300 MIL…

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Busiest day: 726 — Thursday, July 12, 2012

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Na data de ontem ultrapassamos os 300 mil acessos ao blog desde que implantamos o seu rastreamento a partir de 2009. Como o blog data de 2004, esse número deveria ser bem maior, mas a real importância dessa marca é a constatação de que o grande jogo ainda viceja na memória dos verdadeiros basqueteiros desse continental país, já que o Basquete Brasil tem leitores constantes em todos os estados brasileiros, e em aproximadamente 35 países, Estamos orgulhosos desse resultado, que nos faz encorajados a continuar batalhando pelo soerguimento ordenado e organizado do grande jogo desde essa humilde trincheira.

Em busca dos 400 mil…

Amém.

NÍVEL III…

A CBB decidiu após longos debates, exaustivos estudos, apurada pesquisa, que até 2015 somente os técnicos graduados (leia-se também “provisionados”) dos níveis I até o III poderão dirigir equipes no país, no que depreendemos que essa decisão será extensiva à LNB e seus dois campeonatos, o NBB e a LDB.

Cabe a ENTB/CBB graduar todos os técnicos, da formação à elite, através os celebrados cursos de 4 dias que vem promovendo de uns tempos para cá, com audiências que ultrapassam 100 candidatos pagantes, numa concentração de palestras que vão das técnicas e táticas, para as de caráter psicológico, administrativo, e mesmo sobre direito desportivo, tudo, repito, em 4 dias de muita teoria, e pouquíssima prática na modalidade.

Por conta de tão inteligente e oportuno estratagema, devidamente endossado pelos Cref’s de plantão, níveis III estão sendo distribuídos a granel, propiciando o preenchimento das vagas de técnicos e assistentes nas equipes que se defrontarão na LDB, e mesmo no NBB nas competições da LNB.

Claro, que tão profundo, acurado e detalhista preparo do nosso universo de técnicos, têm levado o grande jogo a patamares inexistentes anteriormente, com o pujante incremento de novas técnicas de treinamento, impressionantes avanços técnico táticos, onde uma enorme variedade de sistemas de jogo ofensivo e defensivo têm sido apresentados, assim como edificantes e altamente profissionais gerenciamentos de equipes vêm surgindo a cada dia, a cada ano de competições, marcadas pelo ineditismo, pela ousadia, pela criatividade, redimindo um passado recente nebuloso, principalmente na formação de base visando os importantes ciclos olímpicos que teremos de enfrentar.

E como tão importantes e relevantes passos estão sendo dados, nada como ilustrá-los com exemplos de sucesso, como o posicionamento de um técnico após a perda de um jogo no campeonato mais emblemático do basquete brasileiro, o paulista:

– Vamos parar no hotel. Ninguém vai tomar banho. É só para pegar as coisas e voltar. Quem não estiver no ônibus em cinco minutos, vai ficar. Eu não estou brincando. Ninguém vai tomar banho, ninguém vai demorar. Também não vamos parar para jantar. Estou com vergonha de vocês. Ninguém perde um jogo desse, ainda mais desse jeito, ninguém.

Bem, o jogo foi realizado em uma cidade 470 km distantes da sede da equipe, viagem feita de ônibus no dia do jogo, e cuja volta seria imediatamente após sua realização. A matéria que foi publicada pelo jornalista Fabio Balassiano do blog Bala na Cesta, sobre uma reportagem de Rafaela Gonçalves do Globo.com, vem provar definitivamente que níveis distribuídos a técnicos da forma como o são, em hipótese alguma representam qualificação, e sim um artifício perigoso, interesseiro e político para o futuro do grande jogo no país.

Preparar bons, sérios e atuantes técnicos é tarefa demorada, paciente, e acima de tudo responsável, e que não pode ser produto de interesses corporativos e profundamente grupais. Não se brinca com formação de base, profissionalização, ética. Não se brinca com equipes da elite, não se brinca de técnico impunemente, seja de que nível for…

Amém.

Foto – Reprodução da Tv. Clique na mesma para ampliá-la.

PS – Para maior entendimento acessem http://www.draftbrasil.net/blog/vergonhoso/

DISCUTINDO O GRANDE JOGO…

Mesmo morando longe (sempre digo que não moro, me escondo…), recebo a visita de dois velhos amigos, o Alcir Magalhães, que treinou comigo no Vila Izabel dos anos sessenta, hoje morador de Brasilia, e que edita o importante Clipping do Basquete, e o Carlos Fontenelle, filho do inesquecível amigo Jack Fontenelle, meu diretor de basquete no Fluminense, e irmão do Cesar, que dirigi nos anos oitenta, lá mesmo, nas Laranjeiras, e que ao lado de seus intensos afazeres empresariais, ainda encontra tempo para lutar e discutir basquete. Todos egressos daqueles tempos gloriosos e inesquecíveis do grande jogo.

Foi um encontro evocativo, provocativo, intenso e acima de tudo balizador, amparado por nossas vivências, convivências e imorredouras memórias de um grande tempo, numa grande ode ao desporto de nossas vidas.

Conversamos, discutimos, divergimos e concordamos por sobre uma realidade um tanto coloidal que paira sobre a modalidade, mas que teima em se manter atuante e viva, o suficiente para como Fênix, se soerguer das cinzas e buscar alçar novos e extensos vôos.

Foi muita lembrança junta, dos que ai ainda estão e dos que se foram, mas jamais esquecidos. Adorei o encontro, e torço para que outros se tornem realidade, mesmo me escondendo, não da vida ou das pessoas, mas sim de uma insidiosa e escorregadia realidade, aquela que combatemos desde sempre junto àqueles que realmente amam e lutam pelo grande jogo.

Obrigado aos dois pela intensa alegria que me proporcionaram.

Amém.

Foto – Carlos, Paulo e Alcir. Clique na mesma para ampliá-la.

LÍDERES NOS ÊRROS…

Caramba, era um jogo com o líder do campeonato paulista, o mais poderoso do país, o mais prestigiado, a nata da elite, e transmitido ao vivo e à cores.

Primeiro quarto preenchido por um duelo ensandecido de arremessos de três, de lado a lado é o que se fez em quadra, sistemática e mediocremente, num espetáculo da mais absoluta falta de imaginação, de criação, de técnica, de tática.

De repente é desencadeada uma defesa pressão insistente, permanente, pela equipe da casa, e o mais incrível, seguidamente retomando a bola da equipe líder, sem contestações, sem reações, infringindo um dos mais primários fundamentos coletivos do grande jogo, o de sair de uma pressão pelo meio da quadra, tendo o apoio de um pivô exatamente nesse ponto, o meio da quadra, desértica, ignorada, abandonada…

Dá-se o distanciamento no marcador, como um sinal  para o inicio de uma sucessão de erros de fundamentos espantosa pelo número, 28 (13/15), cifra inadmissível em equipes da suposta e propalada elite do mais prestigioso campeonato do país.

Ao final, estampa-se na tela da TV um quadrinho estatístico aterrador, como para nos lembrar que para serem lideres de verdade, algo deve ser mudado nos futuros quadrinhos, como por exemplo, treinarem mais fundamentos, pois afinal de contas, um campeonato super valorizado como esse deveria ser visto como exemplo para as novas gerações, função maior daqueles que se arvoram como tal, mesmo com as  desculpas de inicio de temporada, quando erros táticos ainda seriam admissíveis, técnicos e individuais, jamais…

Amém.

Fotos – 1 – Arremesso de três de um lado…

2 – E do outro…

3- Saida equivocada e falha da pressão…

4 – O quadrinho…

Fotos – Reproduções da tv. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O (IMPERDOÁVEL) DESPERDÍCIO…

Eventualmente tenho noticias dos jogadores que dirigi no Saldanha da Gama no NBB2, uns diretamente pelo MSN, outros pelo acompanhamento de suas atuações nas diversas competições de que fazem parte pelo país afora, como num preito de amizade que foi estabelecida naqueles dois meses e meio que convivemos intensamente nos duros treinamentos e nos jogos disputados sob a égide do compromisso e do comprometimento em torno de algo inovador, corajosa e ousadamente tentado no campo de luta, onde as verdades foram duramente ditas e comprovadas.

Amiel, Roberto, Rafael, Muñoz, André, João Gabriel, De Jesus, Casé, Matheus, formavam o núcleo daquela equipe, hoje fragmentada e espalhada em diversas equipes do país, sem que tivéssemos a oportunidade de dar seguimento àquele trabalho, que certamente teria ajudado o grande jogo a sair da mesmice endêmica que o vem sufocando à décadas.

Ontem, assisti pela TV ao jogo Pinheiros e Metodista, muito mais pela presença do Muñoz e do André do que o previsível jogo em si, totalmente jogado no sistema único por ambas as equipes, num enfadonho replay do dia a dia do nosso basquete. Me fez mal ver aqueles dois bons jogadores entregues a uma mediocridade tática de dar medo, mais do que preocupante, terminal.

Mesmo assim gostei de revê-los, jogando muito aquém de suas reais possibilidades, muito ao contrario do que jogaram naqueles inesquecíveis meses de 2010, mas sobrevivendo através seus honestos trabalhos e suas atitudes de bons desportistas que são.

Mas algo me chocou profundamente lá pelo meio da segunda etapa do jogo, quando num dos tempos pedidos pelo técnico da Metodista, este aos gritos dirigidos ao Muñoz acusava-o de ser o culpado de uma falha defensiva, das muitas que ocorriam naquela equipe equivocada defensivamente, desencadeando uma inesperada reação do excelente armador panamenho, que tomando a prancheta de suas mãos fez ver ao vociferante técnico que, se erro ocorreu não foi por sua culpa, e sim pela disposição defensiva da equipe frente aos corta luzes do adversário, provocando um recuo do mesmo, num lamentável espetáculo de desencontro entre comandante e comandados em torno de exigências pontuais  não previstas no plano tático.

A cena em si, profundamente comprometedora, me fez lembrar o quanto de entendimento tínhamos dentro da realidade daquela equipe de Vitoria, coesa em sua simplicidade, cúmplice que era de sistemas proprietários somente praticados por ela em toda a liga, e quanto os mesmos representavam para a coesão de todos em torno da mais simples das realidades, o crédito e a confiança que emanava e irmanava a todos, comandante e comandados, sem indisciplinas, cobranças, ameaças e coerções, onde todos remavam numa mesma direção, e onde os erros eram reconhecidos não por um, e sim por todos, assim como os acertos, as derrotas e as vitorias, fatores que a solidificavam como uma verdadeira equipe, e não um bando, dos muitos que vemos hoje em dia.

O Muñoz é muito mais do que vem apresentando nessa equipe paulista, já que armador brilhante, e pontuador dos mais competentes que conheci (vejam aqui uma de suas brilhantes apresentações), além de ser um tático criativo e altamente competitivo, muito além do que um passador de bola e corredor de maratona em que transformaram nossos armadores desde que implantaram o trágico sistema único entre nós.

E no frigir dos ovos, fico imaginando o que teria acontecido se aquele núcleo de jogadores tivesse permanecido junto, unido aos sistemas que desenvolveram, ou mesmo, se alguém de bom senso nesse país, que no comando administrativo de uma equipe da liga tornasse a reuní-los, dando continuidade àquele trabalho iniciado e interrompido no Saldanha, o quanto de impulso provocaria no seio da liga pela continuidade do mesmo, assim como outra concepção proposta pelo Marcel, a dos triângulos que ele tanto defende e entende, provocando os contraditórios, que são os fatores mais importantes e estratégicos para o pleno desenvolvimento de um segmento, seja de vida, político, cultural, educacional, desportivo. Mas para tanto, algo teria de ser plenamente contornado, o forte e até agora inexpugnável corporativismo técnico que cerceia e esmaga o progresso do grande jogo em nosso imenso e desigual país.

Assim vejo o nosso basquete de elite, urgentemente necessitado de novas concepções de jogo, que inspirem novos sistemas, novos adeptos, novas gerações, e que sejam lastreados pela pratica indistinta e maciça dos  fundamentos do jogo, como devem ser desenvolvidos e praticados desde a formação de base.

Acredito que possamos evoluir com segurança à partir do momento em que ousemos novas formas de jogar, que adotemos outras concepções no processo evolutivo do grande jogo, além do único que percorremos nos últimos 25 anos de dolorosa e espinhosa caminhada.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Foto 1 – O batalhador pivô André.

Foto 2 – Muñoz em sua solitaria armação no sistema único.

Foto 3 – Muñoz é ademoestado por suposto erro defensivo…

Foto 4 – … e demonstra na prancheta o erro da injusta admoestação.

CARO COLEGA…

Puxa vida Paulo, de repente você dá um branco, fica mudo e esquece que um blog de respeito tem de ser atualizado dia após dia, e que… Pera lá, respeito nada tem a ver com tempo, ou o tem, ou não, por isso ainda me dou o direito de pensar, ponderar, amadurecer, sintetizar, para ai sim, escrever algo com substância, embasamento, e por que não, respeito a quem se dá a graça de lê-lo para depois comentá-lo, criticá-lo, aqui mesmo, ou de si para consigo próprio.

Cansa em demasia uma situação imutável, monocórdia, evoluindo para trás, repetindo idos erros, como uma doença crônica, aceita por hábito, tolerada por indolência, adotada por submissão, por covardia, sem a mínima vontade de erradicá-la, já que enraizada no solo da incúria, da patológica condescendência.

Em hipótese alguma veremos revertida a situação que se desenha no triste horizonte do nosso mais triste ainda basquetebol, pois o continuísmo do que aí está se robustece na (des) troca de meia dúzia por seis, sacramentada no ciclópico concreto em que se baseia a diretiva do desporto nacional, onde os beija mãos, os beija faces, sacramentam os princípios das sicilianas famiglias, com seus códigos, suas benesses, suas trocas, suas obedientes hierarquias.

E vem o governo, travestido de profundo conhecedor do esporte como meio de educação e cidadania, transmutando tão solenes princípios em interesses grupais ligados ao desporto de elite, do culto ao corpo, do interesseiro e lucrativo marketing, dos profissionais (?) que deságuam na maré oportunista da atividade física, com seus profundos(?) conhecimentos sobre a matéria, dos políticos de ocasião, dos áspones a eles ligados, em vez de tomar a mais simples de todas as providências, não só pela obviedade, mas  pela emergência de um país que tenta evoluir, mas se debate nos limites da capacitação profissional, ou mesmo pré-profissional, alocando em conjunto com as artes, a musica, as habilidades manuais e intelectuais, uma educação física e desportiva no seio mater da escola, complementando e suplementando o futuro de uma juventude carente e abandonada, reserva intelectual de uma nação que propõe colocar-se  ao nível das grandes potencias, mas que ainda persiste na dependência político econômica de grupos, de oportunistas, de velhacos, de famiglias, pois um povo educado em muito limitaria a influência de tais e dantescos segmentos.,

Como vê amigo, quando lemos no microcosmo do grande jogo em nosso país, que bolsas serão distribuídas aos atletas de elite, num elevado quantitativo monetário, a fim de que preparadores físicos, terapeutas, psicólogos, fisiologistas, nutricionistas, e não sei mais quantos “istas”, na maioria absoluta sequer praticantes de algum segmento esportivo, sejam devidamente pagos por seus profundos conhecimentos (?) na área, podemos aquilatar para onde, por mais uma vez, iremos parar, ainda mais que nos currículos das escolas e cursos de educação física, as disciplinas desportivas cedem cada vez mais seus espaços nas grades horárias àquelas atividades que serão aquinhoadas pela cornucópia governamental.

Pesquisa esportiva? Meus deuses, desde que o segmento das “dobrinhas cutâneas” desaguou nas escolas de educação física, técnicas de desporto coletivo, individual, artístico, com seus uniformes e vestimentas tradicionais cederam lugar ao jaleco imaculadamente branco, que o desporto nacional enveredou pela pesquisa (latu, stricto, doutoral) das biomédicas, onde o como arremessar, lançar, chutar, empunhar, ensinar, desenvolver, transmitir os processos de ensino e aprendizagem praticamente deixaram de existir, pois afinal de contas, o segmento (ou pseudo…) da saúde se encontra muito acima do brincar, do jogar, do competir, do integrar, do coexistir, do conhecer, respeitar e amar seu corpo, integrando-o ao espírito, à mente, à comunidade em que vive, participa, enobrece, e ajuda a crescer.

Sim, caro colega, se desejamos ardentemente ir adiante, crescer e dar um recado bem intencionado a este tão mal tratado mundo, somente o poderemos fazer, realizar, através da escola, e somente através dela, de mais nada, de mais ninguém, pois é a célula mater de quem anseia o progresso, e mesmo daqueles que cinicamente a esquecem, trocando-a por bolsas, estádios, obras faraônicas, placas nominadas de suas pobres e miseráveis importâncias, que ousam impune e criminosamente substituir, e mesmo aniquilar o futuro da nação, seus jovens, e sua escola.

Se no caso do grande jogo, hoje penamos o triste papel que temos protagonizado na base do mesmo, tudo que acima descrevemos nos levou a tal ponto, principalmente na formação dos novos técnicos, muito mais versados como paramédicos de terceira categoria em sua formação acadêmica, do que conhecedores mínimos dos desportos, relegados a ínfimas parcelas de horas aulas em sua formação, em nome, bendito nome dos interesses da saúde, aquela que ao se licenciarem, ou bachalerarem, os relegará ao auxilio suplementar dos verdadeiros donos e patronos do desporto nacional. Quem?… Adivinhem…

Então, prezado, como classificaremos em graus de formação, pratica e acumulo de experiência uma ENTB/CBB, com seus cursos de 4 dias, associada e ligada intimamente aos princípios de um CONFEF  e seus CREF’S formalizando “provisionados” a metro? Como?

E após tão competente formação, sabe para onde canalizarão esses provisionados, e mesmo os carentes formandos de cursos superiores, senão para assumirem equipes do alto nível, das seleções de base, e nunca onde deveriam estar, que poderiam estar, se política desportiva existisse nesse desigual país, onde? Isso mesmo, na escola, e também nos clubes, na base de uma pirâmide que política, maldosa e criminosamente, sempre nos foi apresentada ao inverso, de ponta cabeça, desde sempre…

Culpa do nosso retrocesso no grande jogo?  O abandono da formação de base nos clubes, na escola, na deficiente formação acadêmica dos técnicos, da ausência de uma associação de técnicos, da omissão daqueles que detiveram o poder de mando, liderança, e não o exerceram, somente se locupletaram, dando inicio a um corporativismo que é mantido a qualquer preço, mesmo que subserviente, em nome e defesa de um seleto mercado de trabalho, onde o mérito é substituído pelo imperioso e seletivo Q.I.,  em detrimento daqueles que realmente conhecem e dominam a arte de ensinar o grande jogo, e de como ele deve ser plenamente jogado.

Que os deuses, todos eles, indistintamente, nos ajudem.

Amém.

Foto – Conferência de abertura do 3o Congresso de Treinadores da Lingua Portuguesa, Lisboa, Julho de 2009. Clique na mesma para ampliá-la.

O (VERDADEIRO) MOTO CONTÍNUO…

Bem pessoal, agora que começam a pairar por sobre o mundo do grande jogo as nuvens carregadas e sombrias de um novo “seis por meia dúzia ao inverso”, custa nada voltarmos um pouquinho atrás para alguns artigos aqui publicados, e inclusive sugerindo uma quarta (hoje seria uma terceira) via para a sucessão na CBB, no estratégico momento em que se inicia mais um ciclo olímpico, muito mais importante para nós, já que os próximos Jogos serão realizados no Rio de Janeiro. Para que não nos esqueçamos de nossas responsabilidades frente a omissões imperdoáveis, decisivas e possivelmente definitivas, ai vai recapitulada toda uma sombria e velada novela, que nos ameaça com um devastador replay. Leiamos e nos conscientizemos que tudo o que advirá daqui para frente é de única e exclusiva responsabilidade dos basqueteiros desse país, pelo menos aqueles que se definem como tal.

Vamo lá então:

 

CRONOLOGIA DO ESQUECIMENTO (OU, RECORDANDO)…

sexta-feira, 19 de novembro de 2010 por Paulo Murilo

 

Pululam na rede comentários anônimos e raros não anônimos sobre as estripulias da administração central do nosso basquete, suas audaciosas manipulações, conluios políticos e parceiramentos excusos, além, muito além de um continuísmo para lá de escancarado, antiético e espúrio.

E os clamores se avolumam em cobranças ante a passividade consentida de federações e seus dirigentes, como se novidade fosse, apontando para a passividade e omissão da imprensa oficial e blogueira, como se todos fossem cúmplices do que ai está, cristalizado, ciclopicamente concretado, indelevelmente incólume.

Mas não é bem assim caros e camuflados críticos, ávidos em enumerar situações e comportamentos “agora descobertos e proclamados” em suas inéditas conclusões, esquecendo que da aceitação à constatação de um fato histórico, um tênue e capilar fio condutor tem de ser levado em prioritária consideração, o pleno conhecimento de seus antecedentes.

E são estes antecedentes, interesseiramente(?) omitidos e escondidos pelos que hoje cobram ações e atitudes, que passo a cronologicamente refrescar seus humores e cobranças, antítese de como sempre se comportaram, sob a proteção velada e pusilânime do anonimato.

Lembremos então:

GREG, CHAK & CARL… (12/11/08)

A ACLAMAÇÃO… (21/11/08)

EMERGINDO DAS TREVAS…(26/11/08)

GREG, CHAK & CARL II…(28/11/08)

A LUTA POSSÍVEL…(9/12/08)

RETORNANDO…(13/12/08)

O ÁS DE MANGA…(16/12/08)

A QUARTA VIA…(14/01/09)

PORQUE A QUARTA VIA?…(18/11/09)

SABE?…(25/01/09)

TROMBETEANDO O DESFECHO…(28/01/09)

RÉQUIEM PARA UMA ELEIÇÃO…(01/02/09)

MERITOCRACIA…(06/03/09)

GREG, CHAK & CARL, A FARSA…(14/04/09)

O PROFISSIONALISMO…(16/04/09)

MESMICE INC, LTDA…(19/04/09)

O CARA…(21/04/09)

É HOJE QUE…(04/05/09)

O PRIMEIRO DIA…(05/05/09)

E não ousem e nem venham mencionar posicionamentos lastreados pelas pérfidas e covardes sombras do anonimato, pois dezenove deles( entre muitos) ai estão acima, devida e lidimamente assinados por mim. Porque não fazem o mesmo, não assumem a luta aberta? O basquete, o nosso triste e mal tratado basquete, agradeceria suas embasadas, comprometidas e responsáveis adesões, se reais e seriamente o são.

Amém.

Foto – A ideal terceira via ante um retorno devastador. Clique na mesma para ampliá-la.

PÉROLAS…

“A marcação por zona é um fator que restringe a ofensiva americana, pois não têm especialistas nas bolinhas de três” (comentarista da ESPN, e fico imaginando como denominar o Durant…).

            “Sem os pivôs sua ofensiva se torna deficiente junto à cesta, obrigando-os aos tiros de fora” (comentarista da SPORTV).

            “Sem os cincões ficam inferiorizados nos rebotes, defensivos e ofensivos também” (comentários gerais).

            “Como é possível jogar o tempo todo com os cinco abertos?” (outro comentário na ESPN).

            “São gênios, extraterrestres, sublimes…(o comentarista-técnico, ou técnico-comentarista, no SPORTV, que aliás, agora mesmo no programa Bem Amigos vaticinou – “Em 2016 quero dar minha contribuição, e que talvez não seja como comentarista”, e fico imaginando qual seja…)”.

            Indubitavelmente são pérolas, e como tais devem ser cultivadas, a fim de que não nos esqueçamos o que representam.

Os americanos, que desde o Mundial de dois anos atrás resolveram jogar um outro jogo, estranho para a maioria adepta  do sistema único, que consideraram a inovação como algo inimaginável e de curto alcance. Não foi, nem será, pois alguns poucos propugnam por algo semelhante, inclusive lá mesmo, na Meca do grande jogo, haja vista algumas equipes da NBA que já arriscam algo semelhante, e mesmo algumas da NCAA.

Por aqui, nem pensar, afinal, segundo especialistas, o Magnano não deve se preocupar com a posição 5, bem fornida de talentos, assim como na armação cujos prospectos já estão definidos para 2016. O problema para todos eles se encontra nas alas, os 2 e 3, pois o sistema formatado e padronizado necessita dessas “estratégicas” posições, a fim de que o mesmo seja mantido e desenvolvido (?), afinal de contas empregos têm de ser mantidos, ao preço que for.

Então, na opinião dessa turma, os americanos puderam jogar da forma que jogaram por serem excepcionais, geniais, extraterrestres, aberrações da natureza, etc e tal, quando na realidade assim jogaram por terem o completo domínio dos fundamentos, independente de posições, estaturas, pesos e habilidades especificas. Jogaram abertos porque sabiam transmutar abertura em infiltrações, armação em jogo central, e este em jogo lateral, tendo como denominador comum a ambidestralidade, o conhecimento e a leitura do jogo, além de praticar de forma brilhante o posicionamento defensivo, no corpo e na mente, contabilizando de forma unificada os fundamentos do jogo.

Criatividade nasce da improvisação, que é uma habilidade destinada aos que conhecem seu ofício, profunda e tecnicamente, tornando os sistemas de jogo, abertos ou fechados, factíveis e vencedores, pois só improvisa quem sabe, quem conhece profundamente a arte do grande jogo.

Observem as fotos, projetem de acordo com os grandes jogadores que as ilustram os caminhos que percorreram dentro de defesas poderosas como a argentina e a espanhola, para no fim das contas darem-se conta de que o grande, grandíssimo jogo pode sim, ser jogado de formas diferentes, inclusive por nós. Um dia, nem tão distante assim provei que podemos, e me angustio em não ser permitido sedimentar tal possibilidade, pois não vejo ninguém da nata diretiva sequer interessado no assunto.

Mas acredito, tenho fé e esperanças que alguns dos novos técnicos , insistam, perseverem, pois quem sabe, poderemos enfrentar esse novo ciclo olímpico da forma mais desejada possível, aquela que reflete a competência, o estudo, a pesquisa, e a ousadia na busca de dias melhores para nossos jovens, pois merecem acessar algo de novo, inspirador e acima de tudo, desafiador.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

A EQUAÇÃO DE PRIMEIRÍSSIMO GRAU…

 

O sucesso técnico tático de uma equipe será diretamente proporcional ao maior ou menor domínio que seus componentes tenham sobre os fundamentos básicos do jogo.

            Uma simples equação frente à realidade de fatos não tão simples assim, já que no entrechoque de duas realidades realmente antagônicas, somente aquela que mais se aproximasse de sua lógica, seria contemplada com a vitória.

A Argentina domina os fundamentos básicos do jogo, o Brasil, na maioria de seus integrantes, não. Por conta disso, o sistema de jogo argentino flui com naturalidade, o brasileiro oscila, trava, se esvai em tentativas limitadas pela ausência dos conhecimentos básicos do jogo, nos dribles, fintas, passes, rebotes, posicionamento defensivo, corta luzes, bloqueios, e principalmente, arremessos. E quando menciono integrantes relaciono não somente os jogadores, mas os técnicos também, alguns deles, os estrategistas…

Exemplifiquemos:

– Observemos essas duas fotos do 1º quarto: Na primeira, a equipe brasileira opta pelo jogo interior, com seus pivôs em constantes deslocamentos, com o ala os apoiando, e a armação razoavelmente solta para acioná-los, o que foi feito nesse quarto de forma eficiente (agora vem o Lamas “esclarecer” que a soltura do Huertas foi proposital, no que duvido um pouco…).

Na segunda, os erros de fundamentos começavam a aparecer e influenciar no resultado, principalmente nas trocas frente aos corta luzes argentinos, bem feitos e bem concatenados. Mesmo assim foi um quarto bom para os brasileiros.

Nesse quarto, a eficiência dos arremessadores argentinos se faz presente, ante a falta de contestação defensiva brasileira (erros defensivos de fundamentos), originando uma contagem positiva para os mesmos, assim como o apoio aos pivôs decresceu substancialmente no ataque brasileiro.

 

 

 

 

 

Mas foi no 3º quarto que a tendência argentina de congestionar seu garrafão numa flutuação lateralizada se fez presente, tornando os ataques internos brasileiros em uma luta solitária de um pivô sem ajuda de outro e mesmo de um dos alas, todos estáticos na espera, ou de uma ação anotadora do armador, ou da improvável pontuação do pivô, dando inicio ao tradicional reinado das bolinhas, com a grande maioria de suas tentativas, 7/23, perpetradas nesses dois quartos finais, no mais notório de nossos erros de fundamentos, os arremessos desequilibrados, afobados, mal selecionados, e por tudo isso, ineficientes e até irresponsáveis, fora o drama dos lances livres, inconcebível numa seleção nacional pretendente a uma medalha olímpica. Some-se a isso o “freio” na movimentação ofensiva dos pivôs, onde o Varejão era o mais atuante, e que foi preterido no quarto final por um Spliter inseguro, ou um Nenê a meia  boca, estáticos e inoperantes, sem sequer a ajuda do Guilherme e do Marcelo, ambos se posicionando no perímetro externo para as…bolinhas salvadoras (?)

Enquanto isso, um Scola mais solto decidia no âmago da defesa, ora concluindo, ora voltando a bola para os eficientes arremessos externos, sem contestações, sem coberturas, assim como o Alex perde um contra ataque forçando faltosamente sobre o Ginobili, quando poderia passar a bola a um companheiro melhor colocado, seguido por uma perda de bola do Leandro ao tentar uma finta com bola sobre o mesmo Ginobili, demonstrando sua carência nesse fundamento, que é uma das armas mais eficientes de seu oponente.

Entretanto, a artilharia ineficaz e desesperada continuaria, quando uma ação voltada aos dois pontos de cada vez deveria ter sido a opção mais inteligente, frente a uma seleção que demonstrava estafa, e por conseguinte grandes dificuldades para frear possíveis incursões interiores por parte de uma seleção com muito pouca leitura estratégica de jogo (fundamentos coletivos), e por isso talhada à derrota.

Finalmente, duas das mais impactantes evidências, expostas nas duas fotos a seguir, quando na primeira, um exemplo perfeito de domínio dos fundamentos individuais e coletivos nesse corta luz argentino por sobre um ineficaz, por falho, domínio dos mesmos no aspecto defensivo por parte dos brasileiros. Essa realidade insofismável traça, como vem sendo traçada a grande e determinante diferença que separa os dois países no trabalho de base, onde são forjados os grandes jogadores, frutos do perfeito domínio dos fundamentos do jogo.

Na outra, para aqueles que realmente conhecem os fundamentos da arte dos arremessos, e principalmente, como ensiná-los (e aqui propugno e afianço não ser a idade e o status de qualquer jogador para que o mesmo seja devidamente corrigido, aprimorado, ou mesmo ensinado por quem realmente sabe fazê-lo), uma visão de como não arremessar um lance livre (observem o movimento final da mão impulsionadora, a responsável pelo direcionamento da bola) por parte do Spliter.

Concluo com uma observação prática, quando no comando da equipe do Saldanha da Gama no NBB2, deparei-me com o drama real de uma equipe, que dentre varias deficiências nos fundamentos, a endêmica perda dos lances livres era a responsável por muitas das derrotas da equipe (publiquei uma serie de 49 artigos reportando o dia a dia dos treinamentos e jogos, e o primeiro deles está aqui). Corrigi a deficiência, treinei profundamente os fundamentos, e passamos a vencer jogos contra grandes equipes, principalmente nos…lances livres.

Exatamente por isso fico surpreso quando vejo comissões técnicas de nossas seleções, recheadas dos maiores luminares da profissão (depreendo que sejam, pois lá estão……), com vastíssima experiência no ensino dos fundamentos, senhores das melhores didáticas inerentes ao mesmo, advindos da brilhante e pródiga formação de base que possuimos, unidos em torno de uma forte e progressista associação de técnicos, todos comprometidos com os designios de uma verdadeira politica de desenvolvimento do desporto no país, ungidos pela ética e pelo trabalho orientado pelo mérito e pelos principios democraticos, sobraçando prosaicas e midiáticas pranchetas, e apresentando o resultado de todo esse magnifico empenho nas competições dos últimos anos, como essa recem finda em Londres, quando, para a surpresa dos mesmos (ah, os detalhes…) perdemos exatamente por não dominarmos os rudimentos  básicos do grande jogo, seus desprezados fundamentos, sem os quais Magnano nenhum no mundo conseguirá prosperar seus sistemas de jogo.

A equação de primeiríssimo grau tem de ser resolvida para 2016, senão…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Amém.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONJECTURANDO…

Toca o Skype e quem fala do lado lá é o Alcir, iniciando um papo sobre, adivinhem…isso, basquete, e mais, olímpico. Assunto em pauta, o jogo contra a Argentina logo mais em Londres pelas quartas de final, que por si só provoca situações para além de inusitadas, apaixonadas, e radicalmente unilaterais, não fossemos hermanos inseparáveis…

Digo a ele que estava em plena elaboração do artigo de hoje, exatamente sobre um assunto que me nego normalmente a escrever, previsões sobre jogos, principalmente aqueles em que não me encontro participante. Mas após ler um batalhão de comentários em artigos blogueiros sobre “como jogar” esse decisivo jogo, me permito abordar alguns detalhes estratégicos, táticos por assim dizer, sobre algo que entendo um pouco, e que fatalmente divergirão das opiniões maciçamente publicadas, que em sua maioria advêm de leigos, entusiastas, torcedores, curiosos, palpiteiros, e um ou outro editorialista mais objetivo e esclarecido.

Vejamos então:

– Quatro são os pontos perigosos nesta excelente equipe argentina, seus dois armadores, seu pivô extra classe, o seu coração, Ginobili, e um sentido inigualável de conjunto e comprometimento grupal.

– Enfrentar uma equipe deste quilate exige um planejamento acurado e preciso, fatores que o Magnano domina muito bem, não fosse o mesmo um ex condutor da mesma em campanhas gloriosas.

– No entanto, poderiamos projetar umas poucas situações de fato, que se bem equacionadas propiciariam boas chances de vitória, já que concretas.

– Primeiro, brecar na medida do possível a armação argentina, normalmente veloz, muito técnica, que é exercida por um armador de oficio (Prigioni ou Campazzo), mas sempre na companhia de outro armador honorário com técnica similar (Delfino ou Ginobili), numa dupla armação efetiva e vencedora. Colar no armador de oficio, fustigando-o permanentemente, em muito comprometeria o sentido coletivista dos argentinos, pois teriam contestada sua unidade na origem. E nada melhor do que o Alex para confrontá-lo, em vez de duelar de forma desigual com um Ginobili muitos furos tecnicamente acima dele.

– Dificultando e retardando os passes iniciais dentro do sistema argentino de jogar, a defesa poderia se antecipar aos pivôs, colocando-se nas linhas de passes aos mesmos, provocando a abertura do Scola, num posicionamento onde é menos efetivo do que no interior do perímetro, obrigando a armação a um exercício inseguro e impreciso em seu ponto mais forte, o principio coletivista, pois fragmentando-o seriam invertidas  suas prioridades ofensivas, obrigando-os ao improviso, ao individualismo, no qual o Ginobili é mestre, mas não se sozinho for mantido pelo maior espaço de tempo possível, pois anulá-lo é impensável, mas tentar reduzir sua eficiência e números em pelo menos 25% em muito aumentariam as chances de um bom resultado, e para tanto somente um jogador muito veloz para antecipar suas jogadas, como o Leandro ou o Huertas, próximos em estatura ao grande jogador.

– Esse estratagema, se bem executado, equilibraria as chances, que somadas às melhores condições físicas da equipe brasileira auferiria reais oportunidades de vitoria e continuidade na competição.

Mas são conjecturas, puro exercício de um técnico veterano e com alguma experiência no grande jogo, o grandíssimo jogo.

Amém.

Foto – Colin Foster/CBB. Clique na mesma para ampliá-la.