O ESPÚRIO ESQUECIMENTO…

O basquetebol está em crise, brigam os comandantes, teimam em não se entender, reinvidicam primazias, dividem-se em vez de somar esforços, ampliando esponencialmente a distância que nos separa do soerguimento da combalida modalidade, aquela que, desde sempre foi a segunda opção dos torcedores e desportistas brasileiros, hoje anestesiados frente a a um momento de decadência que poderia ser evitada com uma única ação, o bom senso entre todos eles…

Republico a seguir um artigo aqui publicado logo após as Olimpiadas, que dizem um pouco sobre a nossa realidade educacional e desportiva da qual o basquetebol faz parte, hoje minimizada e omitida, quando deveria ser estudada a fundo, o que não acontece, infeliz e desgraçadamente.

O OUTRO CICLO…

domingo, 2 de outubro de 2016 por Paulo Murilo

Foram-se dois ciclos olímpicos, perdidos na busca do “alto nível”, em vez do investimento maciço na base, coroados nas últimas olimpíadas na terra tupiniquim, pela busca dos ouros redentores, aqueles que absolveriam a ganância megalópica de uma elite diretiva compromissada com as empreiteiras e os altos e vultosos negócios na informação, nos transportes, no turismo, nos serviços e na segurança, pagos por bilionárias verbas que deveriam ter sido canalizadas para a educação, a saúde e a segurança de uma e das futuras gerações de jovens, abandonadas e entregues a ignorância, a marginalidade, e a um incerto e covarde futuro…

Inicia-se um outro, onde de saída se propugna pela negativa ao ensino das artes e da educação física no ensino médio, exatamente a meta que deveria ter sido exaltada uma geração e dois ciclos atrás, para, quem sabe, colhermos alguns frutos em Tóquio, e não em Los Angeles, que será o nosso destino se iniciarmos algo neste exato momento do país, que só se soerguerá através do mais profundo e completo projeto de educação jamais sequer tentado nesse imenso e injusto país continente…

Na minha caminhada de professor, talento que se manifestou desde muito cedo, poderia ter escolhido estudar, pesquisar e lecionar História, Geografia, Filosofia, Idiomas, disciplinas que muito me atraíam pelos seus extensos conteúdos cognitivos e afetivos, mas algo ainda ficavam a dever, o psicomotor, que só encontrei na Educação Física, senhora dos três conteúdos geradores dos mais completos objetivos voltados a educação dos jovens, tendo ao lado somente a Dança como proprietários da tríade básica. Cognição, afetividade e psicomotricidade, somente são encontrados juntos naquelas duas disciplinas, tornando-as fundamentais em qualquer programa educacional voltado aos jovens, e porque não, aos adultos também…

Claro, claríssimo para qualquer legislador que propugne pelo controle absoluto do processo educacional, que alija de seus projetos os fantasmas da independência e livre arbítrio de pensamento, assim como a criatividade liberta das amarras impositivas dos centrismos, políticos ou religiosos, pseudos patamares da educação integral, transparente e democrática que tanto ansiamos para nossos jovens, tornando-os aptos ao questionamento responsável e ao envolvimento nos projetos de grandeza nacional, muito ao contrário da obediência cega e retrógrada fundamentada em dogmas e interesses hegemônicos de fora, haja vista a imposição do inglês como idioma estrangeiro prioritário, esquecendo o espanhol totalmente falado e escrito por nossos vizinhos, a quem deveríamos estreitar cada vez mais os laços que nos unem pela latinidade que nos é comum, exceto as guianas, mantidas pela proximidade estratégica às incomensuráveis riquezas amazônicas…

Então, nesta semana que passou, o jornal O Globo em sua edição de 30/9/16, publicou duas matérias correlatas ao momento pós olimpíadas que estamos vivendo (matérias ilustradas nas fotos), onde o professor universitário Pedro Hellal discorre com bastante propriedade sobre o tema – “ O estudante fisicamente ativo aprende melhor”, que deveria ser bastante divulgada e discutida, principalmente frente aqueles que desejam ardentemente alijar as duas disciplinas aqui descritas, dos currículos do ensino médio, como obrigatórias, tornando-as optativas, eximindo dessa forma as escolas de se aparelharem para desenvolvê-las, em flagrante contraste com a cornucópia financeira derramada na organização da Rio 2016 e do Pan 2007, com seus prometidos legados, perfeitos para o empresariado bilionário nacional, e catastrófico para as tarefas básicas educacionais e de saúde de nossas sempre criminosamente esquecidas crianças…

A segunda matéria, “Arremesso futuro – Assistência” , trata da solidificação da franquia NBA em nosso país, da qual retiro algumas afirmações do entrevistado Arnon de Mello, vice presidente da mesma para a América Latina, que considero verdadeiras pérolas a serviço de uma entidade, que segundo ele – (…) o Brasil é importante para os dois vetores principais de crescimento da NBA hoje, que são o mercado internacional e a participação digital (…). (…) E tem seu principal foco no apoio a programas em mais de 70 escolas públicas de Rio e São Paulo, abrangendo 8 mil alunos – Nossos esforços estão em fazer com que a criança goste de basquete desde cedo – Quando entrei na NBA, achava que teríamos que construir mais quadras pelo país. Mas não precisa de nada disso, qualquer pracinha ou escola já tem uma quadra. Nosso desafio, então, é com os professores. A gente tenta incentivar, através de projetos esportivos, que o professor escolha dar o basquete na aula de educação física, e não o handebol ou o queimado (…).

Ou seja, temos uma NBA ousando interferir nos currículos e conteúdos das escolas públicas, definidas em seus projetos num país onde existem somente Rio  e São Paulo, onde professores municipais e estaduais priorizariam o basquete em vez do handebol, ou outra atividade desportiva, numa ingerência passível de sanções bem mais sérias do que seus projetos de caráter eminentemente mercadológico, segundo as próprias palavras do entrevistado, que aliás, confessa candidamente ter conseguido o cargo na maior cara de pau, segundo relato seu contido na matéria reproduzida…

Mas a cereja do bolo são os dois últimos parágrafos, que prefiro que o leitor leia diretamente, nos quais somente aponho uma ressalva, quando diz que – (…) O que talvez ainda falte é melhorar a seleção, para atrair mais gente. Esperamos contribuir (…).,,

Bem, será que melhorando os espetáculos, como vimos na olimpíada, com malabarismos, dançarinas, bonecos inflados, mascotes insossas, música bate estaca ensurdecedora,  apresentadoras inconvenientes, distribuição dirigida de brindes à imagem e semelhança das arenas romanas, ah, e beijaços ridículos pelo oportunismo midiático, teremos de volta nossa pujante herança de jogar o grande jogo, ou o que valeria para nós seria a volta de um público perdido para a pobreza técnico tática que nos abraçou, e fez se tornar passado uma época em que realmente formávamos excelentes jogadores, melhores ainda professores e técnicos, arrastando multidões para assistirem basquetebol de verdade, e não essa mixórdia que aí está, emulada na liga que ele hoje preside na AL, esquecendo de mencionar que, a grandeza do voleibol se deveu a expropriação política do patrocínio do BB, conseguida nos porões da ditadura, e que o tornou suficientemente poderoso até o apogeu de comandar o COB, a toda poderosa organização que tudo faz para manter a CBB no estágio do que aí está, facilitando e intermediando verbas do ME para manter a politicalha lá entranhada, pois dessa forma não correm o perigo de voltar a ser o quinto ou sexto esporte na preferência do torcedor brasileiro desde sempre. E se foram campeões olímpicos, deveu-se aos excelentes técnicos que floresceram à margem das vultosas verbas públicas, roendo as bordas das demais modalidades, ai o basquetebol incluso, infeliz e politicamente…

E não me venham dizer que a NBA salvará o triste atual basquetebol que tanto amamos, voltada às megastores que começa a implantar pelo país, alimentada por muitos dólares que propiciam a transmissão e divulgação midiática de praticamente toda a temporada da matriz, tão distante da nossa realidade, que se funde e talvez se explique nas duas matérias acima discutidas, mas relativamente perto de uma solução que depende de uma única saída, a de tomarmos verdadeira e definitivamente vergonha na cara, simples assim, vergonha na cara…

Amém.

Fotos – Reproduções do O Globo (30/9/16). Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

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PAULO CESAR DA CUNHA MOTTA.

Paulo Cesar da Cunha Motta, foi meu aluno na Escola Carioca de Basquetebol, depois atleta na AA Vila Izabel, e mais adiante no CR Flamengo. De certa forma concorri para que cursasse a EEFD/UFRJ, mesmo sabendo que seu plano era a engenharia, onde sem dúvida teria carreira de sucesso, mas não tanto como a de Professor de Educação Física e Técnico Desportivo, no que realmente veio a se transformar, em décadas de laborioso e profícuo mister na nobre arte do ensino, influindo com seu preparo e absoluto talento sobre gerações de jovens estudantes/cidadãos.

Paulo num embate com o grande Ubiratan.

Como jogador brilhou no CR Flamengo, nas Seleções Cariocas, Araçatuba (SP), na Seleção Brasileira Universitária na Universiade de Tóquio, como Técnico na Seleção Juvenil Feminina no Mundial de Moscou, e por muitos anos no Barra da Tijuca Basquete Clube em sua sede no Condomínio Riviera del Fiori, e como Professor no Colégio de Aplicação da UFRJ.

Éramos compadres, pois sou padrinho de seu filho Paulo Cesar, também jogador, e pai do hoje jogador do Flamengo Filipe Motta. que formavam uma tríade basquetebolista de altíssima qualidade. Discutiamos muito sobre a atualidade do basquetebol em nosso país, pensando sempre em auxiliá-lo em seu soerguimento, inclusive com alguns projetos, mas a vida e o destino assim não quis. Porém, de minha parte, e se saúde e força ainda se mantiverem em mim, darei continuidade aos nossos sonhos.

O Paulo se foi, deixando imorredouras saudades, e o legado de uma realidade de ações e intervenções do mais alto valor, de integridade, de seriedade, de preparo , conhecimento, ética, e acima de tudo, de um profundo amor a que se atirava com todas as suas forças na consecução de seus magníficos projetos, voltados a educação e a cidadania.   

Hoje é um dia muito triste para mim, perdi um amigo querido e de fé.

Que os deuses o recebam com os braços estendidos, e quem sabe batendo uma bolinha com um verdadeiro mestre.

Amém. 

Fotos – Arquivo pessoal.

UM POSSÍVEL AMANHÃ? TENHO DÚVIDAS…

Campeões com a máxima justiça.

Chegou ao final este surpreendente mundial, com a queda de alguns conceitos dogmáticos tão ao gosto de um certo público que, decididamente, pôs na cabeça que o grande jogo nasceu, ou mesmo foi criado, no dia de suas vindas a essa terra, tal a desfaçatez de o qualificarem de “basquete moderno”, numa alusão pretensiosa de que nada, absolutamente nada, existiu antes de seus parcos conhecimentos sobre a história, tradição e a riqueza deste que, com a mais absoluta certeza, possui a mais extensa bibliografia dentre todos os desportos coletivos (duvido muito que a maioria de nossos estrategistas tenha lido algo a respeito…), quiçá os individuais, se constituindo num ótimo estratagema, para sequer tentar estudá-lo, conhecê-lo, como  fazem os verdadeiros artífices do mesmo, os verdadeiros professores e técnicos deste grande, grandíssimo jogo. As cabeças brancas que dirigiram as grandes equipes que brilharam neste mundial, não deixa a menor dúvida sobre quem tem gabarito e estrutura técnica e didático pedagógica para orientá-las com a precisão dos líderes de verdade, aqueles que sabem os porquês, descobertos e compreendidos em suas andanças por pedregosos caminhos, onde aprenderam e apreenderam como fazer acontecer uma verdadeira, coletiva, uníssona, solidária, e consequentemente, confiável e consistente equipe de basquetebol…

Foram muitas as cabeças brancas neste mundial, lugar perene dos mais preparados, dos mais experientes.

As equipes semifinalistas jamais convergiram seus arremessos de 2 com os de 3 pontos, finalizaram seus ataques majoritariamente dentro do perímetro (busquem as estatísticas, pois já me cansei de fazê-las públicas aqui neste humilde blog, mas as tenho todas, e que tal acessá-las e estudá-las um pouco?), apresentando, talvez, a maior de todas as conquistas, defesas excepcionais, na linha da bola, e mesmo zonais de extrema eficiência, combatendo ferozmente os armadores, e contestando com ardor e permanente presença os longos arremessos, que poucas vezes foram realizados em completa liberdade, provando por mais uma vez , e espero que fique razoavelmente entendido e aceito pelos defensores da chutação desenfreada, que tanto tem nos empobrecido no contexto internacional, que de 2 em 2 e de 1 em 1 podem ser concebidos placares vencedores, economizando precioso esforço físico, perdido nos muitos ataques com arremessos de três falhados, como provaram os finalistas deste icônico mundial, onde estes arremessos complementavam suas ações ofensivas, mas nunca como prioridade absoluta, como muitos ainda os priorizam por aqui…

Ataque alemão incidindo fortemente no jogo interior, duelando com a forte defesa sérvia.

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 Porque icônico?   Porque ajuda a derrubar o mito do sistema único, divulgado, globalizado, padronizado e formatado por um corporativismo que se instalou na formação de base, seleções municipais, estaduais e nacionais deste imenso, desigual e injusto país, por uma plêiade de profissionais (?), colonizados repetidores de um conceito larga e mundialmente difundido e dominante de que, o utilizando, advindo de uma centralista NBA, técnica e economicamente dominante, estaria o grande jogo fadado ao sucesso e as vitórias ansiadas…

Com rígida defesa interior, e eficiente contestação aos arremessos de fora, os alemães diminuiram bastante a precisão do ataque sérvio, sua arma mais letal.

Pois é, e por mais uma vez esse conceito ruiu, bastando constatar a representatividade do quinteto eleito pela FIBA como o ideal, onde constam três, e não dois armadores, somados a dois alas pivôs de enorme e poderosa mobilidade. Até mesmo alguns dos grandes pivôs se impuseram nesta competição pela enorme mobilidade atlética, onde o conhecimento e domínio dos fundamentos básicos se fizeram presentes de forma decisiva, fatores em que falhamos lamentavelmente, e continuaremos a falhar, pela constrangedora ausência de conhecimentos técnicos, táticos, estratégicos, não só sobre o grande jogo, como o sociológico e político de nosso povo, propositalmente mal educado, e pior ainda, terrivelmente mal orientado no sentido e representatividade do desporto como fator educacional e inclusivo, miserável e covardemente ferido com o despejo abjeto da ministra Moser, substituída por um fufuca qualquer…

Premiação de armadores e alas pivôs não deixa margem a quisquer dúvidas sobre o quanto o sistema único foi contestado.

O desporto reflete a grandeza de uma nação, em conjunto com sua cultura, seu sistema educacional, sua estabilidade democrática, a saúde e segurança de seu povo. Creio que claudicamos muito em alguns, ou todos estes importantes e esclarecedores parâmetros, logo…

DISSE TUDO!!!!

Que os deuses se apiedem de nós.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e O Globo. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

O ENTER-DEZENOVE ANOS DE BASQUETE BRASIL…

Dezenove anos atrás, 11 de setembro de 2004, às 4hs da madrugada, hesitei em dar um Enter, iniciando a saga do Basquete Brasil. Não por receio de não ser compreendido, ou mal compreendido, haja vista meus sempre contestados posicionamentos e pontos de vista, mas pelo forçado afastamento das quadras, pelo distanciamento movido pelas decepções e pelas injustiças cometidas com o basquete pátrio, pelo avesso sentimento ao que de pior vinha se apossando do comando do grande jogo nesse imenso e pobre país. Pensei muito, e considerei ser profundamente injusto guardar só para mim o pouco que sei e  amealhei pelas andanças da vida, sempre estudando, pesquisando, e trabalhando muito, dentro e fora das quadras, nas salas de aula, do primário à universidade, nos clubes, nas seleções, aqui e lá fora.

A primeira matéria ali estava, na brilhante tela já a algum tempo, como me enfrentando, mais um dos incontáveis desafios que enfrentei por toda a vida, ganhando e perdendo, mas sempre aprendendo, sempre transferindo o saber, sempre buscando novos rumos, novos desafios.

Fui a cozinha e peguei uma xícara de café, voltei ao escritório, e lá estava a página incólume, brilhando, e uma imagem me desafiando com um sorriso no canto da boca, olhando bem dentro de meus próprios olhos.

Não vacilei, e com firmeza e determinação dei o ENTER, e graças aos deuses nunca me arrependi de tê-lo feito.

Amém.

NOTA IMPORTANTE – Muito em breve algumas sensíveis mudanças no blog, na apresentação e nova página técnica.

EM SE TRATANDO DE COMANDO…

Estratégia de véspera compartilhada com comissão é válida? Funciona? Claro que não…

Sim, sem dúvida, a Letônia nos venceu convergindo seus arremessos com 22/33 nos 2 pontos (66.7%), e 16/33 nos 3 pontos (48.5%), e de quebra 12/12 (100%) nos lances livres, números alcançados em conformidade ao seu preciso jogo coletivo, dentro e fora do perímetro, criando condições de arremessos não forçados próximos da perfeição, tal a coordenação exibida em sua movimentação ofensiva, onde todos os jogadores se deslocavam permanentemente, com e sem a bola, abrindo generosos espaços para conclusões precisas e letais. Defensivamente, exerciam um frenético combate individual, com coberturas magistrais, onde as contestações se fizeram presentes por todo o jogo, provocando números insuficientes para equilibrarmos a partida a partir do terceiro quarto, quando deslancharam para a vitória de 20 pontos de diferença…

Começamos bem com intensa movimentação, resistindo por somente dois quartos, por falta de treinamento forte e prolongado. Conceitos de jogo não são mudados e fixados de véspera…

Arremessamos 22/40 (55%) bolas de 2 pontos, 7/24 (29.2%) de 3, e 19/24 (79.2%) em lances livres, percentuais muito aquém do exigido para uma partida daquele nível, pegamos 36 rebotes (foram 26 para os lituanos), e erramos 11 fundamentos contra 6, logo desperdiçando a vantagem reboteira. Pecamos pela imprecisão nos arremessos, forçados pela sufocante defesa, e não respondemos na mesma moeda, exatamente por não possuímos um domínio dos fundamentos básicos similar ao apresentado pelos letões, principalmente na técnica defensiva, e dos arremessos, curtos, médios e longos, que coroavam um vasto domínio no conceito de equipe coesa, solidária e profundamente comprometida com um altíssimo grau de criatividade e improvisação consciente, fatores de tal complexidade, que somente podem ser alcançados com treinamento pesado, constante e rigorosamente detalhista, onde o perfeccionismo tem de ser o objetivo buscado com dedicação a cada sessão de treinamento…

Ataque interior letão, exemplo não seguido por nossa seleção, que optou pelas falhadas bolinhas…

Sempre propugnei  por uma radical mudança em nossa forma de jogar o grande jogo, começando pela formação de base, a fim de procurarmos  formas diferenciadas de praticá-lo, abrindo mão do sistema único que nos tem prejudicado no cerne de muito tempo para cá, nos levando ladeira abaixo, como neste mundial. Na véspera do jogo contra o Canadá, salientei a necessidade de mudarmos algo para enfrentá-lo, como diminuir a chutação inconsequente de fora do perímetro, incentivar uma movimentação dos homens altos  mais presente dentro do mesmo, lutando pelos preciosos rebotes, e uma defesa a mais contestatória possível aos longos arremessos. A comissão técnica, após a vitória revelou sua estratégia, desacelerar o jogo, como o maior motivo para a boa e convincente vitória. Então veio o jogo contra a Letônia…

Cesta final de três pontos da Lituânia, com posicionamento interior postado…

O que se viu não deve ser esquecido por um longo tempo, o suficiente para honesta e humildemente tentar algo para nos aproximarmos dessas equipes que ousam peitar a maior liga do mundo, cujos vencedores se intitulam arrogantemente campeões mundiais, mas que ontem mesmo perderam para uma Lituânia vizinha fronteiriça com a Letônia, tão brilhante quanto ela, na prática de um basquetebol bem mais evoluído do que a mesmice endêmica que se apossou globalmente de todas as nações praticantes, e que agora se vêem ante algo de novo, inusitado, crescer cada vez mais no cenário mundial, o Steve Keer que o diga…

Desde muitas décadas em que me inseri no grande jogo, estudei, ensinei e orientei equipes e jogadores no sentido contrário ao sistema único, solidificando a dupla armação (ontem ridicularizada, hoje adotada por todas as franquias), e a utilização de três homens altos atuando dentro do perímetro (mais um pouco e estarão todos empregando) em constante movimentação, priorizando as curtas e médias finalizações, e utilizando os longos arremessos como complementos do sistema, jamais como prioridade do mesmo. Aos poucos muitos técnicos passaram a adotar a dupla armação, forma mais segura e confiável na levada da bola, e no apoio direto aos homens grandes enfiados no perímetro, otimizando os arremessos, o tempo disponível a cada ofensiva, para de 2 em 2 , e 1 em 1 pontos, estabelecer robustos placares, tendo como alternativa complementar os longos arremessos, jamais prioritários…

Lituânia, Letônia, Sérvia atuam declaradamente dessa forma, e por conta disso vem obtendo ótimos resultados neste mundial…

Nossa seleção cometeu graves erros, como relacionar jogadores que pouco ou nada jogaram, sequer um minuto, como no caso do Filipe, e um Felício nitidamente fora de forma, em detrimento de outros futurosos esquecidos em convocações equivocadas ou parciais, assim como armadores veteranos que bem poderiam ceder espaço a outros mais jovens que por aqui ficaram, enquanto seleções gabaritadas os apresentavam na faixa dos 20 anos, ou menos, com excelentes resultados…

Convocar um jogador por ter 2,18 m e não acioná-lo por um minuto sequer, fica parecendo uma vitrine para impressionar, lamentável…

Devemos sempre lembrar que, para mudar formas de jogar, substituindo sistemas enraizados por longuíssimo tempo, um correlato tempo se torna necessário para implementar novos rumos, novas concepções de jogo, que devem ser desenvolvidas primordialmente na formação de base, como, só para exemplificar, o veto a defesas zonais até a idade de 15 anos, o aumento de posse de bola dos atuais 24 seg para 30, e a validação de somente 2 pontos para qualquer arremesso de quadra, para a mesma faixa, aspectos técnicos que em muito aprimoraria o sentido defensivo dos mais jovens, assim como o ofensivo, quando priorizariam o jogo interno, a eficiência dos arremessos curtos e médios, e o sentido coletivista, solidário e cúmplice do grande jogo…

Enfim, muito ainda por fazer, criar mesmo, desenvolver e ensinar uma modalidade desportiva riquíssima em elementos educacionais e sociais, valores hoje tão esquecidos em nossa sociedade, em vez de nos apresentarmos com mudanças estratégicas de véspera, sem o mais comezinho tempo de fixação, quiça compreensão de como e quando utilizá-las com um mínimo de competência e firmeza. Convicções se estabelecem durante um longo período de esperimentações, estudo e muito suor derramado em exaustivos treinos, jamais através uma prancheta de véspera, daí a “responsabilização coletiva” de uma comissão técnica, quando tal e vital responsabilidade deverá ser sempre de um comando, solitário e decisivo comando, verdadeiro nascedouro de robustas e estratégicas convicções, pois todo comando é indivisível, quando muito delegando ações, pequenos detalhes, nada mais…

Sem a menor dúvida precisamos do apoio e compreensão dos deuses, pelo menos aqueles que apreciam um grande, grandíssimo jogo, para inspirarem os poderosos dirigentes na correta e justa escolha de seus comandantes, principalmente na base,  aqueles verdadeiros e experientes comandantes, e não aspirantes atemporais e em alguns casos, oportunistas com Q.I. elevado…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

A ORTODOXIA DE UM INORTODOXO CARGO…

Sou um incorrigível curioso profissional, e por sê-lo me surpreendi com uma declaração do técnico da seleção masculina que disputa o mundial, publicada no O Globo de hoje, após a vitória sobre a seleção do Canadá: (…) que adotou uma estratégia “não ortodoxa” para vencer a partida: desacelerar o jogo (…) – Foi um ótimo jogo, assim como nossa estratégia. Assim que fizemos o relatório de análise e observação, decidimos desacelerar o ritmo da partida. É um pouco inortodoxo de nossa parte fazer isso, mas foi um grande trabalho dos jogadores na execução. (…)

Mas não foi o que vimos na quadra, e sim uma grande redução na chutação de fora, que depois de muito tempo não convergiu com os arremessos de 2, assim como um incremento substancial no jogo interno valorizando os curtos e médios arremessos, pendurando os pivôs canadenses, e acima de tudo, lutando com ardor pelos rebotes defensivos e ofensivos, vencendo uma importante partida , mesmo cometendo 17 erros de fundamentos básicos do jogo…

Todo este esforço mudando a ortodoxia do treinador, baseada na velocidade extrema, chutação de fora, ao menor vestígio de liberdade defensiva, e a tática de postar sempre a equipe em formação ofensiva aberta, onde os corners players têm espaço cativo, não foi mudada, mas sim freada nos deslocamentos em quadra, principalmente pela posse de bola mais extensa por parte dos armadores participantes, todos eles. Torna-se óbvio que uma cadência mais moderada reduz a frequência nos arremessos, e se estes forem os longos, automaticamente os curtos e médios sobressairão, tornando a equipe mais precisa e objetiva, assim como pronta, pelo posicionamento interior, aos rebotes ofensivos, que foram vitais nessa vitória…

Então, não foi uma estratégia de mudança no andamento do jogo, e sim uma verdadeira mudança de comportamento técnico, tático, estratégico dos jogadores, fatores estes  que por não comporem a bagagem e o conhecimento, e por conseguinte, a convicção sistêmica e antagônica aos seus princípios, resolveu adotar a camuflagem a uma ortodoxia que jamais pensou em renegar, mas utilizou algo de influência exógena, e se deu muito bem..

Logo mais sua equipe disputa o jogo chave para a classificação às quartas deste mundial duríssimo, e quem sabe, a vaga olímpica um pouco mais adiante. Mas para tanto terá de estimular algumas outras mudanças técnicas e táticas na equipe, e principalmente reconhecer e aceitar que nunca é tarde demais para adotar comportamentos que primem pelo bom senso, o respeito a ética, que são fatores básicos a ortodoxia do cargo, o que ocupa atualmente…

Amém. 

Foto – Reprodução do O Globo. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

SE EFETIVAMENTE MUDARMOS, TALVEZ…

Vitória e estatística elucidativa…

Talvez (ê) Adv. Indica possibilidade ou dúvida, acaso. (Dicionário Aurélio)

No artigo de ontem, assim o concluí – (…) Venceremos? Se não mudarmos, certamente não. Mudando? Talvez…(…)

Neste mesmo artigo comentei em dois parágrafos:

(…) Uma delas, e talvez a mais importante é a de substituir o excesso de arremessos de três por outros de dois, mais trabalhados perto da cesta, não só pela maior efetividade dos mesmos, otimizando os ataques, e que mesmo de 2 em 2 pontos poderá alcançar placares bem mais eficientes do que a enorme perda de tentativas nos de longa distância…(…)

Chutação indiscriminada tem de ser contida, não prioritária, preterindo arremessos curtos e médios num poderoso e seguro jogo interno…

(…) Enfim, a seleção pode obter sua classificação diversificando sua atuação ofensiva e dedicando-se mais nas situações defensivas, principalmente no domínio dos rebotes, defensivos e  ofensivos, definido no palavrório popular como “indo em todas”…Não se trata de uma fórmula vencedora, e sim uma tentativa de inovar um carcomido sistema de jogo, imutável, repetitivo, cuja mesmice endêmica, lamentável e terrivelmente se cristalizou no âmago de nosso basquetebol…(…)

Jogo aberto e direcionado ao arremesso de três tem de ser repensado, em função de um sistema mais voltado ao jogo interior, estatisticamente mais seguro e objetivo…
Jogo iterior potente e invasivo, necessidade vital para nossas pretenções…

O dever de casa foi quase bem feito, e o seria melhor se tivesse toda a equipe substituído,  ao menos pela metade os arremessos desperdiçados de três pontos (6/27), por tentativas incisivas de 2 pontos, muito mais precisas e eficientes,  que neste jogo foram inferiores em número às de 2 pontos (20/36}, acrescidas pela enérgica e brigada superioridade nos rebotes (43 contra 37 dos canadenses), e a diminuição nos erros de fundamentos (9), mesmo número da turma do norte, ou seja, de 2 em 2 e de 1 em 1 (14/16 nos lances livres) venceram um duríssimo jogo, se contrapondo aos erros de bolinhas severamente contestadas, nas quais o Yago, Gui, Leo, e George, zeraram suas 17 tentativas, com somente o Benite, Tim, Caboclo e Lucas acertando 5, ou seja, mesmo diminuindo a artilharia de fora que atingiu somente 18.8% de efetividade, acertamos mais nas de 2 pontos, corroborando em números absolutos o que tanto defendo para o bem do nosso maltratado basquetebol, radicais mudanças técnico táticas, que se fazem tardias depois de três décadas de histérica e descontrolada chutação, jogo periférico e desleixo nos fundamentos defensivos e ofensivos básicos do grande jogo, minorados hoje com uma bem postada e lutadora defesa, e um ataque mais pensado, contido e objetivo. Enfim, uma boa vitória, numa bem vinda mudança conceitual, que espero seja avaliada com o rigor do bom senso…

Bom senso e coragem em mudar, precisamos muito…

Que o talvez do início, se transforme em certeza, bastando somente sedimentar as mudanças efetuadas e valorizadas na vitória contra o favorito Canadá.

Que os deuses de plantão nos conceda uma ajudinha…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

TEMOS UM TIME?…

Mesmo duplamente contestado, a ordem é chutar…

Iniciemos com uma simples tabela de tempos de atuação:

  • Mais de 20 min – Yago (28:50); Caboclo (27:36); Tim (25:28); Gui (23:23); George (23:12); Leo (21:40)
  • Menos de 20min- Huertas (15:42}; Lucas (13:24); Felicio (11:43)
  • Menos de 10min- Benite (8:32)
  • Quinteto inicial – Yago, George, Tim, Caboclo, Leo.
  • Quinteto final   – Yago, George, Tim (substituído pelo Lucas com a quinta falta), Leo (substituído pelo Gui com a quinta falta), Caboclo.

       Quintetos inicial e terminal conotam a estrutura de uma equipe quanto aos jogadores que a compõem, reforçada por quatro ou cinco jogadores de apoio direto, com dois outros de reserva técnica…

O vicio eterno, no ataque solitario dentro do perímetro, e a passividade da equipe fora dele…

Neste jogo, pela periculosidade inerente a uma competição de tiro curto, o entra e sai desvairado cedeu um pouco de espaço a manutenção em quadra por 20 minutos ou mais, de um grupo de jogadores mais qualificado, porém nem sempre juntos, o que não vinha ocorrendo nesta seleção até este jogo contra a Costa do Marfim. No entanto, foi uma ação técnico tática que minimizou em muito a colaboração de jogadores tidos como básicos, como o Huertas e o Felício, e o Benite, que atuou menos de 10 minutos…

O jogo interno fundamental tem de ser priorizado, principalmente quando a contestação aos longos arremessos os tornem ineficientes…

Por conta desta sutil diferença comportamental, a equipe apresentou uma razoável estabilidade, tanto defensiva, como ofensiva, oscilando bem menos se compararmos com jogos anteriores…

Some-se a esta razoável estabilidade, o fator ausente na partida anterior contra a Espanha, as bolinhas resolveram cair (12/30 43,8%)  contra os 7/23 (30,4%) da equipe africana, que pelo seu lado arremessou 17/42 (40,5%) nos 2 pontos, contra 12/30 (40%) dos brasileiros. Nos lances livres equilíbrio quase total 23/25 contra 22/25.Erramos 13 vezes e os africanos 12, resultado sofrível nos fundamentos…

Concluindo, ao mantermos o razoável equilíbrio técnico tático no transcorrer da partida, saímos vencedores de um jogo muito importante para a classificação a próxima etapa eliminatória, onde a definição de time se torna de transcendental importância, pois a equaliza estrategicamente aos demais concorrentes no aspecto competitividade, apesar da inferioridade técnico fundamental presente, se confrontada com as seleções de ponta concorrentes ao galardão máximo do basquetebol mundial…

Poderemos melhorar o suficiente para enfrentá-las com alguma chance? Sim, chances às temos, porém diretamente ligadas a maior ou menor compreensão que a comissão técnica terá na correta leitura dos jogos que se sucederão, com passagem somente de ida, como por uma sutil e tênue sensibilidade do que venha a ser aquele “momento decisivo” de uma partida definitiva, onde nenhuma fração de erro técnico ou tático pode ser admitido, sabedores que somos de que absolutamente nenhuma jogada vencedora ou perdedora se repete, mas sim desencadeia no oponente reações que, quanto mais previsíveis forem, mais efetivas serão estas jogadas, fator este somente alcançado pela criatividade e improvisação consciente, frutos de uma correta leitura de situações de jogo…

                                   Brasil 89    x  77    Costa do Marfim

                        (40%)  12/30        2         17/42   (40.5%)

                        (43.8%)14/32       3           7/23   (30.4%)

                        (92%)   23/25      LL         22/25  (88%)

                                      43          R             35

                                      13          E             12

Uma delas, e talvez a mais importante é a de substituir o excesso de arremessos de três por outros de dois, mais trabalhados perto da cesta, não só pela maior efetividade dos mesmos, otimizando os ataques, e que mesmo de 2 em 2 pontos poderá alcançar placares bem mais eficientes do que a enorme perda de tentativas nos de longa distância…

Numa situação desta envergadura, exigir draconicamente obediência a  jogadas e comportamentos técnicos pré estabelecidos, se torna um erro grave, que deveria ser substituído por ações pontuais de caráter individual e coletivo, situações estas que ao fugirem do padrão conhecido e perpetuado pela equipe, fere decisivamente as condutas antagônicas do adversário ao estabelecer as estratégias de confronto. Em outras palavras, mudar, e se possível, radicalmente seu modus operandi, já possível ao determinar o cast de jogadores fundamentais, alcançado na partida contra a Costa do Marfim, com titulares e imediatos substitutos, atuando o máximo de tempo possível, pois o cansaço e a fadiga tem de ser superados numa competição tão curta e altamente exigente, valendo uma vaga olímpica…

Ficam algumas dúvidas, por exemplo, um Benite, pouco acionado em sua função  primordial de armador e finalizador, e de um Lucas que precisa diversificar suas funções em quadra, e não concentrar seus esforços em se situar como um gatilho da equipe…

Enfim, a seleção pode obter sua classificação diversificando sua atuação ofensiva e dedicando-se mais nas situações defensivas, principalmente no domínio dos rebotes, defensivos e  ofensivos, definido no palavrório popular como “indo em todas”…     Não se trata de uma fórmula vencedora, e sim uma tentativa de inovar um carcomido sistema de jogo, imutável, repetitivo, cuja mesmice endêmica, lamentável e terrivelmente se cristalizou no âmago de nosso basquetebol…

Venceremos? Se não mudarmos, certamente não. Mudando? Talvez…

Sobre esta temática os deuses se negam diplomaticamente a opinar…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.   

A TEIMOSIA PADRONIZADA E GLOBALIZADA, ATÉ QUANDO?…

A insana busca pelo moto contínuo tático, impossível meta, em contraponto à liberdade criativa e improvisadora de jogadores talentosos , mas privados dos fundamentos mais básicos do jogo.

Infeliz e tristemente não errei, os equívocos se repetiram, o bom senso inexistiu, a mesmice imperou, solene, trágica, a derrota foi consequente, que venha o próximo jogo…

Mais uma vez os números atestam a dura realidade:

                                      Brasil   78   x    96    Espanha

                       (61%)   19/31            2            22/48    (58%)

                       (27%)     9/33            3            10/24    (42%)

                       (81%)   13/16           LL           22/30    (73%)

                                        37            R             36

                                        16            E               8

O desenho básico da seleção, quatro abertos e um solitário na briga, realmente primário…
A chutação inerente a uma equipe incapaz no jogo interno…

Pela enésima vez convergimos, arremessando mais de 3 do que 2 pontos, enquanto os espanhóis o faziam na proporção de 2 para 1, logo, mais eficientes e objetivos, maciçamente presentes dentro do perímetro, forçando faltas, arremessando o dobro de lances livres do que nossa seleção, que falhando seguidamente na marcação não conseguia equilibrar a pontuação, mesmo atacando com razoável êxito nos dois quartos iniciais. Do terceiro em diante cederam ao maior poder técnico individual de jogadores com sólida formação nos fundamentos básicos do jogo, driblando, fintando, passando, defendendo, reboteando e arremessando melhor que nossos jogadores, fatores estes marcantes nas competições de alto nível, pois influem decisivamente quando a maioria das equipes atuam no sistema único, que pretensamente as igualam e equilibram, mas que definem e limitam aquelas mais capazes nos fundamentos, este sim, o fator realmente decisivo e vencedor……

No jogo interno e externo, a eficiência de jogadores bem fundamentados…

Enquanto negligenciarmos a formação de base, aspecto prioritário aos espanhóis, não só no basquetebol, como nos demais desportos, atestando  com sobras a grande e firme evolução dos mesmos no vasto e amplo universo do desporto mundial, incluso em seus sistemas educacionais, antítese de nossa triste realidade de povo, propositalmente mal educado, neste imenso, desigual e injusto país…

No entanto, além dos aspectos técnicos acima apontados, alguns outros de caráter tático e diretivo devem ser abordados::

Numa competição mundial, onde a elite se defronta, meias palavras, meios esforços, meias economias tem de ser evitadas, pois, em se tratando de quem segue, e de quem fica pelo caminho, todo o esforço possível tem de ser despendido para um resultado vencedor. Logo, na direção de uma equipe, cuja escalação inicial se encaixa equilibradamente ante um sistema defensivo  forte, uma rotação excessiva quebra o equilíbrio tão duramente alcançado, tanto fora ou dentro do perímetro, propiciando ao adversário oportunidades de respostas positivas, até aquele momento difíceis de obter, sendo obsequiado com a auto falência motivada pelo entra e sai exibicionista de praticamente toda a equipe nos quartos iniciais.  Nenhuma produtividade coletiva resiste a tal comportamento, mutilado em minutagens  desnecessárias…

Contra equipes com especialistas de verdade nos longos arremessos, defesas zonais se tornam fatais, ainda mais quando o adversário é o campeão mundial…

Insistir coercivamente a cada tempo pedido ou usufruído, e ao lado da quadra por todo o tempo de jogo, que a equipe siga estritamente suas jogadas, repetidas, manipulando os jogadores por todo o tempo de jogo, exatamente por adotar e seguir um estrito e limitado sistema tático, no qual a criatividade e o improviso se tornam monitorados por todo o tempo. Do outro lado, a equipe espanhola que adota o mesmo sistema, porém com jogadores mais completos nos fundamentos, e  por isso mais eficientes nos dribles, nas fintas e nos passes dentro do perímetro, concluindo curtos e médios arremessos mais precisos que seus também eficientes três pontos, e acima de tudo, exercendo os princípios defensivos com absoluta precisão. Aliás, em nenhum dos tempos pedidos ou usufruídos por nossa comissão técnica, nada era ouvido sobre marcação individual, sequer coletiva, nada…

Priorizar o jogo externo não nos levará ao encontro do soerguimento que tanto almejamos…

Então, não foi tão inesperada a derrota por 18 pontos, número inquestionável sob qualquer critério que se possa recorrer. Como afiancei anteriormente, dificilmente meus mais de meio século junto ao grande jogo me permite prever óbvios resultados, ainda mais quando sempre utilizei  sistemas de jogo proprietários, antítese desse que utilizam, padronizado e globalizado de três décadas para cá, em seleções da base a adulta, com os resultados que bem conhecemos…

Continuarei na torcida para que superemos a Costa do Marfim nesta quarta feira, e mais adiante, no mata a mata um Canadá ou Letônia, sendo o primeiro que tanto conhecemos em enfrentamentos recentes…

Que ao menos um dos deuses, mais informal e tolerante, nos proteja.

Amém.

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GOSTARIA IMENSO ESTAR ERRADO…

A mesmice de sempre, chute de fora, em detrimento ao jogo interior, tão importante a ser treinado em situações reais, que enfrentaremos adiante…

Muito bem, estreamos no Mundial, sovando um Irã fraquíssimo e sofrendo uma perda importante, Raul, contundido em seu joelho, lesão que conforme o grau de gravidade, tem recuperação lenta e trabalhosa. Será uma perda significativa, pois em dupla com o Benite na armação, seria, na minha opinião, a mais equilibrada e arguta dupla na função de articular um jogo interno poderoso e altamente produtivo, sem perda pontuadora dos dois, fatores que decrescem bastante com os demais armadores, exceto no aspecto defensivo,quando o Yago exerce melhor esse fundamento, secundado pelo George, que com sua grande envergadura dificulta em muito o trabalho de armadores habilidosos, mas se perde um pouco nos passes de alta precisão, fator básico para armadores de ponta…

Defendemos bem contra uma equipe muito fraca, veremos contra equipes de verdade…
Jogar, treinar, praticar o jogo interior, pra que?…
Rebote pós arremesso de fora, nossa concepção de jogo interno…

Sem dúvida alguma temos boas escolhas de composição de duplas de armadores, mas teríamos melhores com a presença do Raul, cuja experiência competitiva poderia ser rivalizada por um Huertas, cujo processo de perda físico técnica é evidente. Nas demais posições existem altos e baixos, fruto de erros comuns que teimamos em perpetuar em convocações equivocadas, como um Felício, fora de forma técnica, e estando claramente obeso, assim como o Gui, jogador promissor, porém muito imaturo para competições desta envergadura…

Este é o padrão, sem tirar ou pôr, para o bem ou para o mal, padronizado, globalizado, enfim, profundamente equivocado, melhor, burro…

Tática e estrategicamente falando, muito pode ser entendido lendo uma repetida estatística deste jogo, idêntica a todas aquelas que a precederam, desde que entramos de cabeça no sistema único de jogo, que doentiamente adotamos, de encontro a um “basquete internacional” em um “NBB que você nunca viu”, espelhando aos jovens que se iniciam a autofagia dos arremessos de três, deslocando para baixo a importância dos fundamentos, ferramenta primordial ao praticante do grande jogo…

Vejam os números:

                        Brasil    x     Irã

        (70%) 21/30         2        16/36 (44%)

        (41%) 14/34         3          8/29 (28%)

        (76%) 16/21        LL         3/8   (38%)

                    42             R           29

                    15             E           19

Como pudemos atestar assistindo a partida, e agora lendo as estatísticas, mesmo num jogo para lá de amistoso, dada a fragilidade do adversário, continuamos a bater na tecla da convergência, arremessando mais de 3 pontos do que de 2, desconsiderando propositalmente a brutal defasagem estatística entre as duas maneiras de concluir à cesta, num desperdício físico e técnico consentido por todos os jogadores e técnicos, irmanados na função de soerguimento do basquetebol nacional, através uma insana chutação de três, em demérito do jogo coletivo e do aprimoramento dos fundamentos básicos, onde, nessa partida, erramos por 15 vezes. Por mais uma vez, perdemos a oportunidade de treinar em situação real nosso jogo interior, priorizando arremessos com percentuais mais efetivos, além da otimização de jogadas interiores, onde os seguidos deslocamentos dos alas pivôs poderiam ser exercitados permanentemente, preparando-os para as refregas mais exigentes dos futuros adversários, e não situando-os, como desde sempre, a meros pegadores de rebotes, resultantes da enxurrada de consentidas bolinhas, lançadas irresponsavelmente…

Temos daqui a um pouco, duas partidas importantes para a classificação à próxima etapa, contra a Costa do Marfim e a Espanha, e numa passagem para lá de provável, enfrentar na fase mata-mata a França ou o Canadá, que em hipótese alguma se comportará como no amistoso recente vencido por nossa seleção, vide sua tremenda vitória contra a fortíssima França por 30 pontos neste mundial, onde o jogo interno ditará o vencedor, conforme atestamos nessa importante partida…

Perda de um armador de qualidade, teimosa e persistente opção pelos longos arremessos, pouco interesse na prática diária obrigatória dos fundamentos, mais ainda os da prática defensiva, e acima de tudo, compromisso fechado com um sistema proprietário, e não o prêt à porter da mesmice endêmica que nos aflige à décadas, patrocinado por estrategistas absolutamente convencidos de que este é o penoso caminho que temos de trilhar ao encontro do “basquete internacional”, não bastando os seguidos fracassos que alcançamos nas competições de importância internacional, sem darem conta serem eles os verdadeiros responsáveis pela dolorosa e continuada perda, sem fim até que sejam substituídos por quem realmente entende, compreenda e trabalhe por algo instigante e novo para o grande, grandíssimo jogo, que merece um melhor destino…

Apesar de tudo, torço para estar enganado, e possa assistir um milagre na distante Ásia, reconhecendo porém e constrito que, dificilmente erro quando o assunto envolve o grande jogo, em sua grandeza e complexidade…

Peço aos deuses que me concedam errar.

Amém.

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