante fosse. Temos a obrigação de evoluir, ao preço que for.

Amém.

FAZENDO PENSAR…

  • ike 08.01.2012 (2 weeks ago) ·

Blah, Blah, Blah.
Ah… DUPLA ARMAÇÃO!!

Sério? só isso q tu tens a dizer sobre Basquete… que triste.

De vez enquando recebo comentários como o acima, sobre o artigo A Dupla (E Eficiente) Armação do Uberlândia, e claro, convenientemente respondido, mas que desperta em mim uma imensa curiosidade sobre a extensão do conhecimento da dupla armação por parte de todos aqueles que acompanham o grande jogo, sejam jogadores, técnicos, dirigentes, cronistas, torcedores.

Numa abordagem inicial podemos afirmar com bastante acerto que, sob o domínio formatado e padronizado quase absoluto do sistema único de jogo, falar em dupla armação se torna uma pregação num deserto de idéias e uma peregrinação numa abrasiva e inóspita terra de ninguém, apesar de ser um sistema de jogo a longo tempo conhecido (?).

Curiosamente, em 1/8/2010, o Blog DraftBrasil, em um de seus fóruns discutiu a dupla armação- Um pouco de táticas e umas reflexões, antecipando em dois anos o que hoje se discute timidamente sobre o assunto, e o fez se baseando na experiência diferenciada da equipe do Saldanha da Gama no NBB2, e o mais emblemático e profético, sugerindo sua utilização em equipes da NBA!

No ano passado, a equipe do Dallas se sagrou campeã da grande liga jogando declaradamente sob dupla armação e pivôs móveis, e nessa temporada mais equipes ensaiam jogar dessa forma, numa clara e instigante mudança de rumos táticos, na esteira do pedido do Coach K após o último Mundial, onde, subvertendo o sistema NBA, venceu a competição em dupla armação e alas pivôs de grande mobilidade, quando pediu aos técnicos universitários do seu país que investissem nessa forma de jogar, a fim de se aproximarem do basquete FIBA.

Por aqui, ainda jogamos no sistema único, com algumas equipes se utilizando de dois armadores, com um deles substituindo um dos alas, mantendo a sistematização usual, e somente a equipe de Uberlândia ousando ainda timidamente uma autêntica dupla armação e uma trinca de homens altos se deslocando permanentemente dentro do perímetro, mais ainda valorizando, como as demais equipes, os arremessos de três, em vez dos mais seguros e eficientes arremessos de dois pontos.

Mas algo animador deve ser enfatizado, e vem da própria LNB através seu blog Território LNB, ao publicarem várias seleções das rodadas do NBB4 e das finais da LDO na formação de dois armadores e três pivôs, numa iniciativa louvável de ver o grande jogo um pouco além do sistema único (diagramas acima).

No entanto, a viciosa fragilidade defensiva do perímetro externo, indús quase que automaticamente aos longos arremessos, independendo se jogarem com um, dois ou mais armadores, numa demonstração tácita de que entre nós a “bolinha”ainda reinará absoluta por um longo tempo, a não ser que…

A não ser que caiamos na realidade de que se não mudarmos drasticamente nossa formação de base, em todos os sentidos, de forma absoluta, não chegaremos a 2016 minimamente preparados para uma competição do calibre de uma Olimpíada, e em nossa terra, de nada valendo se nossos “craques” complementares em equipes de fora formem uma seleção meia bomba, e o mais importante, que nossos técnicos (ou estrategistas)de elite evoluam da mesmice endêmica que nos estrangula técnica e taticamente.desde sempre.

Amém.

PS-Clique nas diagramas para ampliá-los.

NOSSO EQUIVOCADO BASQUETE…

Estou sem internet praticamente a dois dias, e mesmo não sei se a terei de volta neste sábado. A NET cobra caro na mesma proporção de seus falhos serviços na região em que moro, Taquara, o que me leva à decisão de mudar de provedor logo que for possível.

Mas, mesmo que a tivesse 100%, a cada rodada do NBB fenece em mim a curiosidade de testemunhar algo de novo, instigante, por sobre essa mesmice endêmica e massacrante que nos pune, pelo simples fato de amarmos o grande jogo, a não ser por raros e esporádicos exemplos de atitudes evolutivas tática e tecnicamente, como a equipe de Uberlândia em seus recentes jogos, o que ainda é muito pouco, quase nada, num cenário pré-olímpico de 15 equipes.

Um ou dois armadores, um, dois ou três pivôs, cinco abertos, um pivosão, nada representam sob a égide de “punhos, cabeças, polegares, camisas, especiais, para cima ou para baixo”, em imposições de fora para dentro da quadra, através coreografias rabiscadas em pranchetas cada vez mais “estrelas” de um sistema único, pétreo, inamovível e canhestro, pois nada muda taticamente, a não ser o reescalonamento dos (pseudos…)especialistas de 1 a 5 nas posições estratificadas do mesmo, onde os pivôs continuam a jogar fora do perímetro, inclusive entrando no time dos arremessadores de três, o armador após o passe inicial se esconde por trás das defesas, e os alas, inabilidosos nos fundamentos básicos do jogo se alçam em penetrações cometendo erros inacreditáveis, como nesse Pinheiros x São José onde foram 17, além dos 18/50 (36%) arremessos de três, contrastando aos 36/79 (45,5%) nos de dois, sendo que nos dois últimos pedidos de tempo das equipes, seus técnicos as orientaram diretamente aos arremessos de três, num jogo equilibrado até aquele momento, quando um Marcos, zerado na partida, liquida a fatura com dois arremessos de dois e um lance livre, irônico, não?

Honestamente, me preocupa a seleção para Londres, pois a cada dia que passa mais se aplicam nossos jogadores do NBB no jogo de três, pois defender fora do perímetro, exigência do Magnano, é solenemente desprezada por nossos craques, como se fosse uma questão lógica, afinal de contas na NBA ocorre o mesmo, a não ser pelo fato de que a linha de três de lá é bem mais distante que a da FIBA, além das dimensões da quadra serem maiores também. No entanto, duvido que sob o comando do Coach K, os estrelados da grande liga não anteponham os arremessos de três adversários, como no último mundial.

Enfim, de mesmice em mesmice vai caminhando tropegamente nosso basquete de elite, e o pior, o da pré elite também, pois na recém finda LDO (ou LDB?), além de tudo o que descrevemos, outro aspecto restritivo foi incluído, a velocidade descontrolada das equipes, quando, e por conta da mesma, os erros de fundamentos atingiram cifras realmente absurdas, comprometendo no cerne um trabalho de renovação que tinha tudo para dar certo, a não ser pelas “filosofias” implantadas… Mas isso é outra história.

Amém.

Foto – Divulgação LNB.