UCONN 68 X BUTLER 34…

Este o verdadeiro placar da final da NCAA deste ano, e não os enganosos 53 x 41 que constam da sumula do jogo. Exatamente os 30 anos que separam um técnico veterano (duas vezes campeão da NCAA, e o mais velho a sê-lo desde o surgimento das competições universitárias), e um jovem aspirante a Head Coach, que ainda deveria estagiar por uns bons anos como assistente, para aprender como se deve dirigir uma equipe, para enfrentar com alguma chance, e numa final, uma outra liderada por um velho experiente e rodado.

UConn jogou de forma tradicional, no sistema único, idêntico ao da NBA( alguns de seus formandos estão, ou estiveram na grande liga), acrescentada de uma defesa fortíssima (na extensão de todos os 35seg, e não os 24seg da NBA e da FIBA), principalmente na proximidade da cesta, e com um ataque que privilegiou os curtos e médios arremessos ( 18/44 de um total de 19/55, totalizando 34.5% , em contraste aos seus 1/11 arremessos de três, com um ridículo 09,1% de aproveitamento), numa demonstração de opção tática orientada ao jogo interior, por penetrações ou acionamento persistente de seus pivôs.

Butler, apostou na artilharia de três, tendo complementado em toda a partida somente 3/31 arremessos de curta e media distâncias, num total de 12/64 tentativas de campo (18.8%!!), o que perfazem 9/33 (27.3%) de tentativas nos longos e falhos ( a maioria contestados pela defesa de UConn) arremessos da moda no Brasil, e agora também…nos States!.

Calhoun venceu por ter sido coerente com a realidade da maioria dos técnicos americanos, tradicionalistas, personalistas e altamente comprometidos com a continuidade de um sistema tradicional, algumas vezes contestado por técnicos realmente revolucionários, como Bee, Wood, Dean, Knight, Rupp, Iba, e mais recentemente, o Coach K, com sua proposta radical apresentada no último Mundial, mas suficiente para, pela terceira vez, levantar a taça mais ambicionada do basquete americano, além de acrescentar mais um anel em sua coleção.

Stevens, tentou apostar na aventura juvenil da infalibilidade de seus especialistas de três, que se felizes fossem poriam por terra um século de tradições under table, com seus pivôs (fixos e móveis) eficientes e marcadores. E o grande paradoxo é que também os possuía na sua equipe, mas abandonados pelo canto da sereia de fora do perímetro, onde falharam bisonha e constrangedoramente, tendo em toda a partida somente convertido 3 arremessos de curta distância, e isso exprime tudo.

Foi um jogo triste, em contraste com alguns eletrizantes nas fases classificatórias, principalmente os da Elite 8, deixando os 70 000 mil espectadores meio decepcionados com a técnica apresentada, mas felizes e exultantes pela manutenção da tradição universitária do país, forja de seus futuros líderes, treinados nas salas de aulas, laboratórios e quadras esportivas, reserva intelectual do grande país, igualzinho ao que temos aqui… ou não?

A lamentar somente a incrível quantidade de tempos debitados aos técnicos, que se aproximam velozmente de sua conquista maior, um pedido de tempo por ataque de suas equipes, quando, enfim, reinarão dentro, e não somente fora das quadras.

Amém.

ARTIGO 800 – ETAPAS CUMPRIDAS…

Tenho trabalhado muito nestas duas últimas semanas, quando por conta deste que será o artigo 800, pretendia colocar na rede o blog do CBEB, Centro Brasileiro de Estudos do Basquetebol (substituindo a ECB, Escola Carioca de Basquetebol, que não seria coerente a já existente ENTB/CBB…), com matérias já escolhidas e catalogadas, regulamentos e funcionamento do mesmo, mas a disponibilidade técnica, visando uma produção enxuta e agradável, esbarrou em uma indisponibilidade de tempo hábil, por parte do meu filho e web designer qualificado, André Luis, para concluir o trabalho. Por essa razão, fica adiado em mais alguns dias o lançamento do novo blog.

Criou-se então um grande impasse para mim, o de saudar tão surpreendente marca numa abordagem referencial e única, o que tento daqui para diante.

Desde setembro de 2004 venho discutindo e dialogando com os leitores, assuntos sobre os fundamentos do jogo, técnicas e táticas, treinamento, organização e administração da modalidade, política desportiva, com o basquete em particular, histórias do grande jogo, ética profissional, ética pessoal, ética e responsabilidade funcional, jamais admitindo manifestações apócrifas e anônimas, que tanto preenchem em número e inqualificável presença, blogs campeões em acessos e popularidade, servindo de veículos a opiniões, posições e ataques covardes, pusilânimes e espúrios, escondidos pelas sombras do anonimato e dos covardes heterônimos. Seria algo de grandioso que os blogs nacionais abolissem tais acessos, viabilizando discussões e debates responsáveis, pois assinados e assumidos com a transparência das ações realmente democráticas.

Nesse espaço profundamente democrático, muitas foram os comentários divergentes dos meus, mas discutidos às claras, de frente, e assinados responsavelmente. O direito de resposta sempre esteve aberto, escancarado, mas em nenhum momento da existência do blog, foi requisitado e utilizado, prova inconteste da lisura e honestidade dos posicionamentos aqui postos em todos os 799 artigos antecedentes a este. E ao nos reportarmos aos artigos centenários deste humilde blog, podemos traçar e mapear importantes etapas no seu amadurecimento e posicionamento confiável no âmago de seus leitores, simpatizantes ou não, mas nunca indiferentes aos instigantes assuntos desde sempre abordados e discutidos nestes seis anos de sadia e transparente convivência.

O artigo 100 (UM CEREBRO, PROCURA-SE…), publicado em 27/7/05, iniciava uma abordagem sobre as dificuldades de encontrarmos jogadores habilidosos na armação, assunto esse que serviu de base a uma prolongada campanha, no intuito de desenvolvermos a dupla armação em nossas equipes. Neste estágio do blog, poucos eram os comentários dos leitores, fator que me fez pensar, inclusive, em não dar continuidade ao mesmo, logo substituída pela esperança de vermos soerguido o grande jogo entre nós, bastando para tanto, dedicação e insistência na procura de nossos perdidos valores.

Mais adiante, nos 200 ARTIGOS DE LUTA…, publicado em 30/8/06, tivemos a primeira manifestação pública de um técnico engajado, discorrendo as grandes dificuldades encontradas no dia a dia de seu trabalho, demonstrando com o seu exemplo, ser possível reinvidicar através um órgão de mídia, melhores condições de trabalho, conclamando colegas a um posicionamento mais profissional, e menos omisso. Foi um marco irrepreensível, e inesquecível.

Artigo 300 – A LUTA CONTINUA…, publicado em 24/6/07, foi um começo auspicioso para algumas mudanças técnico táticas em algumas (poucas…) de nossas equipes de elite, principalmente na utilização eficaz da dupla armação, e da retomada do jogo de pivôs, privilegiando aqueles mais ágeis e rápidos, em contra ponto àqueles mais lentos, fortes e massudos. As equipes que assim agiam se tornavam mais competitivas, com um domínio dos fundamentos mais eficiente (fruto da escalação de dois armadores técnicos…), e com definições mais rápidas no perímetro interno, além, é claro, de se saírem melhor e mais eficientemente nos sistemas defensivos, com o aumento da velocidade, propiciando maior precisão nas antecipações.

A participação e insistência nesses princípios técnico táticos, aliada a divulgação mais insistente ainda, da importância dos treinamentos dos fundamentos para todos, da base à elite, tornaram o blog num ponto referencial de discussões, de acalorados debates, onde todos que participavam eram lidos, analisados, aceitos, ou não, mas sempre propugnando pela clareza, responsabilidade, e acima de tudo, transparência opinativa e livre.

Mais adiante, um artigo 400 – UM PREITO AOS QUE MERECEM…, publicado em 19/3/08, onde a ininterrupta busca pelos valores que desde sempre, e de um passado brilhante, lutaram pelo engrandecimento do grande jogo entre nós, conclamando à união, ao associativismo profissional, fator básico ao progresso da modalidade, onde uma associação de técnicos teria importância vital na evolução do basquete, não fosse este o grande óbice ao nosso desenvolvimento. A inexistência de uma associação de técnicos é sem dúvida alguma a grande falha por onde drenam nossos valores, nossas tradições, nossos princípios e conceitos, nossa independência dos arrivistas e aventureiros que tanto empesteiam o grande jogo. E por tudo isto, a luta deveria continuar…

Chegamos então ao artigo 500 – FALEMOS DE TÁTICAS E SISTEMAS II…, publicado em 25/12/08, onde demos dois saltos ao mesmo tempo, um, na mudança gráfica do blog, agora mais profissional, mais amplo, mais amigável no trato diário com os leitores, confirmando e sedimentando sua proposta democrática, ampla e discursiva. Outra, inaugurando infográficos técnico táticos, facilitando a compreensão de sistemas e métodos voltados aos novos técnicos, sequiosos de materiais ilustrativos e de grande alcance, no que poderia ser adaptado pela futura ENTB, pulverizando informações, viabilizando o acesso das mesmas pelos mais recônditos recantos deste imenso país, e não reunindo técnicos e futuros candidatos a sê-los, em encontros formais e pontuais de 3-4 dias para provisioná-los como técnicos ligados a discutíveis e precários níveis de 1 a 3.

Seguindo em frente, o artigo 600 – PAPEANDO COM O WALTER 2…, publicado em 22/8/09 ( continuação do PAPEANDO COM O WALTER…, de 19/8/09), o blog, já em sua fase adulta e experiente, demonstra como deveriam ser os debates e discussões pela grande rede, envolvendo técnicos, leitores, dirigentes, e por que não, jornalistas, todos de cara limpa, de frente para os debates, e não como a maioria comentadora, camuflada covardemente, por não ser dotada de seriedade e responsabilidade, egoísta incorrigível que é, no seio de sua permanente e catilinária função.

Finalmente, uma série de artigos, onde o de número 700 – O QUADRAGÉSIMO DIA – A VIAGEM…, publicado em 31/3/2010, nos situa numa posição inesperada, mas repleta de simbolismos e grandes perspectivas, pois afinal de contas, o blogueiro Paulo Murilo, despe-se de sua túnica midiática e vai para o centro do proscênio da elite do basquete tupiniquin, reduto de pouquíssimos e referenciais técnicos de basquetebol, numa liga de âmbito nacional, a LNB, tentando demonstrar que a teoria (como muitos, ou a maioria nos definia, um teórico do grande jogo…) é a alma mater da prática, indissoluvelmente ligadas, principalmente na competição de alto nível, onde o despreparo genérico e cumulativo de saberes e competências cede lugar a um exército de especialistas pontuais, pois estudar de tudo um pouco, ou muito, torna-se inviável (?) pela “velocidade” dos novos tempos, ao se anteporem aos mais antigos, aos velhos mestres, aqueles que detém os profundos saberes, e aos quais devoto imensa gratidão e reconhecimento pelo pouco que sei e amealhei em mais de meio século de trabalho, e a cujas memórias, ensinamentos e inolvidáveis lembranças por todos eles deixadas, prometi transmitir e legar às novas gerações através meu trabalho e esse humilde blog.

E enfim, chegamos hoje, 30 de março de 2011, ao artigo 800, esperando que todos eles tenham sido úteis aos novos e atuais técnicos e professores, aos leitores que sempre nos prestigiaram, aos jornalistas que nos divulgaram, comentaram, divergindo ou não, aos jogadores, iniciantes ou veteranos, que tanto nos argüiram, sempre respondidos, sem uma omissão sequer, aos dirigentes clubísticos, federativos e confederativos, de ligas regionais e nacionais, que quando do alto de suas identidades aqui formularam opiniões, mesmo divergentes, foram recebidas e divulgadas com o devido respeito e consideração, todas visando os mais altos interesses do grande jogo no país.

Terminando, um pedido aos eternos e polipresentes anônimos que tanto amam ver seus comentários e opiniões divulgados pela mídia blogueira, muitos dos quais poderiam, de verdade e sem subterfúgios, colaborarem eficiente e decisivamente no soerguimento do basquetebol pátrio, tão cioso e carente de presenças, de ações, de determinações, de luta, a verdadeira, a do bom combate, de frente, com coragem e desprendimento. A política de baixo nível tem de ceder espaço ao trabalho e ao estudo, fatores determinantes ao progresso de um país, do qual o desporto, o basquetebol, o grande jogo, fazem parte.

Amém.

OBS – Clicar na imagem e nos títulos em vermelho para acessar conteúdos.

LAMENTÁVEIS IMPRECISÕES…

No artigo anterior, A Temível Convergência, mencionei a grande preocupação que venho sentindo com a galopante tendência de nossas equipes de elite arremessarem de três, quase no patamar nos de dois pontos, que em se tratando de equipes referenciais, fatalmente servirão de exemplo para as divisões de base, numa escalada em que sistemas de jogo e arremessos de curta e media distâncias, mais precisos e confiáveis, cederão cada vez mais espaço ao descompromisso técnico tático, representado pelos longos, imprecisos e irresponsáveis arremessos de três, incensados pela mídia, como um apanágio de técnica superior, mas que na realidade é habilidade reservada a muito poucos, inclusive em âmbito universal, vide a tão propalada e divulgada NBA, com seus especialistas contados nos dedos de uma das mãos.

Ato contínuo à publicação do artigo, o jogo de terça feira entre o Flamengo e Franca, confirmou essa tendência de forma exemplar, vide os números estatísticos apresentados ao término da partida, com as duas cestas finais em arremessos de três pontos, dando a vitoria à equipe do Flamengo.

Foram 22/34 arremessos de dois pontos, e 10/29 de três pelo Flamengo (cinco a menos), contra 17/35 e 9/25 pelo Franca (dez a menos), onde os percentuais de acerto das tentativas da equipe rubro negra atingiram 64% nos dois pontos, e 34% nos de três, numa espantosa desproporção de 44 pontos em tentativas de dois, contra 30 obtidos com os de três, perdendo 19 arremessos que poderiam ter sido mais eficazes se realizados de curta distância( jogo quase inexistente de pivôs ou penetrações em velocidade), ou com a utilização do esquecido e desprezado DPJ (drible, parada e jump) por parte da esmagadora maioria de nossos armadores…

Os números de Franca são correlatos, com 34 pontos de acertos nos arremessos de dois (em 35 tentativas, ou 45.9%), e 27 pontos de três em 25, com 36% de aproveitamento, provando o quanto de desperdício foi cometido (e vem sendo cometido por todas as equipes da Liga) através, no caso deste jogo, de 54 tentativas de três pontos, com somente 19 acertos por ambas as equipes, ou seja, 35 ataques de imprevidência, imprecisão e enganosa auto suficiência, numa arte restrita a muito poucos, vilipendiada inclusive (e na moda…) por pivôs, que insatisfeitos em participar somente como reboteiros em suas equipes, vem para fora do perímetro duelar com seus próprios companheiros pelos pontos a eles negados, o que é profundamente lamentável e preocupante.

Mas outra, e também preocupante imprecisão leva a sutil e fluida  denominação de arbitragem caseira, artifício que alguns juízes aplicam em situações melindrosas, vide o exemplo de terça feira, num ginásio sufocante pelo calor emanado por uma torcida vibrante, numa noite de chuva intensa, deixando pairar no recinto uma névoa de humidade que cobrou dos jogadores escorregões perigosos, mas não tão perigosos como uma situação que já vai se tornando corriqueira em jogos do Flamengo no ginásio tijucano, que sempre ataca no segundo tempo no sentido da cesta contrário à sede do clube, propiciando uma descida em massa de torcedores mais exaltados para trás da mesma, numa pressão bem conhecida nos campos de futebol, ante o ataque adversário, acrescida pela impunidade flagrante com a ausência de um policiamento ostensivo no local. Neste jogo, não observei um único policial fardado dentro do ginásio, numa falta flagrante de organização (lugares e setores marcados, nem pensar..).

Pois bem (ou mal…), nos minutos finais a equipe de Franca exerceu uma reação bem típica em sua equipe, através a mobilidade de seu armador Benite, encostando, e até ultrapassando o Flamengo no marcador por um ponto. Nesse momento, a torcida desce da arquibancada lateral para trás da cesta defensiva do Flamengo, pressionando claramente os adversários e os árbitros pela não marcação de faltas pessoais, naquele momento, decisivas para a definição do jogo. E não deu outra, quando estando um ponto atrás a equipe francana exercendo uma pressão enorme vê seu jogador Spillers ser violentamente obstado pela defesa rubro negra, numa flagrante falta pessoal, e nada ser marcado, a não ser um simples ataque bola ( No blog do Prof. Byra Bello, Lance-Livre, um pequeno vídeo mostra esses minutos finais com razoável precisão), numa omissão que poderia ter mudado o resultado do jogo, logo a seguir definido com duas cestas de…3 pontos, dando números finais a uma vitoria justa da equipe da Gávea, que poderia ser bem mais lapidar se ainda preservássemos a tradição de lisura e comportamento de torcidas do grande jogo, que desde sempre se comportaram no contra ponto das do futebol, agora deslocadas em sua fúria nas quadras sem alambrados e barreiras dos ginásios, estando a um passo de sérias invasões se contrariadas. Sinceramente, temo que isso venha a ocorrer se providências não forem tomadas, o mais rápido que puderem ser cosumadas. A LNB deve se preocupar com isso, e o exemplo das ocorrências do Nilson Nelson no NBB2 devem servir de exemplo.

Com o campeonato se dirigindo ao seu final, e com o equilíbrio competitivo das equipes, urge que cerquemos de cuidados uma competição que poderá se tornar, junto com um trabalho aprimorado de base, num verdadeiro e esperançoso soerguimento do grande jogo entre nós. Assim torço e espero.

Amém.

OBS-Cique na foto para ampliá-la.

O ESPORTE NÚMERO UM…

Quando dos meus 70 anos, publiquei uma série de artigos retratando algumas das muitas equipes que dirigi ao longo de 50 anos de quadra, e nesta semana quando diversas mídias reproduziram uma entrevista do locutor Galvão Bueno, cedida ao O Globo.com, quando o mesmo, para surpresa de muitos relatou: (…)“Minha cena inesquecível na TV foi a incrível vitória do nosso basquete masculino com Oscar e Marcel, no Pan de Indianápolis. Por questões de direitos televisivos, a (final) foi transmitida só nas TVs educativas e eu vi num quarto de hotel, sozinho e chorando. Basquete sempre foi meu esporte número um”(…). Afianço sua preferência pelo grande jogo, no qual, inclusive, foi um talentoso praticante. Neste artigo, duas fotos são publicadas, onde no grupo masculino, que é a seleção brasiliense no Campeonato Brasileiro Juvenil de Belo Horizonte em 1968, da qual fui o técnico, o Galvão(que era jogador da equipe do Minas-Brasilia, dirigida pelo Prof. Pedro Rodrigues) é o segundo, da esquerda para a direita, na fila da frente, e na foto do grupo feminino, que é a equipe do CPP de Brasília, campeã  dos Jogos da Primavera do Jornal dos Sports em 1969 no Rio de Janeiro,  primeiro titulo de uma equipe feminina de esportes coletivos da nova capital, o Galvão é o primeiro em pé a esquerda, quando me auxiliou naquela conquista. Sem duvida alguma, o basquete sempre foi seu esporte número um.

EDSON…

O Edson, mais um dos grandes se foi, depois de uma vida plena de trabalho e dedicação ao ensino, à educação, ao basquetebol.

Conheci-o jogando em 1957 pela equipe de aspirantes do CR Vasco da Gama, numa época de grandes campeonatos no Rio de Janeiro, e particularmente neste, por um fator pouco conhecido, e hoje esquecido, varrido para baixo do tapete da história, o mortal e estratégico arremesso de gancho.

Edson Bispo pelo Vasco da Gama, e Arnaldo Matta pelo Grajaú TC foram protagonistas de uma das mais belas rivalidades dentro de uma quadra, ao disputarem palmo a palmo o título de cestinhas e de campeões, num empolgante campeonato que ainda contava com o Flamengo e o Tijuca na ponta da tabela.

O Edson era destro, e seu gancho era frontal a cesta, e o Arnaldo, canhoto, o executava sempre com o auxilio da tabela pelas laterais. Marcavam-se arduamente, e pontuavam freneticamente através um estilo de arremesso que somente anos depois foi consagrado pelo grande Lew Alcindor, depois Karin Al-Jabbar.

Foram jogos empolgantes e inesquecíveis, num duelo inimaginável nos dias de hoje, onde as enterradas premiam aqueles que simplesmente não sabem arremessar, ainda mais de gancho.

Neste ano o Edson saiu vencedor, mas no seguinte foi a vez do Arnaldo que levou o pequeno e bravo Grajaú TC ao tri-campeonato da categoria.

Logo a seguir o grande Edson se transferiu para São Paulo, onde iniciou uma carreira brilhante e irretocável. Ambos, alcançaram a seleção brasileira, assinando um estilo de arremesso até hoje insuperado em nosso país, a arte do gancho, privilégio de quem realmente sabe arremessar.

Em 1962, com a Escola Carioca de Basquete, pretendi levar a equipe para jogar em São Paulo, e foi através do Edson que conseguiu o aval do Palmeiras, onde trabalhava na base, na garantia de nossa estadia no complexo desportivo da Água Branca. Fizemos jogar nossos Infanto-Juvenis (fotos), que mais adiante revelaram jogadores de alto nível, como o Peixoto e o Paulo Cesar na Escola,  o Jairo e o hoje grande técnico Claudio Mortari, pelo Pameiras.

Daí em diante mantivemos uma sólida camaradagem, regada a ótimos papos quando nos encontrávamos pelas quadras cariocas e paulistas, principalmente se o seu grande e inesquecível amigo, o Chocolate, estivesse presente.

O Edson foi um exemplo de professor, técnico e jogador, sempre ao seu tempo, sem correrias e ultrapassagens  que ferissem a ética, a justiça, o bom senso. Foi, e sempre será lembrado pela correção e pelo espírito amigo e agregador.

Sentirei saudades de sua presença, que mesmo esporádica, marcava a quem privasse da mesma. O Edson era o Cara.

Amém.

OBS – Primeira foto- Equipe Infanto da ECB

Segunda foto- Equipe Infanto da SE Palmeiras

Clique nas mesmas para ampliá-las.

LUCAS…

Quando cheguei em Vitória para assumir o Saldanha da Gama a equipe estava desfalcada de um jovem jogador, que aos 21 anos se encontrava em forte tratamento para dores nas costas, cuja origem, provavelmente seria uma hérnia de disco, daí as longas sessões de fisioterapia, no sentido de habilitá-lo aos treinos.

Por isso, só fui conhecê-lo duas semanas após o início de meu trabalho, e de uma forma inusitada, pois ao chegar cedo ao ginásio o encontrei praticando arremessos. Perguntei quem era, e há quanto tempo já estava na quadra. Sou o Lucas, respondeu solícito, e já estou aqui a mais de uma hora, pois como moro muito longe, tenho de pegar uma das três conduções muito cedo. Perguntei se estava bem, e tive como resposta um belo arremesso à cesta, parecia estar.

Fui ao excelente fisioterapeuta Marcos que o orientava e pedi sua opinião. Pediu-me para ir devagar com ele, a fim de que a lesão não retornasse. E assim foi feito, e aos poucos o Lucas foi se entrosando a equipe

O Lucas era muito forte e apesar de seus 2 metros saltava e disputava a bola com jogadores mais altos, mas tinha um senão que o prejudicava defensivamente, não falava, não se comunicava para as trocas e os bloqueios, o que o deixava muitas vezes sem as coberturas necessárias.

Mas aos poucos foi se soltando, dentro de um ritmo mais contido, a fim de que se recuperasse totalmente da insistente lesão.

Viajamos para Bauru e logo a seguir para Assis, para jogos extremamente difíceis, nos quais seria pouco provável que atuasse, servindo a viagem como uma necessária aprendizagem no mundo do basquete de alto nível. Mas aproveitei a oportunidade para conhecê-lo melhor, e conversamos muito, sobre família, estudo, esporte e objetivos futuros. Disse-me que voltaria aos estudos, e que se dedicaria mais intensamente aos treinamentos, pois  estava interessado em se desenvolver como um ala pivô de grande mobilidade, que era uma das exigências técnicas originada pela utilização do sistema de 2 armadores e 3 pivôs móveis que introduzi na equipe.

E o Lucas começou a falar, a se comunicar, irradiando uma ainda muito contida alegria de um jovem com todo um futuro pela frente.

Na última noite em Assis, no restaurante que jantávamos, resolveram todos pescar carpas em um pequeno lago do local, e a estrela da noite, para a alegria geral foi o Lucas, com seus dois troféus habilmente pescados, os únicos da noite.

A temporada foi chegando ao fim, e emergindo daquela excelente equipe três jovens se anunciavam para a próxima jornada, e o Lucas era um deles.

Hoje pela manhã recebo um telefonema do secretário do Vitoria/CECRE, que a  pedido do Dr.Alarico Lima, seu presidente, me comunicou o falecimento do Lucas, vitima de um câncer no fígado, aos 22 anos de idade.

Foi um choque. E chorei a perda de um jovem com quem conversava sobre planos e sonhos de vida, e que me privilegiou a oportunidade de ensinar um pouco do que sei do grande jogo, que ficou um pouco menor com a sua prematura partida.

Que os deuses, em sua imensa sabedoria o acolham com carinho e desvelo.

Amém.

PS- Foto 1- Equipe do Saldanha, o Lucas é o numero 9

Foto 2 – A pescaria do Lucas em Assis.

Clique nas fotos para ampliá-las.

FELIZ NATAL…

Desejo a todos que me honraram com seus comentários, críticas, idéias, sugestões, e até mesmo desacordos, um Feliz Natal, junto aos entes queridos, aos amigos, e que em 2011 possa de novo contar com tão seleta e educada audiência, a fim de que possamos, todos juntos, lutarmos pelo soerguimento do grande jogo em nosso país.

Que os deuses nos assistam e protejam na longa caminhada.

Paulo Murilo.

O DOMINGO PERFEITO DO PEDRO…

Chegamos na Arena ao final do jogo entre os argentinos pelo terceiro lugar, eu, o Pedro Rodrigues e o Laércio, vindos de uma peixada irrepreensível, e com o Pedro em estado de graça pela vitoria do seu Fluminense no nacional de futebol, bastando uma vitoria de seu Brasília para o êxtase absoluto, que transformaria o domingo em algo inesquecível.
Mas havia o jogo, contra um adversário temível, o Flamengo, defendendo seu titulo sul americano, e jogando em casa, abraçado a sua torcida, no meio da qual fomos nos instalar, cercados de famílias inteiras, muitas crianças, e uns imbecis vociferando palavrões e ofensas descabidas a juízes e adversários, num ambiente não futebolístico, do qual são originários, num flagrante e injustificável desrespeito a um publico majoritário que lá ocorreu para se divertir em paz e com educação.
Claro, que após o primeiro quarto mudamos de lugar, ainda mais pelo fato do Pedro não esconder para que lado torcia, mesmo que reservada e contidamente.
E o jogo, o que ocorreu de especial, de inédito, de marcante? Taticamente, nada, pois ambas atuavam no tradicional sistema único, com uma pequena diferença, o Flamengo se utilizando de dois armadores, que o fez movimentar a bola com grande rapidez, a tal ponto de concentrar sua eficiência pontuadora nos dois pontos, e não nos tradicionais arremessos de três, vencendo o quarto por 33 x 24.
E veio um segundo quarto arrasador do Brasília, ao concentrar seu poderio no perímetro interno, onde seus pivôs atuavam com desenvoltura, e com voltas rápidas de bola ao perímetro externo que deixavam Guilherme e Nezinho a vontade para os arremates de três, sem quaisquer anteposições, somada a uma defesa por zona eficiente, num 29 x 11 que prenunciava uma vitoria possível, reforçada pelas três faltas cometidas pelo Marcelo, atuando nitidamente nervoso.
No terceiro quarto, algo de inusitado ocorreu com o sistema tático do Brasília, pois não só neste quarto, como no último, o armador Nezinho atuou somente pelo lado direito da quadra de ataque, fato esse que o fez cair em varias dobras defensivas pela previsibilidade da ação, perdendo bolas e cometendo erros de fundamentos que levaram a equipe do Flamengo a uma reação significativa, quando também se utilizou da defesa por zona, no intuito de proteger o Marcelo da quarta falta, vencendo o quarto por 27 x 20. Foi nesse quarto que ambas as equipes praticamente alijaram seus pivôs da disputa interna, concentrando seus esforços ao bloqueio externo, que no caso do Flamengo, contou com a unilateralidade ofensiva do Nezinho numa situação tática inusitada e errônea.
O quarto final foi dividido entre duas tendências explicitas e bem definidas. Por um lado, a equipe rubro negra insistindo nos arremessos de três, vigiados e contestados fortemente pela defesa candanga, por outro, uma equipe atuando nitidamente pelos dois pontos, e mais ainda, pelo ponto a ponto que usufruíam pelas inúmeras oportunidades que tiveram em lances livres, originados pelo recurso em faltas pessoais por parte de seu adversário, nas tentativas de retomarem a posse de bola.
Pelas características do jogo, onde as defesas zonais ainda se situam como obstáculos de difícil transposição por equipes deste nível, e onde armadores mantêm uma excessiva posse de bola por atuarem sozinhos na posição, pois o outro armador, se em quadra, age mais como um ala, venceria o jogo aquela que dominasse um aspecto negligenciado pela maioria de nossas equipes, o aproveitamento efetivo da maioria de seus ataques, somente possível pela eficiência e precisão de seus arremessos, onde os curtos e de media distâncias superam estatisticamente os de longa e hoje estendida distancia.
Esse fator, se somado a uma defesa eficiente, torna a equipe muito mais habilitada às vitorias, como essa no sul americano.
Parabenizo a equipe de Brasília pela lídima e justa vitoria, assim como o Pedro, feliz e realizado, quando pode curtir um domingo perfeito.
Amém.

CRONOLOGIA DO ESQUECIMENTO (OU, RECORDANDO)…

Pululam na rede comentários anônimos e raros não anônimos sobre as estripulias da administração central do nosso basquete, suas audaciosas manipulações, conluios políticos e parceiramentos excusos, além, muito além de um continuísmo para lá de escancarado, antiético e espúrio.

E os clamores se avolumam em cobranças ante a passividade consentida de federações e seus dirigentes, como se novidade fosse, apontando para a passividade e omissão da imprensa oficial e blogueira, como se todos fossem cúmplices do que ai está, cristalizado, ciclopicamente concretado, indelevelmente incólume.

Mas não é bem assim caros e camuflados críticos, ávidos em enumerar situações e comportamentos “agora descobertos e proclamados” em suas inéditas conclusões, esquecendo que da aceitação à constatação de um fato histórico, um tênue e capilar fio condutor tem de ser levado em prioritária consideração, o pleno conhecimento de seus antecedentes.

E são estes antecedentes, interesseiramente(?) omitidos e escondidos pelos que hoje cobram ações e atitudes, que passo a cronologicamente refrescar seus humores e cobranças, antítese de como sempre se comportaram, sob a proteção velada e pusilânime do anonimato.

Lembremos então:

GREG, CHAK & CARL… (12/11/08)

A ACLAMAÇÃO… (21/11/08)

EMERGINDO DAS TREVAS…(26/11/08)

GREG, CHAK & CARL II…(28/11/08)

A LUTA POSSÍVEL…(9/12/08)

RETORNANDO…(13/12/08)

O ÁS DE MANGA…(16/12/08)

A QUARTA VIA…(14/01/09)

PORQUE A QUARTA VIA?…(18/11/09)

SABE?…(25/01/09)

TROMBETEANDO O DESFECHO…(28/01/09)

RÉQUIEM PARA UMA ELEIÇÃO…(01/02/09)

MERITOCRACIA…(06/03/09)

GREG, CHAK & CARL, A FARSA…(14/04/09)

O PROFISSIONALISMO…(16/04/09)

MESMICE INC, LTDA…(19/04/09)

O CARA…(21/04/09)

É HOJE QUE…(04/05/09)

O PRIMEIRO DIA…(05/05/09)

E não ousem e nem venham mencionar posicionamentos lastreados pelas pérfidas e covardes sombras do anonimato, pois dezenove deles( entre muitos) ai estão acima, devida e lidimamente assinados por mim. Porque não fazem o mesmo, não assumem a luta aberta? O basquete, o nosso triste e mal tratado basquete, agradeceria suas embasadas, comprometidas e responsáveis adesões, se reais e seriamente o são.

Amém.

SER OU NÃO SER CONVENIENTE…

“Oi Paulo, tenho uma má noticia depois que falei com o Alarico pelo telefone. Ele preferiu um outro técnico, e perguntei por que? Respondeu que ele era mais “conveniente  àquela altura da composição da equipe”. Não entramos em detalhes” ( Prof. Pedro Rodrigues, amigo de longa data do Alarico, assim como meu amigo, me comunicando a posição da equipe do Vitória para o NBB3).

Em suma, para o Vitoria a minha presença na continuidade do bom e inovador trabalho no NBB2 pelo Saldanha da Gama não era conveniente, frente a conveniências determinantes por parte de um outro profissional recentemente desempregado. Lastimo, mas não me arrependo, de não ter aceito o convite de uma equipe de ponta, para manter minha palavra e comprometimento a um trabalho cuja continuidade, sem dúvida alguma, levaria a equipe do Espírito Santo aos playoffs do NBB3, caracterizando resquícios de um idealismo não condizente à realidade “profissional” destes novos tempos.

Claro que o novo técnico, manteve-se na ativa dentro da LNB, o que é muito bom, pois competente, além de ter reavido uma dívida da temporada 2008-9, motivo de ação judicial, e ainda levando de bônus um jogador de grande qualidade técnica de sua última equipe, tendo herdando uma base de bons jogadores, muito bem treinados e atualizados.

Todo esse processo, inédito para mim, ainda preso a certos princípios éticos defasados e irreais, mas irremediavelmente atrelado aos mesmos, colocou-me ante uma situação inquestionável- a necessidade de aceitar, formular e desenvolver uma realidade, que aos 71 anos dificilmente conseguirei dominar, mas que é a base da sobrevivência em ambiente tão hostil.

O ser professor, técnico de uma velha escola, com suas tradições acadêmicas e respeito incondicional à ética, me  caracteriza como um dinossauro em plena extinção, senão já extinto, e o que é pior, sem possibilidades politicas  de ser conveniente, ou não.

E por tudo isso, fico sem trabalho nas quadras, depois de um brevíssimo, porém profícuo retorno, apesar do domínio que ostento dentro das mesmas, fruto de longos, longos anos de pratica, estudo, pesquisa e transferência integral de conhecimentos, fator básico e transcendental para a evolução da ação educacional e desportiva, mas mortal frente ao peso de títulos e de QI’s.

Por fim, fiquei, e continuei curioso, velho hábito de quem adora aprender, do porque, ou porquês do termo “conveniente”, e indo ao Dicionário Brasileiro da Lingua Portuguesa me reciclei com o seguinte:

CONVENIENTE, adj. 2 gên. Que convém; vantajoso; adequado; apto; decente; que é conforme às praxes. ( Do lat. Conveniente.)

Tranqüilizei-me, pois esclarecido por uma etimologia irreparável, onde aptidão e decência me são estruturalmente comuns, ambas inadequadas num mundo onde a vantajosa conveniência é aquela que não fere o conformismo das praxes e rotinas estabelecidas.

Logo, jogar de uma forma diferente o grande jogo, e jogar eticamente dentro dos preceitos incondicionais das  relações humanas, não fazem o meu perfil neste mundo cruelmente moderno, confirmando o que agora constrito percebo, e mesmo não aceitando, não ser, irremediavelmente, conveniente.

E a mesmice técnico tática no nosso basquete de elite triunfalmente seguirá sua trilha sem contrafações, cada vez mais, granítica,solida e convenientemente salva e protegida de clarões e  rasgos de indesejáveis aberturas, indesculpáveis ousadias, e inconvenientes personagens.

Assim o é, e continuará sendo, pois desejo de todos, menos um…

Amém.

Clique na imagem para ampliá-la.