QUE (OU FALTA DE) VERGONHA !…

Uma comissão experiente (?)

Por hábito, curiosidade, ou mesmo por obrigação funcional, me vejo perante um ecran de computador testemunhando um terrível jogo de basquetebol feminino no mundial sub 19, entre nossa seleção e o Canadá, numa quarta partida em que perdemos as anteriores com significativas diferenças de, 26 pontos para a Lituânia, 19 para o Japão, e 10 para a Itália, porém nada comparadas aos 44 pontos na acachapante derrota para a razoável equipe canadense, numa clara evidência de nossa absoluta fraqueza na formação de base, aqui bem representada por uma comissão técnica (?), que somadas suas experiências diretivas, formativas e didático pedagógicas na formação de jogadoras, não perfazem nem um terço do conhecimento de qualquer professor e técnico experiente no grande jogo e no processo educativo do mesmo junto aos jovens, existentes e atuantes neste imenso, desigual e injusto país, alijados desse estratégico processo, afastados e esquecidos por força de um imenso e cruel corporativismo existente na proteção de um núcleo onde impera absoluto o Q.I., formatado e padronizado em suas escolhas de cunho político e econômico, cujos resultados mergulham o grande jogo cada vez mais fundo, num poço por ele mesmo escavado, numa autofagia institucionalizada e terminal…

Ter sido uma boa praticante, não determina ser técnica nacional

Assistindo o jogo, nos deparamos com uma realidade que raia o absurdo, pois temos enviado seleções nacionais com componentes dentro e fora das quadras majoritariamente pertencentes a um único estado, praticando um só sistema de jogo, defendendo pífiamente, ou mesmo não defendendo, atacando aleatoriamente, arremessando de três pontos sem sequer dominar os de dois pontos, inclusive simplórias bandejas, e o pior, desconhecendo quase completamente seu instrumento de trabalho, a bola…

Pouco domínio da bola, uma falha lamentável na formação de base

No entanto, apesar do sobrepeso incidindo em mais da metade dos componentes de cada equipe enviada, gabam-se os preparadores físicos de que correm mais velozmente, saltam cada vez mais alto, e trombam com a ferocidade e pujança de uma desenfreada locomotiva, quando precisamos somente de jovens que saibam, amem e se doem ao grande, grandíssimo jogo de suas vidas, simples assim…

Olhando o placar não dá para acreditar…

Uma simplicidade que precisa ser retomada, a de ensinarmos os jovens a jogar, dando aos mesmos conhecimentos profundos dos fundamentos básicos, individuais e coletivos, fator que os farão conhecedores das técnicas que hoje desconhecem, covardemente afastados de um conhecimento que deveria ser de todos, enquanto que muitos fajutos líderes enriquecem seus currículos profissionais, por conta dos parcos esforços de “peças” intercambiáveis, substituídas a cada temporada cessante, num carrossel de perdas talentosas, porém necessárias ao status quo existente…

Nossas seleções de base não sabem arremessar, é um inquestionável fato…

Uma seleção sub 19, porta de entrada as divisões superiores, não pode cometer 83 erros de fundamentos em quatro jogos, com média de 20.7 por jogo, arremessar 12/77 (15,5%) bolas de 3 pontos, 50/164 (30,4%) de 2, e 48/86 (55,8%) nos lances livres, simplesmente não podem!!!

Mas estão podendo, e como, nas últimas e longas três décadas, desde que os votos necessários para a derrubada do saudoso Renato Brito Cunha do comando da CBB, em troca do controle  técnico da entidade, retiraram do Rio, sede da mesma, o centralismo democratico que levou o basquetebol nacional aos três campeonatos mundiais, e a três medalhas olímpicas, nunca mais repetidas. De lá para cá só pan-americanos, que nem mais classificam para as olimpíadas, não devemos esquecer…

Temos pela frente o mundial masculino, e desde já prevejo problemas, pois o receituário existente está mais presente do que nunca, adocicado pelo tsunami das bolas de três, oratório fervoroso da douta comissão, que sendo do conhecimento geral, em nada nos surpreenderá, ou não?

Que os magnânimos e pacientes deuses nos ajudem.

Amém. 

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COMO ESTAMOS?…

Vitória que pode alavancar a retomada do basquetebol feminino no pais.

Inicialmente peço desculpas aos poucos leitores deste humilde blog pela ausência nestas duas semanas de intensa atividade basquetebolista, inclusive com a competição Americup feminina, onde a seleção brasileira se sagrou campeã invicta, a quem parabenizo sinceramente…

Me furtei das corriqueiras análises por me encontrar sob severo tratamento de uma traiçoeira labirintite, reincidente da hospitalização de dois meses atras, quando fui obrigado a me submeter a uma dolorosa UTI (não sugiro a ninguém frequentar uma, por isso cuidem-se preventivamente…), onde fui escrutinado de cima a baixo, de dentro para fora e vice versa, numa rotina exasperante de quatro dias, para ao final nada descobrirem de perigo imediato. Claro, com 83 anos no costado, algumas mazelas acontecem, mas cujos prazos de validade podem ser contemporizados com bom senso e algumas mudanças de hábitos. Mas a danada da labirintite retornou, e já está sendo debelada convenientemente…

Isso posto, posso voltar a exercer, e o farei como sempre, algumas construtivas críticas ao momento do basquetebol feminino em nosso país, principalmente nessa Americup. Realmente vencemos a competição, porém com algumas ressalvas, a começar pelo nível das seleções participantes, e como algumas delas se comportaram, a começar pela norte americana, já classificada para as Olimpíadas e que se fizeram representar por uma seleção universitária, tecnicamente razoável, porém de uma inexperiência internacional gritante. As canadenses, vieram quase completas, com uma ou duas jogadoras de nível ausentes por conta de suas vinculações com a WNBA em plena competição. As demais seleções vieram completas, inclusive a brasileira, reforçada com duas excelentes jogadoras, altas, fortes e ágeis, que atuam nas competições da NCAA…

A seleção usou, enfim, suas competentes pivôs, porém ainda insistiu nos longos arremessos.

Que aliás venceram as americanas por duas vezes, no entanto não enfrentaram o Canadá, no que seria um ótimo teste entre equipes veteranas e experientes. Dificuldades mesmo somente contra as argentinas, com seu jogo baseado em bons fundamentos e um espírito de luta elogiável, perdendo a partida ao falharem numa última tentativa a dois metros da cesta, não fosse este seu fundamento mais claudicante…

A equipe brasileira venceu jogando perto da cesta, com suas pivôs imensamente superiores às adversárias, e em algumas ocasiões atuando com as duas melhores juntas, Kamilla e Damires, esta muito firme nos fundamentos, porém travada por um visível excesso de peso, limitando nela uma arma que possuía no início da carreira, a velocidade nos deslocamentos laterais de ataque e defesa,  cujo padrão poderá ser adequado (tenho sérias dúvidas) a WNBA, mas nunca as competições FIBA, pelo dinamismo presente dentro e fora do perímetro em suas competições mundo afora…

A força de suas pivôs levou a seleção a vitoria na competição, fator que devera ser muito bem avaliado em seus futuros compromissos.

Nossas armadoras e alas ainda pecam em demasia nos fundamentos, principalmente nos passes, dribles e arremessos, onde teimosamente insistem nos de longa distância em grande quantidade, quando seriam muito mais efetivas nos de curta e média distâncias, estatisticamente mais precisos, dando preferência aos passes interiores, de encontro às suas eficientes pivôs. Mesmo assim, nos momentos mais importantes das partidas, foram as pivôs o maior referencial da equipe, e não à toa foram as escolhidas para o quinteto da competição, junto a pivô canadense e as  armadoras americana e porto riquenha, lembrando em muito a formação 2-3 (duas amadoras e três pivôs móveis) que tanto utilizei em 50 anos de quadra com todas as equipes que dirigi. Creio que aos poucos essa forma diferenciada de jogar vai sendo assimilada por nossos estrategistas, assim espero…

Enfim, foi um belo feito para o nosso combalido basquetebol feminino, no qual, nem mesmo a grande Paula quis, ou pode se envolver como desejaria.

Amém. 

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O QUE ESTÁ NOS FALTANDO, MEUS DEUSES, O QUE?…

França e Espanha fizeram uma final no Mundial Sub 19 onde as defesas brilharam como nunca.

Venho tentando acompanhar as seleções nacionais pela TV e internet, na medida do possível, já que minha paciência tem se mostrada num limite próximo à indiferença, o que me deixa triste e preocupado, não comigo, orangotango velho de muitas décadas junto ao grande jogo, mas sim com o futuro do mesmo em nosso imenso, injusto e desigual país…

Acompanhei, e até comentei, a participação da Sub 17 na Americup, e a Sub 19 no Mundial, onde fracassaram ruidosamente, falhando sistematicamente nos fundamentos básicos, principalmente nos de defesa, fator larga e copiosamente descrito e publicado em muitos e muitos artigos neste humilde blog, sem, no entanto, conseguir o mais tênue suspiro de esperança em mudanças, por menor que fossem, no intuito de fugirmos dessa mesmice endêmica que asfixia o basquetebol intuitivo e criativo de nossos jovens, pródígos nessas qualidades se bem ensinados, preparados e treinados fossem por professores e técnicos engajados em promover tais e estratégicas mudanças…

Ao contrário, se afundam cada vez mais num modelo sistêmico, no qual, o jogo aberto fora do perímetro, e a chutação de três se impõem absolutos, assim como o brutal equívoco na formação de base, onde as defesas zonais se sobressaem exatamente nas categorias mais jovens da base formativa, retirando das mesmas o pleno domínio das técnicas fundamentais de defesa, cuja deficiência nos tem sido cobrada nas categorias acima dos 16 anos, vide o que ocorreu nestas duas competições mais recentes, a Sub 16 feminina, a Sub 17 e a Sub 19 masculinas, onde algo de grande preocupação fica evidente, serem estes jovens o futuro das seleções adultas, que entrarão nas competições mais importantes com uma deficiência letal e irrecorrível, a de não saberem defender no mesmo nível de seus adversários, tornando-os inferiorizados técnica e taticamente, onde nem científicos preparos físicos os socorrerão quando a bola subir…

As brasileiras atuando em algumas oportunidades com duas jogadoras muito altas no garrafão, se impuseram contra Porto Rico, classificando-se para as finais.
Penetrando e atuando dentro do garrafão o jogo ficou mais a favor das brasileiras, fator que deve ser encorajado para a final de logo mais.

Agora mesmo participamos na Americup adulta feminina, com seleções secundárias das equipes mais ranqueadas, como Canadá e Estados Unidos, esta com uma seleção universitária com idade limite de 23 anos, enquanto as demais sul americanas, a mexicana e a porto riquenha, assim como a brasileira, vieram com sua força máxima. Nesse panorama, a equipe brasileira se impôs até agora sem derrota, sendo capaz até de vencer a competição, o que será visto hoje na decisão com os Estados Unidos, perdedor quando se defrontaram na classificação…

Apesar de continuarem a errar enormemente nos fundamentos, a equipe brasileira vem apresentando duas situações de jogo inéditas até essa competição, uma defesa mais agressiva e contestadora aos longos arremessos, variando bastante entre defesa individual e zona, e contando com pivôs e alas muito altas e batalhadoras, tendo ainda uma armação pelo menos mais voltadas ao jogo interior, principalmente com as boas pivôs da equipe. No jogo decisivo de hoje, essas duas qualidades estarão em evidência, onde as ações dentro do garrafão terão de ser incentivadas e realizadas à exaustão, assim como deverão ser mais comedidos os longos arremessos, pois as americanas contra atacam com mais eficiência que nossa seleção , apesar da extrema juventude das mesmas, em confronto com a enorme experiência de nossas veteranas jogadoras. Uma vitoria, quem sabe, seria um enorme alento ao basquete feminino do país, tão maltratado e esquecido…

Continuo a acreditar num soerguimento plausível do nosso basquetebol, na medida em que o mesmo reencontre o elo perdido três décadas atrás, quando “inventamos”  a artilharia de fora, afrouxando a defesa externa, omitindo os fundamentos básicos na formação de base, e principalmente, nos voltarmos ao colonialismo de uma forma de jogar que somente existe em um único país, imensamente rico e historicamente conflagrado racialmente, onde se guerreiam em arenas uivantes, com regras específicas, à margem do basquetebol internacional, jogado pelos demais países deste mundo que habitamos…

Neste momento me pergunto o que nos falta, meus deuses, o que? 

Amém.

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DURO E VER, ENTENDER, ACEITAR…

Jantar com os filhos e a nora em Varsovia.

Chego de viagem, longa, cansativa, porém repleta de boas lembranças junto aos filhos que vivem na Europa, trabalhando e se encontrando com seus destinos, sadios e com a cabeça em ordem, Chego cansado, porém feliz,,,

Feliz, mas preocupado com os rumos do grande jogo neste imenso, desigual e injusto país, que cada vez mais mergulha no enorme buraco em que o meteram de três décadas para cá, e aparentemente sem volta, pois estabeleceu-se uma mesmice endêmica de difícil solução, da base ao adulto, onde a ordem máter é a de se manter o status quo no preparo, ensino e direção de jogadores  ao preço que for, começando com a própria liga, patrocinada por uma empresa de apostas desportivas, que muito mais cedo do que possamos imaginar, gerará distorçòes que hoje assombram o futebol profissional, que tem todas  as equipes, menos uma, da divisão maior, patrocinadas pela jogatina oficializada, e por que não, desenfreada…

Por conta desta falência formativa, que venho abordando a longo tempo, sendo matéria do último artigo publicado neste humilde blog, onde a questão defensiva é lembrada com precisão,e também num outro e recente, A encruzilhada, num debate expositivo com o Prof. Gil Guandron, no qual discutimos o emprego da defesa por zona que originou a vitória brasileira no sul americano Sub 15 na final contra a seleção argentina jogando em casa. Esta mesma seleção que foi derrotada por Porto Rico na Copa América Sub 16, utilizando defesa por zona, sendo superada também quando marcava individualmente, sem sistema organizado de jogo defensivo e ofensivo, errando brutalmente nos fundamentos, principalmente nos de defesa, perdendo a classificação ao Mundial da categoria, e vendo a equipe argentina obter a quarta colocação e a vaga  ansiada naquela competição…

Uma equipe sistemicamente confusa e sem sentido coletivo
Conceituação equivocada quanto as defesas zonais na formação de jovens jogadores.

Se não bastasse, assistimos a tão decantada seleção Sub 19, com uma extensa e douta comissão técnica a dirigi-la, eliminada nas oitavas exatamente por outra seleção argentina, magnífica em sua defesa individual e robusto sistema ofensivo, resultante de bons fundamentos (lembrando sempre que os argentinos  liberam as defesas zonais em suas competiçòes regionais somente após os 16 anos), ante uma seleção em que um jogador põe a bola embaixo do braço (claramente apoiado pela comissão técnica) e resolve ganhar o jogo sozinho, fruto de uma equipe desarvorada, mal treinada, e pior orientada em quadra, exemplificado com os números a seguir, para horror de quem os lê:

–  Números das duas partidas em que foi derrotada, para a Sérvia e a Argentina:

                             Brasil                           Sérvia/Argentina

                (44,1%) 38/86          2                (46,9%) 38/81

                (28,8%) 13/45          3                (38,4%) 20/52

                (62,6%) 42/67          LL              (58,1%) 25/43

                         95 (47,5pj)       R                  86 (43pj)

                         33 (16,5pj)       E                  26 (13pj)

Jogo consistente e interno da Argentina ante a fragilidade defensiva brasileira.
A equivocada opção brasileira pelos cinco abertos.
A padronizada opção pelas bolas de três, lamentável…
Uma carga absurda nos ombros de um promissor jogador…

Em se tratando de uma divisão (Sub 19) porta de entrada para a elite, é de se desejar números mais enfáticos, e não os apresentados pelas três equipes, cujos percentuais nos arremessos se situam bem abaixo dos índices aceitáveis de 70% para o de 2 pontos, 50% nos de 3, e 80% nos lances livres, que não foram alcançados por nenhuma delas, o que reforça o argumento sobre a importância capital que incide nos erros de fundamentos nos passes, arremessos, drible, fintas, sobre passos e conduções de bola, fatais por não oferecerem respostas sequer paliativas. Sem dúvida alguma temos muito bons e talentosos jogadores, mas que comumente falham no manuseio de sua ferramenta de trabalho, a volúvel e errática bola,a muito substituída por testes de habilidade, equilíbrio, potência, saltos e velocidade de deslocamento, servindo de material para “pesquisas” que nunca vem a público, mas que alimentam currículos de pseudo fazedores de atletas, mas não de jogadores de verdade, papel fundamental e estratégico para professores e técnicos do grande jogo, em qualquer divisão, seja escolar, clubística e seleções municipais, estaduais e nacionais, que em sua maioria se omitem, por ignorância, do papel básico de sua profissão, o de ensinar, desenvolver, treinar e liderar jovens e adultos (por que não?) na difícil arte do bem jogar, preferindo e aderindo a oportunistas peneiras, garimpando o trabalho dos que realmente querem desenvolver as técnicas individuais, e acima de tudo, as coletivas, na esmagadora realidade do quase nulo apoio a eles negado…

Testes, medidas, corridas, saltos, trombadas, mas bola que é o básico, pouco, ou nada…

Afinal de contas, os números finais contra a Argentina contam uma outra história, bem melhor contada e embasada:

Brasil 85 x 87 Argentina

(40,3%) 21/52 2 22/40 (55,0%)

(26,0%) 6/23 3 11/32 (34,3%)

(59,4%) 25/42 LL 10/14 (71,4%)

49 R 44

12 E 16

Classificados e felizes

Teremos em breve pela frente disputas importantes no feminino e no masculino, este em um mundial, onde, pela enésima vez constataremos a utilização formatada e padronizada do sistema único de jogo, com suas ofensivas de cinco abertos, permanentes corner players, chutação desenfreada de três pontos, e a pouca, ou quase nada atenção aos atos individuais e coletivos de defesa, enfermidade crônica que nos prejudica desde sempre, e que o simples fato de, experimental ou definitivamente  proibirmos defesas zonais antes dos 15 anos (como faz a Argentina…), em muito amenizariam essa deficiência, o que não parece ser um fator bem recebido pela turma curricularmente bem fornida e de QI elevado…

Enfim, foi um retorno que reencontrou a mesmice endêmica cada vez mais estabelecida, e com pouquíssimas chances de ser debelada, a não ser que…Ora, o que importa, deixemos para lá, ou não?

Amém. 

Fotos – Reproduções da TV, e arquivo particular. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.     

A OMISSÃO FUNCIONAL (FROM VARSÓVIA)…

Dia de sol e calor em Varsóvia


Não pude assistir o quarto jogo da série por estar viajando de Dublin para Varsóvia, com traslados complicados nesta trepidante Europa pós pandemia, com aeroportos cheios de ansiosos viajantes, carentes de ferias, sol e reencontros…

Mesmo assim, examinando as estatísticas finais daquele jogo, constatamos a realidade de uma mesmice para lá de endêmica, que cansativa e repetidamente venho expondo em muitos e muitos artigos publicados neste humilde blog…

Começando com a acentuada discrepância nos arremessos de 2 e 3 pontos das equipes em confronto, com o São Paulo lançando 19/38 bolas de 2 pontos e 11/31 de 3, contra 10/24 e 13/33 respectivamente de Franca, numa clara prevalência são-paulina no perímetro interno, e equilíbrio no externo, pegando mais rebotes, e errando fundamentos no mesmo patamar que Franca (11/10)…

Eis os números:

                            Franca.   81.  X.    86    São Paulo

          (42.0%)  10/24.                2.          19/38 (50.0%)

          (36.0%). 13/33.                3.          11/31.(35.0%)

          (81.0%). 25/31.                LL.        15/17 (88.0%)

                      36.                       R.                    44

                      10.                       E.                    11

Em suma, São Paulo priorizou o jogo interno com o apoio de seus pivôs, e erroneamente duelou com Franca nos longos arremessos, vencendo a partida por sua maior eficiência nas bolas curtas mais precisas…

Prioridade das prioridades, as bolinhas…

E veio o jogo final, ao qual pude assistir desde Varsóvia com meu filho João David conectando seu poderoso laptop numa televisão 32 polegadas do apartamento alugado, dando-me a oportunidade de assisti-lo integralmente. E o que vi? Um primeiro quarto tétrico de arrepiar, findo o qual 2/19 bolas de três foram indiscriminadamente disparadas com um acerto por equipe, como um pré jogo peladeiro indigno de uma final nacional. Melhoraram tecnicamente no segundo quarto, com os são-paulinos abdicando do jogo interior e Franca o forçando, numa correta leitura de jogo aproveitando o retraimento de seu adversário. No intervalo, o jogador Betinho do São Paulo afiançou da necessidade do Ansaloni (que foi de enorme eficiência nos jogos anteriores e só havia atuado ;pouquíssimos minutos nesta final) deveria voltar, pois a equipe teria de acionar os pivôs se quisesse vencer a competição…

Acionamento falho do pivô ante o imobilismo dos demais atacantes…

Foi a mais justa e equilibrada opinião de quem estava lá dentro da arena de jogo, e que não encontrava e não encontrou respostas de quem estava do lado de fora, confirmando com sobras que não basta juntar estrelas e nominados para vencer competições sérias e equilibradas, sem comando qualificado, experiente, e profundamente preparado na condução de equipes, da base ao adulto, sem saltar aquelas etapas necessárias a plena formação de um professor e técnico na acepção do termo, fatores que infelizmente em nosso imenso, desigual e injusto país é simplesmente equalizado através QI’s hereditários e políticos…

Franca foi bem mais presente e eficiente no perímetro interno, vencendo o jogo, apesar das 8/32 bolas de três.

Do outro lado, Franca foi forte e eficiente dentro do perímetro, assim como nas decorrentes penetrações, provocando mais lances livres que seu batido adversário, e ganhando 13.rebotes a mais (46/33), somando pontos e placar elástico, vencendo o campeonato com justiça..

Merecida vitória de quem soube ler com mais clarividência o sentido do jogo.

Justiça esta que clama por respostas a importantes e estratégicas questões, tais como:   – Quando assistimos a maioria dos jogos serem vencidos e muitas vezes perdidos por jogadores estrangeiros, principalmente atuando em dupla armação, que de forma alguma seguem o catecismo emanados das “pranchetas que falam”, tomando para si o controle dos jogos, nitidamente contradizendo e contrafazendo situações pseudo táticas que foram “exaustivamente” preparadas e treinadas (assim discorrem os comentaristas de ocasião), num determinismo que expõe a extrema pobreza de comissões técnicas conceitualmente fracas, pois seguem caninamente um pseudo sistema de jogo que prioriza o jogo aberto e a artilharia de fora, apelidado de “basquete internacional”, o famigerado sistema único, arsenal raquítico e limitado, que tanto inferniza o grande jogo, e que coloca nas mãos da estrangeirada a condução impune, sacramentada e cúmplice de nossos estrategistas mais torcedores do que técnicos, bailando, se contorcendo, coagindo arbitragens ao lado das quadras, rabiscando pranchetas com algo que nenhum deles leva muito a serio. Fica a questão de quando teremos nosso basquetebol de volta, com jogadores nacionais liderando em quadra, quando? Que tal reduzir para dois os estrangeiros? O grande jogo agradeceria, principalmente a Seleção.

O jogo aberto, até quando meus deuses?

Outra questão, esta tão seria como a exposta acima, nossa preparação de base, acionada técnica e taticamente por professores e técnicos melhor formados para atuarem nas escolas (para tanto tem de ser licenciados em Educação Física e não `’provisionados” por Crefs e congêneres), clubes e associações espalhadas por este imenso país, e não por escolas e institutos liderados a décadas por um mesmo grupo, .profundamente interessado na manutenção do status quo vigente, garantidor de um mercado fechado, hoje claramente direcionado aos interesses da NBA na formação de técnicos e jogadores seguidores de sua forma de atuar técnica e comercialmente num país de 208 milhões de habitantes, líder inconteste na América Latina…

Influência, poder, domínio…

Podemos e devemos sim, mudar para melhor os currículos dos cursos superiores de educação física, maximizando os créditos das disciplinas desportivas, minimizados com o desmesurado aumento das de cunho paramédico, assunto que tem sido largamente analisado e discutido neste humilde blog, como ação prioritária na correta formação de professores e técnicos desportivos, e não paramédicos de terceira categoria a serviço de uma politica de culto ao corpo bilionária, a quem não interessa educação física, desportos, artes, nas escolas (vide a tão proclamada reforma do ensino que criminosamente torna opcionais estas básicas e fundamentais atividades educacionais, que são um direito constitucional dos jovens brasileiros), e nos clubes comunitários também…

Uma questão específica do grande jogo também deveria ser prontamente discutida, pontual e honestamente, a mudança, senão radical, a mais ampla possível em nossa medieval forma de preparação das categorias de base, assim como nas adultas, seleções em particular, para servirem de espelho às mais jovens, hoje cativas das finalizações de longa distância, jogo aberto individualizado, defesas zonais e influências exógenas, perdendo em galopante velocidade o interesse pelos fundamentos básicos, exaustivos, porém essenciais em sua sólida formação como praticantes do grande, grandíssimo jogo, hoje tão depreciado em sua exata dimensão, numa terrível omissão funcional que o tem descaracterizado como um exemplar desporto coletivo, sendo transformado em individual por todos aqueles que o odeiam, por não compreendê-lo, e consequemente amá-lo…

Que os deuses nos ajudem

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e O Globo. Clique duplamente nas mesmas para para ampliá-lãs.

QUASE LÁ (FROM DUBLIN)…


Um pouco mais de 2:5 seg para zerar o cronômetro, lateral para Franca que perdia por um ponto, tendo em quadra dois jogadores que adoram arremessar de três, e o que faz a equipe do São Paulo? Não esboça qualquer contestação ao David Jackson, cobrador do lateral, distribui os demais em marcação 1 x 1 por trás, sem tentar, nem de leve a defesa frontal, tirando um pouco a precisão do passe inicial, e mais, permite que o mesmo caia nas mãos do Mariano num corner player acintoso, assim como, num bloqueio diversivo contrário a bola, mantém o espaçamento dentro do garrafão. Recebendo o passe inicial e de bate pronto, o Mariano devolve a bola para o DJ, ficando de frente para a cesta, completamente livre da marca’ão próxima do Marcos, balanceado, lançando de três como sempre gostou de fazer, dezenas de vezes neste NBB, onde arremessadores de ofício, e mesmo os que não são, chutam pra valer, de todos os cantos e distâncias, sem interferência alguma. Perdeu o São Paulo um jogo ganho, quando bastaria atrasar um pouco o passe inicial, e acompanhar ombro a ombro o americano, obrigando-o a se ajeitar driblando para o arremesso, ações primárias para defensores ensinados e treinados, e que normalmente ultrapassariam os 2:5 seg de tempo de jogo…

David Jackson simula um passe em direção do bloqueio, e solta rápido para o Mariano no canto da quadra, sem receber qualquer contestação do Marcos que flutua…
Numa chicotada Mariano devolve para o DJ, que absolutamente solto pela flutuação do Marcos, que sequer tira os pés do solo, executa o seu arremesso preferido ganhando o jogo.

Claro que as ações acima descritas necessitam ser aprendidas, apreendidas pelo treinamento permanente dos fundamentos básicos, no caso os de defesa, tão negligenciados em nossa formação de base, assunto da maior importância que descrevo e discuto no artigo A encruzilhadahttp://blog.paulomurilo.com/2023/05/30/a-encruzilhada-from-dublin/, publicado recentemente neste humilde blog, onde ponho em foco a utilização generalizada da defesa por zona em nossa formação de base, e suas péssimas consequências a medio e longo prazos nas divisões superiores…

O jogo interior, decisivo, preciso nas maiores percentagens, é rigorosamente esnobado pela turma da prancheta, que prefere torcer pelas bolinhas, que nem sempre caem…

O jogo foi equilibrado? Sim, por jogarem de forma mais do que semelhante, sem variações que os pusessem em cheque, defensivo, e acima de tudo ofensivo, pois atuar no sistema único ( como é turma do comentário que clamam pelas pranchetas, já desfiaram as entranhas do SU?), desafia toda e qualquer iniciativa de criação e improvisação consciente.no coletivismo de qualquer equipe que se preze. Se a chutação desenfreada é comum aos dois adversários, a contabilidade dos erros é dividida pelos dois, igualmente, na consideração de que 40% de acertos nas bolinhas é um bom índice, numa perda enorme de esforço físico desperdiçado nos mais de 60% de bolas perdidas. E é neste ponto que se sobressaírem os preparadores físicos e fisioterapeutas, guindados a posição de construtores de atletas, que correm mais rápido, saltam mais alto e trombam com maior eficiência, tomando para si, inclusive, planejamento de treinamentos, ao qual devem se submeter os técnicos, ficando bem claro para todos os envolvidos ser o conhecimento do jogo, da bola em especial, matéria de segunda ordem na montagem de uma equipe séria do grande jogo. Logo, os erros se avolumam, de ataque e de defesa, no coletivo nem se fala, pois sem o domínio dos fundamentos  básicos nada funciona, a não ser o atleticismo descerebrado, e no desconhecimento absurdo sobre a ferramenta primordial do trabalho, a volúvel e escorregadia bola, estranho e desconhecido pormenor do grande jogo, gerando o mais trágico dos cenários, o pleno desconhecimento do que venha a ser jogo coletivo, irmanado, cúmplice, parceiro, solidário, fatores perdidos para o primoroso, testado, retestado e científico (?) preparo físico, onde saltar, correr e trombar dão as solenes cartas no desporto dito como de alto nível, num esforço monstruoso de transformar uma modalidade coletiva em individual, o que conseguirão brevemente a continuar tal obtuso e estúpido caminho…

Entretanto, observando com cuidado os números dos jogo, um fator deve ser entendido, a prioridade que a equipe francana deu ao jogo interno (23/42 contra 15/27 do SP), originando bater 21 lances livres, convertendo todos, compensando ter o SP convertido 14/30 nos três pontos contra 9/29 dos francanos, porém ter perdido 2 de seus 22 lances livres cobrados…

O dono e mentor do jogo

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Para o quarto jogo em Franca, mantenho, por mais uma vez, o prognóstico de que vencerá aquela equipe que conteste os longos arremessos com mais presença e eficiência, massifique o jogo interior, e priorize os rebotes, a qualquer custo, pois entre equipes semelhantes sempre será este um argumento poderoso, não mais do que ter em suas fileiras americanos, e argentinos que põem a bola embaixo do braço resolvendo, e até perdendo partidas, olhando de lado as “pranchetas que falam”, isto quando olham…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las

LIÇÃO QUASE APRENDIDA, QUASE ( FROM DUBLIN)…


É minha gente, na marra os caras parecem que estão aprendendo, mas como nada é perfeito, ou mesmo aceitável nesse mundão, não desgrudam das pranchetas, como chupetas tardiamente jogadas fora, talvez não…

Jogo aberto, onde um joga e quatro assistem.

Agarrando-se ferozmente ao sistema (?) de jogo que conhecem, o único e praticado por toda a Liga (como ex-jogadores que foram), com.situações táticas conhecidas até pelos esquimós, mas que moldaram a todos, jogadores e técnicos, comentaristas e dirigentes, torcedores também, transformando o grande jogo numa pegajosa massa de pastel, oco e recheado de vento quando processado, num vazio de criatividade que bem justifica sua formatação e padronização autofágica, que tanto mal tem feito ao basquetebol nas últimas três décadas…

Finalidade básica do SU, o arremesso de três.

Pois é minha gente, foi tudo igual a tudo que foi jogado em todo campeonato, numa profusão de bolinhas, contestadas ou não, de todo e qualquer lado, com poucos acertos, muitos e muitos erros, e air balls também. Dessa vez somente 19 erros de fundamentos, igualdade nas bolas de 2 e de 3, porém um pouco melhor nos lances livres para Franca, demonstrando um apreço melhor ao jogo interno, e por isso vencendo a partida empatando a série…

Números finais da segunda partida.

Na partida em si, focando ações ofensivas, salta aos olhos o protagonismo independente dos estrangeiros quando de posse da bola, driblando-a de uma lado a outro, entrando e saindo da zona pintada, indo e vindo, com a posse indivisível e proprietária da mesma, preparando seu próprio e particular jogo, com esporádicos passes de dentro para fora do perímetro quando brecados por defensores, numa dadivosa renúncia às cestas ansiadas. Nunca nossas quadras foram tão enceradas como agora, com americanos, argentinos e uns poucos nacionais fazendo o que querem e quando querem, à margem de qualquer das pranchetas de plantão, com seus donos torcendo e se contorcendo ao lado das quadras para que tudo dê certo, pois afinal de contas um (de)mérito eles tem, o de escalarem a todos, indistintamente…

Não priorizando seu forte jogo interno o SP perdeu a partida.

Por favor prezados comentaristas, não me venham defender, sugerir ou mesmo exigir fidelidade ao ( ou a um ) sistema de jogo, quando partidas desandam pelo excesso de individualismo, pois a maioria de vocês incentivam ao máximo tal comportamento, premiando-os com salvas e extasiadas homenagens quando eventualmente são bem sucedidos. Defender a volta ao sistema, o único existente, o único que dizem conhecer (em tempo algum ouvi algum deles sequer explicar, definir, ou mesmo demonstrar, mesmo numa prosaica prancheta, o sistema que volta e meia sugerem que seja executado), pois afianço com a mais sincera certeza, não conhecem nenhum, absolutamente nenhum, mas de tocos, enterradas e palpites (hoje trágica e comercialmente oficializados…) sabem tudo, e mais um pouco…

A jogatina oficializada será benéfica ao basquetebol? Aguardemos…

Teremos no sábado o terceiro jogo, na capital paulistana, e mantenho meu prognóstico, de uma obviedade calcada em meio século de quadra, vencendo aquela equipe que jogar fortemente dentro do perímetro, utilizando seus bons alas pivôs (ambas os possuem), alimentados continuamente por bons armadores, na medida que abram mão de encerarem a quadra, lutando todos pelos rebotes, e executando o que para muitos é impossível em nosso imenso, desigual e injusto país, contestarem incansável e ostensivamente os arremessos de três, chave mestra para um retorno ao que sabíamos fazer de melhor, jogar um basquetebol diferenciado e efetivo, que nos fez três vezes campeões do mundo, duas vezes vice campeões, e três vezes medalhistas olímpicos.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

A MESMICE EM FÓCO (FROM DUBLIN)…

MATANDO AS SAUDADES DO CAÇULA.


Muito bem, bem, bem, como diria o inesquecível Arrelia, aconteceu o primeiro jogo das finais do NBB 15 entre as estreladas equipes de Franca e do São Paulo, duelando em Franca, perante uma enorme e vibrante plateia. Foi um jogo clone de todos os outros até aqui disputados por todas as equipes da Liga, nem maior ou menor em qualidade, simples assim…

Foi um jogo a que pude assistir em meu celular a meia viagem de volta de Belfast para Dublin, onde reside meu filho caçula João David, que com seu conhecimento técnico em TI da PayPal, sintonizou com perfeição o celular por todo o trajeto. Mesmo em tela pequena, porém nítida, Ao final da partida, as estatísticas apontaram:   

                                   Franca.                São Paulo

                      (48%) 23/34.        2.        22/41. (54%)

                      (32%)   9/28.        3.        13/28. (46%)

                      (71%) 15/21.       LL.       15/19. (79%)

                               36.               R.              30

                               14               E.                 5

Os números demonstram claramente que o confronto nas artilharias dos três priorizou o jogo das duas equipes, onde o São Paulo foi mais eficiente nos acertos, em contrapartida ao equilíbrio nos dois pontos e nos lances livres, e levando nítida vantagem nos rebotes e erros de fundamentos, com ambas taticamente iguais, o que não é surpresa para ninguém, porém. com o São Paulo insistindo um pouco mais no jogo interno que o Franca. Torno a predizer que, aquela equipe que investir mais energicamente no jogo interno levará o título, complementando a ação com forte contestação nos arremessos de três e maior determinação nos rebotes, principalmente os ofensivos…

Enfim, como afirmam os entendidos, vence aquele que comete menos erros, principalmente nos fundamentos básicos, o que se tornou endêmico em nosso tatibitati basquetebol.

Amém.

Fotos – Própria autoria. Clique duplamente nas mesmas para amplá-las.

A ENCRUZILHADA (FROM DUBLIN)…

Recentemente a seleção sub-15 masculina venceu o Sul-americano, jogando a final na Argentina contra os donos da casa. Um bom resultado em se tratando de seleções de base, setor tão mal conduzido em nosso país. No entanto, algo pairou no ar sobre a forma como a seleção venceu a competição, pelo fato da mesma ter utilizado a defesa por zona, contra uma outra que não permite sua utilização por menores de 15 anos em todas as suas competições regionais e federais, acolhendo determinação de sua associação de técnicos, como efetiva forma de desenvolver ao máximo as ações e destrezas defensivas em toda sua formação de base, somente conseguidas pela utilização da defesa individual, única e exclusivamente, permitindo as defesas zonais somente daquele data em diante…

Tal determinação conota alta qualidade aos futuros jogadores, fazendo com que os mesmos atinjam alto grau de eficiência defensiva nas divisões acima, principalmente nas seleções adultas…

Veem com clareza os técnicos argentinos os ganhos positivos em suas seleções adultas, em seus aumentos qualitativos na defesa, atestando não serem as conquistas nas divisões da base um fator prioritário, onde a qualificação dos fundamentos ofensivos e defensivos, estes sim, são prioridade absoluta. De nossa parte pensa-se diferente, pois o alvo a ser alcançado pelos técnicos de jovens é fazê-los escadas de suas conquistas individuais, onde títulos recheiam e valorizam seus currículos profissionais, visando contratos mais rentáveis nas categorias superiores, onde o fator desenvolvimentista dos fundamentos básicos são substituídos pelas conquistas rápidas, fáceis, advindas de peneiras, onde parcos conhecimentos sobre o jogo, e a altura elevada dos candidatos, se tornam complementos em torno de defesas zonais, prato feito para as tão desejadas vitórias a curto prazo. Logo, não seria um prosaico sul americano entrave a tais objetivos, nos quais a aplicação sistemática de defesas zonais as facilitam de verdade. Decididamente não se trata de opiniões divergentes entre técnicos, e sim um posicionamento intencional às custas de jovens propositadamente afastados de defesas individuais, muito mais trabalhosas e de longa aprendizagem, porém, se bem ensinadas, bem aprendidas e melhor treinadas, constituirão base sólida nas divisões superiores, seleções inclusas, como fazem os hermanos, americanos e europeus, cujos resultados acabamos de sentir na Copa América este ano em Pernambuco…

Este mês estive em Chicago visitando o técnico, professor e amigo Gil Guandron, colaborador de longa data deste humilde blog, junto ao qual, e experimentalmente, iniciei um podcast, cuja gravação posto ao final deste artigo, e cujo tema central se desenvolve em torno do assunto que postei acima, reproduzindo antes as declarações dos técnicos argentino e brasileiro sobre o referido sul americano, exposições estas que gostaria muito fossem debatidas por todos aqueles realmente interessados em nosso desenvolvimento técnico tático. Vejamos as matérias :

A seguir o podcast com a participação do Prof. Gil Guandron

Técnico Argentino
Técnico Brasileiro

Como vemos, muito e polemizado assunto poderá gerar uma salutar discussão sobre o ensino e a utilização de defesas zonais antes dos 15 anos dos jovens e futuros jogadores, posição esta a muito defendida e tomada por mim na prática em mais de quatro décadas na formação de base, com extensa matéria publicada neste blog. Aprendi, ensinei e sempre pus em prática convictamente que, somente.se  torna eficiente uma defesa por zona, se utilizada por jogadores muito treinados e eficientes em defesa individual, cuja fundamentação básica os aparelham com técnicas e habilidades, que se perdem quando iniciados em defesas zonais, e cujos prejudiciais vícios os tornam enormemente vulneráveis nas divisões superiores, sendo essa a nossa maior limitação quanto ao conceito coletivista que. tanto evocamos, e para o qual não encontramos respostas desde sempre…

Amém.

Errata – Aos 10:12 min do podcast, por falha emotiva, confundi defesa por zona com individual, pela qual me desculpo com os leitores. Obrigado pela compreensão. Paulo Murilo.

Vídeos – Reproduções da Internet.

Podcast – Video, som e edição – João David Raw Iracema (Jay Raw)

O CHEGA E CHUTA CONCEITUAL(FROM DUBLIN)…

A Panaceia do jogo, o chute de três.

 É muito triste ver uma equipe montada para vencer todas as competições ser varrida num playoff por 3 x 0, deixando no ar um sentimento de frustração anunciada desde sua montagem, onde “peças” especializadas em longos arremessos se ajustariam com precisão a uma concepção arrivista e temerária, onde os arremessos de três pontos estariam na vanguarda de seu sistema ofensivo, contra qualquer equipe que a defrontasse…

Convergências entre arremessos de 2 e 3 pontos ocorreram em todas as suas partidas, não importando que adversário se lhe opusesse, numa demonstração tácita de de seu comando, o mesmo que ora dirige a seleção nacional, imbuída desta mesma opção técnico tática do chega e chuta, em qualquer situação de jogo, numa preferência basal do jogo externo em detrimento do interno, mesmo possuindo “peças” poderosas no mesmo, talvez bem mais superior as demais equipes da liga…

Nunca se contratou tantos estrangeiros especialistas nos três pontos como neste NBB 15, por muitas das equipes participantes, onde americanos e argentinos formavam uma maioria de respeito, com destaque aos armadores e alas, e raramente num pivô de oficio. Todos com a.função prioritária nas longas finalizações, mesmo sendo armadores, fator fulcral que elevou ao patamar de arremessadores aqueles que deveriam ter a função básica de armadores de suas equipes, ficando bem clara a opção do jogo fora do perímetro, secundarizando o interno, onde bons   e.talentosos alas pivôs se voltaram ao externo, competindo com os armadores nas bolinhas, vagando a luta nos rebotes ofensivos, negligenciando uma das mais poderosas armas de uma equipe bem treinada e melhor orientada, a posse e domínio dos rebotes ofensivos…

O que se viu? Um completo desastre tático, e muito pior, estratégico, pois abriu-se mão de uma unidade coletivista, trocando-a por exacerbado individualismo, disfarçado em pretensa super habilidade nas bolas de três pontos perante ausência defensiva, atitude comum a grande maioria das equipes. Tal posicionamento tornava-as similares neste aspecto, tornando possível uma competição desvairada de erros, que comum aos competidores, igualáva-os no campo de jogo. No entanto, em alguns jogos, uma das equipes revertia ao jogo interior, resultando vitórias pontuais e importantes…

Se olharmos com atenção os números de alguns destes jogos, poderíamos com precisão, entender quão falhas algumas das equipes mais poderosas se tornaram no transcorrer da competição, ao optarem pela orgia dos longos arremessos, em vez de   prioritário jogo interior, mais rico, preciso e eficiente ao final das partidas, vencendo-as de 2 em 2 pontos, deixando as inconstantes e mais imprecisas bolas de 3, como recurso complementar da equipe em seu todo…

Se olharmos melhor ainda, bastaríamos tomar conhecimento dos comentários analíticos sobre a equipe rubro negra, editados no site Nação Rubro Negra, assinado por Enéas Lima em 19/5/2023 (acesse aqui), onde uma análise sobre o plantel rubro negro é colocado como o culpado pela derrocada no NBB, quando determinados e brilhantes jogadores se tornaram inadequados ao sistema de jogo implantado pelo técnico da equipe, que já estaria em processo de trocas de “peças” para a próxima temporada, adequando-as a seu poderoso e revolucionário sistema fundamentado nos arremessos de três a qualquer custo, de qualquer distância, ao tempo que for, o mesmo que tenta incutir na seleção nacional, na qual, fica bem claro, não possuir as “peças” internacionais altamente especializadas que o grande clube carioca contrata para suprir os megalômanos devaneios de seu gênio paulistano, em sua patética busca de mudar e transformar o grande jogo numa competição descerebrara de tiro aos pombos, no qual os fundamentos e princípios centenários mantidos por excelentes jogadores (e não “peças”), magníficos técnicos e professores de verdade, o tornaram, assim como o futebol, nas modalidades mais difundidas e amadas por todo o mundo conhecido, não só por sua apaixonante dinâmica, como, e principalmente, por sua desafiante complexidade técnica, tática e estratégica, aspectos estes que não podem ser minimizados por uma concepção tacanha de um chega e chuta boçal e retrogrado (a NBA matriz já se dá conta desse engodo)…

Para quem ainda tem dúvidas sobre eficiência entre jogo exterior e interior, ai estão os números de São Paulo e Flamengo nas três partidas disputadas, quando culpar “peças” por derrocadas se torna contundente frente a responsabilidade genial e criativa de comissões técnicas revolucionárias e pretensiosas…

                          Flamengo.                                       São Paulo

                      (51,1%)  43/84.                2.            66/85. (77,6%)

                      (24,0%). 25/104.              3.            36/95. (37,8%)

                      (83,9%). 47/56.               LL.           38/54. (70,3%)

                           47 (15,6 pj).                 E.                35  (11,6 pj)

Em jogos dessa dimensão pequenos fatores os dimensionam, e na tabela acima vemos que a opção pelo jogo interno de qualidade deu ao São Paulo os pontos necessários para vencer a série, mesmo duelando nas longas tentativas fora dos perímetros, pois contestou com mais eficiência a artilharia rubro negra, assim como levou a melhor sobre a marcação interna carioca, em que ambos os contendores tiveram nas mãos de seus estrangeiros a verdadeira condução tática dos jogos, com a individualidade americana nas penetrações por parte da equipe paulista, e a liderança argentina severamente contestada pelos melhores fundamentos defensivos dos americanos, fatores que nenhuma prancheta de plantão nas três noitadas os qualificaram. E assim sendo, seguimos os tortuosos caminhos do chega chuta desenfreado, pretensioso e profundamente burro como arma prioritária numa equipe que se arvore em superior, tática, técnica e estrategicamente constituída. A seleção nacional que se cuide, pois já se constitui como realidade a devida e competente contenção das bolinhas de ocasião, ah, e o Flamengo também…

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.